quarta-feira, 30 de setembro de 2020

O que eles querem é dinheiro, pá!


 
Li, algures, que vem aí uma nova lei das freguesias. E há partidos que estão com pressa, pois gostariam de contar com mais votos e mais tachos, quantos mais melhor, nas próximas eleições autárquicas. Está em questão a desunião de muitas freguesias que foram unidas pela controversa lei do Relvas, há quase dez anos. E também a transferência de poderes do município para as freguesias. Não é bem o poder que lhes interessa, mas sim o dinheiro, as verbas que as Câmaras Municipais transferem (ou deveriam transferir) para as Juntas de Freguesia, a fim de custear as obras de requalificação e melhoramentos que cada uma das freguesias acha que precisa e/ou merece.

Quem tem o dinheiro tem o poder, não é assim que se costuma dizer? Pois é verdade, como acontece no governo para ganhar votos é preciso mostrar obra feita e sem dinheiro não há obra para mostrar. Ou melhor, haver há, mas vai a crédito do presidente da câmara que faz aquilo que dá mais jeito aos seus amigos. Não vale a pena bater mais no ceguinho, a política é e será sempre a mesma badalhoquice e o melhor é desviarmo-nos dela para não ter que suportar o cheiro.

Mas isso das freguesias daria pano para mangas. E antes de pensar nelas, sou da opinião que o governo deveria pensar nos municípios. Os distritos já sabemos que não contam para nada, mas os concelhos sim e seria muito bom que se começasse a pensar neles de modo a servirem melhor as populações. Há concelhos grandes demais e há outros que não se justifica que existam. Deveria ser criada uma regra que obrigasse a que um concelho não possa exceder 10 Kms em qualquer direcção, a partir do edifício da Câmara Municipal. E, se necessário fosse, promover alguma freguesia a vila e sede de concelho, no interior meio desértico do Portugal profundo.

E só depois disso tudo, convenientemente, arrumado pensar nas freguesias, mantendo unidas ou desunindo aquelas que, hoje, não preenchem as devidas condições. Há freguesias com menos de 500 habitantes que não passam de lugarejos e, na minha opinião, deveriam ficar sempre agregadas a uma outra que lhe fique mais próxima, ou com quem tenha mais afinidade. E dentro desses parâmetros, devidamente, estabelecidos pelo governo, auscultar e respeitar a vontade dos moradores seria de muito bom tom e um dever de cidadania.

Mas não estou nada a ver os nossos políticos perderem tempo com essas ninharias. A questão que tem mais peso é quantos milhões o governo deve (ou tem de) transferir para as Câmaras e quanto desse dinheiro passa para as freguesias. O resto são apenas enfeites, como as flores de papel penduradas nas ruas de qualquer cidade que se desfazem com a primeira chuva que lhe cai em cima.  

2 comentários:

  1. A maioria dos portugueses continua sem a noção do que é viver num país corrupto... Lembrando as cenas dos passageiros do Titanic que depois de um jantar abastado começaram a sentir os pés molhados.

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  2. Mas quem é que consegue contentar quem? Se todos querem mais e sempre mais. Portanto, nunca ninguém está contente com o que tem. E esses que com nada se contentam. Nunca, antes, estiveram tão bem como, presentemente, estão. Rezem para que no futuro não seja pior.

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