sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Manigâncias à moda antiga!

Era de 1158; dia santo da Páscoa; mês de Abril; XIV das calendas de Maio; lua XV; ano da Incarnação 1120; indicção 2.a; concorrente 4; epacta nula; 6." ano do pontificado de D. Hugo.


A data, acima assinalada de forma tão invulgar, foi a do reconhecimento, pela Igreja de Roma, da doação da cidade do Porto, feita por D.Teresa ao bispo do Porto, D.Hugo, em Março ou Abril de 1120 (mais de uma vintena de anos antes da independência do Condado Portucalense).
O Papa funcionava como a actual Conservatória do Registo Predial, confirmando as doações que eram feitas à Igreja, não fosse o diabo tecê-las. O documento original, assinado por muita gente, tanto da Corte como da Igreja, nunca foi apresentado com medo que o apanhassem e destruíssem para negar a doação.
A maneira pouco usual de indicar a data servia para dar garantias que não existira qualquer lapso, por parte do redactor do documento, em relação à data do mesmo. Durante séculos os governos laicos tentaram provar que tal doação nunca existira e que Bispo do Porto se apoderara de uma coisa que não lhe pertencia, mas só no reinado de D.Miguel, na primeira metade do Século XIX, foram retirados ao Bispado do Porto esses direitos.

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