terça-feira, 11 de abril de 2017

Mais uma, Querido?


A de ontem era velha e feia. A de hoje é famosa e morreu louca. Aliás, como segundo cognome, era assim mesmo chamada, A Louca. Estou a falar de D.Maria I, rainha dos Estados Unidos de Portugal, do Brasil e dos Algarves.
Segundo reza a História, o culpado pela sua loucura foi o seu pai, D.José I (aquele que se pode ver, montando o seu cavalo, no Terreiro do Paço) por ter nomeado para o cargo de Primeiro Ministro o famoso Marquês de Pombal que, enquanto esteve à frente dos destinos de Portugal, fez das boas e das bonitas. A pior de todas, segundo D.Maria, foi ter preso e mandado matar a família Távora e corrido com os Jesuítas de Portugal. Por isso o seu pai, D.José, está a arder no inferno e lá ficará por toda a eternidade. E ela perdeu o juízo de tanto cismar nisso.
O que me fez decidir falar nisto foi a notícia que li nos jornais de hoje, sobre a falha nos pagamentos de prémios de jogo pela Santa Casa da Misericórdia. Imagino que seja mais uma precipitação de algum jornalista que preferiu dizer mal da coisa em vez de investigar o que motivou essa anormalidade e explicar ao público quando é que tudo voltará a entrar nos eixos que é, ao fim e ao cabo, o que interessa a quem lê os jornais.
Imensas obras, em Portugal, carregam o nome de D.Maria e, acredito eu, metade da população deste país não sabe porquê. As mais conhecidas são, para as gentes do Porto, a ponte ferroviária que liga o Porto a Gaia e, para as gentes de Lisboa, o hospital D.Maria.
A Casa Pia de Lisboa, a Real Academia da Marinha ou as Misericórdias são as grandes obras que nos legou e que bom jeito nos têm feito. Foi durante o seu reinado que aconteceram as Invasões Francesas e na sequência delas a Guerra Peninsular que juntou os espanhóis aos franceses para nos virem chatear a moenga, felizmente, pela última vez. E também é dessa altura o tão falado Tratado de Badajoz que foi responsável pela subtracção dos territórios de Olivença do Mapa de Portugal.
Teve sete filhos e só dois atingiram a maioridade. Um viveu até aos 59 anos de idade e viria a ser rei de Portugal, D.João VI, o outro era uma menina que, após ter três filhos, faleceu antes de fazer os vinte anos de idade. Talvez a razão tenha sido a consanguinidade, uma vez que o seu marido e pai das crianças era irmão do seu pai, D.José. Hoje sabe-se e evita-se este tipo de ligações, mas naquele tempo era mais importante preservar a continuação da realeza mandante que outra coisa qualquer. Estou aqui mesmo a imaginar o rei D.José a dizer ao irmão:
- Pedro, pega na tua sobrinha Maria, casa com ela e trata de a engravidar depressa para garantirmos a sucessão do reino, antes que apareça por aí algum príncipezito espanhol e nos arranje alguma encrenca. Com os problemas todos que temos por cá, não podemos correr o risco de ter que entrar em guerra com os nossos vizinhos de novo.
Como se viu, não adiantou muito, pois à boleia dos franceses lá vieram eles chatear-nos mais uma vez. Entretanto já passaram mais de dois séculos e parece que perderam, de vez, a ideia de reverter a situação criada pelo filho do Conde D.Henrique de Leão, no Século XII.

4 comentários:

  1. Gente política como foi essa senhora Rainha D. Maria I, já não há mais aqui em Portugal. A maior parte dos que há por ai a vender a banha de cobra, devia estar fazendo companhia ao pai dela. Não montados no cavalo com a pata esquerda direita olhando para Cacilhas do outro lado do Rio Tejo. Obrigado camarada "Tintinaine", por essa belíssima lição de História!

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  2. A História de dum país, boa ou má, é para contar, meditar e não esquecer, pelo que a sua grandeza está ao nível do seu povo . Marquês de Pombal cometeu algumas arbitrariedades que foram consideradas intoleráveis, mas também teve a coragem de tomar iniciativas que revelaram o seu elevado valor ... . Não vou discutir os seus métodos e muito menos as razões que levaram a certas práticas, uma vez que a própria história se encarrega disso e, para além daqueles que a conhecem, também está ao alcance de curiosos ou interessados . Depois do Marquês de Pombal, se outros tivessem passado por cá com coragem e visão idêntica à sua, talvez que muito do lamentável/inadmissível que tem ocorrido não existisse e, se assim é, creio que devíamos ter tido outros com igual talento e capazes de enfrentar o banditismo que se tem implantado/constatado e vivido na impunidade ! A grandiosidade de obras realizadas e que fazem parte do historial português, são, sem dúvida, importantíssimas e demonstram o sentido patriótico de quem as mandou executar ; contudo, escreveu-se/escreve-se muito acerca destes/destas e pouquíssimo sobre aqueles que lhe deram corpo e que, pouco ou nada tinham como reconhecimento de sacrifícios, apenas integrando exploração de trabalho, quase escravo ou perto disso, sem um mínimo de dignidade, quanto ao que valiam os seus esforços, segurança adequada, direitos ou qualquer hipótese reivindicativa, era tudo a Bem da Nação ! Mudando de assunto, quero lembrar ao meu amigo SILVA que, também hoje, pode ser considerado um dia histórico para a Companhia nº 2 de Fuzileiros, dado que faz 52 anos que se verificou o seu regresso a Lisboa, após comissão em Moçambique . Um abraço .

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  3. Foi há bastantes anos atrás, tinha que decorar a nossa história, mas faz sempre bem relembrar, hoje os professores de história estão no desemprego, os nossos jovens emigram em vez de lutar para salvarem o seu país, desinteressam-se completamente da nossa história, porque não querem registar nas suas memórias os feitos ligados a corruptos e tu desististe de ir ao talho da Póvoa, para nos brindares com chicha fora da validade, estou a ponderar se deva ou não apresentar queixa à ASAE! Fica bem e BOA PÁSCOA SR. Silva.

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  4. Boas
    pois não pensava hoje ter uma tão boa lição de historia de Portugal.
    obrigado amigos .
    JAFR

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