Estava a pensar no Benfica e nos desafios que tem pela frente, neste ano em que comemora o 120º aniversário, quando me veio à ideia esta publicação para o dia 2 de Janeiro. A ligação dos nomes Carlos e Manuel fez-me voltar ao ano de 1962 e a um momento especial vivido na parada do Corpo de Marinheiros do Alfeite.
Até àquele dia eu sempre fora conhecido pelo meu nome próprio "Manuel" e algumas alcunhas que fui recebendo nos estabelecimentos de ensino por onde passei. Nesse dia e no momento em que avistei o Octávio, meu conterrâneo e também estudante como eu que do outro lado da parada me acenava gritando o nome de Carlos. Ainda pensei que pudesse ser para algum outro dos fuzos que estavam comigo a preparar-se para partir para Moçambique. mas as dúvidas acabaram no momento em que chegou ao pé de mim e me deu um abraço, enquanto gritava: - Carlos que bom que foi encontrar-te aqui!
E os meus camaradas da CF2 que comigo estavam esperando que a instrução de «Ordem Unida» começasse aproveitaram a ocasião para mandar às urtigas o 29 que vinham usando para me chamar, desde que eu entrara para a Marinha, e passaram a usar o Carlos que dura até hoje. O Octávio vive também na Póvoa, depois de uma longa vida de emigrante, na Suécia, onde casou e teve filhos. Nós os dois somos os fuzileiros mais antigos que a Póvoa conhece, eu o afilhado e ele o padrinho que me deu o nome de Carlos.
Carlos e Manuel, dois nomes que ficaram juntos desde 1962 (por obra e graça do Octávio, filho da escola de Setembro de 62), como Carlos e o seu filho Manuel encarnaram os nomes dos últimos dois reis de Portugal, ambos mal sucedidos no cargo de governar o nosso país que, tal e qual como agora, estava falido e sem dinheiro para comprar uma espingarda que servisse para nos defender.
Os ingleses que sempre foram para nós os verdadeiros «amigos da onça», aproveitaram essa fraqueza para nos obrigar a abandonar os terrenos entre Angola e Moçambique (lembram-se da história do Mapa Cor de Rosa?) do qual se apossaram formando as duas Rodésias, Norte e Sul, como suas colónias. Daí até ao regicídio foi um instante e o reinado do seu filho D. Manuel nunca se conseguiu afirmar, pois os republicanos (ai que ódio!) vinham ganhando força e obrigaram-no a fugir para Inglaterra para salvar a vida.
Muitos dos meus camaradas que sempre me conheceram por Carlos, por vezes. quando nos encontramos nos nossos convívios anuais, perguntam: - Afinal tu não te chamas Carlos, que história é essa?
Só os posso convidar a passar por aqui e lerem o que acabei de escrever, está aí tudo!
Muitos eram chamados pelo nome da terra onde nasceram, como é o meu caso. Foi um baptizado dificil de aceitar mas ficou até hoje.
ResponderEliminarMuitos Lisboas havia nos fuzileiros, só na minha CF2 eram 3.
EliminarMeus ardentes votos d`um Bom Ano para todos ( e familiares ) que por aqui passarem .
ResponderEliminarEu fui baptizado no curso de FZE e ainda hoje muita malta me conhece pelo Quelfes " Santa Terrinha Algarvia do concelho de Olhao " .
Bom vento a todos .
Filipe, um Bom Ano para ti também!!!
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