sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

O Silva brasileiro!


Silva no Brasil é sinónimo de pobre! Parece que a culpa é dos Jesuítas - que têm a mania que são mais espertos que os outros - que começaram a registar todos os baptizados com o apelido de Silva, porque simplesmente vinham da, ou viviam na selva. Como sabem os eruditos da Língua Portuguesa que é filha natural do Latim trazido até cá pelos romanos, no início da era cristã, a palavra silva pode traduzir-se por selva. Isso quer dizer que os Jesuítas estudaram bem as lições de Latim e tiraram boas notas no exame final, mas escusavam de chegar às missões implantadas no Brasil e transformar aquela nossa colónia numa selva de Silvas.

Eu não faço a menor ideia onde foram os meus avós paternos buscar o Silva, mas juro que já existia esse apelido na minha aldeia, no fim do século XVI e não me custa acreditar que o Baixo Minho fosse uma autêntica selva, nesse tempo. Mas sei que os Jesuítas não paroquiavam as freguesias portuguesas, por conseguinte o meu nome tem outra desculpa para me ter sido transmitido pelo avô do meu avô que já se chamava Silva.

Vem isto a propósito de um livro que a minha filha comprou e me ofereceu como prenda de Natal. O Prefácio foi escrito pelo Caetano Veloso que fez uma série de elogios ao autor do livro, Valter Hugo Mãe, congratulando-se com ele por ser um "Saramaguiano" e escrever sem maiúsculas e estar a borrifar-se para a pontuação que é o segredo número um para que a nossa Língua seja considerada mais perfeita que o inglês (para isso não é preciso muito) e outras que se falam por esse mundo fora.

Isso já seria suficiente para me pôr contra o livro e o autor, mas ainda por cima o prefaciante resolveu implicar com o Silva só porque o Michel Brasil da Silva, assim como o Lula da Silva, serem dois políticos que ele considera rascas. Com isso fiquei também inimigo do Caetano Veloso que é fã do Saramago e acha uma piadão escrever tudo em minúsculas, como fez o autor deste livro que a minha filha teve a má sorte de escolher para mim. Desconfio que vou ler pouco mais de 10 páginas, só para ter a certeza do que digo, e depois lixeira com ele.

O Valter Hugo esqueceu-se que o Saramago, além de escrever sem pontuação, também nunca, ou raramente, fazia parágrafos, no fim de cada capítulo punha um ponto final e mudava de página. Mas começava sempre com uma maiúscula e não como este livro que tem montes de parágrafos que começam sempre (até onde li) com uma minúscula e um espaço à frente, como quem pede desculpa pelo abuso.

Este Silva não gostou nada de ver isso e se a tentativa era imitar o Saramago e roubar-lhe a fama, foi muito mal sucedido!

3 comentários:

  1. Uma Silva , duas Silvas , faz uma moita serrada . Uma pica, outra arranha e
    com as Silvas nao quero nada .

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  2. O mesmo se passou nas Filipinas. Quando começaram a baptizar os nativos 'o apelido Silva' também entrou em competicão com outros bem conhecidos na Península Ibérica.

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  3. Bom dia
    O meu pai também tinha no seu nome , Silva , já eu não herdei o seu penúltimo nome mas sim o último de Rosário.
    Até mais logo depois das 20h.

    JR

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