quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

O verão das 4 namoradas!

 


No ano de 1965, eu completei 21 anos de vida, era a maioridade, no tempo de Salazar. Um marinheiro de 21 anos de idade e uma comissão já concluída, em Moçambique, era um especialista no mundo das mulheres. Eu fiz os possíveis por não deixar os meus créditos por mãos alheias.

A minha relação com a namorada já vira melhores dias e naquele mês de Setembro, ela decidiu emigrar para a Alemanha para dar apoio financeiro à sua família que passava por dificuldades. Em Palhais, aldeia onde se situa a Escola de Fuzileiros, arranjei outra namorada para os dias em que não ia à terra. Fez-me boa companhia nos 6 meses que passei na Metrópole, antes de regressar a Moçambique, ainda hoje sinto saudades dela.

E vão duas, as que mais fundo calaram na minha mente, uma delas faz-me ainda companhia, nos dias que correm. Depois vieram mais duas que não passaram de dois acidentes de percurso, foram elas, aliás, que pediram para serem minhas namoradas. A primeira delas era a filha única da minha prima mais velha. Vivia no Porto com a mãe, num ambiente que me fez recordar o Bairro Alto. Fui visitá-la e dormi lá em casa, na cama dela que a mãe insistiu que ela dispensasse para o efeito. Deixou a cama para mim e levou a filha com ela para que não acontecesse aquela fábula do Lobo, o Cabrito e a Couve. A partir desse dia, ela passou a ser a minha namorada por correspondência. Não durou muito, a distância e a insistência da mãe fez arrefecer o meu interesse e antes de ter passado um ano ... já era!

A quarta namorada desse famoso verão de 65 foi arranjada no arraial de S. João, em Vila do Conde. Andei toda a noite com duas pretendentes penduradas no meu braço e antes da alvorada tinha que fazer a minha escolha e mandar a outra dar a volta ao cavalo. Assim fiz, escolhi a Alda e mandei a Isabel ir chatear outro. Como estava a meio do Curso de 1º Grau, na Escola dos Fuzos, esse namoro passou também a ser por correspondência. O romance com a "amada" de Palhais estava a ganhar força e ficava-me curto o tempo para andar com namoros por correspondência. E depois, a segunda carta recebida da Alda era taxativa, eu não ando aqui a brincar, escreveu ela, se queres casar continuamos, senão paramos aqui. Está visto que nem uma resposta mereceu essa carta. A (recusada) Isabel mora aqui ao meu lado, casada, mãe de filhos e avó de netos e, de vez em quando cruzámo-nos no caminho e leio nos olhos dela o desgosto que lhe causou aquela minha escolha, em noite de S. João com os foguetes a estourarem por cima das nossas cabeças.

Acabei por me casar com a namorada desavinda - isso daria uma história de mil páginas, mas vou guardá-la para uma outra vida - e das outras três, guardo apenas uma muita grata recordação da miúda de Palhais que por muito pouco ia assentando arraiais no meu coração para a vida. Salvou-me desse destino a convocação, à pressa, para me apresentar no Corpo de Marinheiros para seguir viagem para Moçambique. Nem de propósito, recebi nessa última semana de Setembro, as divisas de marinheiro, enquanto estava no Corpo dos (ditos) Marinheiros.

Nesse quente verão dos meus 21 anos, houve ainda a Luísa, uma senhora que "trabalhava" na Rua do Benformoso que sempre me dizia que se fizéssemos um filho ele nasceria com olhos cor de rosa, mas essa não conta para as estatísticas. Comecei por comprar o amor dela e ela retribuiu-me em dobro, no mínimo, aquilo que recebeu de mim. Aliás, diz-se que os afectos não têm uma medida própria, mas eu considero que se medem numa escala de 1 a 10 e a unidade de medida se chama Romeu. Eu gostava da Luísa aí uns 4 Romeus e ela gostava de mim mais 2, pelo menos. Fui com ela até à praia de Carcavelos para me despedir, antes de seguir viagem para Moçambique. Foi ela, só Deus sabe porquê, a única a ter direito a uma despedida de corpo presente.

Faço de vós, meus caros leitores, fiéis depositários destas minhas memórias que são o meu Bem Maior!

5 comentários:

  1. Bom dia
    Memórias dessas são sempre apetecíveis amigo .

    JR

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  2. Bom, A Luísa talvez seja mereça outra história... digo eu!

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    Respostas
    1. Talvez um dia vos conte a história da prima, com quem não dormi, mas paguei caro por isso!

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  3. Quando chegar Fevereiro e o Dia dos Namorados, em vez de quatro já serão cinco! Com o Tintinaine é sempre a subir ...

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