segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Os pretos e os brancos!

Pela cor da pele não somos capazes de dizer quais são os bons e quais os maus. Mas se consultarmos a História e recuarmos até ao início do Século XX, poderemos ver o Mouzinho a desancar o Povo Vátua, já com o Gungunhana preso e enviado para os Açores, por não ficarem quietinhos no canto deles e deixar os portugueses alambazarem-se com aquilo de melhor que havia em Moçambique. Preso o seu grande chefe e morto o seu número 2, não restou outra solução aos Vátuas senão amocharem e obedecer a quem tinha os "paus-de-fogo".

O Mouzinho pode para nós ser um herói e mereceu uma estátua na praça central, em frente à Câmara Municipal de Lourenço Marques, mas para o Povo Vátua os portugueses eram os maus que lhe invadiram as suas terras e os subjugaram, ao ponto de os tornarem escravos. Os brancos, os europeus, os maus da fita!

Agora, 100 ou mais anos depois, vemos os pretos africanos virem à conquista da Europa por não terem sido capazes de se ajustar a uma nova vida, após os brancos maus terem vindo embora. África é um continente rico e poderia oferecer aos africanos uma vida livre de miséria, mas todos os países têm à sua frente políticos que querem ser uns novos Gungunhanas , viver como uns nababos, e se esquecem dos milhões de habitantes, desde o Mar Mediterrâneo até à província do Cabo, que vivem na mais extrema penúria.

Nós, os portugueses, chegámos a Moçambique de aramas na mão e mandávamos bala em quem se recusasse a vergar a espinha e fazer o que lhe mandávamos. Agora, imaginem  a quantidade de embarcações que de África, seja na costa atlântica ou na mediterrânica, tentam "assaltar" a Europa à procura de uma vida melhor. Por miserável que seja, na Europa é e será sempre melhor que em qualquer país africano. Por falta de oportunidades e de organização, os "pretos do mato" rumaram às grandes cidades e agora, 50 anos depois da descolonização, vivem à volta das lixeiras à procura de algo que se possa comer ou transformar em dinheiro para comprar comida.

E nós estamos quase a pegar em armas, de novo, para correr com eles de volta para a África que é a sua terra e é lá que eles devem encontrar o que precisam. A memória é curta e ninguém se lembra que nós, há 100 anos, fomos à terra deles e tomámos tudo aquilo que nos convinha pela força. Eles vêm e limitam-se a pedir asilo, a pedir esmola ou a pedir um emprego em que possam ganhar a vida.

É a minha reflexão para este dia 8º do novo ano, depois de ter visto a quantidade de emigrantes africanos que foram presos na zona das Canárias, quando se preparavam para "assaltar" a Europa. A pate mais triste de toda esta história é que nós pouco mais temos que eles. No fim do século XIX, Portugal vivia uma miséria difícil de entender nos dias de hoje. Não havia indústria, o comércio pouco ajudava e todo o mundo vivia da agricultura que não gerava riqueza suficiente para contentar os grandes senhores, donos das terras, e os rendeiros que as trabalhavam. Valeu-nos a África que era virgem em todos os aspectos!

Agora, chegou a hora de pagarmos e com língua de palmo !!!

2 comentários:

  1. Moçambique foi dos poucos países colonizado pelos portugueses onde as nossas estátuas foram substituidas por outras de gosto duvidoso. Hoje quem passa na antiga Praça Mouzinho de Albuquerque depara-se com um mamarracho made in DPRK. A original foi desterrada para a Fortaleza onde aliás se econtram outras... Entretanto o pior exemplo de como os africanos não se sabem governar sózinhos está hoje bem patente nas ruas de Joanesburgo. Mais uns anos e teremos mais uma avalanche de famintos refugiados africanos...

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  2. História da nossa História que, neste particular, nenhum orgulho nos traz.
    Gostei da forma isenta e realista como tratou este tema.

    Boa semana.

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