Depois de tantos dias a ouvir falar na Turquia e na cidade de ADANA, resolvi escolher esse assunto para a minha publicação de hoje. Só fiz uma viagem à Turquia e depois de passar pelo aeroporto de Orly, em Paris, e pelo Ataturk, em Istambul, aterrei em Adana, terra que conhecia apenas de nome e pouco. Aí pegaram em mim e levaram-me de carro até Mersin, na costa, que me fez recordar a Póvoa.
Mas isso é assunto que merece mais algumas palavras para além desta introdução. Deixaram-me num hotel que devia ficar num destes prédios à beira-mar, pois, de manhã, quando acordei e abri a janela, foi esta a vista que tinha perante os meus olhos. Era noite, quando cheguei, já tinha passado a hora de jantar e fui até ao bar do hotel comer uma sandocha e beber uma "birra". Estava a ser transmitido um jogo de futebol com o Galatsaray e muita gente a assistir. Eu fui apenas mais um, um turista acidental.
Saí cedo do Porto para apanhar a ligação para Istambul, em Paris. Tinha comprado uns sapatos novos, bem bonitos por acaso, e no tempo gasto em Paris, a andar de um lado para o outro a fazer horas, já tinha os calos a arder. Sem conhecer os meandros do aeroporto francês e sem me ter preparado, só tarde e a más horas me apercebi que o meu voo sairia de outro terminal que não aquele em que me encontrava. Pus-me a caminho, sem saber o tempo que isso me levaria e, além de ter rebentado com os meus pés, quase perdia o avião. Num último esforço corri os últimos metros e cheguei mesmo a tempo de passar a porta de embarque, antes de esta ser fechada. Fui o último dos últimos a embarcar.
Claro que não vi nada de Adana, era noite quando aterrei e atravessei a cidade duas vezes, sempre de carro, no sábado de noite, a caminho de Mersin e na segunda-feira, de manhã, a caminho da fábrica têxtil, onde iria trabalhar todo o dia. Lembro-me de termos passado em Tarso (que fica no trajecto entre Mersin e Adana), terra de S. Paulo e o nosso condutor encarregou-se de nos contar as histórias que se contam a respeito do santo. E disse "nos", porque comigo ia um sueco que era o meu contacto entre a fábrica que fornecia o tecido e o cliente a quem se destinavam os fatos, milhares deles, que seriam confeccionados por nós, em Vila do Conde.
Gente importante, como eu era (bom cliente é sempre assim), tive direito a um almoço especial, com vários pratos, servido numa sala que a Direcção da empresa tinha reservada para esse fim e na companhia dos cabeças grandes que geriam o negócio. Quando me perguntaram se tinha alguma limitação no que se refere aos alimentos ingeridos, em terras de outra religião é preciso cuidado, disse-lhes que podiam estar à vontade, o que visse marchava. Como já tinha estado na Índia, no ano anterior, já estava à espera disso e correu tudo bem. Muitos temperos novos, muitas especiarias, e um modo diferente de servir, mas comigo não há problema, andei na guerra, no mato de norte de Moçambique, e depressa me habituo a tudo.
No dia seguinte, à noite, despacharam-me para Istambul e nunca mais ouvi falar de Adana, até acontecer este terramoto que ma trouxe de volta em imagens de desgraça. Em Istambul, fui visitar o palácio do sultão mais famoso da História, Suleiman, e a Mesquita Azul que são as coisas mais famosas para turista ver. Ah, e aturar os vendedores de tapeçarias que não largam o cliente por nada deste mundo. Um deles até me levou a casa dele e me ofereceu um chã de maça (?) para beber, enquanto me tentava convencer a ficar com uma carpete que valia mil euros!
Ainda pensei em atravessar a ponte e pôr um pé na Ásia, mas o taxista disse que era difícil, ficava caro e demorava mais tempo do que eu dispunha. Num dos dias que lá passei, recomendaram-me ir jantar a um restaurante português, situado numa das praias do Mar de Mármara. De português pouco mais tinha que o nome, Lisboa, e o dono do restaurante que era um lisboeta que se apaixonara pela Turquia. Nessa altura, o custo de vida era muito inferior ao nosso e com marcos alemães no bolso era fácil gostar daquilo.
Fala de si como se fosse uma encomenda..."agarraram em mim" - "despacharam-me", mas, pelo relato deduz-se que já fosse um homem feito.
ResponderEliminarEntão, não sabia qual era o seu destino?
Tenho um vídeo feito pelo meu filho e nora, durante umas férias em Antálya, na Turquia e, desde os mercados onde há de tudo um pouco, aos belos monumentos, às praias de areia fresca e águas morninhas, etc, etc, tudo está a milhas destas terríveis imagens que diariamente nos chegam.
Já falam em mais de 24 mil mortes. Um horror!
E então? Não viu nada por causa das dores nos pés ou por falta de tempo?
Quem viaja em trabalho e por conta de uma empresa que paga as contas não é mais que uma mercadoria.
EliminarOs sapatos fizeram-me sofrer, mas não me impediram de ver o que eu queria!