"Na orelha interna encontramos o sáculo, o utrículo e os canais semicirculares que formam o aparelho vestibular, muito conhecido como labirinto.
O sáculo e o utrículo são duas bolsas cheias de um líquido gelatinoso contendo células sensoriais ciliadas e também otólitos (pequenos grãos de carbonato de cálcio), que se deslocam conforme o movimento do corpo, estimulando as células sensoriais que mandam as informações até o cérebro, onde serão interpretadas. Dessa forma, podemos dizer que o labirinto é a estrutura responsável por informar o nosso cérebro sobre a direção dos movimentos da cabeça e do corpo; e a labirintite nada mais é do que o termo utilizado por muitos para designar uma inflamação ou uma infecção no labirinto."
Os marinheiros conhecem bem a sensação que estou a sentir, desde o passado fim de semana. No mar, quendo ele está bravo e apetece gritar ao Gregório, assim como em terra, depois de ter bebido uns copos a mais e sentir o estômago a subir-lhe à boca.
A última vez que estive assim, espalhei-me ao comprido, no meio da horta, e foi sorte a mulher estar em casa para me vir ajudar a pôr em pé. Depois desse episódio, fui ao Otorrino e o médico que me atendeu, além de me chupar 80€, disse-me que os meus ouvidos estavam como novos e mandou-me embora. Bem lhe contei que tenho tido episódios destes desde os meus 50 anos e ele respondeu-me que só acreditava no que os seus olhos viam. Aspirou-me uns miligaramas de cera dos ouvidos e disse, à laia de despedida: - é tudo o que posso fazer por si.
Eu devia ter ficado todo contente, não? Com os ouvidos novinhos em folha aos 80 anos não era para qualquer um! Só que ele sabe da vida dele e eu sei da minha. E ando, novamente, agarrado às paredes para não cair ao chão. A falta de equilíbrio é uma sensação esquisita, não dói, mas atira-te ao chão em questão de segundos. Nem tempo tens de soltar um ai!
E aproveito para vos contar uma das minhas aventuras da mocidade
Estávamos no mês de Julho e era sexta-feira, último dia de trabalho, antes de ir para férias. Um doa colegas chega-se ao pé de mim e segreda-me: - fulano, sicrano, beltrano e eu vamos jantar a qualquer lado e depois beber uns copos, queres vir também? O que eles queriam era que eu os levasse de carro e os trouxesse de volta a salvamento, pois gostavam de beber mais que a conta e não queriam meter-se em aventuras.
Eu que não costumo perder o controlo e sei quando devo parar, disse-lhes que sim, arrumei as minhas tralhas e preparei-me para ... as férias. Telefonei para casa avisando que não ia jantar (a mulher e a canalhada faziam uma festa quando eu não estava, café com leite e torradinhas com manteiga para todos e a sopa ficava guardada para mim) e ala, a caminho de um restaurante já conhecido. Eu bebi uma garrafa de branco fresquinho, mas estava como se não tivesse bebido nada. Um deles emborcou para aí umas 3 garrafas e, no fim, atestou com 3 bagaços. Para ele a festa acabou ali, ficou a dormir dentro do carro, enquanto nós continuámos a viagem.
Eu já sabia que era obrigatório passar pela Boite para olhar para a cara das garinas, mas nessa noite, por decisão não sei de quem, fomos parar a uma discoteca, perto de Viana do Castelo. Eu bebi apenas uma Cuba Libre, mas o barulho da música, no máximo que as colunas permitiam, começou a abalar-me o cérebro e comecei a sentir-me, tal e qual como estou hoje, sem sem capaz de equilibrar-me.
Depois de mais ou menos uma hora de sofrimento, consegui arrancá-los dali e retomar o caminho de casa. No estado em que eu estava, foi um milagre chegar à Póvoa, levá-los a casa, um por um, e regressar à minha sem me espetar. Para não ver a estrada a dobrar, eu fechava um olho, pestanejava vezes sem conta para afinar a visão, quando via duas ou três estradas à minha frente metia pela do meio e assim venci os 50 Kms que me separavam de casa.
Lembro-me, vagamente, de ter chegado à minha rua, mas depois o cérebro apagou-se e nunca soube o que fiz depois disso. Mas acordei na minha cama e com a mulher a rezar-me a oração do costume:
- Vinhas bonito, ontem, gostava de saber por onde andaste!
Labirintite? Ah, é simples!- Deve ser o labirinto em que as pessoas se metem andando na farra comendo bem e bebendo melhor, sem ter em conta a tensão arterial. Ela, ora sobe ora desce, a mente esquece, o diabo aparece e depois o homem adormece...
ResponderEliminar:)
Infelizmente, há muito tempo que prescindi desses prazeres e, há já 8 anos, que ando com um pace maker para me manter acordado!
EliminarPorém e felizmente, o meu Caro amigo continua a manter a boa disposição. isso é notório na forma como escreve e, por vezes, inventa as suas histórias.
EliminarPeço desculpa se estiver enganada, mas não veja nas minhas palavras nada de menos meritório. Muito pelo contrário!
Admiro, do fundo do coração, todas as pessoas que vão fazendo das tripas coração para se irem mantendo à tona.
Cumprimento-o com estima.
Exagerar um pouco, talvez, mas inventar, nunca!
EliminarAssino por baixo o comentário da amiga Janita.
ResponderEliminarAbraço e saúde