Dia 27 de Janeiro de 1945, o dia em que as tropas soviéticas abriram as portas do campo de concentração nazi, em que muitos judeus tinham encontrado a morte e poucos estavam ainda vivos nesse dia de libertação. Autênticos esqueletos vivos, apenas pele e osso, segundo o relato de algumas testemunhas que sobreviveram ao holocausto.
Houve um tempo da minha vida em que comprava qualquer livro que se referisse à II Guerra Mundial e, mais especificamente, à história dos judeus que o Hitler decidiu eliminar da face da terra. Um desses livros deixou-me a pensar no assunto, durante anos, e sempre planeei ir até à Polónia visitar esses lugares onde essa vergonha aconteceu. E os anos foram passando e nunca lá consegui ir. As viagens eram caras, o dinheiro curto e o tempo livre era pouco, portanto foi um sonho adiado até hoje.
Engraçado como o aparecimento do André Ventura e as suas ideias revolucionárias fez abrir a boca a tudo que é comentador e não faltou quem viesse lembrar que outro holocausto nunca poderá acontecer. Como se o pobre André Ventura conseguisse mais que chatear uns quantos adeptos portistas, quando levanta a voz em defesa do Glorioso. Coisa de que anda um pouco esquecido, desde que se dedicou à política.
Mas ia eu dizendo que lia todos os livros que me caíam debaixo dos olhos e um dos que mais gostei foi sobre o campo de extermínio de Treblinka, nos arredores de Varsóvia.
A descrição era de tal modo crua que me fazia transportar para aquele cenário e reviver aquelas cenas, como se lá estivesse também. Comboios carregados de gente, como se se tratasse de gado - alguns já estavam mortos por sufocação, quando o comboio entrava no desvio e parava a locomotiva - provenientes de vários pontos da Alemanha, cujo destino era a morte. A "solução final", como diziam os nazis.
Uma organização de judeus que os nazis puseram à frente do campo e que faziam todo o trabalho sujo sem que os militares alemães tivessem que sujar as mãos. Desde desembarcar os condenados, mandá-los despir para o banho - diziam eles . de desinfecção, encaminhá-los para as câmaras de gás, retirar os cadáveres, arrancar-lhe os dentes de ouro e carregar os restos mortais para os fornos crematórios. Na expectativa de salvar a própria vida, os prisioneiros cumpriam com rigor todas as ordens que os seus carcereiros lhes transmitiam.
Foi um dos primeiros, senão o primeiro, campos de extermínio em entrar em funções, esteve aberto pouco mais de um ano e liquidou cerca de um milhão de prisioneiros, nem todos judeus, havia um pouco de tudo, desde ciganos a opositores políticos.
Hoje, ao fim de tantos anos, há ainda algumas poucas testemunhas vivas desse atroz crime contra a humanidade, mas há também muita gente que defende que isso nunca aconteceu e não passa de uma campanha contra a extrema direita que, em alguns países da Europa Central, teimam em voltar ao poder. Mas imaginar que o André Ventura, ou qualquer outra personagem como ele, pudesse representar um perigo real, quanto ao reviver estas coisas, não passa de lunatismo, só isso e mais nada.
Precisamente pela mesma razão - um periodo da vida em que não perdia uma edição do Reader's Digest - levou-me a Auschwitz em pleno inverno de 2019. Agora comparar as conviçcões de André Ventura com as dos nazis é ignorãncia. Pessoalmente votei no Chega porque estou farto de ser roubado, ignorado e humilhado por um governo corrupto e criminoso que nos irá levar a um total desespero. Que ninguém se iluda: nenhum ministro, nenhum secretário, nenhum funcionário deste governo está a exercer funções pelas suas capacidades académicas e se não for o Parlamento Europeu a topar as jogadas não serão os velhos deste país já moribundo .. Boa sorte com o Selfies.
ResponderEliminarTambém li imensos livros sobre a Segunda guerra Mundial e fiz montes de pesquisas sobre ela. Há uns anos, foi uma excursão aqui do Barreiro ver os campos mas eu não pude ir por vários motivos. Não acredito que AV pudesse fazer o que Hitler fez, mas não se iludam nem lhe deem poder, todos os que acreditam que ele é bom rapaz. Salazar também o era, que o digam aqueles que sobreviveram ao Tarrafal, a Peniche ou Caxias. Todos os grandes ditadores da história foram bons até ter o poder nas mãos.
ResponderEliminarAbraço e cuide-se.
Bom dia meu querido amigo, parabéns pela excelente matéria, espero que ela nos faça refletir, para não cometermos as mesmas atrocidades do passado.
ResponderEliminarDizem que gato escaldado, até, de água fria tem medo. Pensando eu, que já nessa altura fazia parte dos, ainda, vivos deste mundo. Que todos esses horrores aconteceram. Sendo por isso que acredito. Mais vale prevenir do que remediar. E para impedir que as ideias fascistas/racistas do Ventura possam progredir. Só através do voto democrático, os democrátas poderão impedir a sua continuidade. Nada justifica que o descontentamento, me faça recorrer à violência. Só recorre à violência quem pela via do diálogo não quer ou não tem inteligência para dialogar. Como o Ventura, na noite das eleições com menos de 12% dos votos, pelo discurso que fez. já se julga ser o dono disto tudo. Quem nele votou, votou contra a democracia. A favor do fascismo. Porque deseja o pior e não o melhor para as gerações vindouras.
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