Saí de casa por volta das 07.30 horas e estou a regressar agora. Foi um corre-corre que não vos digo nem vos conto. A minha consulta para controlo da diabetes, por razões que não conheço nem para aqui são chamadas, tinha sido mudada de fim de Fevereiro para 4 de Abril e, posteriormente, para o dia de hoje. Bem à portuguesa, «às três é de vez» e, portanto, às 07.45 horas lá estava eu à porta do Centro de Saúde, á espera que o segurança abrisse a porta.
Coisa para durar hora e meia - já estou habituado - saí de lá eram quase 09.30 horas. Tinha combinado encontrar-me com a minha mulher para fazer de taxista e levá-la às compras - sim, porque ela vai e eu fico esperando por ela sentado no meu carrinho - e levei uma seca de quase duas horas. Qual a razão de tanta demora? Nem vos digo, nem vos conto, à minha mulher acontece-lhe tudo.
Há dias, enquanto procedia à inspecção periódica da minha máquina, descobri que a minha carta de condução já tinha caducado há treze meses, desde o dia do meu aniversário de 2016. De modo que aproveitei a ida ao médico para lhe pedir o necessário atestado para fazer a renovação. Depois das compras, acelerei até casa, despejei as compras e a mulher e pus-me a caminho da Loja do Cidadão que, por curiosidade, aqui se chama PAC - Posto de Atendimento ao Cidadão (e eu que julgava que PAC queria dizer Política Agrícola Comum e era coisa lá de Bruxelas!).
Como um azar nunca vem só, depois de esperar pacientemente pela minha vez de ser atendido, caíram-me "os guizos" ao chão quando ouvi a empregada dizer:
- Desculpe, mas esse atestado não serve.
- Não serve porquê, acabei de ir buscá-lo ao meu médico de família?
- Está feito no impresso antigo, o deste ano é diferente.
Apetecia-me dizer-lhe cobras e lagartos, mas optei por enfiar a viola no saco e correr até ao Centro de Saúde, a ver se ainda apanhava a médica que me atendeu antes de ela sair para o almoço. Aí fui bafejado pela sorte, apanhei-a a meio da última consulta, esperei cerca de 15 minutos e, prevenido com o novo impresso na mão, consegui o novo atestado sem problema. Com ele no bolso, passei por casa na brasa, engoli o almoço que a mulher entretanto cozinhara e abalei a caminho do PAC, ciente que aquilo fecha às 15.00 horas. Nem vale a pena aqui referir que só um santo entende e aceita um tal horário sem refilar.
Chegada a minha vez, felizmente a bicha não era muito grande, estendo o papel que trazia na mão ao funcionário e ele encaminha-se para a maquineta que havia a um canto e faz uma fotocópia, devolvendo-me o original. Depois fica parado a olhar para a cópia e diz:
- Não percebo que número é este, diz ele apontando para o último algarismo da data que rezava assim 12-04-2017.
- É um 7, de 2017, disse-lhe eu.
- A mim parece-me um 2. Ora mostre-me outra vez o original.
E olhando para o número de todos os ângulos, insistiu:
- Para mim isto é um 2! Que fazemos?
Eu, pegando numa esferográfica, disse-lhe:
- Deixe cá ver isso que eu trato do assunto.
- Não pode fazer isso, disse ele meio zangado.
- Não me diga que quer que eu vá de novo ter com o médico só porque o 7 lhe parece um 2?
Ele não respondeu e com uma certa má vontade rasgou a sua fotocópia, agarrou no original, prolongou um milímetro a perninha do 7 mais para baixo e foi-se à maquineta fazer outra fotocópia.
Antes de dar o assunto por concluído ainda me disse:
- Na carta de condução, agora, não consta a sua morada. Esta morada que aqui está - Rua de 1º de Maio - é só para efeitos de correio.
- É Rua 1º de Maio e não Rua de 1º de Maio.
- Aqui consta Rua de 1º de Maio.
- Ok, para mim tanto faz.
Ele ainda olhou para mim, tentando decidir se me havia de moer mais o juízo ou não, mas limitou-se a dizer:
- São 15 euros e trocado se faz favor.
Fim!!!