sexta-feira, 18 de julho de 2025

Os pobres velhinhos!

 A respeito do Ricardo Salgado, uma especialista em Neurologia afirmou (e eu concordo com ela) que o velho banqueiro tem, de facto, Alzheimer, mas que exagera um pouco (ou muito) para levar a brasa à sua sardinha. Ou seja, para não cumprir os muitos anos de Xelindró a que já foi condenado e os muitos mais que lhe seriam acrescentados pelos processos que ainda correm na Justiça.

Se fosse um pobre desgraçado sem nada onde cair morto, seria com toda a certeza um fingidor e já estaria atrás das grades. É que isto de ter muito dinheiro, seja em nome próprio, dos filhos, das mulheres ou das amantes muda tudo. Muda a opinião dos médicos que são chamados a dar opinião, dos advogados que os defendem e até dos juízes que os têm que julgar.

Nas notícias de hoje, apareceu um novo pobre, o madeirense Joe Berardo que é acusado de ter enganado os nossos melhores banqueiros e ficado a dever-lhes cerca de mil milhões de euros. Só ao banco público foram perto de 440 milhões. Quando o chamaram à pedra para se responsabilizar pelas dívidas, ele disse que não tem dívidas nenhumas nem posses para as pagar. Segundo ele, tudo o que tem é uma pequena garagem no Funchal.

Parece que o "caso" vai voltar novamente aos tribunais e os nossos craques das finanças vão ter que arranjar uma maneira de o desarmar. Ele diz que não tem nada, mas manda em tudo. Descobriu o segredo ao transferir todos os seus bens para uma "fundação" e ao abrigo das leis que gerem esse tipo de instituições ninguém lhe pode tocar.

Este homem é um caso sério! Ninguém sabe de onde lhe veio a fortuna, mas sabe-se que foi com a ajuda dos banqueiros portugueses (pouco sérios e oportunistas) que a conseguiu multiplicar e garantir para si um estilo de vida ao alcance de poucos. Como ele viveu muitos anos na África do Sul e foi lá que aprendeu a fazer dinheiro, ainda deve ter por lá alguma conta bancária, ou algum amigo do peito, que lhe guarda uns cobres para os dias de aflição.

Ao ver a notícia veiculada pelas nossas televisões fiquei a pensar que ele pode seguir o exemplo do Salgado, um dos seus compinchas dos tempos das vacas gordas, e alegar que sofre de demência senil e não tem as mínimas condições para se defender em tribunal. Ele já tem, habitualmente, um comportamento meio parvo, basta-lhe apenas esticar a corda mais um poucochinho e pronto, está safo de mais esta enrascada!

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Vou à feira!


 Quero dizer, talvez vá, o que quero é sair de casa e ir dar uma volta. Faz, hoje, 15 dias que deixei o meu carro estacionado numa rua aqui perto e tenho que ir ver se ainda lá está. Isto de não ter garagem e morar num bairro histórico, onde não se pode estacionar em lado nenhum, é uma limitação grave para este rapaz que gosta de viver isolado, mas nem tanto!

Barcelos é uma cidade antiga, mas não tem muito que ver. Um pequeno e mal tratado centro histórico e um lindo jardim ao lado da Torre de Menagem e pouco mais mais. Mas cada um gosta de dizer bem da sua terra e eu não tenho mais que copiar os outros fazendo, exactamente, a mesma coisa. A feira que talvez seja a mais concorrida de todo o Minho, em especial quando estão por lá muitos emigrantes de férias, é um ponto de atracção.

Muitas pessoas gostam de ir à feira por razão nenhuma em especial. Aproveitam para espairecer e encontrar pessoas que é raro verem com quem podem trocar umas palavras tanto mais agradáveis quanto maior for a amizade que as liga. E há sempre alguma coisinha que se pode comprar na feira. Eu sempre que lá vou compro pão e chouriço diferentes daqueles que tenho aqui nos supermercados da minha zona. Dizem-me que é chouriço caseiro e eu faço de conta que acredito, quando lhe meter o dente logo faço a minha apreciação.

Para quem nasceu e morou numa aldeia até fazer o exame da 4ª Classe, ir à feira na sede do concelho é uma espécie de festa que se pode repetir a cada semana, é como ir à missa ao domingo. Nesse tempo, ia-se à cidade poucas vezes, o que não é o meu caso, pois a minha mãe foi feirante, durante algum tempo, e eu acompanhei-a várias vezes.

Para fazer o exame da 4ª Classe era preciso ter o Bilhete de Identidade e eu tive que lá ir duas vezes para o conseguir. Na primeira viagem dirigi-me à Foto Robim para tirar o retrato e uma semana depois voltei lá para levantar as fotos e ir entregá-las no Registo Civil para poder fazer o pedido do dito bilhete. Foi aí que me mediram a altura, pela primeira vez (não me lembro de ter sido pesado também) e tiraram a impressão digital.

E cerca de um mês mais tarde foi o grande dia de comparecer numa escola que já não me lembro onde era para mostrar o que tínhamos aprendido nos 4 anos passados na escola. Se calhar, foi a primeira vez que a minha mãe me molhou o cabelo e tentou fazer uma risca ao lado para combinar com a roupa nova que me vestira. Até esse dia o cabelo ia para onde queria e o penteado mais corrente da rapaziada da minha idade era com repas na testa.

Na minha aldeia havia um carro de aluguer de 7 lugares que foi fretado na ocasião e a respectiva despesa dividida em 6 partes iguais, cada uma delas paga pelos pais de cada aluno que o "chauffeur" levou à cidade. Foi a primeira viagem "de cu tremido" para mim e, talvez, para todos os outros meus colegas. Aquilo só poderia ser comparado a uma viagem à Lua, nos dias de hoje, tal era a novidade para cada um de nós!

A cada quinta-feira voa a minha lembrança até esses dias que foram vividos de um modo tão diferente daquilo que vemos hoje. Já passaram mais de 70 anos e nesse espaço de tempo o mundo mudou de tal maneira que há quem acredite que eu só invento patranhas para entreter o meu público. Mas não é verdade, aconteceu assim mesmo como acabei de relatar!

Nesse tempo ainda se usava levar à feira umas tourinhas para vender e fazer uns cobres. Os lavradores lavavam-nas o melhor que podiam, escovavam-lhe o pelo e penduravam umas fitinhas coloridas no pescoço, ou nos corninhos se já tivessem despontado, para convencer os compradores a desembolsar mais umas coroas. E nesse negócio o dinheiro contava-se em centos, não a deixo ir por menos de 7 centos, dizia o dono da toura, com receio que nem 5 lhe oferecessem!

quarta-feira, 16 de julho de 2025

As redes sociais!

 Prefiro os blogs, onde posso escrever o que quero e me dá na veneta de mostrar aos colegas que me acompanham, mas também ando pelo Facebook, pelo Instagram, pelo Threads e ainda pelo X (ex-twitter) do Elon Musk (devem ler Ilón Mask). E garanto que cada um é pior que o outro.

O Face põe-nos de castigo, quando a conversa não lhe agrada. O Insta elimina aquilo que no ver dos controladores é contra as suas (estúpidas) regras. O Threads é um penduricalho do Insta e pedem que tudo o que publicamos num seja replicado no outro. O X não me entusiasma por aí além, devo ter escolhido seguir as pessoas erradas, pois só me aparecem mensagens anti-Trump e pró-Zelensky. E não estou para publicar slogans contra isto ou a favor daquilo.

E ninguém é capaz de encontrar aquilo que escreveu, há poucos dias, ao contrário dos blogs, em que a Google e o Blogger guardam tudo e de forma muito organizada, como eu gosto. A única coisa que talvez falhe e eu ainda não descobri a razão para isso, é o desaparecimento das fotos ou videos em publicações muito antigas. No meu primeiro blog, iniciado em 2008, faltam montes de imagens que lá publiquei. 

Estabeleci um horário para tudo, como fui ensinado na tropa, e tenho horas para dormir, para comer, para dedicar ao blog - duas horas seguidinhas, depois de tomar o pequeno almoço - para dormir uma pequena sesta, enquanto dura a digestão, deixando o resto tarde para passar em revista as redes sociais, onde administro alguns grupos, quer familiares, quer ligados à Marinha, aos fuzileiros e a Moçambique ou à família.

Ultimamente, é o Whatsapp que reúne o consenso dos meus amigos e familiares, pois é um meio gratuito e rápido de enviar fotos ou videos, para além de permitir chamadas, quer de voz quer de video, sem se pagar um chavo e de muito boa qualidade. Ainda pensei em criar um grupo para os seguidores do meu blog principal (este mesmo que estão a ler agora), mas não me serviria de muito, a não ser para me queixar que são poucos ou que muitos lêem, mas viram as costas sem dar um pio. Pelas razões expostas decidi abandonar a ideia e só o farei se os pedidos foram às dúzias!

E, quer esteja a escrever, a ler ou a dormir, tenho sempre a TV ligada nos canais de notícias, quando me canso dos portugueses vou para a Euro News ou para os outros que, na maior parte, são piores que os nossos. Eles devem ter uma programação melhor para consumo interno, mas aquilo que lançam no internacional é um desastre. Talvez a France 24 seja uma excepção, pois paro lá algum tempo, quando me canso dos outros canais em Língua Inglesa.

O excesso de informação é mau, como tudo aquilo que temos em demasia, metade do tempo de antena á dedicado à guerra ou aos líderes mundiais mais badalados, com o Trump, o Putin e o Netanyahu a ocuparem o pódio. Há quem se queixe da falta de cultura nas televisões, mas quem quer saber disso se a cama, a mesa e a saúde vêm em primeiro lugar e andam pelas ruas da amargura?

E, por hoje, está feito. Se ainda não são utilizadores da Whatsapp, pensem nisso, pois não há nada que se compare para ligações internacionais, quer de voz ou de video. Muito bom e completamente gratuito!!!

terça-feira, 15 de julho de 2025

Os Sousas!

 


Desde o Século XIX, quando o meu trisavô Joaquim foi a Balazar engatar uma miúda com quem viria a casar, que o apelido Sousa entrou na minha família e foi passando de geração em geração até chegar à minha mãe. Sempre transportado pela linha feminina da família até a minha mãe se casar com um Silva que passou a imperar na família, daí em diante.

Só os filhos varões transportam o apelido do pai para a geração seguinte. O meu pai teve 7 filhos e desses filhos nasceram 14 netos. Alguns dos netos têm já alguns herdeiros do sexo masculino, portanto o meu actual apelido parece capaz de enfrentar a concorrência por muito tempo. É preciso é que eles se vão casando e multiplicando, coisa que, ultimamente, vem acontecendo cada vez menos.

Mas deixemos os Silvas sossegados que eu, hoje, vim aqui falar dos Sousas. Há dias, descobri no Facebook um Sousa que me despertou algumas suspeitas, por no seu perfil constar algo que me era familiar. Enviei-lhe uma mensagem e tive a confirmação de que se tratava de um familiar, primo afastado. O seu avô era primo direito, ou primo-irmão, como alguém gosta de dizer, da minha avó Eusébia de Sousa.

Este Sousa teve uma série de filhos e filhas, entre eles um frade e uma freira, e depois do nascimento do mais novo "amandou-se" para o Brasil e mais ninguém lhe pôs a vista em cima. Esse mais novo tinha o nome de Armando e tinha uma meia dúzia de anos a mais que eu. Ele estudava num seminário, quando eu andava na 4ª Classe e nas férias juntávamo-nos com frequência. Este rapaz que agora encontrei no Facebook é o mais novo de dois filhos que o Armando teve.

Um certo dia, devia ele andar pelos 15 anos de idade, a mãe dele ordenou-lhe que apusesse as vacas ao carro (apôr significa, em linguagem minhota, aparelhar e engatar ao carro de bois) e se preparasse para ir a Pedra Furada, a casa de um irmão mais velho que casara e ficara a viver nessa freguesia, buscar umas tralhas quaisquer que lhe estavam a fazer falta.

Com o abandono do marido a mãe do Armando vivia uma vida de privações e tanto quanto me consigo lembrar só morava com ela a filha mais velha, além do Armando quando vinha de férias no verão. E vacas nunca me lembro de ela ter, mas o facto é que o carro foi aparelhado e eu convidado para o acompanhar na aventura.

Era uma viagem de cerca de 3 quilómetros para cada lado e o Armando nunca tinha tirado carta de condução daquele veículo. Nos caminhos com menos trânsito, de veículos semelhantes que automóveis eram coisa rara naquele tempo, íamos os dois em cima do carro e o Armando ia tocando as vacas com uma vara comprida munida de um aguilhão para as manter no sítio e velocidade certa.

Automóveis havia dois na freguesia, mas era muito raro vê-los na estrada e a camioneta da carreira para Barcelos ainda não existia, nessa altura. Isto para dizer que não era necessária uma formação detalhada para levar um carro de bois pela estrada fora num percurso de 3.000 metros. Para as vacas mexerem as perninhas bastava uma aguilhoada nos quartos traseiros e era uma beleza vê-las a trotar. Se não se mantinham à direita, um leve toque com a vara na vaca que puxava do lado esquerdo e logo a direcção era corrigida.

Tanto quanto consigo perceber pela leitura dos documentos antigos e das ligações da família, aquela quinta, onde fui com o Armando, situada na freguesia de Pedra Furada, era terra da minha família ancestral. A minha bisavó foi mãe solteira e foi lá que se refugiou para ter o filho, só de lá saindo 10 anos depois, quando aceitou uma proposta de casamento de um velho viúvo e foi morar para a Lagoa Negra. Talvez um dia me decida a escrever a história desse casamento, além da «Lenda da Lagoa Negra».

Já anoitecia, quando nos fizemos ao caminho de regresso. Não sei se sabem, mas as vacas, quando vão a caminho de casa, trotam com mais ligeireza e não faz falta a vara para as tocar. Elas conhecem o caminho, ou adivinham-no, e sabem que chegando a casa podem descansar e comer a sua ração de erva e palha que o seu dono tem preparada para as compensar do esforço. Além de que o lugar de onde partimos ficava num nível mais elevado e, a caminho de casa, era sempre a descer.

Dessa viagem ainda recordo uma outra coisa que o Armando me ensinou. Queres apanhar um melro, perguntou-me ele? Eu conhecia bem os melros e sabia que era quase impossível apanhá-los, de tão lestos que eles eram a escapulir-se. Mas ele fez-me sinal para não fazer qualquer ruído e ir atrás dele. Dirigiu-se para debaixo de uma ramada de videiras, parou e pegou na minha mão apontando para cima, para o meio das folhas de videira. Olhei na direcção que ele me indicava e vi um melro a dormitar com a cabeça debaixo da asa.

É assim que eles descansam e sempre no mesmo sítio, posso vir aqui todas as noites que ele está sempre ali. Mas se ele acordar e vir que foi descoberto o seu refúgio, desanda dali para fora e nunca mais volta, disse o Armando. E 70 anos passados, parece que ainda o estou a ver, com o indicador levantado e apoiado sobre o nariz a recomendar-me que não fizesse o mínimo ruído.

Para terminar esta curta história trazida da minha infância, só me falta dizer que, depois de eu ter mudado de residência e, posteriormente, alistado na Marinha, aos 18 anos, nunca mais vi este meu primo e só depois de o encontrar, aqui na Póvoa ao balcão de um banco, soube de toda a sua história. Saiu do seminário após o exame do 7º Ano e fez-se bancário. Começou em Famalicão e depois mudou-se para a Póvoa, onde ficou a viver até ao dia da sua morte, vítima de cancro, já lá vão perto de 20 anos.

E este mundo é uma bola que rebola sem nunca parar!!!

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Quem sabe, sabe!

 

O Valdemar foi o único a comentar a minha publicação de ontem. E provou que, como homem viajado que é, conhece os segredos do negócio. Eu nem imaginava que se pudesse viajar de barco desde o Oceano Atlântico até ao Mar Negro. E afinal é possível, basta mudar de rio duas ou três vezes e se houver algum desnível uma eclusa (espécie de elevador aquático) resolve o problema.

Iniciando o cruzeiro no Mar Negro sobe-se o Danúbio até Bamberg, aí muda-se para o Meno que nos despeja no Reno que é como uma autoestrada até à Holanda. Como não desisto de visitar Praga, talvez apanhe um avião até essa cidade, capital da Chéquia, e num pulinho chego a Bamberg, cidade alemã que também merece uma visitinha de um ou dois dias.

E depois é só embarcar num cruzeiro que me leve até Amsterdão, onde o Red District espera por mim. Como vive na Holanda (?) um dos meus irmãos, talvez aproveite para o visitar e rever as minhas sobrinhas que não vejo, há anos.

Quando crianças e o casamento do meu irmão com a mãe delas ainda durava, elas vinham a Portugal todos os verões e eu levava-as a jantar a uma pizzaria de que elas gostavam muito. Eu deixava-as escolher o que quisessem e elas abusavam nas sobremesas. Agora são umas senhoras com mais 20 anos e vivem sozinhas, como manda a tradição por aquelas bandas, e governam a sua vida com o produto do seu trabalho.

Fiquei curioso e com vontade de experimentar esta ideia do Valdemar. Quem sabe ainda acontece!!!

domingo, 13 de julho de 2025

A minha tournée pela europa clássica!

 


Durante anos, eu mantive o sonho de visitar Berlim, Praga, Budapeste e Viena. Talvez por serem cidades que viveram a II Guerra Mundial de muito perto, ou por conterem dentro de si uma parte importante da História da Idade Média e da Cultura que todos ambicionamos conhecer.

O meu sonho era voar para Berlim, passar por lá uns dias e depois alugar um carro e seguir viagem através das outras capitais, onde eu nunca tinha estado, até Viena de Áustria e de lá regressar de avião. Outra hipótese era apanhar um cruzeiro no Danúbio e descer o rio até Viena, mas de carro sempre teria a liberdade para fazer uns desvios e conhecer outras coisas, o que fechado num barco de cruzeiro nunca teria.

Os anos foram passando e o sonho ficando cada vez mais distante. Hoje, poderia aventurar-me a fazer uma coisa dessas, do ponto de vista financeiro poderia suportá-lo, mas teria que pagar a companhia de alguém para não ir sozinho. Dois compinchas com carta de condução para se irem revezando ao volante seria o ideal. No caso do cruzeiro pelo Danúbio poderia ir sozinho, mas seria uma seca, a menos que encontrasse uma companheira engraçada que me servisse de cicerone.

Mas prefiro o automóvel, gosto de liberdade e de parar onde e quando me apetecer. E talvez ir até Budapeste, deixar lá o carro e voar para Itália, de onde haverá mais facilidade de arranjar um voo para o Porto. Mas comecemos pelo princípio, em Berlim eu gostaria de visitar a Porta de Brandenburgo, lugar que foi partilhado pelas duas Alemanhas, de 1945 até 1989.

Outro lugar que teria que visitar seria a estação central, onde se passou toda a história de um livro que li, há muito tempo, de que já esqueci o título. Tinha a ver com droga e com uma jovem que ali viveu os piores anos da sua vida, imersa em drogas e prostituindo-se para as pagar.

Depois seria uma aventura no escuro, pois nada conheço de Praga, nem de Budapeste, ou até de Bratislava se decidisse passar por lá. Haveria de estudar um pouco a história de cada cidade para conhecer os pontos a visitar. Em Viena já passei um fim de semana, mas era Fevereiro e estava tudo coberto de neve. Até os barcos turísticos estavam encostados, pois tornara-se impossível navegar.

Se quiser ainda realizar o meu sonho tenho que apressar-me, pois sinto o terreno a faltar-me debaixo dos pés. A única companhia que vejo disponível seria a minha filha, pois a minha cara metade diz que agora só vai aonde as pernas a levarem e tem um raio de acção de pouco mais de 500 metros. E se regressasse por Itália ainda poderia servir de cicerone à minha filha para conhecer Milão e Florença.

Isto para conversa de um domingo de manhã não está nada mal, mas duvido que tenha coragem de ir seja onde for, pois as minhas pernas recusam-se a colaborar comigo e concretizar os sonhos que habitam no cocuruto da minha cabeça de octogenário.

Divirtam-se, gozem a vida, enquanto têm pernas para isso. Bom domingo de Julho que é tempo de férias, embora para o distrito de Braga esteja prevista a visita de uns pingos de chuva para fazer baixar a poeira!

sábado, 12 de julho de 2025

Uma namorada de verão!

 


Corria o ano de 1965. Eu tinha acabado de completar 21 anos e era, por conseguinte, maior e vacinado. Estava na Escola de Fuzileiros e frequentava o Curso de 1º Grau para ficar apto à promoção a Marinheiro (posto) e ingressar no quadro da minha classe.

Já tinha dado umas voltas por Palhais, Santo António da Charneca e até pelo Barreiro tentando "catrapiscar" uma miúda que quisesse namorar comigo. O namoro é o estado que antecede o noivado, a que se seguirá o casamento se a relação se tornar séria e prometer um bom futuro, mas não era bem isso que eu tinha na ideia, quando dei essas voltas. O que eu procurava era uma companhia para o tempo morto que eu não sabia se duraria muito ou pouco.

O país estava em guerra e a Escola de Fuzileiros era uma fábrica de combatentes que, nessa altura, formava cerca de 2.000 por ano que seguiam para África, repartidos pelos 3 teatros de guerra, logo que terminavam a formação. Havia ainda os que já lá tinham estado e regressaram para continuar e aperfeiçoar a sua formação, como era o meu caso.

Nessa situação, um jovem de 21 anos não fazia a mínima ideia de qual seria o seu futuro e não podia, por essa razão, assumir grandes compromissos naquilo que a namoros respeita. Mas, não dando muita atenção a isso, eu continuei as minhas "pesquisas" e um certo dia conheci a Filomena. Ela era uma miúda engraçada, tinha uma voz rouca e apenas 17 anos de idade.

Ela trabalhava no Barreiro e um dia fui esperá-la, à paragem da camioneta da carreira que a trazia até Palhais. Acompanhei-a a casa e conheci a família (pai, mãe, irmão e duas irmãs) e não fiquei muito entusiasmado pelo que vi. Mas como um cabeça no ar com apenas 21 anos de idade, eu não dei muito valor a isso e "siga para bingo".

Num dos encontros seguintes, começava a ser tempo de trocarmos uns beijos, achei por bem perguntar-lhe se queria namorar comigo. Ela olhou para mim com cara de assustada e desatou a chorar. Muitos anos depois, eu aprendi que as lágrimas de uma mulher são um meio para quem as derrama obter o que quer, mas nessa altura eu ainda vivia no mundo da inocência e nem fazia ideia que isso pudesse acontecer no mundo real.

E ainda hoje, ao pensar nisso, acredito que a Filomena pensava que depois da confissão que estava prestes a fazer-me, eu viraria as costas e nunca mais lhe apareceria pela frente. Então, porque choras, perguntei eu enxugando-lhe as lágrimas? Porque eu estou desonrada e tu não vais querer namorar comigo, assim!

Porque não, disse eu armado em forte. Queres contar-me o que aconteceu, tens algum compromisso com o homem que te fez isso? Quando aconteceu isso, tu és ainda uma criança? Ela continuava a chorar e levei aquilo à conta do desapontamento que sentira ao ver que o responsável pelo acto não se interessara mais por ela. E se ainda pensava nele, o nosso namoro não prometia grande futuro.

Mas não, não era nada disso, ela nem conhecia o "cara" de lado nenhum. E então contou-me uma história que envolvia a irmã dela, mais velha 3 ou 4 anos, que andava de namorico com um camarada fuzileiro. Aquilo era muito mais que namorico, cada vez que se encontravam havia sexo a sério. E ela precisava da irmã para a encobrir aos olhos do pai e da mãe.

Antigamente era assim mesmo, não deixando a pecadora sozinha, havia menos hipóteses de ela cair em tentação. Vou passear com a mana, dizia ela à mãe, e lá partiam as duas para ela se encontrar com o seu fuzileiro. Suponho que já combinado com a namorada, ele, um certo dia, apareceu com um camarada que deveria emparelhar com a Filomena que nunca tinha namorado com ninguém.

Já não recordo se foi no primeiro encontro ou num dos seguintes, a irmã aconselhou-a a avançar para coisas mais sérias (???) que era para prender o namorado. Estavam elas de visita a uma irmã mais velha (só pelo lado da mãe) que vivia em frente da Escola de Fuzileiros, à entrada da Mata da Machada que era uma espécie de campo de treinos dos fuzileiros. A irmã andava na lide dela e os quatro namorados foram-se afastando, lá para o fundo do quintal.

E foi nesse dia que tudo aconteceu, o fuzileiro avançava e a irmã piscava-lhe o olho, como que a dizer que lhe abrisse as portas, ao mesmo tempo que ela com o seu namorado já iam a meio do assunto que ali os levara. Faz como eu, parecia ela dizer à irmã, vês como meu namorado gosta de mim e nunca me larga?

Coitada da Filomena, no meio de um mar de lágrimas e beijos foi desonrada para gáudio da irmã que depois lhe segredou, "isto é um segredo só nosso, não contes a ninguém que eu também faço o mesmo". E depois daquele episódio, muitas vezes a ameaçou de contar tudo à mãe, quando tinham uma qualquer desavença. A irmã andava à rédea solta, ia aos bailes ou ao cinema, à noite, ao Barreiro e por aí fora. A Filomena garantiu-me que nunca mais se encontrou com o vilão que a tinha desonrado, mas eu fiquei sempre na dúvida se isso seria verdade.

Confesso que não tinha a mínima ideia de regressar a Moçambique, mas acabado o curso começou a falar-se do nosso futuro e alguns amigos vieram ter comigo e dizer-me que nós seríamos incorporados numa nova Companhia que estava a formar-se para ir para Moçambique, ou numa outra que seria formada a seguir e iria para a Guiné. Haveria sempre alguém que não iria para lado nenhum e muitos camaradas meus da CF2 meteram o requerimento para passar à disponibilidade e conseguiram que fosse aprovado.

Eu, no entanto, pensava seguir na Marinha e não queria ir bater com os ossos na Guiné, portanto segui o conselho do Valter que era o mais interessado em regressar para os braços d namorada que deixara em Lourenço Marques, e ofereci-me como voluntário para a Companhia 8. Comigo e com o Valter seguiram cerca de 20 elementos da antiga CF2 e, no fim de Outubro, já estávamos, de novo, na mesma caserna do Aquartelamento da Machava de onde saíramos em Março.

 E a Filomena, perguntarão vocês? Foi bom enquanto durou, respondo eu, e não durou muito. Quando chegou a hora da partida, preferi não lhe contar nada nem ficar preso a um namoro por correspondência. Achei que ela me esqueceria depressa e teria ainda tempo de encontrar um homem bom que a fizesse feliz. Quando eu regressasse de Moçambique, se regressasse, logo veria se havia uma hipótese de reatar com ela.

Mas isso não aconteceu, pois ela, entretanto, casara com um camarada fuzileiro. Nunca cheguei a descobrir se era o tal ou outro qualquer. Soube que ela teve um filho, logo no primeiro ano do casamento, e ainda houve quem afirmasse que o pai era eu! Talvez devesse, mas nunca quis tirar isso a limpo!

sexta-feira, 11 de julho de 2025

A estupidez deveria pagar imposto!


 Um senhor advogado, falando sobre a Operação Marquês, disse que o julgamento, iniciado na passada semana, durará ainda uns 4 ou 5 anos. Com tantos arguidos e centenas de testemunhas para serem ouvidas não poderá ser de outra maneira.

Eu devo ser muito estúpido, pois não compreendo como isso possa ser. As testemunhas já foram todas ouvidas e há registos das suas declarações e, a menos que o juiz duvide da autenticidade dessas declarações, deviam ser base suficiente para o juiz decidir qual a sentença a aplicar aos culpados. Ou seja, tudo o que foi feito no recato da Procuradoria deverá ser repetido na presença de público, como uma peça de teatro representada para gáudio da populaça!

O que eu acho que este tribunal devia fazer era separar o megaprocesso com 22 arguidos fosse partido em 22 processos autónomos, transferindo para cada um parte das centenas de caixas de documentos que têm mostrado na TV como sendo uma aberração digna de um povo terceiro-mundista como nós. Alguns desses processos poderiam e deveriam ser julgados num dia só e ponto final.

A grande questão da corrupção atribuida a Sócrates e Ricardo Salgado devia obrigar apenas à apresentação de prova dos movimentos dos milhões envolvidos. Ou a Procuradoria consegue demonstrar que o dinheiro saiu do BES e foi parar às mãos do Zé, ou nada feito e terão que o mandar embora em paz. O caso de Vale do Lobo e o Grupo Lena seriam processos à parte e em resultado poderia acrescentar-se algo ao processo principal.

Se a Justiça não tem poder para fazer isso e vai andar mais 5 anos a gastar o dinheiro dos contribuintes em sessões e mais sessões de tribunal que ora acontecem ora não, conforma a saúde e a habilidade de advogados e testemunhas, sem esquecer os médicos que a troco de uns miseráveis euros aceitam passar atestados para provar ao juiz que as ditas testemunhas estavam de cama e não puderam comparecer, então não é Justiça nem é nada, é uma paródia.

E reafirmo que cada vez gosto menos dos advogados. Em vez de descobrirem o que está mal na Justiça e lutar para que seja corrigido o erro, usam isso em benefício próprio, atrapalhando o bom andamento da Justiça e tornando os processos mais longos de modo a irem cobrando mais e mais honorários aos seus clientes.

Outro grande problema é o truque do recurso. Não há, hoje, processo algum em que não seja interposto um recurso da decisão do juiz. Ora, isso, na minha humilde opinião, é um insulto ao juiz, assim como quem afirma que o juiz é um palerma que errou na sentença aplicada. Além de pôr em causa a habilidade de um profissional a quem não não se espera que erre, significa uma enorme perda de tempo para as mil e uma pessoas envolvidas no processo. E tempo é dinheiro, não esqueçamos!

O advogado que apresenta um recurso devia preencher um questionário, onde constassem as razões do recurso, e pagar uma grossa maquia para que este fosse analisado por um juiz do tribunal superior. E com a proibição expressa de passar esse custo ao seu cliente, está claro. Assim talvez se conseguisse travar mais de 50% dos recursos que não levam a nada, servem apenas como "manobras dilatórias".

Outra medida seria, logo que comece um julgamento, cessa a contagem do tempo de prescrição dos crimes em julgamento. Assim, as manobras dilatórias usadas pelos advogados para prolongarem no tempo a duração do processo, não teria qualquer efeito. E quereriam ver as coisas resolvidas o mais rapidamente possível para se dedicarem a outra matéria.

A Justiça Portuguesa está refém dos advogados que estão presentes na feitura das leis (em gabinetes de bem sucedidos advogados), na sua aprovação (no Parlamento), bem assim como nos lugares onde elas se aplicam (nos tribunais). E assim não vamos lá, nunca sairemos da cepa torta! E é muito triste sabermos onde está o mal e não sermos capazes de o erradicar!

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Dos que partem ...!

... fica a saudade! 


Passava os olhos pelas fotografias que tenho no meu álbum da CF2 e dei com esta que se refere a uma manhã de domingo na praia de Miramar, em Lourenço Marques, nos idos de 1963/1964.

Ao reparar, em pormenor, nas caras de quem me acompanhava fiquei triste. Além de mim (segundo a contar da esquerda) não há nenhum que tenha chegado aos dias de hoje. Há um que tem a cabeça baixa e o braço do Matos a carregar-lhe nas costas e, por isso, não consigo identificá-lo, mas juraria que é o Mateus, algarvio de Santa Bárbara de Nexe.

Esse foi o primeiro de todos a embarcar, levado por um ataque cardíaco. Seguiu-se o Matos, já lá vão uns bons 15 anos. Depois o David (Gato) e mais recentemente o Valter e o Floriano. O Manuel Marciano compareceu ao nosso primeiro convívio e nunca mais lhe pus a vista em cima. Morava perto das «Portas de Ródão» e constou-me que também já faleceu, mas não tenho a confirmação.

Não sei se me devo alegrar ou ficar triste por ter sido eu a ficar para trás e escrever estas palavras que nenhum deles, ou qualquer familiar seu, algum dia virá a ler!

quarta-feira, 9 de julho de 2025

O mais alto!

1) Entre os filhos da minha escola, o mais alto é o Sargento Carvalho, nascido e morador na Lourinhã, que devido à sua altura, bastante acima da média, recebeu a alcunha de Alturas.

2) Entre os moçambicanos mais conhecidos está o presidente da república, antigo governador de Inhambane, de seu nome Daniel Chapo que pela sua altura exagerada recebeu a alcunha de Prédio 33.

3) Almeida Santos, advogado português nascido no concelho de Seia, não ficou conhecido pela sua altura, mas sim pela sua ligação a Moçambique, ao Samora Machel, primeiro presidente da república moçambicana, e ao, acima mencionado, Prédio 33.

Nos alvores de 1974, Almeida Santos era um destacado oposicionista, mas integrava uma facção moderada da oposição. Era, apesar de tudo, um homem da elite branca da capital colonial, onde se tornou advogado de sucesso e fez fortuna em causas repartidas por Lourenço Marques, Lisboa, Joanesburgo ou Londres. Mas o seu entendimento do processo colonial recomendavam-no para estar perto do poder democrático que nasceu no 25 de Abril, até porque as colónias seriam uma das prioridades dos governos provisórios. António de Spínola chamá-lo-á para Lisboa, onde assume a pasta da Coordenação Interterritorial (o velho Ministério das Colónias ou do Ultramar) nos primeiros quatro governos provisórios.

Dizem as más línguas que Almeida Santos jogou com um pau de dois bicos, enquanto viveu em Moçambique. Fez-se amigo de Samora Machel e há quem afirme que foi seu advogado e conselheiro, no período que precedeu a independência. Como todos os advogados de renome ele ganhou rios de dinheiro e nada melhor que a construção civil, ou os negócios imobiliários para investir as suas poupanças.

Diz-se também, mas é coisa que não encontrei nas páginas da internet que consultei, ter sido ele um dos principais investidores no projecto do Prédio 33, cuja construção teve início no ano de 1970. O que se sabe e isso é público, ele regressou a Lisboa, em 1974, antes que essa obra de exagerado tamanho ficasse concluída. Se ele vendeu a sua participação, antes de regressar, ou ficou de mãos a abanar, como a maioria dos retornados, eu não sei. Mas sei que ele não era parvo e, por conseguinte, deve ter dado os passos necessários, talvez com a ajuda do amigo Machel, para vender os seus créditos, antes de rebentar a bronca.

Não tenho uma foto que evidencie a altura do «Alturas», meu camarada fuzileiro, nem isso interessa muito, pois o que me levou a fazer esta publicação foi a recente visita de Daniel Chapo a Portugal. Abaixo mostro algumas fotos de Chapo e do tal prédio, para vos fazer compreender a razão por que puseram os moçambicanos a alcunha de Prédio 33 ao seu presidente.






terça-feira, 8 de julho de 2025

A Prima e o primo de Sócrates!

 Prima era o que o meu pai chamava a qualquer valor que o patrão lhe fazia chegar às mãos, além do salário arduamente ganho com o suor do seu rosto. Felizmente, na segunda parte da sua vida escolheu um patrão que era bom nisso e o fez esquecer todos os outros patrões que conhecera nos 42 anos já vividos.

Não era ainda o tempo do "subsídio de férias" (e nem férias havia ainda, em Portugal), mas no Natal de cada ano, esse patrão que conheceu aos 42 anos de idade e foi o último a quem serviu, entregava-lhe um envelope que correspondia a cerca de um mês de salário líquido. Era a Prima que durante muitos anos alegrou os seus natais. Até que veio o 25 de Abril, a empresa foi nacionalizada e mudou tudo.

Hoje, eu e todos os outros reformados deste país recebemos a nossa Prima, a que agora se chama Subsídio de Férias e é bem vindo para acertar as contas de muita gente a quem sobra o mês e falta o dinheiro, pois este bem raro só dá para cobrir as despesas da primeira quinzena. O resto do mês vive-se de habilidades e reza-se para não acontecer qualquer imprevisto que obrigue a meter a mão na bolsa que nada tem a não ser cotão.

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Estou aqui, confortavelmente, instalado no meu cadeirão e a ver o Sócrates vender o seu peixe aos jornalistas que o esperavam no Campus de Justiça. Ele queixa-se de tudo e de todos e repete até à exaustão que todos o querem "lixar". Diz que já apresentou outro recurso no tribunal europeu e, se este for aceite, o julgamento terá que ser suspenso. Os jornalistas insistem com ele sobre assuntos que não têm o mínimo interesse, mas ninguém se atreve a perguntar se ele, afinal, é o dono da massa que tem andado a gastar ou não.

Na boca dos entendidos este recurso apresentado no tal tribunal europeu custa cerca de 70 mil "aéreos" e ele como reformado só tem direito a 2.720€ - bem, hoje foi a dobrar - e, se ele não tem essa fonte inesgotável de financiamento de que se tem falado tanto, terá que pagar em prestações. A casa onde ele vive, na Ericeira, está em nome do primo (que é um dos seus testas de ferro) e não paga renda, descontando metade do valor da reforma para os comes e bebes, ficará com uns reles 1.320€ para pagar essas prestações. Serão cerca de 60 meses a pagar, como se tivesse comprado um carro novo!

Eu estou a marimbar-me para o Sócrates, toda a gente, a começar por mim, é da opinião que ele se amanhou bem, enquanto foi governante e deu o dinheiro a guardar ao amigo Carlos e ao primo que vive em Angola. Justiça à parte, será que os juízes que têm participado no processo da Operação Marquês (e são à volta de 300) pensam como nós, ou têm uma opinião diferente.

Factos são factos e valem o mesmo para toda a gente (talvez o juiz Ivo Rosa seja uma excepção) e é um facto que ele gastou cerca de um milhão de euros no ano em que viveu em Paris. De onde veio esse dinheiro? A desculpa da mãe e do amigo "que é um homem de posses" já não pega. E outro facto indesmentível é o dinheiro que vai gastando com a Justiça e os advogados que o têm ajudado a encontrar o caminho para fugir ao julgamento. E todos sabemos que isso não dai barato.

De onde vem tanto dinheiro, devem questionar-se os juízes, em vez de procurarem saber se houve algum falhanço nas fases anteriores do processo. É hora de pôr as pintas nos ii's e não andar com rodeios a tentar descobrir o que fez este ou aquele e quem tem a culpa de quê. Tu gastas rios de dinheiro e queremos saber de onde ele vem, esta deve ser a única pergunta do juiz, quando, esta manhã, começar o interrogatório!

Um amigo

Outro amigo

O primo

O aldrabão

Os advogados

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Podia ser pior!

 

14 Obras da Misericórdia

As 14 Obras da Misericórdia

Obras Corporais:
1ª Dar de comer a quem tem fome;
2ª Dar de beber a quem tem sede;
3ª Vestir os nús;
4ª Dar pousada aos peregrinos;
5ª Assistir aos enfermos;
6ª Visitar os presos;
7ª Enterrar os mortos.

Obras Espirituais:
1ª Dar bons conselhos;
2ª Ensinar os ignorantes
3ª Corrigir os que erram;
4ª Consolar os tristes;
5ª Perdoar as injúrias;
6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo;
7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos..

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Transcrevi da internet o texto acima e preferi deixá-lo tal como veio sem o reformatar, como faço a tudo.

Hoje acordei a pensar na minha namorada Isabel, a quem tratava por Belita, que por ordem alfabética foi a minha segunda namorada, depois da Alda que passou na minha vida como um foguete. Nem sei como me lembro dela de tal forma o romance foi rápido e sem muito contacto físico, como já vos contei.

A Belita foi diferente, muito diferente! Conheci-a antes de ter feito 20 anos e ela levava-me uns bons 5 de avanço, ou seja, onde eu era ainda um aprendiz que procurava aplicar-me a sério em todas as matérias, ela era uma professora que sabia despertar o interesse do aluno pela matéria, cujo ensino tinha a seu cargo.

Se houve uma namorada que teve impacto na minha vida foi ela. Perita em observar a religião católica nos seus mais insignificantes pormenores, ela praticou comigo as obras de misericórdia, para ganhar o direito ao paraíso. Não sei nada dela há muitos anos, a última vez que me deram notícias (por altura da crise dos retornados de África) dela, soube que morava em Londres.

Eram ainda tempos do Apartheid, na África do Sul, e sendo ela mulata não sei como foi inserida na sociedade inglesa. Ela era professora de profissão e pode ter arranjado uma colocação nessa área, mas conhecendo os britânicos e o sentimento que nutriam pelos negros da África do Sul tenho as minhas dúvidas. Talvez em alguma escola particular destinada aos súbditos da rainha Elizabeth com a pele mais escura.

Mas isso agora não interessa nada, eu já era casado e pai de filhos, quando essa notícia chegou até mim, e não ia pôr-me à procura dela para reatar o romance, há tantos anos interrompido pelo meu regresso à Metrópole. Ela tinha seguido à risca o que reza o catecismo, no caso das Obras de Misericórdia - Corporais.

Logo no nosso primeiro encontro ela cumpriu a primeira - dar de comer a quem tem fome e no nosso último encontro, em Fevereiro de 1968, foi a sexta a ser cumprida - visitar os presos. É verdade, o maldito 2º Comandante da CF8 tanto tentou que conseguiu engavetar-me durante 15 dias, nas vésperas de regressarmos a penates, depois de cumprida a minha segunda comissão de serviço, em Moçambique.

Estava eu atrás das grades, quando a Belita chegou a Lourenço Marques. Eu já tinha gizado um plano para estar com ela durante essas férias de Carnaval. Aproveitando a coincidência de estar de Cabo de Quarto (serviço prestado na Marinha por um cabo que fica responsável por tudo que acontece na Unidade, entre as 8 da noite a as 8 da manhã) o meu amigo Enteiriço, alentejano de boa índole que o Criador já levou para junto dele, há mais de uma dúzia de anos, pus o meu plano em execução.

Escrevi uma carta à Belita e dei-a ao Enteiriço para ele a levar à cidade e entregar à destinatária. Ele tinha um carro comprado em 4ª ou 5ª mão que não era nenhuma máquina, mas servia para o efeito. Ele estava de serviço e teria que arranjar um camarada que o substituísse enquanto ia cumprir a missão. Ele não entendia uma única palavra de inglês e tudo teria que ser feito na base da mímica.

Hora do recolher na caserna, já tudo dormia e os sargentos e oficiais estavam recolhidos nas suas messes, onde funcionava o ar condicionado, 24 horas por dia, e um uísquesito com 3 pedras de gelo na mão, se não tivessem já decidido esticar-se ao comprido e entregar-se nos braços de Morfeu. Era hora de o alentejano-amigo entrar em acção. Últimas recomendações para que nada falhasse e carta na mão para que ele tivesse bem presente a missão a cumprir.

Ele conhecia a miúda pessoalmente e só tinha que ir à residencial, em que ela ficaria durante a semana de férias, e dizer "letter from Carlos", como bom papagaio treinado por mim. Na carta eu dizia que ela podia confiar no Enteiriço como se fosse eu próprio e que deveria segui-lo, pois ele a traria até mim.

E assim foi, correu tudo tão bem que, muitos anos depois, o Enteiriço ainda me dizia, "ela leu a carta e 5 minutos depois já rolávamos a caminho da Machava" e ainda " eu nunca acreditei que ela viesse e fiquei pasmo, quando ela saiu pela porta fora agarrada no meu braço". Aquilo parecia um filme ao jeito do 007 que estava em voga naquele tempo.

Ele retomou o lugar do camarada que o substituíra e foi buscar a miúda que ele, por gestos, mandara ficar quietinha e caladinha, dentro do carro. Meteu a chave na porta da prisão, abriu-a e enfiou a miúda lá dentro à pressa, antes que alguém o visse. Chave rodada em sentido inverso e lá foi ele para o seu retiro, sempre de pistola Walther no coldre que lhe garantia a autoridade inerente ao cargo que desempenhava.

Três ou quatro horas depois, a viagem em sentido inverso. a Belita com o coração aos saltos, seja pelo acontecido nas últimas horas, dentro daquela prisão, ou por medo de ser apanhada em infração e ficar também ela presa e entregue às autoridades de um país que não era o seu. Mas tudo correu conforme planeado e ela acordou na sua caminha na manhã seguinte.

Antes do regresso à Cidade do Cabo, ainda colocou uma carta no correio que eu recebi antes de ela chegar ao seu destino. E foi a última vez que a vi, de lá para cá ela vive apenas nas minhas recordações! Onde quer que estejas, Belita, be happy!!!

domingo, 6 de julho de 2025

Adiantado mental!

 Ontem, sábado dia 5 de Julho, acordei a pensar que era domingo e escrevi a tal mensagem sobre o Dia do Fuzileiro. Tudo por causa das festas de S. Pedro que obrigaram a uma noitada, na sexta-feira, que só terminou às 6 da matina, já o sol espreitava lá para os lados da Palestina. Com o trabalho já feito, hoje estou dispensado de escrever seja o que for.

Aliás, há uma coisa que quero dizer. Como de costume, quando acontece algo fora do vulgar todas as televisões passam as horas a martelar no mesmo até a gente (os telespectadores) já não aguentar mais. Desta vez foi o infortúnio que bateu à porta da família Silva de Gondomar, dois filhos ceifados em plena juventude por um acidente na estrada, o Diogo e o André, ambos jogadores da bola e conhecidos no mundo inteiro, especialmente, o mais velho que era jogador de clube grande e da Selecção Nacional.

Ontem saí de casa cedo e só voltei à noite, por isso não vi muita televisão, mas nos dois dias anteriores fui obrigado a mudar para a Euronews, Al Jazzera e outros canais que vão do 201 ao 212 da grelha da NOS. Só assim me vi livre da pasmaceira que é a nossa televisão quando decide marrar num assunto até já não aguentarmos mais.

Ontem, nasceu uma nova polémica neste país que é tão pequeno até na forma de pensar, o CR7 não apareceu no funeral do colega de profissão e da Selecção e caiu o Carmo e a Trindade. Que ele é o capitão da Selecção Nacional e na morte de um dos seus comandados era obrigatório que aparecesse. Talvez seja assim, mas eu concordo que ele não tenha aparecido, pois o evento seria transformado num acontecimento mundial de futebol e o recato devido à família enlutada iria para o brejo.

Dizem que foi essa a desculpa que ele deu que não sei se é verdadeira ou não, mas isso pouco me interessa. A questão é que o funeral deveria ser uma cerimónia íntima reservada à família e assim foi transformada num programa de TV transmitido em directo para gáudio das empresas donas dos canais, nomeadamente, a RTP, a Impresa, A Média Capital e a Média Livre, que viram as suas audiências subir à pala da infelicidade de outrem.

Para compor o ramalhete só me faltava ouvir o Montenegro, em Madrid, a falar castelhano como um entendido na matéria, a dar apoio aos seus congéneres ibéricos que tudo têm tentado, sem o conseguir, para meter o Socialismo na gaveta. Se o Condestável D. Nuno Álvares Pereira o ouvisse, chamar-lhe-ia traidor e, por certo, o mandaria fuzilar!

sábado, 5 de julho de 2025

Fuzileiro uma vez ...!

 ... fuzileiro para sempre!

É assim que reza o lema dos fuzileiros para que nenhum dos alunos que passou por aquela escola se auto-intitule "ex-fuzileiro". Um fuzileiro foi, é e será sempre fuzileiro até morrer!

Ontem, primeiro sábado de Julho, foi, como vem sendo hábito, dia de reunião de todos os filhos da escola na sua casa mãe. Eu e muitos mais como eu já há anos que deixaram de fazer isso, porque lhes faltam as canetas para tal prova de resistência. Depois dos 80 já é prova suficiente continuar a respirar e manter o coração a bombar o sangue para todo o corto.


O Zé Pessoa, na foto ao lado, fez de tudo para me convencer a acompanhá-lo, mas tive que agradecer e declinar o convite, pois as minhas pernas não andam mais que 100 metros e os pés não aguentam o peso dos 99 kilos que ainda peso. Eu bem gostava de emagrecer mais 20 Kgs para me mexer à vontade, mas o estilo de vida que levo - 16 horas por dia sentado no sofá e as restantes 8 na cama - nunca me ajudarão a lá chegar.

O Zé, meu conterrâneo, conta uns bons 20 anos a menos que eu e, ontem, ao início da madrugada fez-se ao caminho com muitos mais que se juntarão a ele, a partir do Porto, e que depois de uma paragem para atestar o depósito - o deles e os da viatura - na área de serviço de Pombal, enfrentarão a última etapa que os porá em Vale de Zebro, um pouco antes das 8 horas.

 Serão largas centenas, talvez ultrapassem um milhar, que ontem lá estiveram e fizeram a habitual festa, não faltando quem se arme em forte e aceite fazer a prova do lodo. Os mais velhotes são cada vez menos e em breve não reatará nenhum, mas parece que o costume pegou e os mais novos que já entraram na escola depois do 25 de Abril, como é o caso do Zé, continuam a fazer de tudo por manter a ligação à Escola e aos seus filhos.

Como alguns só chegaram a casa depois da meia noite, ainda não há publicações no Facebook, mas não tardará muito que comecem a aparecer para nos mostrar como correu a festa. Espero que tenha corrido tudo bem e não tenha havido avarias na longa viagem de ida e regresso a casa!

sexta-feira, 4 de julho de 2025

O Hugo!

 


O Hugo é meu sobrinho por afinidade e faz, hoje, 36 anos!

Não há nenhum aniversário que eu recorde tão bem como este. Primeiro, por ter nascido no dia da Independência dos Estados Unidos e, segundo, por ter nascido no ano em que caiu o Muro de Berlim. De um evento ao outro decorreram 4 meses e 5 dias que na vida do Hugo não representam nada de nada.

 Isto serviu apenas para vos lembrar que estamos no dia da maior festa americana que o Trump prometeu transformar num evento especial para ficar na História. Hoje, é uma "deadline" que pode significar muito ou, pelo contrário, mostrar a Trump que o mundo é muito mais que ele e o seu ego. Ele deu um ultimato aos governantes que estão para lá dele (Congresso) para aprovarem a Lei do Orçamento de Estado e prometeu publicá-la hoje, como parte da grande festa da independência.

A outra grande questão de Trump é a das tarifas que ele diz que trará biliões para os cofres americanos e que a partir de hoje, ou amanhã, começará a fazer efeito. Quem se apresentou para negociar, muito bem, quem não o fez pagará com língua de palmo. A sua ideia é obrigar os empresários americanos a produzir dentro de portas, em vez de andar a usar mão-de-obra barata, no exterior, e contribuir para o crescimento de outras economias que não a dos Estados Unidos.

Mas quem manda nesse assunto á lei da oferta e da procura e não vai ser fácil reverter a situação que se foi criando, depois da II Grande Guerra. Por todo o mundo foi preciso reconstruir aquilo que a guerra destruiu e reactivar a indústria que durante anos esteve apenas virada para o esforço de guerra. Isso criou enormes migrações por todo o lado, os trabalhadores mexiam-se indo para onde havia trabalho e dinheiro para lhes pagar os salários.

Alguns países, como os Estados Unidos, enriqueceram rapidamente e os empresários viram-se em dificuldades para pagar aos trabalhadores os altos salários que eles exigiam. Assim foram deslocalizando as indústrias para os países com mão de obra excedentária e, por conseguinte, barata. Por exemplo, na Europa, o fluxo migratório foi do Leste para o Oeste, ou seja, dos países mais pobres para os mais ricos. E depois de esgotada essa fonte de mão de obra, foi a África e a Ásia a abastecer a Europa.

Em volta dos Estados Unidos, com excepção do Canadá, só há países pobres. Isso deu aos Estados Unidos a hipótese de usar tanta mão de obra barata quanta precisasse e, por outro lado, instalar nesses países as suas empresas que necessitavam de mão de obra intensiva e, obrigatoriamente, barata. Assim foram decorrendo os últimos 30 anos e, chegados aqui, aparece o Sr. Trump que quer mudar tudo. Eu não acredito que o consiga, mas disso faremos o balanço quando acabar o mandato de Trump.

Por lei e também pela idade que não para de avançar, ele não poderá candidatar-se outra vez e o problema terá que ser resolvido por quem vier a seguir. E, digo eu, será difícil que apareça outro cromo como este que, em vez de procurar soluções de consenso para os graves problemas da actualidade, quer impor a sua vontade e que sejam os outros a pagar o pato.

Um dos grandes problemas é a dívida americana que soma muitos triliões de dólares e cujos títulos da dívida estão, maioritariamente, nas mãos de japoneses e chineses. Olha com quem ele se foi meter! Como medida extrema, pelo lado destes dois países se sentirem atacados pelos Estados Unidos, será inundar o mercado com esses títulos da dívida o que deixaria a América em maus lençóis.

Portanto, amanhã, será um grande dia muita gente. Os que tiverem que vergar-se às tarifas de Trump verão a sua vida a andar para trás, mas serão os consumidores dos bens tarifados a pagar o preço. Se isso vai endireitar as Finanças do país de Trump tenho muitas dúvidas, pois os adversários podem ripostar da mesma forma e estão em melhor situação para sair vencedores.

Seja na produção de automóveis de armas ou outros do mundo das altas tecnologias, a China já não depende da América e pode desenvencilhar-se sozinha com sucesso. Isso é um trunfo que os países mais desenvolvidos perderam para aqueles que têm a mão de obra. Basta olhar para os chinesinhos que, além de serem muitos milhões, são capazes de trabalhar noite e dia e não são muito gastadores, ao contrário dos "ricaços" americanos ou europeus.

Por todas essas razões ... põe-te a pau com eles, oh Trump !!!

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Pinóquio, o mentiroso|

 Hoje, teremos o Sócrates nas notícias, durante todo o dia. Os canais de notícias, à falta de melhor, tipo incêndios de grandes proporções, enchentes e deslizamento de terras ou uma nova guerra mais acesa que a da Ucrânia ou Israel, enchem-nos de imagens antigas e contam-nos, mais uma vez a história dos 34 milhões que o acusado esbanjaria em pouco tempo se o deixassem.

Lembram-se do Pinóquio, o boneco do Geppetto, cujo nariz crescia cada vez que ele dizia uma mentira? E já repararam no nariz de batata que tem o nosso ex-PM socialista que ocupou o Palácio de S. Bento, antes da falência nacional e da vinda da troika? Ele mente com quantos dentes tem na boca e o seu nariz incha, em vez de crescer em comprimento, como o do Pinóquio. Ao boneco do Geppetto nós perdoamos as mentiras, afinal ele é apenas um boneco, mas a um "gajo" destes que esteve ao leme do nosso país, durante anos, nunca lhe perdoaremos.

Pelo menos eu que só posso responder por mim, mas pelas opiniões que vejo expressas nas redes sociais e na comunicação social, em geral, muito mais de 50% dos portugueses pensa como eu. No início de todo este processo, quando ele foi preso e acusado de corrupção, escrevi longas publicações sobre o assunto. Mesmo antes de ser Primeiro Ministro, ele já tinha sido acusado de meter a mão na massa com o licenciamento do Freeport, em Alcochete.



Era voz corrente que ele tinha recebido meio milhão para autorizar a construção numa zona protegida, quando foi Ministro do Ambiente. Alegadamente, o dinheiro foi depositado numa conta offshore, em Gibraltar, o qual a sua mãe foi lavar para os Estados Unidos, onde abriu vários negócios para preparar um futuro risonho para o seu filho. A coisa não deu em nada, talvez por influências políticas que conseguiram abafar o caso.

O cerne da questão, no processo da Operação Marquês está nas manigâncias que o BES e as suas lideranças fizeram para lucrar com os negócios da PT e na barreira imposta ao Belmiro de Azevedo na OPA que pretendia lançar sobre a Portugal Telecom, uma das empresas mais ricas de Portugal.

Sonae enfrentou em 2006 o statu quo e foi derrotada por uma teia de poderes, onde pontuavam o banqueiro mais influente do país, Ricardo Salgado, e o primeiro-ministro José Sócrates, que ainda hoje aguardam julgamento.

Outras coisas menores, como acesso a Obras Públicas pelo amigo Santos Silva ou no empreendimento de Vale do Lobo, no Algarve, perfazem um total de 34 milhões que a Justiça conseguiu localizar, mas na opinião de muita gente, incluindo "euzinho", o rombo foi muito maior. O Plano Rodoviário com autoestradas a nascer por todo o lado era um meio de despejar dinheiro a rodos nos bolsos dos políticos. Estou convencido que os orçamentos apresentados a concurso eram multiplicados por 1,5, para permitir as gorjetas e calar as consciências mais púdicas.

 Agora veremos o que as 3 juízas encarregadas do caso conseguirão fazer com este molho de brócolos. Com as férias judiciais aí à porta, o processo poderá ter a segunda sessão marcada lá para o ano novo de 2026 e a de hoje não fará mais que conferir a identidade de réus e testemunhas. Há uma caterva de advogados, em representação dos vários réus, que tudo farão para espalhar pedras pelo caminho e tentar que a caravana não avance.

Estou cheio de curiosidade para ver como o colectivo de juízes vai afrontar esta realidade que a Justiça portuguesa atravessa. A Vox Populi acha que qualquer arguido que tenha dinheiro para pagar os advogados mais habilidosos da nossa praça nunca irá para a prisão. Se não for por outro meio será por obstaculizar o processo até os crimes prescreverem, uma vez que as nossas leis estão cheias de buracos que o permitem. Até hoje, o único que cumpriu pena foi o Armando Vara.

E o Zé Pinóquio que se diz pobre e a viver de esmolas teve 2 advogados a tempo inteiro, hoje apenas 1 por morte do outro, para o ajudarem a trocar as voltas à Justiça. Hoje começa uma nova era, o processo está em julgamento e ninguém mais o poderá parar. Tudo vai depender da atenção e prioridade que o tribunal der a este caso. Na minha opinião devia ter, no mínimo, uma sessão por semana, mas não faço a mínima ideia de como isso se irá encaixar na agenda do tribunal.

Resta-nos esperar e o Povo Português está com pouca paciência para joguinhos de poder. Desta vez teremos que dizer "ou vai ou racha" e se não for caso disso ... porrada para cima dos obstrutores!!!

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Pela minha rica saúde!

 As notícias que a televisão martela, durante as 24 horas que dura o dia, sobre nós, os nossos olhos e ouvidos, quase me obriga a fazer uma publicação sobre o assunto. Mas (esta conjunção adversativa tem muita força), não quero tornar-me uma espécie de CMTV que aparece logo a encher os ecrans, logo que acontece algum acidente ou coisa parecida que suscite a atenção do público.

No entanto, sempre quero lembrar que o culpado maior é o Primeiro Ministro e não a ministra da saúde. Foi ele quem a nomeou e insiste que ela é capaz de desempenhar o cargo. Se é ou não, eu não sei e tenho raiva de quem sabe, mas que as coisas vão cada vez pior na saúde é um facto indesmentível. Nota-se na falta de médicos de família, nas consultas e cirurgias que demoram até os doentes morrerem e nas despesas de saúde que duplicaram em poucos anos.

A questão das grávidas e dos partos dentro das ambulâncias, enquanto procuram quem os possa atender, são apenas um dos aspectos mais abraçados pelos noticiários, pois quem rege as notícias sabe o impacto que isso tem nas audiências. O cerne da questão é outro e comum a cada uma das profissões exercidas pelos meus colegas e conterrâneos, o salário que o patrão quer (não é pode, é mesmo quer) pagar a quem contrata para lhe tirar as castanhas do lume.

Abro aqui um parêntesis para lembrar a fábula do macaco que não é parvo e usa uma esperteza para tirar as castanhas do lume.

A expressão "macaco a tirar as castanhas do lume" refere-se a alguém que se aproveita do trabalho ou esforço alheio, deixando que outros assumam os riscos ou dificuldades enquanto essa pessoa colhe os benefícios. A expressão tem origem numa fábula, onde um macaco usa a pata de um gato para retirar castanhas do fogo, deixando o gato se queimar.

Assim fazem os portugueses também, aqui não encontram o que procuram, partem à procura do lugar onde isso exista. Neste caso o macaco é o Montenegro que assumiu com a maior prosápia ser capaz de governar este país melhor do que fizeram os seus antecessores e na prática só tem dado barraca. Quando ele se concentrar na discussão do SMN (Salário Médio Nacional) e esquecer o mínimo que foi inventado apenas para obrigar os patrões a pagar salário às criadas de servir e empregadas de limpeza, começará a trilhar o caminho certo.

Um salário aceitável para todos os trabalhadores com formação específica e a proibição de pagar menos de 1.500€ (a título de exemplo) para quem tenha formação superior. Sem esquecer um benefício fiscal para quem empregar trabalhadores à procura do primeiro emprego ou académicos a sair das universidades. Aí teremos encontrado metade da solução, a outra metade tem a ver com a vinda dos emigrantes de forma descontrolada.

Já todos percebemos que os portugueses não querem fazer filhos, pois não têm as mínimas condições para os criar e educar. Antigamente, fazia-se, dizem alguns comentadores, mas antigamente acontecia por não haver anti-concepcionais, digo eu, e o zé povinho aceitava isso como um merecido castigo pelo pecado cometido, cuja penitência era o trabalho que era obrigado a fazer para pôr comida na mesa. Eu vivi isso em minha casa, o meu pai teve 13 filhos e trabalhou como um escravo para não os deixar passar fome.

E que não temos trabalhadores, para fazer seja o que for, pois os nossos filhos querem todos um curso superior e depois não têm capacidade para fazer nada, exceptuando ir encher prateleiras para as grandes superfícies comerciais, também já todos percebemos. Por isso, deve ser gizado um plano para procurar na emigração aquilo que nos falta. Como o Costa e o PS fizeram na última meia-dúzia de anos é que não pode ser e este governo está demorar demais para pôr cobro a isso.

Os emigrantes continuam a alimentar as filas à porta da AIMA sem que se veja qualquer melhoria. E enquanto isso não estiver sobe controlo não vale a pena exigir a demissão da Ministra da Saúde. Que culpa tem ela se um serviço que estava dimensionado, e com falhas, para atender a nossa população, de repente recebe mais um milhão e meio de utentes? Há meia dúzia de anos, tínhamos cerca de meio milhão de emigrantes, agora estamos a chegar aos dois milhões.

Que bom para a economia, que bom para a Segurança Social, dizia o António Costa, mas sem perceber o buraco em que se estava a meter. Agora cabe ao Montenegro tirar as castanhas do lume ou inventar um macaco que o faça por ele. Deixem a Ministra da Saúde em paz!

Lupus é uma doença auto-imune
Vou começar a ser seguido no Pedro Hispano
por suspeitas de sofrer dessa doença