sexta-feira, 31 de março de 2023

O Padre Prefeito!

 


No colégio que frequentei até aos meus 15 anos a disciplina era aplicada por um Prefeito, assim uma espécie de manda-chuva eleito pelo Reitor para meter a canalha na ordem. A palavra canalha não deve ser entendida em sentido pejorativo, eu uso-a como sinónimo de miudagem e nós sabemos como a miudagem é rebelde e precisa de quem tome conta dela. 

E havia outra figura que tinha a sua importância na hierarquia do colégio, o Padre Espiritual. Era assim nas instituições lideradas por Jesuítas, o primeiro tratava do corpo, por vezes recorrendo à chapada para meter na ordem os mais mal comportados, enquanto o outro tratava da alma usando os conselhos, as rezas e as penitências, como ferramenta.

No dia em que abordar este tema nas minhas memórias, isso dará um capítulo de 10 páginas, hoje lembrei-me de abordar esta questão, por causa da problemática dos padres pedófilos que usam e abusam da sua posição para encontrar as vítimas para o seu desvario.

Do 1º ao 3º ano da minha vida de estudante o Prefeito era um padre (já falecido) duro como o granito e ele cedo percebeu que eu era mais teimoso que ele e fazia sempre o contrário daquilo que ele gostava ou pretendia que eu fizesse. Isto quer dizer que andámos 3 anos em guerra um com o outro e levei muito castigo que julguei imerecido, mas nunca arrepiei caminho, ele tinha a autoridade do lado dele e eu estava a construir a minha personalidade. Por bem faziam de mim o que quisessem, por mal nunca me conseguiriam dobrar, obrigaram-me a ir por esse caminho e assim continuei pela vida fora. Na Marinha aconteceu quase a mesma coisa, na primeira Companhia em que segui para Moçambique era o menino querido do comandante e era sempre chamado para quaisquer trabalhos que requeriam alguma autonomia de capacidade de decisão para evitar andar sempre a perguntar: - quer assim ou com mais molho? Na segunda Companhia fui logo metido na lista negra, pelo 2º comandante, por ter feito uma observação que eu considerava ser a mais lógica. Ele poderia ter-se rido na minha cara e seguido em frente, mas preferiu hostilizar-me, durante 24 meses, até me meter na prisão e obrigar a abandonar a Marinha. Talvez isso tenha concorrido - Deus escreve direito por linhas tortas - para eu ter tido uma vida de maior sucesso do que chegar a sargento ou oficial da Marinha.

Mas, voltando à história dos padres que é o objecto desta minha publicação, para minha grande surpresa, o padre que era Prefeito passou a Espiritual, no meu 4º ano de colégio. Estão a ver o quadro? Era assim uma espécie de lobo encarregado de tomar conta do rebanho de carneirinhos que começavam a ter as suas hormonas em ebulição. A funçao do Padre Espiritual era estudar o carácter de cada aluno e tentar guiá-lo para o caminho certo  se e quando sentissem que ele andava por caminhos errados.

Era, portanto, comum que cada aluno fosse chamado ao Padre Espiritual, de vez em quando, para aferir o estado do seu espírito, ou por haver alguém que se tivesse queixado das atitudes atitudes no relacionamento com colegas ou superiores. Eu estava habituado a isso, já conhecia a rotina.

Fiquei foi admirado, quando o novo Prefeito chamou por mim, me mandou sentar no seu joelho esquerdo e começou um questionário que ele devia ter preparado para os alunos mais crescidos e mais rebeldes que era o meu caso. Eu entrara no colégio, já a caminho dos 12 anos e era natural que começasse a olhar para as raparigas, sempre que uma me passava em frente dos olhos. As perguntas eram sempre de cariz sexual, tentando descobrir se, como e quando sentíamos algum impulso "pecaminoso". Tocar no sexo ou falar dele era um grande pecado e sujeito a grandes penitências. Estão a ver o filme comigo sentado no joelho do padre e ele a perguntar-me - mesmo que por meias palavras - se eu já sentia algum impulso sexual.

Pois, foi isso que me fez pensar se eu, algum dia, durante esse meu último ano no colégio, tinha estado em risco de me tornar em mais uma vítima dessa cambada de animais pedófilos. Felizmente, para mim, chegaram à conclusão que eu ia por mau caminho e recomendaram a minha expulsão, no longínquo mês de Maio de 1959. Talvez devesse ficar grato ao homem que teve essa ideia em vez de o criticar! 

quarta-feira, 29 de março de 2023

Genealogia!

 

Ontem, não tive tempo para o blog e, hoje, vai acontecer o mesmo. E por duas razões que passo a explicar:
1º - Já semeei feijão 3 vezes e não germinou um único exemplar. Ontem, fui comprar nova semente e, hoje vou fazer nova sementeira. Se voltar a não nascer, nunca mais me meto nisso.
2º - Vou dedicar algum tempo a pesquisar os registos paroquiais da minha freguesia para ver se consigo estabelecer uma linha de sucessão do nome ALVARES  que carrego comigo, desde que nasci.
Como podem ver na imagem, aqui ao lado, o Sr. Bento Alvares foi o avô de todos os Álvares da minha família e a avó MARIA ALVARES DA SILVA que morreu uns míseros 50 anos antes de a minha bisavó Eusébia ter nascido. Daí em diante é mais fácil seguir o caminho e é por ele que me vou meter.
Desejem-me boa sorte!

segunda-feira, 27 de março de 2023

Não está nada mal!

 

Estamos em primeiro lugar do grupo!

Não admira, pois Portugal é, sem sombra de dúvida, a mais forte das seis equipas do grupo. Acresce ainda que jogámos com as duas mais fracas, portanto nada de começar a deitar foguetes sem haver razão para tal. Só em Junho, depois de terminado o campeonato, voltaremos a ter jogos e teremos que defrontar duas das mais capazes do nosso grupo. Aí se verá se podemos atirar alguns foguetes. Caso ganhemos os dois jogos teremos razão para isso.

E talvez nessa altura o Mister Martinez esteja mais capacitado para montar a equipa. Nestes dois primeiros jogos foi alvo de muita crítica pelas escolhas que fez. Até eu que sou um fraco treinador de bancada, encontrei alguns erros nas escolhas que fez. Parece que o Danilo serve para jogar em qualquer posição, a central, a médio, à esquerda ou à direita. Por mim ficava no banco, temos melhor para todas essas posições.

O problema de ter muitos (e todos bons) avançados vai complicar-lhe a vida, pois além de querer o Ronaldo sempre em campo, ainda não descobriu quem casa melhor com ele. Na posição 8 tem dois bons, o Bruno Fernandes e o João Mário, até agora usou sempre o mesmo. Se o Pepe regressar à equipa, coisa que eu me recuso a aceitar, vai sentar de vez o melhor defesa português do momento, o Tó Silva. E por aí fora! Espero que ele estude bem o problema e as capacidades de cada um dos nossos opositores, pois só assim terá sucesso. E o sucesso dele é o nosso também !!!

domingo, 26 de março de 2023

 Hoje, os nossos pensamentos e a nossa esperança estão no Luxemburgo. Também tenho lá alguns amigos que, ultimamente, se têm esquecido de mim, portanto a esses posso esquecê-los. Espero que o seleccionador me faça a vontade e ponha o Toino Silva em campo, deixando o Danilo sentadinho no banco a coçar ... os calções!



A esse propósito queria escrever algumas palavras para vos pôr em sintonia comigo, mas não sei por onde começar. Talvez pela minha história de emigrante (nas minhas memórias haverá um capítulo inteiro dedicado a isso) que me levou até à Alemanha, numa zona próxima da fronteira com o Luxemburgo e onde se fala um dialecto, chamado KÖLSCH, que é comum ao Luxemburgo e ao povo da zona onde vivi e trabalhei. Metade dos meus colegas de trabalho eram antigos soldados do exército do Hitler e expressavam-se nesta "língua" e, raramente, em alemão clássico. O lema do Luxemburgo que podem ler na imagem acima, está escrito nesse idioma e eu traduzi-lo-ia como "eu quero ficar para sempre como sou hoje". Para completar a imagem do meu Luxemburgo, onde nunca fui, acrescento ainda que a cerveja Kolsch, ex-libris daquela região, era a minha preferida.



E para completar o quadro, devo falar nos muitos portugueses que fizeram do Luxemburgo a sua Pátria, chamem-lhes parvos (!), com um Pib per capita daqueles quem escolheria outro destino? Segundo ouvi, há momentos, na TV, os portugueses são, hoje, 20% da população do país, mas já chegaram a ser 40%. Os salários pagos são, agora, menores que antigamente e bem estão os reformados que estão a ser pagos nessa base. Alguns desses foram meus camaradas na Marinha e um deles ficou viúvo na semana passada. Como a família que lhe resta é um filho que nasceu e ficou, até hoje, no Luxemburgo, já estou a vê-lo a fazer a mala e ir juntar-se a ele.


Bem, dos actuais  95516 espero ver uma grande parte a comparecer no estádio, pois estão em confronto as suas duas selecções, a Lusa e a Luxa, a do país de onde vieram e aquela do país que os acolheu e lhes enche o bolso para viverem uma vida mais desafogada do que a que nos toca a nós, aqui no Reino do Marcelo & Costa!

Força PORTUGAL !!!

sábado, 25 de março de 2023

A minha quinta!

 Eu sou um bicho da terra, gostava de ter muita, mas, infelizmente, tenho que me contentar com uns míseros 200 metros quadrados Ainda por cima tenho que subdividi-la em três partes distintas, uma reservada como "cagatório" para o meu bicho de estimação que atesta a verdade daquele ditado - quem muito come muito ca** e as outras duas para algumas culturas que tento levar a cabo e estão devidamente vedadas para que o dito animal lá não entre.

Num dos lados semeei favas que estão com fraca cara, o tempo chuvoso e com muito vento não ajudou nada e a falta de insectos para as polinizarem fez o resto, vejo por lá meia dúzia de vagens e é um pau.

O terceiro bocado está reservado para uns pés de couve galega e para algumas experiências que decido fazer de vez em quando. Espalhei por lá uma quantidade de sementes e não nasceu nada. Então, os feijões verdes para dar vagens não nasceu um único para amostra, deve ser da semente. Tenho um canteiro com salsa que está a ficar bonita com o calorzinho dos últimos dias E acrescentei, ontem, uma dúzia de pés de pimentos verdes. Por falar nisso, perguntei à mulher que mos vendeu se não tinha dos vermelhos e ela respondeu-me que os deixasse lá ficar até ficarem vermelhos, que a planta é a mesma.

Os pés de tomate coração, comprei doze, ao plantá-los eram 13, veio um de borla, Deus queira que o número não me traga azar. Plantei-os junto das favas que dentro de um mês já terão ido à vida. O terreno depois fica vazio e só cria ervas, no ano passado atirei para lá uns grãos de milho e colhi uma cesta cheia de espigas que servem para alimentar as galinhas. Como já não tenho idade para grandes empreitadas, enchi o terreno com árvores de fruto, mas só os limoeiros e laranjeiras dão fruto, o resto é uma desgraça. Só tenho uma pereira que está a abrir flor, estou com uma fezada que vou provar as peras este ano..

Lá ao fundo do quintal, na parte das experiências, tinha duas figueiras grandes, uma dava figos pretos a outra brancos. Cá em casa, excepto eu, ninguém gosta de figos e acabavam quase todos no papo da passarada pelo que há dois anos, peguei nas ferramentas e arranquei a dos pretos pela raiz e cortei os ramos todos à outra. Mas aquilo é árvore amaldiçoada, já nasceram ramos novos e é cada um com dois metros de comprimento. Já vou comer figos outra vez este ano.

No ano passado plantei dois abrunheiros, um de abrunhos pretos e outro de brancos. Talvez já abram flor este ano, mas ainda são muito pequenos, o primeiro ano foi para se adaptarem à terra e não cresceram nada, veremos este ano como correm as coisas. Pereiras, já plantei uma dúzia delas, mas como nunca dão a qualidade que escolhi, sou obrigado a arrancá-las. Há 22 anos que ando a plantar macieiras e todas secam ao fim de pouco tempo. Maças que são a minha fruta preferida tenho que ir comprá-las à frutaria. Para me correr tão mal a vida com as fruteiras costumo dizer que ALGUMA BRUXA ME VIU! 

O dever chama!

 


Estão ver estes vasinhos? Conhecem a planta que eles contêm? Pois é, são tomateiros e eu, todos os anos, planto alguns na minha horta para ter o direito de comer alguns tomates que me me "saibam" a estufa. Tomates criados ao relento e amadurecidos com o solinho da Primavera têm um sabor muito diferente daqueles que se compram por aí e são cultivados em estufas.

Mas para os colher e saborear há que plantá-los e tratar deles durante dois mesitos, regando-os e protegendo-os das pragas. É o que vou fazer hoje, a primeira fase, plantar, por isso não tenho muito tempo para perder com as redes sociais.

Até logo !!!

sexta-feira, 24 de março de 2023

Está de volta o futebol!

 Realizou-se, ontem, o primeiro jogo da campanha Euro-2024. Sendo o primeiro e também a estreia do seleccionador Roberto Martinez, eu não poderia ficar de fora do grupo que começou as críticas, como já é habitual, achando que um devia jogar e o outro ficar fora, se o Ronaldo devia ou não continuar como capitão e até pôr em questão a táctica usada, se com 4 defesas ou três centrais. Lá diz o ditado, cada cabeça sua sentença e eu regulo-me pela minha.

Há coisas de que gostei, outras nem tanto e algumas odiei. Em primeiro lugar, gostei que o seleccionador tivesse sido trocado, já estava pelos cabelos com o Fernando Santos. Por isso, bem vindo, Roberto Martinez e que tenhas muito sucesso que será teu, será meu e será de todos nós, os doentes da bola (que os outros querem que seja todos os dias sexta-feira e pouco mais.

Gostei que ele tivesse mantido o Ronaldo como capitão, além de ainda dar uma boa ajuda, ele merece-o pelo seu passado. É claro que já não é o craque que foi nos tempos do Real Madrid e é preciso ajudá-lo a criar as oportunidades de golo, deixando-o marcar os penalties, os livres à entrada da área e passar-lhe a bola, quando ele está dentro da pequena área. Ele continua em boa forma física e não envergonha o resto da equipa.

Gostei do João Cancelo que do City marchou para o Bayern de Munique, clube onde só alinham os melhores dos melhores. E, sem a menor dúvida, ele foi o melhor em campo, marcou o primeiro golo e sacou um penalty que deu o segundo, mas mais que isso, ele trocou os olhos aos rapazes da equipa contrária com dribles que os deixavam sentados na relva. Só um cego não lhe atribuiria o troféu de melhor jogador.

Gostei de ver o Bernardo Silva e o João Félix no grupo de ataque, só lá faltou o Gonçalo Ramos, mas entendo que não podem jogar todos ao mesmo tempo. O João Palhinha e o Bruno Fernandes, no meio campo, também não me merecem nenhum reparo, mas têm que aperfeiçoar os seus remates para não irem todos para a bancada.

Ah, e gostei do resultado, claro. Foram 4 golos e poderiam ter sido 8 ou 9 se a pontaria estivesse um bocadinho mais afinada e a estrelinha da sorte a brilhar sobre a cabeça dos nossos avançados.

Não sou grande fã do Danilo e custou-me vê-lo num lugar que eu acho que pertence ao António Silva. E odiei que o João Mário tivesse entrado aos 90 minutos, quando deveria, no mínimo, ter repartido o jogo com o Bruno Fernandes, um na primeira parte e o outro na segunda. A entrada do Rúben Neves era escusada, teria ficado melhor no banco.

Agora, vamos esperar que o jogo com o Luxemburgo corra tão bem como este e que possamos contar com uma vitória, pois não se sabe o que acontecerá nos próximos jogos que são adversários de mais respeito que estes dois que são que são os últimos dos últimos da Europa. Depois vamos descascar o melão do Campeonato Nacional, com o objectivo de ir passear a orelhuda para o Marquês.

Força, Portugal !!!

quarta-feira, 22 de março de 2023

Partir a loiça toda!

 


Já estamos habituados às broncas entre Presidente da República e o governo. Quem não se lembra da guerra aberta entre o Mário Soares e Cavaco Silva?

Mas do presidente Marcelo ninguém estaria à espera que, de um momento para o outro, tirasse o tapete ao Costa e o deixasse como um tolo em cima do muro. Durante toda a legislatura anterior e no primeiro ano da presente, foi tudo sorrisos e abraços, mas o ano de 2023 e fim do mandato que se aproxima fizeram o Professor Marcelo ouvir a voz do Povo que reclama alterações urgentes e significativas na forma de governar. Nós, comentadores de pacotilha que não retiramos nem acrescentamos nada a esta discussão, achamos que o PR tem razão e chegou a hora de apontar o caminho ao nosso PM. Ou ele arrepia caminho ou terá que ir procurar outro emprego, em breve.

E, se calhar, é isso que ele mais quer, arranjar uma desculpa para dar o salto para Bruxelas, não esqueçamos que 2024 é o ano da troca de tachos e tachistas, por esses lados. Todos os políticos europeus, venham eles dos países mais pobres ou mesmo dos mais ricos, ambicionam um cargo, em Bruxelas, antes da reforma cujo valor andará a rondar os 20 mil euros para lhes garantir uma velhice sossegada e um pecúlio que seja suficiente para dar boas prendas aos filhos e netos. Não que hoje sem a ajuda dos pais os filhos não vão a lado nenhum.

Nem sei (nem quero saber) se o Costa tem descendência que precise do seu apoio, ou já estão entachados em qualquer lado com a ajuda do PS, mas sempre dá mais jeito ter uma reforma de 20 que ficar com uma de 10 se se mantiver por aqui, no país dos pelintras.

Agora, o que eu sei é que o Marcelo, antigo líder do PSD, e o Costa, actual manda-chuva da tropa do Largo do Rato, não perfilham o mesmo pensamento político. E esta lei do arrendamento coercivo - medida que cheira a Marxismo-Leninisno a léguas de distância, foi a gota de água para o que manda mais dizer BASTA, ou entras nos eixos ou vais para a rua.

Mas há muitas mais queixas, além desta, os impostos não param de aumentar e o Povo cada vez mais entalado com os serviços públicos a rebentarem pelas costuras e não responderem às necessidades da população. A Economia nunca mais arranca, criando riqueza para melhorar a vida das pessoas e permitir abrandar os impostos. A Saúde é o desastre que todos conhecemos, o Ensino é só para ricos que os pobres nem os livros conseguem pagar. A Habitação regressou tempo das barracas, em volta de Lisboa. Com os alugueres a ultrapassar o ordenado médio mensal dos trabalhadores e os bancos a chularem os clientes aumentando as taxas de juro a seu bel-prazer, não poderíamos pior que isto. E se o PR o não visse seria por estar feito com o governo e deixar o Povo abandonado à sua sorte.

Se houvesse uma Direita que desse confiança e mostrasse capacidade para ir a eleições e ganhá-las, o Costa estaria condenado a fazer a mala, muito em breve. Assim, o Marcelo está como aquele condenado que estava a ser cozinhado para os canibais comerem, ou deixava-se cozer vivo ou saltava para a fogueira e morria assado. Mas eu confio que ele saberá escolher o caminho, pois deixar a situação deteriorar-se ainda mais aprofundará o buraco em que estamos metidos.

terça-feira, 21 de março de 2023

Por caminhos e carreiros. cont.!

 


Decidi acrescentar mais umas linhas às minhas memórias de infância, antes que os meus leitores se esqueçam por completo da primeira parte e depois isto não faça qualquer sentido.

As idas e vindas para a escola da freguesia vizinha, só por si, davam um romance completo, mas para isso eu teria de tirar um curso de escritor, como o Saramago, que inventa assuntos e personagens para dar corpo ao texto, onde não existe nada nem ninguém que tenha a ver com a história que se conta. A ele basta-lhe ter acabado de escrever a palavra "bois" para desatar a falar de tudo e mais alguma coisa que se refira ao tal animal doméstico que é lento no caminhar, mas chega sempre ao fim da viagem com a carga que lhe confiaram. Eu que sou um bocado mais erudito que ele (?), ao ver essa palavra, penso ser francês e ponho-me a discursar sobre bosques, madeira e dos "bichos do mato" que era um pouco como eu me sentia em criança.

De Outubro até começar a Primavera, o tempo é mais de ficar quentinho na cama, ou junto à lareira à espera do pequeno almoço que a avó - mais querida do mundo - me pudesse oferecer. Mas não, em vez disso, ainda o sol vinha em casa do Pilatos e lá tinha eu que me pôr a caminho, com a sacola ao ombro, onde levava o caderno de caligrafia, a pequena ardósia e um naco de broa de milho para comer no recreio, ao meio da manhã. Às vezes chovia, outras trovejava e o frio era prato garantido todos os dias. Por vezes, fazia o caminho a correr para aquecer um pouco ou fazer o tempo andar mais depressa.

No mês de Março, começa a Primavera e o tempo torna-se mais ameno e o passeio por entre campos e bouças é bem mais agradável. Mas mesmo que não fosse teria que o comer na mesma, pois foi a ração que me destinaram. Por falar em ração, lembro-me que a fome era a minha companheira mais fiel, nunca me abandonava. E como, lá diz o ditado, a necessidade aguça o engenho, eu batia na porta de pessoas conhecidas que mal me viam - não esqueçam que a hora de sair da escola coincidia com o almoço - adivinhavam logo ao que ia. Tens fome, queres comer alguma coisa? Essa era a pergunta daquelas lavradeiras, armadas em cozinheiras, que preparavam a refeição para a família e , por vezes, também para os trabalhadores que tinham à jorna.

Bem me lembro do meu pai, numa fase inicial da sua vida, andar ao jornal para os trabalhadores das aldeias vizinhas. O salário era 15$00 por dia, a seco, ou um pouco menos com o almoço incluído. E o pobre do meu pai, muitas das vezes, passou fome para trazer o dinheiro todo para alimentar a família que já ia grandinha, pois filhos já eram 7 e a sogra completava a conta para fazer 10 pessoas. A dieta era muito pobrezinha, pouco mais que sopa de couves galegas e broa de milho, por isso, quando ouvia a pergunta se queria comer alguma coisa, eu encolhia os ombros que era o mesmo que dizer: - se me der eu como!

Para meu azar, a única fruta que havia no inverno eram laranjas e não era raro eu deitar a mão a uma, oferecida ou roubada, para amaciar a broa que só era renovada de 7 em 7 dias e ao sétimo dia era bem dura e já tinha que se limpar o bolor, antes de a meter na boca. Em casa dos lavradores o petisco era sempre o mesmo, uma tijela de sopa, por vezes, com uma rodelinha de chouriço ou um pedacinho de toucinho a boiar lá dentro, o que era mais que suficiente para me fazer feliz.

Dos últimos 3 meses, desse primeiro ano lectivo, nem vos falo, pois além de já ter celebrado o 7º aniversário, já não estava frio nem chovia nem nada mais que me incomodasse por aí além. Ao chegar aos 18 anos, decidi alistar-me na Marinha, como voluntário, e antes de partir fui visitar essas pessoas que me tinham apoiado, quando precisei, e de todos recebi boas palavras e até uns tostões para ajuda da viagem até Lisboa.

Mas antes de isso acontecer na minha vida, ainda tive que amargar muita coisa nos 11 anos que medeiam entre esses dois acontecimentos. O primeiro amargo de boca veio logo na altura da matrícula para a 2ª Classe. A professora da Escola Primária da minha aldeia insistiu em matricular-me de novo na 1ª Classe, dizendo que o que andara a fazer na outra escola não era ali reconhecido, tinha sido apenas uma ajuda para passar o tempo. Era uma mulher de meia idade, solteira, azeda, magricela que tomei de ponta para o resto da minha vida. Não tardou muito para me oferecer uma dúzia de bolos que me deixaram as palmas das mãos em fogo e isso só ajudou a reforçar os meus sentimentos por ela.

Como já era um rapaz grandinho, foi-me distribuída uma tarefa diária para fazer nas tardes - a escola era só até ao meio-dia e meia hora, mais coisa menos coisa - que consistia em ir à procura de lenha para a lareira - a minha avó que era a cozinheira de serviço, dizia-me: - traz lenha sequinha que a verde só faz fumo - fetos e outros restos vegetais para fazer a cama das ovelhas e doa coelhos e depois ser usado como estrume para adubar as batatas na sementeira. Até bosta das vacas que a iam largando pelo caminho, eu apanhei para contribuir com a minha quota parte para o orçamento doméstico.

Enquanto a minha avó se dedicava à cozinha - e a aturar-me - a minha mãe dedicava-se à costura. A sala maior da nossa casa era um atelier de costura, com uma grande mesa - como eu mal chegava à altura do tampo, a mesa parecia-me enorme - onde a minha mãe cortava as peças de roupa que eram depois costurada por ela mesma ou pelas suas aprendizes. Havia sempre, lá nesse atelier, entre 3 e 6 aprendizes, iam umas vinham outras, ou ficavam algumas em casa, quando tinham algo que fazer e que se sobrepunha às lições de costura da minha mãezinha (que Deus tem).

Era um tempo em que não havia o actual "prêt-à-porter" e as interessadas tinham que lá ir, escolher o tecido que mais lhe agradava e tirar as medidas para que a roupa lhes assentasse bem. Depois a costureira-chefe talhava e cortava a peça pretendida, de modo a assentar à cliente que nem uma luva. As aprendizes mais adiantadas já eram capazes de pegar nas peças, chuleá-las e coser umas às outras. A meio da operação, aparecia a cliente, vestia e provava a obra feita, procedendo-se aí aos últimos ajustes para a obra ficar a contento. Não havendo obra deste tipo, faziam-se aventais, algibeiras e, sacas para o pão e farinha, sacos maiores para o feijão ou o milho, além de outras pequenas coisas que seriam vendidas na feira de Barcelos, a cada quinta-feira.

Depois da obra feita era preciso levá-la a casa das clientes e lá entrava eu de novo em cena. Havia clientes na nossa freguesia, assim como nas duas ou três vizinhas da nossa, pessoas que conheceram a minha mãe e só queriam roupa feita por ela. Aquelas blusinhas brancas que ainda se usam hoje, a fazer de camisa, eram o prato forte. O sábado era o dia mais complicado da semana, todas as mulheres queriam a roupa nova para mostrar na missa do domingo e eu é que me lixava que tinha que correr de uma lado para o outro com o embrulhinho da roupa nas mãos.

As aprendizes aceleravam, uma pregava os botões, outra dava os últimos retoques e a minha mãe metia carvão no ferro de engomar para aumentar a temperatura e pôr a roupa a brilhar. Por vezes, enquanto esperava pela encomenda, calhou-me a tarefa de soprar no cu do ferro para avivar o carvão que, às vezes, era de má qualidade e não havia maneira de arder como a costureira queria. - O ferro está frio, põe-lhe mais um pouco de carvão e bufa-lhe até ficar em brasa! E depois a minha mãe pegava no ferro pela asa e abanava-o, para a frente e para trás, a todo o comprimento do seu braço (ainda parece que estou a ver esse filme).

Depois, embrulhavam a peça numa talha de linho que depositavam nas minhas mãos estendidas para a frente e recomendavam: - vai sempre assim, não dobres a roupa que ainda está quente do ferro e fica toda engelhada. E lá ia eu, por caminhos e carreiros, até casa das clientes. Porque é que elas moram tão longe, pensava eu. Por vezes já era noite quando saía de casa, mas era sempre quando regressava. Do medo que eu sentia nem vos falo, o vento a zumbir nas agulhas dos pinheiros, ou as folhas dos eucaliptos que pareciam bater palmas, no escuro da noite, traziam-me ao pensamento histórias de bruxas, demónios e corredores do fado que a avó nos contava, sentados à roda da lareira. Aí, eu corria e ia assobiando uma música qualquer para não ouvir nada do que se passava à minha volta.

Às vezes, uma das minhas irmãs acompanhava-me, por haver mais roupa do que as minhas mãos conseguiam abarcar, ou para cobrar o preço da obra e trazer o dinheiro a bom recato. Elas, talvez por serem raparigas e sentir outros medos que os rapazes não sentem, ainda faziam a coisa parecer pior do que era. Um metia medo ao outro, em vez de lho tirar.

Uma vez por semana, como já referi atrás, cozia-se o pão para a semana, chamava-se "cozer a fornada". E chamava-se assim, porque se enchia o forno de broas de milho, até à porta e se fechava esta com uma pedra cortada ao tamanho da porta que era, por sua vez, lacrada com bosta de boi para manter todo o calor dentro do forno. Escusado será dizer que me calhava a mim a tarefa da recolha da dita bosta. Perto da minha casa, havia um grande bebedouro que recebia a água de uma nascente e onde iam beber os gados da vizinhança, antes de recolher à corte para passar a noite. E eu não tinha mais que fazer do que sentar-me ali e esperar que as vaquinhas bebessem e largassem o presente que eu metia no cesto e carregava para casa, a tempo de a minha avá terminar a tarefa - que era bem pesada, diga.se de passagem - do seu dia de trabalho.

Para não terminar este capítulo a falar apenas de bosta, ainda vos digo que gostava de ajudar a avó a amassar a fornada, duas arrobas de milho e 5 Kilos de centeio, dando umas punhadas valentes na massa com as minhas fracas forças. A minha avó ria-se e enquanto eu o fazia ela respirava fundo duas ou três vezes para voltar a lutar contra a massa e fazer o pão com que nkos matava a fome!

segunda-feira, 20 de março de 2023

Praticamente, campeão!

 
Em teoria, o Benfica é, praticamente campeão!
Na prática, o Benfica é, teoricamente, campeão!
Um jornalista e comentador desportivo disse uma destas frases e no seu subconsciente acendeu-se uma luzinha a dizer: - erro, erro!
Vai daí, ele usou a segunda expressão para corrigir a primeira que lhe soou a erro.
Hoje, há cada vez mais cromos a debitar teorias sobre o desporto-rei, como se só eles percebessem da poda, mas saem-lhes muitas asneiras pela boca fora.
Numa certa fase da minha vida, em que já tinha deixado de ser estudante, fui submetido a uma prova que exigia uma redacção em Português de, pelo menos, 20 linhas. Claro que, como me sinto como peixe dentro de água, nessa matéria, em vez de 20 fiz uma para aí com 50 linhas. No fim, o examinador chamou por mim e mostrou-me a minha redacção com mais de meia dúzia de palavras sublinhadas a vermelho e disse: - quando alguém sente necessidade de usar tantos advérbios de modo é porque lhe faltam palavras para dizer o que pretende.
Já foi há muitos anos, mas nunca me esqueci disso e apetecia-me dizer o mesmo ao jornalista a quem ouvi as frases que reproduzi, acima. Se eliminar das frases o praticamente e o teoricamente, a coisa soa muito melhor e torna-se uma afirmação categórica que ninguém poderá desmentir e me deixa muito mais sossegado.
Entrei de fininho e do mesmo modo me retiro!

domingo, 19 de março de 2023

E acabou assim!

 


Não foi um mau Dia do Pai, estiveram cá os meus filhos e uma neta, a fazer-me companhia ao almoço, o almoço apresentado pela minha cozinheira especial e exclusiva estava bom, o tinto era do Dão, como eu gosto, e para terminar o dia em beleza ... o FCP não ganhou e ficou para trás mais dois pontinhos. Agora já são 10 os pontos de atraso e chega para dar duas ou três escorregadelas e ser campeão no fim da época.

Quem podia desejar mais que isto? 

Um bom pai ...!

 ... é um bom chefe de família. E um bom chefe de família é benfiquista. Deve ter sido essa a motivação para os jogadores do Benfica, ontem, para nos oferecerem uma vitória gorda (5-1) e fazerem assim a alegria de todos os pais deste país.

Bem, todos talvez não, pois há meia dúzia de chefes de família, em Guimarães, que não torcem pelo Benfica. E uns quantos na cidade Invicta, também, mas desses não se espera grande coisa, só fazem vergonhas atrás de vergonhas, é lá com eles que se amanhem!

Pois, como eu ia dizendo, hoje é o Dia do Pai e está o país todo em festa. Mesmo com todos os problemas que afligem o país e o Kosta a olhar para o lado (mortinho por se escapar para Bruxelas, à procura de uma reforma dourada) os portugueses conseguem sempre encontrar uma razão para sorrir. Uns porque são pais e têm prazer nisso, outros porque são benfiquistas e estão mais que satisfeitos com o percurso da sua equipa nesta temporada e, para terminar, muitos vivem do comércio e alegram-se com a oportunidade de fazer os cobres nas prendas para os pais que os filhos acorrem a comprar.

Enfim, o país está de rastos, toda a gente reclama, mas toda a gente festeja. Aqui na minha zona, não se consegue entrar num restaurante sem esperar, pelo menos, uma hora na bicha. Isso, para mim, é sinal de que as coisas não estão assim tão negras como as pintam. Ou então são todos uns grandes actores que merecem um Óscar pelo seu desempenho.

Para mim nada de restaurantes, a festa é em casa com os filhos à volta da mesa. Os netos estão com os pais deles, aí eu já não meto prego nem estopa, mas sempre estará comigo a filha do meu filho, já que estará com o pai dela e ele almoça comigo. Gostaram da piadinha? Ainda bem, pois o que eu mais quero é que sejam muito felizes e tenham razões para sorrir.



Um bom Dia do Pai para todos !!!

sábado, 18 de março de 2023

sexta-feira, 17 de março de 2023

Uma desgraça pegada!

 


Esta foto não é nova, mas tenho recebido fotos e videos do Niassa que retratam as desgraças provocadas pelas cheias recentes. Estradas e pontes novas, acabadinhas de inaugurar com pompa e circunstância, pelo presidente Nyusi, estão a ser arrastadas pelas enxurradas que têm acontecido por todo o Niassa. Ontem foi em Cuamba, hoje na estrada de Marrupa.

Estradas feitas à pressa, sem um estudo prévio que garanta a manutenção das linhas de água, acaba em desastre. As chuvas torrenciais que têm caído nos últimos dias, aliadas ao efeito do furacão Freddy que atravessou Moçambique, em direcção ao Malawi, não encontrando caminho para o seu escoamento levaram tudo à frente. Linhas férreas, estradas e pontes tudo feito num oito, na zona a noroeste de Nampula.

Há já 55 anos que saí de lá, mas considero aquela terra como minha segunda pátria e dói-me ver aquilo acontecer. A Frelimo que ocupa o poder, desde 1975, não é capaz de resolver problema nenhum. As obras são entregues aos chineses que, em troca, espoliam Moçambique de todas as suas riquezas. E no fim de tudo a conta do crédito concedido não cessa de crescer, enquanto as construções desabam como um castelo de cartas. Agora que vai começar a jorrar o petróleo e Gás de Cabo Delgado, lá vão os senhores do costume levar uma fatia de leão. deixando os moçambicanos entregues à sua sorte e cada vez mais pobres.

Imagem desta semana


Realidade!

Cirurgias assistidas remotamente por especialistas com óculos de realidade mista, planeamento de tratamentos de quimioterapia com recurso a hologramas, formação de médicos e enfermeiros usando dispositivos imersivos de realidade virtual. A utilização de tecnologias de realidade estendida (XR) está a ter tanto impacto na área da saúde que já está em uso uma designação para este campo: MXR, ou Medical Extended Reality no original em inglês.


O meu neto mais velho especializou-se em Multimédia e dizem que foi o melhor do seu curso no tópico «Realidade Aumentada». Eu que sou um produto da primeira metade do Século XX, pensei que realidade só havia uma, a tal, e mais nada. Afinal há várias realidades e a aumentada já está a ser introduzida na área da Saúde. A coisa está a ajeitar-se para virem (a seguir) os robôs para nos consertarem as "avarias"!
Como o meu neto não percebe nada de medicina, estou a vê-lo como afinador de robôs. Porque se um robô desafina, pode dar uma facada ao lado e cortar um coração ao meio. E com corações não se brinca, uma vez partido não tem conserto!

quinta-feira, 16 de março de 2023

Por caminhos e carreiros!


 Este é o nome do primeiro capítulo das minhas memórias que já comecei a escrever, mas não garanto que algum dia vejam a luz do dia. 

Eu não sou como o Saramago que escreve tudo ao molho, nem o ponto final usa no fim de cada período, prefere a vírgula, e começa com letra maiúscula a seguir à dita vírgula. Os meus professores ensinaram-me que as histórias se dividem em capítulos, de preferência com um título alusivo ao teor da mensagem, em parágrafos que devem englobar e limitar cada tema abordado e em períodos que devem ser tão curtos quanto possível, mas contenham um sentido que se compreenda com facilidade.

Por isso, escolhi o nome «Por caminhos e carreiros» que resume os primeiros 11 anos da minha vida que foi tudo menos simples e sossegada. A narrativa começa com a minha entrada para a Escola primária, acontecida no dia 7 de Outubro de 1950, tinha eu 6 anos, 6 meses e 28 dias (parafraseando o Nogueira da Fenprof), pois que antes disso pouco significado teve e não seria capaz de o descrever. Diz a ciência que só recordaremos as coisas acontecidas depois dos 7 anos, excepção feita a acontecimentos muito marcantes que ficam gravados a fogo no nosso subconsciente.

Viram como eu respeitei as regras, usando as vírgulas, os pontos finais e dividindo os parágrafos em períodos com oração principal e subordinadas, toas com o sujeito e o predicado bem notório. Tomara o Zé da Azinhaga escrever assim, como eu o faço. Não teve quem o ensinasse, era um auto-didacta, mas escreveu tanto que convenceu a academia a atribuir-lhe o Nobel. Que bom para ele e para a Pilar que continua no bem bom à custa do que ele escreveu.

Mas voltando à vaca-fria, ou seja, a mim mesmo que sou o herói desta narrativa, entrei para a escola da freguesia vizinha daquela onde eu morava, porque a professora da minha freguesia disse que tinha alunos demais na 1ª Classe e quem não tivesse completado os 7 aninhos teria que esperar para o ano seguinte. Talvez ela estivesse cheia de razão, mas atrasou a minha vida e nunca mais a pude ver, por causa disso.

O caminho que ligava a minha casa à escola, na prática, não existia. O percurso começava com 500 metros de estrada, seguido de 500 metros de um caminho destinado a carros de bois que no inverno se enchia de água e tornava impraticável. A partir daí era um carreiro por entre pinheirais que me levava até à primeira casa da freguesia vizinha. Para atalhar caminho, atravessava um campo e tomava, a partir daí, outro carreiro que me levava até à porta do lavrador que não gostava nada de me ver por ali. Não era bem eu que provocava as suas queixas, é que havia muitas outras pessoa que faziam o mesmo que eu.

Este lavrador tinha sempre a porta aberta, de modo a facilitar o movimento de carros (de bois, claro) de alfaias agrícolas e dos animais que todos os dias saíam para o campo, fosse para trabalhar ou encher a pança. Ao lado da porta, tinha um canzarrão que fiscalizava as entradas e saídas, desconhecidos não passavam daquele ponto. Eu sabia que o cão estava preso, mas borrava-me de medo pensando na hipótese de ele rebentar o cadeado que o prendia à porta. É que os puxões eram tantos e de tal ordem que me parecia impossível que o cadeado continuasse a resistir.

Não vos vou fazer perder tempo a ler as mil e uma habilidades que eu usava para passar aquele obstáculo. Um dos filhos da casa era o meu colega de carteira e uma espécie de menino protegido da professora Delfina que morava na casa pegada à sua. Talvez por isso nunca nos demos bem e quando lhe falei em esperar por mim para seguirmos juntos até à escola, respondeu-me com um sorriso de desprezo. A única zaragata que protagonizei naquela escola foi com ele e por causa do tinteiro, onde ambos molhávamos a pena para escrever o a-e-i-o-u. Alguém se lembra ainda desses tinteiros de porcelana, redondinhos e encastoados no centro da carteira? Pois esse tinteiro acabou vazio de tinta e nós os dois a escorrer tinta das mãos e dos cadernos inutilizados.

Esqueci-me de referir que o rapaz se chamava Lícinio, o mesmo nome de um grande amigo que fiz na Marinha, muitos anos depois desses acontecimentos. A D. Delfina era também grande amiga da minha mãe - por isso tinha feito o favor de me matricular na sua escola para eu não perder um ano - e foi avisada para me dar uma reprimenda, ou melhor dizendo, umas chineladas no traseiro para me meter juízo na cabeça. Um irmão do Licínio foi estudar para o Seminário de Braga e, por essa razão, cruzámo-nos várias vezes, ao longo da vida, mas a ele nunca mais o vi, depois de abandonar aquela escola.

Neste ponto da narrativa, ainda nem aos 7 anos de idade tinha chegado, mas vou ficar por aqui, pois falta muito para o fim do capítulo e vocês devem ter coisas mais importantes para fazer do que ler o texto escrito por este fraco narrador.

Bye-bye and be happy !!!


Honrai a Pátria ...!

 


Eu pertenço àquele grupo de marujos que se consideram prejudicados (?) pela actuação dos seus superiores mais directos. Abusar de posição dominante e espezinhar os seus subalternos era prática comum, no tempo da outra senhora.

Não sei porquê, mas cheira-me que está a acontecer a mesma coisa, agora, com este caso do NRP Mondego que é uma autêntica lata de sardinhas a meter água e verter óleo por todo o lado. O primeiro dever do comandante é exigir aos seus superiores que façam as reparações devidas e nas horas certas, de modo a garantir a segurança da sua tripulação. Ao não cumprir esse dever transformou-se no culpado por este lamentável incidente que pode custar caro aos queixosos.

E já ouvi, hoje, muita asneira a este respeito, os senhores lá do topo da hierarquia já se mostram dispostos a convocar um pelotão de fuzilamento para se livrar dos traidores. Estamos em guerra, dizem eles, e uma quebra de disciplina como esta pode ser o fim, não podemos condescender com isso!

Como isto me traz à memória o que fizeram comigo, em 1968 !!!

quarta-feira, 15 de março de 2023

Accionista em pânico!

 O Credit Suisse a cair 30%

A Societé Generale 10%

O Santander 6%. Ainda bem que resolvi vender estas, na semana passada.

As autoridades, de um e do outro lado do Atlântico, continuam a afirmar que está tudo bem, mas nós sabemos que está tudo mal. Desde que começou o negócio das moedas virtuais, bitcoin e outras que tais, sem qualquer controlo adivinhava-se que qualquer dia isso daria um estouro. Uma moeda que foi criada para coexistir, no mundo virtual, com o dólar e o euro a valores semelhantes não se compreende que possa estar cotada vinte e tal mil vezes mais cara. Uma maluqueira geral, um dia alguém vai ter um grande desgosto.

Vivemos num MUNDO CÃO!!!

Nós e a bola!

 

Se pedíssemos uma análise profunda do nosso país a um sociólogo, não do ponto de vista político, financeiro, cultural, mas sim do ponto de vista do futebol, dos milhões que movimenta e das tricas entre dirigentes e comentadores, o que poria ele no papel?

Ontem, viveu-se mais uma jornada da Liga dos Campeões e assistimos a comportamentos que podem servir como base para essa análise. O Porto, o seu presidente Pinto da Costa, o seu treinador Sérgio Conceição, o mergulhador Taremi e outros cromos do grupo desempenharam os seus papéis tal como era esperado, mas não conseguiram levar a água ao seu moinho. Os árbitros internacionais não vão em cantigas e quando arbitram passam um atestado de burrice aos artistas do costume.

Mas não era bem disso que eu queria falar. Em Portugal damos uma importância ao futebol por ser o modo de cultura que temos ao alcance da mão. Para os outros é preciso mais dinheiro, ter uma vida mais desafogada, tempo e felicidade q.b.. Barriga com fome ou cabeça atulhada de problemas relacionados com o orçamento familiar não tem tempo nem disposição para outras culturas. O futebol está bom, serve para conviver com os amigos, para entornar uns copos e esquecer o lado mau da vida. Trabalhar das 9 às 6, 5 dias por semana e não ganhar o suficiente para sustentar a família é mau que chegue e temos metade do país a viver nessa situação. O futebol é um bom anestésico para manter essa doença sob controlo.

Olhando para a imagem acima, podemos ver que não há muitas regiões do país a viver desta realidade. A maior parte dos clubes da Primeira Liga estão no Litoral Norte. O Algarve que é uma região onde mais dinheiro é movimentado não tem um clube de futebol que salte à vista. Olhando o mapa de Portugal de norte a sul, especialmente a mais de 30 Kms da costa atlântica, não há um único clube que se veja. Há por lá um Arouca e um Tondela que ora aparecem, ora desaparecem. Cidades grandes, como Coimbra, Leiria ou Setúbal deveriam investir num clube que os representasse e os pusesse no mapa do futebol europeu, entrando, de vez em quando, nas competições europeias.

No Norte, até nas aldeias, como Moreira de Cónegos, ou cidades pequenas, como é Famalicão, Vizela, vila do Conde ou Barcelos, há clubes que dão que falar. E porque será que isso acontece e não se passa o mesmo em Castelo Branco, Évora ou Beja? Isso é que eu gostaria de saber, era para isso que precisava de um sociólogo experimentado para me dizer porque é que o Porto, Braga e Guimarães têm as suas equipas entre os cinco primeiros. Dizer que são doentes da bola não é suficiente, preciso de saber mais. Porque é que há cada vez mais mulheres nos estádios? Isso e muito mais gostaria eu que me explicassem!

terça-feira, 14 de março de 2023

Viva a Marinha!

 Os 13 militares que recusaram embarcar no navio NRP Mondego, impedindo o cumprimento de uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, na Madeira, vão ser substituídos.


Comecei, esta manhã, com uma notícia sobre a Marinha e continuo agora com outra que está a dar que falar. Há comentadores que querem dar a entender que os 13 marinheiros se recusaram a cumprir a ordem por razões políticas. Se eram comunistas e não aceitaram pôr em risco a missão dos seus camaradas de Moscovo, ou exactamente o seu contrário, não cheguei a perceber. É lá com eles e quem neles manda, a mim não me aquece nem arrefece.

Mas é engraçada a coincidência, acabei de ler o livro do Saramago que nas últimas páginas relata a revolta (contra o Salazar) da tripulação do navio de guerra Afonso de Albuquerque - que uns anos mais tarde haveria de soçobrar na revolta da Índia e lá ficar para sempre - em que morre o Daniel, irmão da Lídia, criada do Hotel Bragança que estava grávida de 3 meses do Dr. Ricardo Reis. Mas isto só compreenderá quem leu o dito livro que eu escolhi para fazer uma avaliação final, não do autor, mas do modo de ele escrever que vai contra todos os princípios da escrita que me foram ensinados por bons professores.

Continuo na minha, não serei nunca um apreciador da escrita de José Saramago, por muito conhecido, traduzido e lido no mundo inteiro. Cada um com os seus gostos e preferências. No entanto, reconheço-lhe algum valor, ele consegue escrever 500 páginas sem ter história nenhuma para contar, parece uma metralhadora a disparar palavra atrás de palavra, sobre tudo e nada ao mesmo tempo, mantendo viva a ansiedade do leitor para encontrar o fio da meada. Ele salta de um assunto para o outro e é claro a criticar a Igreja Católica e o Salazarismo, quanto ao resto, tomar o lugar de um morto e falar com ele, como se fossem grandes amigos, inclusivé, passeando por Lisboa como velhos conhecidos, parece-me uma ideia estapafúrdia como mote para um livro.

Enfim, quem gostar que continue a ler e boa sorte. A Pilar continua na "boa vai ela" à conta do que ele foi escrevendo!

A Roda da Vida!

 

Não costumo publicar aqui estas coisas, mas à falta de melhor assunto ... cá vai!

A Revista da Armada sai cada vez mais tarde, o que me vale é que pouco aproveito dela, parece uma revista de elite e para a elite ler, coisas de marujos e fuzos, como eu fui, é que nunca lá aparecem. Mas podiam, ao menos, publicá-la na primeira semana de cada mês, como era hábito. Basta haver um evento qualquer ligado à Marinha para lhes servir de desculpa, por causa das fotos e reportagens que ainda não ficaram prontas.

Corro as páginas com um olho fechado e outro aberto e paro da página dos falecidos, esperando que lá não apareça algum amigo mais chegado. Felizmente não tem acontecido nos últimos números saídos, o último falecido foi o meu amigo Barbosa, em Agosto do ano passado, mas esse não saiu na Revista, pois não era marinheiro de carreira, morreu como um civil, como, mais tarde ou mais cedo, acontecerá comigo. Habitualmente, publico estas imagens no Facebook, no grupo a que pertenço, «Marinha . Filhos da Escola» e por lá aparece sempre alguém para deixar um RIP, mesmo sem nunca ter conhecido o falecido. É assim uma espécie de terapia de grupo, era marinheiro, tinha que ser bom!

Mudando de assunto, logo à noite, termos um jogo de futebol de primeira classe, os rapazes do Sérgio Conceição contra os do Simone Inzaggi, dois conhecidos ex-futebolistas que fizeram a sua carreira em Itália. O Sérgio também foi jogador do Porto e regressou, há meia dúzia de anos, como treinador. Não sei quem vai ganhar, mas faço já uma declaração de voto, não gosto do FCP nem do Sérgio, pelo que não derramarei uma lágrima se ele perder!

segunda-feira, 13 de março de 2023

Cuidar dos tomates!

 


Passei meia hora a assistir a videos para aprender alguma coisa sobre a cultura do tomate, mas garanto que não ouvi nada de novo a não ser sobre o uso de adubos orgânicos que aqui, em Portugal, são um luxo e custam os olhos da cara. Na terra onde nasci usava-se o estrume das galinhas e dos coelhos, aqui e agora só conheço adubos químicos que devem vir da terra do Putin e não me apetece usar. Então, como cultivar tomates e fazê-los produzir bem?
A terra da minha horta nunca viu adubo de qualidade nenhuma e acredito que está cansada de me oferecer os seus frutos sem eu lhe dar nada em troca. Este ano, espalhei algumas sementes, num pedaço de terra que obtive por compostagem, mas até agora nada nasceu. Acredito que logo que o sol aqueça a terra vai nscer erva com fartura e mais nada. Esta semana, estou planear visitar um horto e comprar uns vasinhos com tomateiros, criados em viveiro, e talvez traga também alguns pimenteiros.
No ano passado, tive tomates com força e não plantei nada, foi-me tudo oferecido pela natureza. Como passo o ano inteiro a despejar no galinheiro os restos da cozinha, vão lá parar sementes de todo o género, a começar pelas dos tomateiros que parecem ser as que nascem melhor. Na Primavera, fui ao galinheiro e enchi um carrinho de mão com aquela terra mil vezes esgaravatada (5 vezes a letra "a") pelas galinhas e despejei-o na horta. Um mês mais tarde, tinha a terra cheia de bonitos tomateiros que comecei a tratar, como mandam as regras, e dali comi tomates todo o verão. 


Estava a pensar fazer o mesmo este ano, mas pode não nascer nada e depois é tarde para começar o processo. Cada pé de tomate custava 20 ou 25 cêntimos, mas acredito que com a inflação me vão pedir 50, e se não for mais, depois vos conto.
Este tomate que podem ver na imagem acima é o mais comum e o melhor para saladas. Há quem goste mais do coração, mas eu acho-o sem sabor. Uma coisa é certa, com o tomate coração pode-se fazer uma ramada, só com um pé, e com um bom fungicida garantir tomates na mesa até fim de Outubro. Talvez traga uns pezinhos desse também, afinal a minha terra está às moscas, tudo o que dali tiro são algumas favas e umas vagens de feijão verde.
O concelho da Póvoa está coberto de estufas que produzem tudo isso, para consumo interno e exportação, mas não gosto do preço que praticam nem do paladar dos produtos. A falta de gosto é pela falta do sol e o preço alto é por causa da inflação que está a servir de desculpa para aumentar tudo. Com uma inflação de 10 a 20%, todos aproveitam para subir os preços para o dobro do que era antes da guerra da Ucrânia. Escroques, trafulhas, aproveitadores!

domingo, 12 de março de 2023

Cuidado com as palavras!

 


No tribunal, o juiz tem, à sua frente, um casal que se quer divorciar e pergunta:

- Então, o que é que houve?
- Desculpe, Sr. Dr. Juiz, com H ou sem H?
- O que está para aí a dizer?
- Preciso de saber se é Houve ou Ouve, que para mim é coisa muito diferente.
- Ora, explique-se lá melhor.
- Se se refere a haver é melhor perguntar o que não houve, sexo que é aquilo que eu gosto só acontece no dia 29 de fevereiro. Se, por outro lado, se refere a ouvir, farto-me de ouvir a mulher refilar por tudo e por nada, basta dar futebol na TV e já temos em casa um terramoto maior que aquele que assolou Lisboa, em 1755!

sábado, 11 de março de 2023

Memórias de guerra!

 


Sobraram-me uns minutos, desta tarde de sábado, e decidi usá-los para publicar esta imagem que mostra as duas armas que sustentaram a Guerra Colonial. Não gosto de lhe chamara Guerra do Ultramar, pois dessas houve muitas e não apenas a nossa. Todos os colonizadores foram, mais ou menos, corridos de África e nem sempre pacificamente e essas foram as suas guerras. À nossa prefiro chamar-lhe Colonial, talvez seja apenas uma mania minha que me perdoarão.

Do lado dos "Turras" - era assim que lhe chamávamos e percebe-se porquê - era a espingarda-metralhadora Kalashnikov, modelo AK47, oferecida pelos países comunistas e que ainda hoje prevalece nas forças armadas de cada um dos países que correram connosco. O Salazar não era de fazer acordos com ninguém, senão bem poderíamos ter vindo embora de moda pacífica e deixar lá alguns portugueses que poderiam ter ajudado na transição. Assim, custou muitas vidas, muito sofrimento e a perda de tudo o que tinham amealhado ao longo de uma vida os nossos "retornados".

Do nosso lado, o das forças da ordem, era a espingarda G3 que, a partir de uma certa altura, começou a ser fabricada na Fábrica do Braço de Prata, ali às portas de Lisboa, aos milhares. Eu ainda usei duas originais, vindas da Alemanha, com a coronha e guarda-mão em madeira envernizada, mas depois entrou-se na «Era do Plástico» e aquilo era só aço e plástico. Ainda devem estar guardados em qualquer lado uns milhares delas, a que ninguém quer ou pode dar utilidade.

Alguns dos nossos militares morriam de amores pela AK47 e sonhavam apanhar uma aos turras. Um pouco às escondidas acabaram por ser usadas, por sargentos e oficiais, que lá conseguiram a respectiva licença dos seus superiores para o fazer. A única vantagem que ele tem, em relação à nossa, é pesar menos 200 Gramas e ter um carregador de 30 munições. No aspecto da eficiência de tiro a nossa G3 levava vantagem, até porque o comprimento do cano era superior e isso confere uma maior certeza do tiro.

E, quanto ao resto, BOM FIM DE SEMANA! 

Na minha modesta opinião!

 Padres, só casados ou capados!

O padre que aparece nesta imagem fez um filho e registou-o como tal (menos mal).

Esta semana foi um massacre na TV com padres à hora do almoço, ao jantar e ao serão! Ontem até já se afirmava que o Papa está aberto a discutir o assunto do celibato, coisa em que não acredito nem um bocadinho. Se o Papa estive na flor da idade, cheio de vigor físico, eu ainda acreditaria que esse assunto o tentasse, mas com a idade e a saúde que ele tem esse deve ser o último dos seus interesses.

Elejam um Papa na casa dos 40 anos e então ponham o assunto em cima da mesa. Se houver uma romana jeitosa que lhe dê corda ele aprovará o casamento dos padres em três tempos. De outro modo esqueçam, só a capação pode resolver o problema.

Na Idade Média, por muito menos punham as mulheres na fogueira, acendiam um fósforo e não havia quem lhes valesse. Muitas vezes denunciadas por velhas invejosas ou homens a quem tinham fechado a porta.

Oh, vida madrasta, este mundo está perdido para todo o sempre! Nem Cristo, se voltasse a reincarnar, seria capaz de remir tanto pecado!

sexta-feira, 10 de março de 2023

E agora?

 


Passou-se o Dia da Mulher e também o meu dia, aquele em que vim ao mundo, numa aldeia do Baixo Minho. Com menos de 24 horas de vida, eu devia fazer um berreiro danado e a minha mãe lá me calava metendo-me o mamilo na boca. Bom tempo que bastava chorar para conseguir o que queria, Agora posso chorar até me esbardalhar todo . como diz um cómico da nossa praça - que ninguém me liga a ponta de um corno!

Agora, é preciso ir à luta, tenho 365 dias para viver e lutar para me manter na crista da onda, porque ir ao fundo não me trará nada de bom. Ontem, telefonei ao Compadre Eduardo para lhe dar os parabéns pelos seus 81 anos de idade - ele vai um pouco à minha frente nesta caminhada natural - e disse-me que estava nos cuidados paliativos, na outra margem do Tejo. Cuidados paliativos cheira-me a desgraça e não quis entrar em pormenores, deixei-lhe um abraço e fugi. Como sempre digo, quando oiço alguém a queixar-se, por muito mal que estejamos há sempre alguém que está pior que nós. Esse pensamento ajuda-me a ultrapassar os meus períodos menos bons.

Quando chegamos a uma idade em que começam a nascer os bisnetos, temos que ter uma atitude mental a condizer, nada de nos pormos a fazer piruetas nem armar em atletas. Mexer as perninhas e dar uma caminhada sem ajuda de terceiros ou apetrechos auxiliares já é uma grande vitória. E cada ano passado é mais uma medalha ganha para pendurar no nosso Quadro de Honra.

No pleno domínio das minhas faculdades mentais, vos posso garantir que estarei dentro de um ano para recolher a minha medalha de octogenário. E conto com a vossa ajuda para me darem ânimo nos momentos mais difíceis da caminhada!

quinta-feira, 9 de março de 2023

Em cada ano um aniversário!

 Se eu tivesse esse poder pararia agora o cronómetro que regula o tempo da minha vida. Dizer a todos e em voz alta:

- Eu ainda não cheguei aos 80!

E sentir.me como um jovem cheio de saúde!

Ao longo da vida, fui coleccionando pessoas que fazem anos comigo. Primeiro foi a Edite, uma espécie de namorada que não chegou a sê-lo, porque a sua família não me achava digno dela. Casou com outro e foi a mais infeliz das mulheres. Nem amor, nem família, nem saúde teve para gozar a vida. Hoje não sei por onde anda. Parabéns, Edite!

Com o casamento ganhei um cunhado, 12 anos mais novo que eu, que também festeja comigo este dia. Parabéns, Laurentino e que Deus te dê saúde para me superares em idade!

Depois veio o amigo e colega de escola do cunhado que o vinha buscar para irem juntos celebrar e lhe pagava o lanche. Parabéns Miro!

Na firma em que passei a maior parte do tempo, havia um colega que passou a trabalhar em estreita colaboração comigo e também comemorava o seu aniversário comigo. Passámos 33 anos a trabalhar lado a lado e a dar os parabéns um ao outro logo pela manhã. Parabéns, Firmino!

O último que se veio juntar ao grupo foi o Eduardo, camarada de guerra no Niassa, norte de Moçambique, e que conheci através dos blogs em que publicava as suas aventuras e as suas poesias. É o meu compadre alentejano e acompanhou-me durante anos, nos convívios que organizei com antigos combatentes e camaradas fuzileiros. Actualmente, a saúde anda muito por baixo e perdeu a vontade , até de viver. Os meus parabéns, compadre Eduardo, e que a saúde volte a ser o que era!

Se me esqueci de algum, peço desculpa, e parabéns para esse também !!!

quarta-feira, 8 de março de 2023

Onde está a Lisboa do meu tempo?


 Já não me lembro muito bem da toponímia de Lisboa e tenho dificuldade em reconhecê-la nestes prédios altos e desempoeirados que a imagem mostra. No canto inferior direito da imagem vê-se um pouco do edifício, onde ficava a «Casa do Marujo* e a porta de entrada ficava muito próxima desta esquina. Em frente, começa uma pequena rua por onde iniciávamos a romaria ao Bairro Alto.
A primeira casa com nome na praça era na rua do Ferrugial, se bem me lembro era no Nº 13. Ao regressar pelo mesmo caminho, quase a chegar à Rua do Arsenal, havia uma tasca que tinha sempre uns jaquinzinhos de escabeche ou sandes de couratos para matar a fome, antes de ir para a cama, a quem já tinha jantado às 17.30 horas. O jantar tinha que ser servido muito cedo por causa das licenças - formatura, distribuição dos catões de identidade, revista e embarque no autocarro - em que muitos desarranchados ainda iam levar as viandas a casa para a mãe, irmã ou esposa cozinhar o jantar que seria comido lá para as 20.00 horas.
Com a barriga a dar horas e a carteira cheia de ar não era grande programa andar a passear por Lisboa, mas a juventude aguenta com tudo. Nos dias mais compridos de verão, ainda dava tempo de ir até ao Jardim do Campo Grande namorar as sopeiras. À noite, em alternativa ao Bairro Alto, se houvesse cinco coroas no bolso dava para uma sessão no Piolho, Arco Bandeira e outros que tal.
A vida de marujo era assim, infelizmente, não durou muito, pois a Guerra do Ultramar chamava por nós. No ano de 65, voltei a passar seis meses na Metrópole, de Abril a Outubro e foi como uma repetição do que tinha vivido, três anos antes, mas já sem as meninas do Bairro Alto para alegrar a malta. Por troca havia os bares, em que todos éramos clientes e onde se podia discutir o negócio. É um pintor, por menos disso não vou! Pintor era o nome dado à nota de 100$00 por ter uma cor alaranjada.
Ah, belos (velhos) tempos que não voltam mais!!!

Um dia para ficar na História!

 


Só faltou a validação do golo do João Mário, no primeiro minuto do jogo, para ser um dia, verdadeiramente, memorável. Eu já não via o Benfica jogar assim, desde os anos 80 do século passado. Os últimos 40 anos têm sido uma repetição, com alguns intervalos, de más exibições, domínio do FCP, maus presidentes a dirigir o clube e por aí fora. Ontem, com um jogo disputado olhos nos olhos com os belgas e os golos a aparecerem com toda a naturalidade, pareceu-me ter regressado a esses bons tempos do Benfica.

Depois de terminado o jogo, não se podia dizer qual o jogador que melhor tinha jogado ou que mais tinha falhado, todos eles, cada um na sua posição e com diferentes missões mostrou o que é ser jogador de um clube enorme como é o Glorioso. Todos jogaram bem, todos juntos construíram um resultado fantástico que ficará nos anais do Benfica para sempre e será lembrado, enquanto houver um benfiquista sobre a Terra.

Agora, só precisamos de um pouquinho de sorte para não nos calhar um tubarão com os dentes bem afiados, no sorteio dos quartos de final.

Ah, grande Benfica que fazes bater o meu coração melhor que o Pace Maker!

P.S. - A escolha da imagem que acompanha esta publicação deve-se ao dia que hoje se comemora!

terça-feira, 7 de março de 2023

A nossa (?) TAP!

 

Quanto nos virá a custar a TAP, ainda?

Os do contra dizem que ... muito!
Os 3200 milhões já gastos foi um ar que lhes deu, nunca mais os veremos, embora me lembre de um ministro das Finanças que afirmou, alto e bom som: - isto não custará um euro aos portugueses!
Como ele tinha razão! Se fosse apenas um euro, até eu o oferecia do meu bolso para ver o meu povo feliz. O pior são os restantes 3.199.999 euros. Esses não posso eu pagar, pois nunca vi tanto dinheiro junto na minha vida.
As demissões que, ontem, aconteceram na TAP serão faladas por muito tempo. Discussões que não levam a lado nenhum, comissões de inquérito para descobrir quem foi o culpado de tal desnorte, processos nos tribunais para ver quem paga o quê e a quem. Não percam tempo com isso, perguntem ao Zé Povinho que ele responderá de pronto que o culpado de tudo é o Costa! Prendam-no já, antes que fuja para Bruxelas e se fique a rir da nossa desgraça!
Falei, está falado!

Meninas à sala, homens ao quarto!

 Era o pregão mais ouvido no Bairro Alto!



O Tio António de Santa Comba resolver acabar com aquilo tudo e deixou-nos fora da romaria que era uma festa só por si. Percorrer o Bairro Alto, descer ao Chiado, ir até ao Martin Moniz, subir a Rua do Intendente, parar aqui e ali, dar um beliscão num traseiro que passou perto, tudo isso era o ram-ram dos marinheiros do meu tempo. Depois fui para Moçambique, meter juízo da cabeça do Samora e quando regressei estava tudo mudado.

Agora o pregão é outro, olha o Benfica que joga hoje na Luz, olha o Glorioso que quer chegar aos quartos! Foi isso que acordou em mim a recordação dos quartos e das meninas do Bairro Alto, antes do António estragar aquilo tudo.

Por falar em António, temos hoje outro caso que vai dar para peras e bananas e há-de o nosso PM andara lá por Bruxelas, quando o caso chegar a julgamento nos tribunais portugueses que são mais lentos que caracol em dia de sol.

Caracol, caracol
põe os corninhos ao sol
onde vais tu
com a casa às costas
pareces um professor
deste lindo país que
está entregue ao granel
da política tuga
Ponho-te um pé em cima
e vais ver como elas doem!

E assim vai a minha cabeça, adormeci a ouvir as broncas do Costa e acordei a ouvir o mesmo, até fiquei a pensar que se calhar não tinha dormido, apenas sonhara com isso. Depois ouvi a notícia que me diz que a TVI vai transmitir o jogo da Luz e descansei. Com o Benfica (sem Vieira nem Jesus) sou um homem feliz!