Na passada quinta-feira foi o dia de S. Miguel. Pobre do santo, anda meio esquecido e muita gente nem sabe o que lhe deve. Ele é o patrono das colheitas e se quisermos colher alguma coisa que preste há que lhe rezar na altura das sementeiras e agradecer, quando chegar a das colheitas. Sem a sua protecção não colheremos nada e corremos o risco de morrer à fome.
Ainda me lembro da minha avozinha quando íamos semear as batatas na nossa horta, ela abria os regos e eu (ainda pequeno para pegar na enxada) colocava as batatas no rego. Nós semeávamos uma arroba e meia de batatas e a avó rezava a S. Miguel para que as multiplicasse por 20. Uma por vinte era considerada uma boa colheita.
Eu devo ter-me esquecido das rezas, pois semeei mais de 100 feijões e nasceram-me apenas cinco. Mesmo assim ainda colhi umas centenas de vagens desses poucos pés. Não sei se a culpa foi da semente ou do semeador, nunca tal me tinha acontecido!
Ao pensar no S. Miguel (O Anjo) lembrei-me também das minhas residências nos primeiros anos de vida. Até aos 11 anos morei na aldeia onde nasci (concelho de Barcelos), depois mudei-me para os arredores de Coimbra, para estudar, onde permaneci durante 4 anos. Aos 15 anos mudei para a Póvoa, para a mesma rua, onde hoje moro, para continuar os estudos. No fim do ano lectivo, verão de 1960, regressei a Penates, à aldeia onde nascera e moravam os meus pais.
No Outono desse ano, veio a família toda morar para uma freguesia da Póvoa, de seu nome Argivai, mas mais conhecida por "Anjo" por ter como padroeiro S: Miguel, O Anjo. No ano seguinte mudou-se a família para a freguesia vizinha que já pertencia ao concelho de Vila do Conde. E um ano depois mudei-me para Vale de Zebro, na freguesia de Palhais. Nessa altura era ainda um novato, pois a maioridade só chegava aos 21 anos, mas mesmo assim fui mandado para a guerra em África e conhecer outros mundos e outros homens de cor diferente da minha.
Quando me cansei da Marinha, desiludido com aquilo que lá encontrei, regressei a casa dos meus pais e uns poucos meses depois casei-me e vim assentar arraiais na mesma rua que conhecera, em 1960. Daqui não devo passar, mas nunca se sabe! Estão abertas as inscrições para ir a Marte e ... quem sabe!
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