Fibras, fios, tecidos, finalidade, moda, desastre!
Está na hora de todos nós pensarmos em algum modo de defender o Planeta e tentar atrasar, ao máximo, o desastre que se adivinha vai acontecer. Antigamente, dizia-se que façamos o que fizermos a natureza encontrará sempre uma maneira de se regenerar. Não sei se poderemos continuar a pensar assim. A descoberta do plástico foi a pior coisa que nos podia ter acontecido e urge pô-lo de lado, o mais depressa possível. Eu consigo perceber isso, porque, cá em casa, entre embalagens de vários tipos e todos os outros tipos de plástico, juntámos perto de meio metro cúbico por semana.
Mas, hoje, vou concentrar-me noutra coisa que conheço muito melhor, o mundo dos têxteis. Tudo começa com as fibras que podem ser de vária origem, mas em vez de cansar o meu cérebro a contar-vos quais são, prefiro mostrar-vos um quadro elucidativo que vos será fácil de entender.
A necessidade de andar vestido - para nos protegermos do frio e não por quaisquer outras razões que vos podem atravessar a mente - levou o homem a desenvolver os tecidos, a partir do que a natureza lhe oferecia. Em primeiro lugar os pelos dos animais e depois as fibras que a natureza punha ao seu dispor, como o algodão, o linho e outros.
Demorou muito tempo até o homem aprender a fiar, portanto começou por usar as peles dos animais para se cobrir. Quando aprendeu a, fiar, começou pelas lãs dos animais que existiam na sua região, fossem ovelhas, alpacas ou até camelos. Depois aprenderam a fiar o algodão e o linho e, mais tarde, outras fibras semelhantes. Depois de obtidos os fios foi necessário urdi-los e tecê-los para terem alguma utilidade, mas, como a necessidade aguça o engenho, conseguiram-no, há já muitos anos. Só muito mais tarde, com a revolução industrial, apareceram as máquinas para fazer esse trabalho e facilitar a vida ao Homem.
E aqui começa o desastre que vai fazer sucumbir o planeta. Foi preciso criar um meio para gastar tanto tecido que as unidades industriais cuspiam cá para fora todos os dias. E aí inventou-se a moda para convencer as pessoas a mudar de roupa a cada estação que começa. Mais leves na Primavera, e mais ainda no Verão, mais pesaditos no Outono e pesadões no inverno.
E começou a ser necessário tanto tecido e de tantos e diferentes tipos que a natureza já não tinha oferta suficiente. E apareceram então as fibras artificiais - de origem natural, mas transformadas pelo Homem - e as fibras sintéticas - primas do plástico - com origem na refinação do petróleo. Cada passo em frente, sempre um passo gigantesco em direcção ao abismo. A fiação da celulose, recorrendo a produtos químicos para conseguir transformar matéria lenhosa em fios, é altamente poluente. E transformar petróleo em fios, como o poliester, poliamido e acrílico, é muito pior ainda.
A vinda do polietileno, polipropileno, poliuretano ou PVC foram última machadada, pois vieram inundar o nosso mundo de matéria plástica usada para todos os fins, desde a construção civil às embalagens de todo o tipo e terminando no prosaico saquinho de compras que até os partidos políticos oferecem às pessoas, durante as suas campanhas.
E, agora, como podemos travar isto? Vai ser muito difícil, pois o mundo dos têxteis e plásticos envolve muitos milhões de pessoas que precisam do seu salário para sobreviver e sustentar as suas famílias. O segredo está em desacelerar o desastre, usando o menos roupa possível, não quero dizer andar nu, mas fazer com que a roupa dure o máximo possível. E nas embalagens escolher o mal menor, usar um saco de tecido ou de papel, mas nunca de plástico.
Voltem atrás e leiam as primeiras palavras que escrevi. Fibras, fios e tecidos sim, pois são indispensáveis. Moda é preciso eliminar esse conceito das nossas vidas, pois nos conduzirá ao DESASTRE final!
Valdemar Alves... Em 72 quando sai da Marinha comprei umas calças de terylene que fiquei a saber depois foram as primeiras de fibra totalmente sintética.
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