sábado, 8 de outubro de 2016

Andorra e o resto!

Estava eu a ver a habilidade dos nossos craques da bola (finalmente o CR7 fez algo que se visse na Selecção) e a pensar em Andorra, o pequeno país no alto dos Pirinéus onde nunca fui. Nunca fui, mas estive lá perto. Como sabem, montanhas quer dizer ovelhas, ovelhas querem dizer lã e lã quer dizer tecido. Comprar tecido era a minha profissão e assim lá fui parar, por alturas de 1980, para conhecer a maior fábrica de lanifícios (tecidos de lã cardada) existente em França.
A pouco mais de 100 Kms a norte de Andorra, encontra-se a cidade de Lavelanet que era, nesses tempos, a capital dos tecidos de lã e do fois-gras. Olhem para a imagem abaixo e imaginem Andorra lá ao fundo, nas alturas dos Pirinéus.


Uma curiosidade sobre esta pequena cidade francesa é estar no centro da zona de criação de patos e gansos que dão origem a duas indústrias muito particulares. A dos edredões de penas e a do foie-gras. Isso mesmo, engordar patos até eles caírem para o lado (mortinhos da Silva) e depois depená-los e tirar-lhe o fígado para fabricar o mais famoso paté do mundo. Ir a Lavelanet significa comer paté desde o pequeno almoço até ao jantar, antes, durante e depois das refeições. Uma perfeita loucura, eu passei por isso.


Conhecer todo o processo de produção dos tecidos de lã foi coisa que tive que fazer e que me deu muito gosto. Sempre fui muito curioso, no que respeita ao funcionamento de máquinas, e ver tudo aquilo a funcionar como um relógio suíço, transformando a lã acabada de tosquiar em fio e depois num belo tecido pronto e passado a ferro, deixava-me feliz da vida. Quando se gosta do que faz, trabalhar é um prazer.


A máquina que vêem na imagem acima é a coisa mais estrambólica que me foi dado conhecer nas minhas andanças. Como se vê pela posição das pernas do operário, a máquina desloca-se para trás e para frente, numa distância de cerca de 8 metros, e ele tem que acompanhá-la no seu percurso. Chama-se «Fiacção de Carruagem», a parte mais alta que se vê à esquerda é fixa e o resto é móvel. No movimento que a afasta do cavalete, onde estão penduradas as mechas (fios por torcer), a máquina vai torcendo o fio e no movimento de retorno gira os fusos e vai enrolando o fio entretanto torcido, oito metros em cada vai-e-vem. Um processo lento, mas que fazia o fio mais perfeito do mundo. Agora existe apenas nos museus. Nada escapa à voragem do progresso.

3 comentários:

  1. O post tá repetido... sempre pensei que o foie-gras o fizessem bem mais para o norte, lá para os lados de Estrasburgo. Andorra aqui há uns anos era uma zona franca (?!)

    ResponderEliminar
  2. Um post muito interessante. Gostei.
    um abraço e bom fim de semana

    R: Infelizmente o cunhado vai de mal a pior. O conto estava escrito e ficou programado para sair de dois em dois dias.

    ResponderEliminar
  3. Foi lá que viste «Fiação de Carruagem,
    por lá andaste de passeio a trabalhar
    mirando toda aquela bela paisagem
    agora muito tens para nos poder contar!

    Foram seis golos a zero,
    mas podiam ter sido mais
    do que fizeram ver melhor espero
    que o primeiro grão não tinha sido dos pardais?

    Bom fim de semana,
    com a bola a rolar, sobre a relva
    com a verdade que não engana
    que o melhor não perca!

    ResponderEliminar