sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Vem aí o S. Martinho!

Já lá vai o tempo em que só se comiam castanhas no Outono e as bolotas eram dadas aos porcos. As bolotas de carvalho, mais frequentes no norte que no sul de Portugal, nem aos porcos se davam, ficavam em cima das árvores até secarem e caírem ao chão, dando origem a novas árvores para manter a floresta. Agora tudo mudou e ambas são petisco a ter em conta.


Seja na culinária, em geral, ou na pastelaria, em particular, há montes de receitas de fazer crescer água na boca. Um bom pernil de porco assado no forno com castanhas é o meu preferido. Li em qualquer lado que também o fazem com bolotas, mas ainda não tive o prazer de provar. Tanto a castanha como a bolota, transformadas em farinha, já serviram para fazer pão e matar a fome a muita gente, no tempo da miséria. Hoje, o uso de farinha tanto quanto sei) está ligado apenas ao fabrico de pastelaria.


As vindimas já se acabaram e o vinho novo está a ganhar ponto nos tonéis para se provar no S. Martinho que está a menos de um mês de distância. E não pode haver um bom S. Martinho sem umas castanhas assadas, por isso escolhi, hoje, este tema para alertar os mais distraídos que é tempo de preparar os apetrechos para as assar. Vale a pena investir num fogareiro novo e comprar um saco de carvão para estar a postos para o grande dia. Com as castanhas não vale a pena ter pressa. Quanto mais tarde se comprarem melhor, pois estarão mais secas e mais doces, ou seja, custam menos dinheiro e sabem melhor.


Nas outras regiões de Portugal não sei, mas aqui no Minho todas as casas de lavoura fazem um pipo de água-pé para beber no S. Martinho e enquanto o vinho ganha ponto, pois até passar o Natal não é grande coisa. Quando eu era criança, até na minha casa se fazia isso e não tínhamos uma única videira. Compravam-se umas cestas de uvas, ia-se buscar uma cesta de bagaço (aquilo que sobra das uvas depois de se tirar o vinho) a casa de um lavrador vizinho e ao fim de uma semana lá estava o nosso pipinho de água-pé que durava até ao Natal (e viva o velho)!

2 comentários:

  1. Obrigado pelas informações ligadas ao S. Martinho! Por falar nisso, lembrei-me das "quentes e boas"!...
    Vou até à minha Figueira, pendurar lá uma castanha.

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  2. Acordaste, pensando nas bolotas,
    nas castanhas e também na água-pé
    mas, só depois dos atacadores das botas,
    teres apertado é que te puseste em pé?

    Nem todas as azinheiras,
    tem bolotas doces
    para nada servem as foices
    se não houverem boas sementeiras?

    As bolotas do carvalheiro,
    amargam mais do que o quinino
    mais ainda do que as do sobreiro
    mas, isso são coisas do destino.

    Quando o São Martinho chegar,
    para ele entrar sem demora, abre porta
    carregado, na rua não o deixes lá ficar
    com um barril de água-pé, a qualquer hora
    e um saco de castanhas para assar!

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