Ouvi uma vez dizer que o Benfica á uma espécie de oráculo do nosso país. Se no Benfica tudo vai bem, no país acontece o mesmo! Pelo contrário, se no Benfica a crise se agudiza e as coisas tendem a correr mal, outro tanto se passará no nosso país.
Veio-me este pensamento por causa do comentário feito por um jornalista (ou jornaleiro) qualquer a respeito do debate entre o Almirante e o A.J. Seguro, na SIC, ontem à noite. Disse ele que o Seguro ganhou por 97% contra 3% e se as eleições fossem esta semana o Seguro ganharia na primeira volta. Nunca vi tamanha estupidez, gostaria que o chamassem à pedra, no dia a seguir às eleições, e justificasse o que hoje afirmou.
Eu sei que o almirante afundou um bom bocado, quando se afirmou socialista e ter eleito o Mário Soares como seu modelo de virtudes, mas daí até o reduzir a 3% de chances de ganhar a eleição vai um enorme abismo. Eu, pelo contrário, ponho o Seguro atrás do Almirante, do Marques Mendes e do Ventura, ou seja, não chegará à segunda volta.
Mas aquilo que eu penso tem tanto valor como as sondagens, embora a minha opinião seja livre de qualquer interesse, coisa que não acontece com as sondagens. Quem as encomenda, talvez não quem as faz, procura inclinar o terreno de jogo para o seu lado (como se diz no futebol) para daí colher algum proveito. Eu sou professor universitário e empresário, não vivo à conta dos dinheiros públicos, afirmou o Seguro!
Será que ele queria atingir o Almirante, dizendo-lhe assim nas fuças, que tem vivido à conta do erário público, desde o dia em que entrou para a Escola Naval como cadete da Marinha de Guerra? Eu acredito que sim e, embora eu também não vá à bola com oficiais de muitos galões, alguém terá que preencher os quadros, senão a coisa não funciona. E, está claro que o Estado tem que pagar por isso.
O Estado sempre foi e continuará a ser uma "grande mama". Bem me lembro do meu pai (analfabeto) me dizer a todo o momento, logo que acabei os estudos, o melhor para ti é procurar um emprego no Estado, Finanças, GNR, PSP, Correios ou na CP. Aí é garantido um ordenado ao fim do mês (coisa que o meu pai nunca tinha conhecido), além de dois salários extra por ano, um nas férias e outro no fim do ano.
Quando me alistei na Marinha, o meu pai deve ter respirado de alívio. Pronto, aí está ele a receber por conta do Estado e só espero que seja por toda a vida. Infelizmente, a Guerra Colonial veio estragar tudo, pois uma das coisas que podiam acontecer era eu ser devolvido ao meu pai dentro de um caixão. Talvez por mero acaso e alguns cuidados cá deste rapaz, isso não aconteceu, mas o meu futuro na Marinha acabou no dia em que regressei dessa guerra.
O Seguro nasceu no dia a seguir à minha entrada na Marinha (1962/03/11) e já não soube o que era a Guerra Colonial. Quando chegou a vez dele ir bater tacões, já o Serviço Militar era uma treta. Depois do 25 de Abril, o segredo era livrar-se da tropa que tínhamos a mais (e ainda temos) e não deixar entrar mais ninguém. Para soldados rasos talvez, mas não para os quadros superiores que estavam a rebentar pelas costuras. Depois da guerra foi fácil mandar os soldados para casa, mas não o pessoal que estava nos quadros, sargentos e oficiais.
O Almirante entrou para a Escola Naval e daí em diante foi sustentado pelo Estado Português. O Seguro entrou para a universidade e até ser professor universitário também gastou muitos contos de reis ao mesmo Estado que sustentava o Almirante, só não tinha direito a cama e mesa. Isto quer dizer que não é por aí que se deve medir o valor dos candidatos, outros valores terão que ter no seu currículo que convençam os eleitores a escolhê-los para desempenhar o mais alto cargo da Nação.
Nos tempos do Tio António de Santa Comba, esse cargo era, de certo modo, honorífico, atribuído a alguém que o merecesse, como prémio de uma vida inteira dedicada aos superiores interesses da Nação. Com os meus poucos saberes, eu diria que está neste caso o Almirante Gouveia e Melo, serviu o país uma vida inteira e recebe agora o lugar de presidente como prémio dessa dedicação.
Foi o Mário Soares, sedento de ocupar esse lugar, que iniciou uma campanha contra os presidentes militares, quando o Ramalho Eanes estava no fim do seu mandato. Segundo ele, Portugal não deveria eleger, nunca mais, um presidente militar. E o Povo, ou as fracas instituições políticas, fez-lhe a vontade, depois do general Eanes não houve mais nenhum.
Eu, pelo contrário, acho que não devemos eleger um homem para assumir o Comando Geral das Forças Armadas que não tenha formação militar. Como pode ele comandar os generais dos 3 ramos das forças armadas se nunca soube o que era a vida militar. Se não fosse por outras razões, essa seria suficiente para eu escolher o Almirante como meu candidato preferencial!


Vi o debate e dei zero aos dois mas já não tive pachorra para ouvir os comentadores!
ResponderEliminarBeijos e um bom dia!
Como os dois são socialistas não perdi tempo...
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