quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

A Greve!

 Pensei, seriamente, se deveria ligar o computador e vir aqui espreitar ou, para ser solidário com a causa do trabalhador, fazer greve de braços caídos e deixar o relógio galgar as próximas 24 horas. Optei pela primeira hipótese, pois ninguém me pode condenar por isso e a minha greve não ajudaria de modo algum para mudar as ideias do nosso PM Montenegro.

Aliás, começo a pensar que o homem é um sádico, quanto mais o Povo sofre mais ele nos vem falar com aquele sorrizinho irónico estampado nas fuças. Quanto piores são as notícias mais ele repuxa para cima os cantos da boca para nos mortificar com o seu sorriso. A situação na saúde passa por um momento tão mau que ele não precisa de mais nada para alimentar o seu delírio.

Ontem, um pouco antes da meia noite, estavam as altas esferas da esquerda portuguesa concentradas à entrada da Auto-Europa. As centrais sindicais, os partidos, alguns deputados e mais alguns barbudos com o cachecol do Arafat ao pescoço, todos eles não chegavam a uma centena, incluindo jornalistas, operadores de câmara e outros profissionais que em dia de greve são obrigados a trabalhar duas vezes mais.

Eu não sou adepto de greves, mas percebo que os trabalhadores pressionem os patrões para que melhorem as suas condições de trabalho. Um governo que se preze deveria ser ele a resolver a questão, quando os patrões não partilham com os seus trabalhadores os lucros do seu trabalho, tornando a greve desnecessária. A justiça fiscal começaria por pensar nos trabalhadores, compensando-os devidamente, antes de encher os cofres do estado com o imposto sobre os lucros das empresas.

Um terço dos lucros de qualquer empresa, antes de impostos, deveriam ser pertença dos seus trabalhadores e, obrigatoriamente, distribuídos ao mesmo tempo que o são aos restantes accionistas. Um terço para a empresa se modernizar e reequipar, um terço para os trabalhadores e o último terço para os capitalistas detentores do capital dessa empresa, parece-me uma divisão justa.

Há empresas que quase sem trabalhadores geram lucros astronómicos - o caso mais conhecido é o da EDP - e isso é mais um erro que o governo deveria corrigir já que são as empresas prestadoras de serviços a contribuir para esses lucros, praticando preços miseráveis e espremidos ao máximo por quem domina o mercado sem qualquer controlo. Neste caso não ganha a empresa nem os seus trabalhadores, pois não apresenta lucros no fim do exercício.

Mas essas empresas, tal como acontece com as gigantes americanas de tecnologia, deviam ser chamadas a prestar contas, no fim do ano, e atribuir parte dos lucros a quem as ajudou a criar essa riqueza. Os governos poderiam fazer isso sem grande esforço, pois as contas são feitas com descriminação pormenorizada de todos os gastos, incluindo a recurso a serviço de terceiros. Mas para isso seria necessário que os políticos quisessem, ou seja, que estivessem, verdadeiramente, ao serviço do povo que governam e não de quem lhes enche os bolsos.

Vamos sempre parar ao mesmo buraco, o da corrupção. Político que recebe por fora para fazer a vontade a outros interesses e esquece o povo é um corrupto e disso está o mundo cheio, em Portugal e em todo o lado. Os exemplos que mais nos deviam chocar são os das nossas 3 maiores colónias do passado, Brasil, Angola e Moçambique, pois deixámos ali a nossa marca. Quanto maiores riquezas produzem maior é a miséria do povo.

O Brasil é um caso perdido, a corrupção assentou ali arraiais e não há quem consiga extirpar o cancro daquele país que já é independente, há mais de 200 anos ( faz este ano, exactamente, 200 anos que o processo de separação se completou). Angola que poderia ser o país mais rico de África, devido aos seus recursos naturais, tem o povo a catar o lixo em busca de algo que lhe possa matar a fome. Mas os políticos angolanos vivem que nem nababos não lhes faltando nada. Moçambique que começa agora a ver os lucros do petróleo e gás, vai pelo mesmo caminho, se não fosse a ajuda internacional sucumbiriam à fome e á doença.

Isto tudo para dizer que não havendo um governo honesto a gerir um país, nenhum problema terá solução. E a greve serve apenas para mostrar a esse governo que o povo está descontente com a forma de ser governado. Atenção, senhores governantes, o povo está de olho na vossa forma de actuar e resolver os seus problemas, ou de nada fazer por isso!

Bem, me desculpem por ter furado a greve, mas foi com boa intenção !!!

2 comentários:

  1. Eu devia ter falado que a greve é quase exclusiva dos funcionários públicos, os privados não se podem dar a esse luxo! Acho que toda a gente se apercebe disso!

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  2. Dizes tudo os privados são uma minuria que fazem greve porque não querem perder o valor que recebem e ou até serem despedidos. Já os funcionários públicos por leí não podem ser despedidos !
    Nunca fiz uma greve e dizia sempre deixai-me passar que eu é que preciso deles e seria fácil de despedirem-me!
    Montenegro não pensa nem sabe negociar e não vê que está num caldeirão escaldante assim como alguns ministros tão azelhas.
    Subscrevo tudo o que dizes!
    Beijos e um bom dia!

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