Hoje, pareceu-me ajustado falar no Eça de Queirós e na sua polémica trasladação para o Panteão Nacional. Nem toda a gente concorda com esse acto e eu, de certo modo, concordo com essa gente que achava melhor deixá-lo em Baião, onde foi enterrado, após trasladação de Paris, onde faleceu.
O Panteão Nacional já tem gente a mais, dizia, ontem à noite, num certo programa televisivo, Carlos Magno. E, se calhar, tem razão. Só figuras de altíssimo nível, como Camões, deveriam fazer parte desse restrito grupo. Nem Mário Soares (que foi proposto) nem o Eça (que foi aceite) atingiram um nível suficiente para merecer tal honraria, tal e qual como o futebolista do Benfica, Eusébio!.
Mas o nosso Parlamento aprovou a proposta (não sei de quem) e o presidente Marcelo que é todo destas coisas, alinhou na festa e por estas horas andam com os ossos do escritor em bolandas para acabarem os seu dias no dito Panteão. Isto se, daqui a uns anos, alguém não reverter a ordem e voltar a levá-los para Trás-os-Montes.
Os professores adoptaram o romance «Os Maias» como a obra que seria obrigatório ler para passar no Ensino Secundário e assim subiu em flecha a fama desse nosso escritor. Não digo que ele é melhor ou pior que Júlio Dinis ou Camilo Castelo Branco, pois não tenho conhecimentos para tanto, mas temos muitos outros escritores na História da Literatura Portuguesa que merecem igual referência.
Os que gostam de poesia talvez prefiram a Florbela Espanca. Os mais novos pode ser que prefiram Augustina Bessa Luis e sei que há muitos que se perdem por Machado de Assis ou o Padre António Vieira, dito o Imperador da Língua Portuguesa. E então Fernando Pessoa, em que lugar fica nesta hierarquia? Cada um com as suas preferências, eu fico-me pelo Júlio Dinis que foi o escritor português que mais li.
Ia-me esquecendo de mencionar o mestre Aquilino Ribeiro, o anti-sistema que teve que ir viver para o exterior para não lhe tratarem do sarampo. Dizem que fez parte do grupo que planeou a morte de D. Carlos e o seu filho que lhe sucederia no trono. Contra a vontade de muitos, já neste século, foi proposto para receber honras de Panteão e a sua obra é extensa.
E pronto, tenho o meu trabalho feito por hoje, não cobro nada por isso, pois me serve também a mim para refrescar a memória de coisas que estudei, há mais de 60 anos.
P.S. - com 48 anos de idade, o Eça de Queirós parecia um velho!
125 anos para ser transladado , donc Salazar tera a sua cerimonia em 2095 .
ResponderEliminarA leitura do Eça era sempre um sacrifício. No Panteão bem pertinho da minha antiga Escola Primária já lá estão figuras que a meu ver desprestigiam o lugar.
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