A doença da «Língua Azul» está a atacar os rebanhos de ovelhas, lá para o sul. Os borregos morrem às centenas e, por tabela, a carne desse bichinho que só vem a este mundo para saciar a gula de alguns comilões, entre os quais não me incluo, vai aumentar de preço. Como acabei de afirmar, não sou consumidor habitual dessa carne e devia, por conseguinte, ficar a assobiar para o lado.
Mas quem levantou o problema disse logo que a carne de cabrito aumentaria também, pois os consumidores comprariam esta por lhes faltar aquela. Não devia ser assim tão líquido, mas para quem comentou o assunto parece ser. E eu que me lixe, pois uma perna de cabrito é um luxo que, de vez em quando, permito a mim mesmo. E já não está nada barato, pois desde que começou a guerra na Ucrânia aumentou cerca de 20%. Dizem que é por causa das rações que são fabricadas a partir de cereais que vêm daqueles lados.
E se eu lhes disser que o cabrito é muito melhor se nunca comer rações e se alimentar apenas do que encontra na natureza? Ninguém quer saber disso, querem é aproveitar todas as desculpas para facturar mais uns euritos. Se o cabrito não precisa de rações, precisa o pastor e o dono das cabras e a vida está cada vez mais cara. Culpa do turismo, dizem alguns.
E nós que, à falta de indústria, pensávamos ter descoberto no turismo a galinha dos ovos de ouro, ficámos de cara à banda, pois os turistas vêm cá e só nos complicam a vida. Aparecem em todo o lado, ocupam o nosso espaço e, não tarda que tenhamos de mudar de lugar para ter direito a alguma paz e sossego. Viver nas cidades grandes está muito difícil!
Por favor, salvem os borregos para o cabrito não aumentar de preço no meu talho!
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