Esta é uma velha expressão portuguesa que quer dizer, mais ou menos, isto: vou atrás de ti, vou perseguir-te, vou fazer-te a vida num inferno!
Eu pensei que vivia num país de gente inteligente, mas, pelo que vi ontem, estava redondamente enganado. O governo resolveu "soltar os cães" aos portugueses e as autoridades, a começar pela GNR que tem saudades dos tempos do Tio António de Santa Comba, em que batiam em todos e cada um com o máximo apoio legal, foi a primeira a mostrar o que vale.
A operação stop montada na Ponte Vasco da Gama (em hora de ponta) é o melhor exemplo das cabecinhas que não foram feitas para pensar. Dentro das ordens generalizadas que lhes foram passadas, havia necessidade de seleccionar aquilo que era possível fazer e aquilo que era proibido levar a cabo. E havia horas do dia em que a coisa seria aceitável, mas não à hora que escolheram. Foi uma barraca total, prejudicaram a vida a centenas, ou milhares, de pessoas, fizeram-nas perder horas sem uma razão válida.
A Ponte do Infante, no Porto, foi outro exemplo daquilo que se não pode fazer. No extremo sul da ponte estamos em Gaia, enquanto que no extremo norte estamos nas Fontaínhas, conhecido bairro tripeiro. Fechar a ponte e questionar as pessoas porque andavam de um lado para o outro é de bradar aos céus. Então as pessoas que ali vivem, de um e outro lado do rio Douro, não vivem em função umas das outras? Seja em trabalho, às compras, ou em visitas - por vezes obrigatórias - a familiares, as pessoas atravessam aquela ponte como quem vai da cozinha para a sala de jantar. E então, só a PSP é que não sabe disso? Não tem ninguém no comando que tenha dois neurónios que funcionem como deve ser?
A Rua de S. Brás, cheiinha de casas de um e outro lado, separa os concelhos da Póvoa e Vila do Conde. Ainda vou ver a PSP montar lá uma barreira, deslocar para lá um ou dois carros-patrulha e uma dúzia de polícias para evitar que as pessoas atravessem de um passeio para o outro. Tem lá uma capela que fica no passeio da Vila e um Café que fica no passeio da Póvoa. Estou aqui a magicar como decidirão fazer com os que, amanhã, vão à missa naquela capela. Onde vai? À missa. Onde mora? Na Póvoa. Não pode, volte para casa. E no Café vai ser um filme ao contrário, quem for da Póvoa pode entrar e tomar um café e um bagaço, enquanto que os vileiros vão ficar a chuchar no dedo.
Oh, Costa, diz à polícia que a ideia não era essa! Só pretendias fazer psicologia aplicada! Mas falar em multas de 100 a 500 euros não tem nada a ver com Psicologia, tem mais a ver com os 4.000 milhões de euros que inscreveste no OE para 2021 em "Taxas e Multas" e esse é o objectivo que persegues. Estás a borrifar-te para o vírus e os velhinhos que morrem nos lares, cada um que morre é uma despesa a menos que o Estado tem que cobrir. E a Segurança Social agradece, pois poupa nas reformas e torna-se mais sustentável.
Afinal, soltar os cães tem uma razão de ser. Eu é que sou parvo e ando a dormir na forma!