O belo voar da águia!

 Salvo erro, há um blog com este nome no mundo benfiquista, mas não é do Benfica nem dessa águia que venho aqui falar. Quem passou pelo Lago Niassa, em Moçambique, conhece, como eu conheci, as águias pesqueiras que ali viviam e partilhavam a natureza com o homem que, nesses tempos remotos, não as incomodava muito. Hoje, com um número muito maior de gente a viver à borda de água e a disputar o peixe de que ela se alimenta, talvez haja menos águias do que quando lá cheguei, em 1964.

O voo rasante que elas fazem sobre a água para cravar as suas garras no peixe que depois carregam para o ninho é uma coisa bonita de se ver. Uma vez cravadas as unhas no peixe não há nada que a faça largá-lo. A grande amplitude das suas asas dá-lhe o poder de se elevar nos ares, mesmo quando a carga é mais pesada do que inicialmente pensava. Eu nunca vi uma águia deixar cair o peixe, depois de o ter tirado da água.

Lá de cima, do alto dos embondeiros, ela vigia a água à espera de um sinal que lhe indique a presença de peixe  Mal o avista, mergulha e de garras bem abertas lança-se sobre o peixe que não se apercebe da aproximação do inimigo.

Recentemente, li que tem havido muitas destas águias a poisar no Tejo para se alimentarem e recuperar energias para continuar a sua viagem de ou para a África. Não faço a menor ideia para onde vão as águias do Niassa, se é que vão para algum lado, as que passam por Lisboa devem limitar os seus voos entre o norte da Europa, no pico do verão, e o norte de África quando o tempo arrefece.

Se insistirem na construção do aeroporto no Montijo, lá terão que ir estas majestosas aves procurar outro sítio onde aterrar e apanhar uns peixinhos para se alimentar. As grandes barragens, como o Alqueva, devem servir para o efeito e peixe também devem ter. E o clima alentejano, durante o verão, não fica a dever nada ao Niassa, por vezes faz até mais calor.