terça-feira, 29 de abril de 2025

A emboscada!

 

Os primeiros 6 meses de Marinha foram uma escola para me habituar a viver em comunidade, muito embora eu já tivesse vivido essa realidade, quando internado no Colégio de Cernache. A vida aos 18 anos tem o seu encanto e o embate com o mundo feminino deixa marcas para toda a vida. Os muito namoradores ganham escola, enquanto que os pouco namoradores esbarram com mulheres que os prendem para a vida.

Para mim, os 6 anos e meio de Marinha foram um tempo não às namoradas. Amigas queria muitas namoradas nem tanto, fiquei preso à minha primeira namorada, desde os 16 anos, acabando por caar com ela, logo que abandonei a Marinha e o tempo das amigas (coloridas).

Assim como os dois primeiros anos, em Moçambique, que passámos num marasmo autêntico à espera que começasse o "tal" terrorismo de que tanto ouvíramos falar e que nunca mais acontecia. Íamos sabendo do que se passava em Angola e esperávamos que não fosse nada que nos pudesse meter medo, quando chegasse a nossa vez de entrar em combate. A nossa juventude e a ânsia pela aventura não davam lugar ao medo. Algum receio sim, mas medo não.

Em teoria, faltava apenas um mês para regressarmos à Metrópole e retornarmos ao ambiente escolar na Escola de Fuzileiros, quando a FRELIMO resolveu abrir as hostilidades contra Portugal reclamando a independência de Moçambique. O Salazar não esteve pelos ajustes, só porque sim, e mandou-nos enfrentar o inimigo e mandar bala para cima dele.

Assim eu passei de um candidato a um regresso próximo a um combatente da Guerra Colonial que para mim começou nesse longínquo dia de 26 de Setembro de 1964, dia em que me meteram num Nord Atlas da PAP e me mandaram para o norte de Moçambique para enfrentar o inimigo e metê-lo na ordem. A maneira mais segura era meter-lhe uma bala no corpo  e enterrá-lo no cemitério para que não voltasse a chatear, mas nunca estive em posição de o poder fazer.

Acabou o ano de 1964 sem ouvir um tiro, aqueles 3 meses do final do ano foram umas autênticas férias. No início de Janeiro do ano seguinte caiu-nos a bronca em cima. A PI DE tinha uma informação que haveria uma entrega de armas à Frelimo numa aldeia Nyanja perto da fronteira do Tanganika (ainda se chamava assim nessa altura) e foi enviada uma secção de combate da CF2 (9 homens armados com uma simples G3 e dois carregadores de munições) para estragar o negócio à Frelimo.

Um agente da PIDE e um Cipaio do Posto Administrativo acompanhavam a nossa força para mais terde reportarem o acontecido e ganhar uma medalha se a coisa corresse bem. Eu fazia parte dessa força, mas não tinha qualquer responsabilidade na sua condução. E caímos numa emboscada que nos podia ter custado a vida a todos, uns autênticos anjinhos que nos aproximamos da costa do lago Niassa a bordo de uma lancha de fiscalização cujos motores faziam um barulho infernal na quietude da natureza.

O inimigo emboscou-se, calmamente, entre as rochas da margem do lago e esperou por nós de armar apontadas e dedo no gatilho. Quando o tiroteio começou, ouvia-se claramente o matraquear de duas metralhadoras pesadas e o som mais franzino das AK47 que os turras empunhavam. Por um verdadeiro milagre não atingiram ninguém, durante o desembarque, e quando recebemos ordem de reembarcar só o Cipaio foi atingido por duas balas certeiras, enquanto trepava para bordo da lancha.

Eu esperava pela ordem de circundar o inimigo e apanhá-lo pelas costas, ou pô-lo a correr dali para fora, e já ia com os meus 3 acompanhantes a correr monte acima. O rádio que levava comigo a tiracolo nunca piou e, às tantas, ouvi o oficial que comandava a operação a gritar-me para regressar a bordo. Foi o que fiz e já com todos a bordo a fazer uma barreira de fogo de protecção, nós os 4 embarcámos sem qualquer problema.

E termino esta publicação de hoje com uma menção especial aos 3 camaradas que comigo completavam a segunda esquadra daquela secção de combate e que eu comandava por ser o mais antigo. O Mário que comigo faz parte dos que estão vivos, quase morreu afogado no malagueiro do rio Coina, durante a recruta e agarrou-se a mim com unhas e dentes para não ir ao fundo. Os outros dois, já falecidos, foram ambos alunos da fragata D. Fernando e Glória, fundeada no Tejo e nadavam como peixes. Foram eles que nos vieram ajudar e arrastar para a praia nadando contra a corrente da maré que vazava.

Nós os 4 formámos um grupo de grandes amigos e andámos sempre juntos enquanto durou a Marinha. Depois da comissão da CF2 e do Curso de 1º Grau, começou a nossa separação. Eu regressei a Moçambique com o Valter na CF8, o Floriano seguiu para a Guiné na CF9 e o Mário optou por abandonar a Marinha. Pouco tempo depois chegou a Lourenço Marques, como civil, à procura de emprego. Não cheguei a encontrar-me com ele, pois estava deslocado no norte da província.

 O Floriano foi o único que seguiu a carreira militar e chegou a oficial, faleceu à cerca de 2 anos na sua Quarteira natal. O Valter ficou em Moçambique, como civil, quando acabou a comissão da CF8. Regressou a Portugal, depois da independência de Moçambique, e ficou a viver em Sines, sua terra natal e lá faleceu, vítima de cancro no cólon, há cerca de 4 anos. O Mário e eu continuamos na luta para ver quem é o último resistente! 

Floriano, Valter, Eu e o Mário
(da esquerda para a direita)

segunda-feira, 28 de abril de 2025

 

Edifício do Comando do nosso aquartelamento

Numa atribulada viagem de avião que demorou 18 dias a levar-nos ao Aquartelamento da Machava - foram precisas 4 viagens para levar um pelotão de cada vez com as suas armas e bagagens, eu segui na 3ª leva que partiu do aeroporto de Figo Maduro em 2 de Novembro - com paragem em Bissau, em Luanda, na Beira e finalmente Lourenço Marques, a cidade das acácias.

Em Luanda, fomos forçados a esperar 17 dias para que o avião fosse reparado que aquilo era um cangalho velho dos tempos da II Grande Guerra fartava-se de tossir e espirrar em cada viagem. Uma peça para o motor que demorou a chegar e nós armados em turistas na Base Naval (Ilha da Floresta) em regime de cama e mesa farta. Talvez pudesse jurar que foram as melhores duas semanas de todo o meu tempo de Marinha.

Já era noite quando partimos da Beira e muito mais escuro quando aterrámos no aeroporto de Lourenço Marques, pelo que não vimos nada da cidade que pensávamos ser o nosso destino. Subimos a Av. de Angola, até ao Alto Maé, virámos à direita para a Av. do Trabalho e seguimos por ali fora até à Missão de S. José, onde virámos outra vez à direita, a caminho do Jardim Zoológico, onde virámos à esquerda e seguimos por uma estrada estreitinha até ao desvio que nos levou até ao portão do aquartelamento que fora construido a propósito para nos receber.

Nós fomos a primeira força apeada da Marinha, em terras moçambicanas e para nos acomodar foi construído um apêndice à já existente Estação Radionaval da Machava que tinha uma guarnição de 20 a 30 homens, a maioria telegrafistas. A nossa Companhia veio acrescentar 150 homens a essa pequena força com a missão de guardar as instalações e protegê-las de um inimigo que estava a acordar.

Só 20 meses mais tarde se ouviram os primeiros tiros dados pelos mal treinados turras da Frelimo. E nessa ocasião meteram-me num avião da FAP e recambiaram-me para o Niassa para dar protecção ao Posto de Rádio que ali funcionava. Esse posto de rádio era uma coisa mais antiga, mas no ano de 1963 a Marinha decidiu construir a Base Naval de Metangula já com condições para acomodar uma força considerável. E também deslocar para ali uma Lancha de Fiscalização Pequena (LFP), além de uma baleeira para apoio do pessoal de terra.

Foi contra essa lancha que foram disparadas as primeiras rajadas da Frelimo, mas não havia ninguém a bordo, pois a tripulação, uma vez a lancha acostada ao cais, subia a ladeira que os levava às suas instalações, onde ainda dormiam quando soaram os tiros. Os telegrafistas entraram logo de prontidão para comunicar com o Comando naval da capital e dar parte do ocorrido. No dia seguinte, à noitinha, já lá estávamos nós de armas na mão para o que desse e viesse.

A Castor no plano inclinado

domingo, 27 de abril de 2025

Ainda e sempre os fuzileiros!

 


Os próximos dias serão dedicados à minha vida de fuzileiro. Deixei-me convencer, por um grupo de amigos mais chegados, a organizar um almoço-convívio que será realizado em Fátima no próximo sábado.

Entrar em contacto com os interessados, alguns precisam de um ligeiro empurrão para sair de casa, contactar os restaurantes para escolher um que sirva bem sem explorar, escolher a ementa, etc., tudo tem que ser feito com a maior atenção para que o dia seja uma festa e não uma fonte de preocupação.

Vão estar presentes alguns camaradas com quem convivi os 6 anos e meio da minha passagem pela Marinha, vão estar outros com quem convivi cerca de 3 anos e ainda um que nunca mis vi, desde o dia em segui viagem para o Corpo de Marinheiros, em Outubro de 1962, para ser armado e enviado para Moçambique.

Esse, em particular, tinha apenas 17 anos e andava todo entusiasmado no Curso de Fuzileiros Especiais que terminou por volta do Natal desse mesmo ano e poucos dias depois foi enviado para Angola. Repetiu a comissão em Angola e foi ainda até Moçambique fazer mais uma comissão. Saiu com mais de 9 anos de serviço e as divisas de cabo nos ombros. Daí em diante foi emigração até ao dia em que se reformou e voltou ao seu Algarve do coração.

Um outro, meu camarada de recruta no mesmo pelotão - cria-se um laço muito especial entre os camaradas do pelotão e, quase sempre, uma amizade que fica para a vida - juntou-se a nós, em Moçambique, cerca de um ano mais tarde, regressou a Lisboa e fez comigo o Curso de 1º Grau que terminou em Outubro de 1965. No fim desse curso, eu regressei a Moçambique para continuar a guerra e ele optou pela vida civil. Foi bancário desde então até ao dia da sua reforma, já perto dos 70 anos.

E vários outros, cada um com a sua história, vamos juntar-nos em Fátima e o mais provável é que seja a última vez que nos vamos ver. A maior parte deles já fizeram 84 anos e daqui em diante o caminho é cada vez mais estreito. Foi por isso que aceitei o encargo, como uma espécie de despedida colectiva e espero que tudo corra pelo melhor!

sábado, 26 de abril de 2025

Todos em Roma!

 Não há um único bicho-careta (daqueles que vivem por conta de quem ganha algo com a publicidade destes acontecimentos) que não tenha aproveitado a morte do Papa Francisco para ir até Roma turistar, ou pelo menos comer um almoço melhorado, depois de enterrado o Papa Francisco. Há caras e caretas que estou habituado a ver no pequeno ecran e hoje andam de micro na mão, nas ruas de Roma, a falar com todos e de todos sobre assuntos que não lhes dizem respeito e a mim pouco interessam.

Até a Fátima Campos Ferreira parece uma enviada especial da Casa Real Portuguesa e fala dessas coisas da igreja como se tivesse sido ungida para esse fim. Jornalistas e comentadores a importunarem qualquer um, seja o Trump, o Macron ou o Zelensky, com perguntas que poderiam deixar para altura mais propícia, mas talvez nunca mais lhes ponham a vista em cima. É aproveitar agora que a sorte não passa duas vezes à tua porta.

Já comemos uma semana inteirinha de directos e indirectos sobre a morte e a vida do Papa Francisco, mas adivinho que o assunto ainda dará para mais uma semanita. Foram à Argentina, ao bairro onde ele nasceu, falaram com gente que o conheceu bem, do seu amor ao clube de futebol do seu bairro e até me mostraram a camisola do Benfica que o Rui Costa foi a Itália oferecer-lhe. E muitas coisas mais que eu adivinho, mas não vi, pois a maioria das vezes mudei a TV para um canal internacional em que eles não têm entrada.

Se eles pudessem dar um saltinho à outra dimensão, aquela em vive agora o Ex-Papa Francisco, e filmar o que por lá se passa, isso é que seria de arromba! Toda a gente gostaria de ver o sítio para onde será obrigado a ir, mais tarde ou mais cedo, e preparar-se para essa viagem. Aliás, não deve haver lugar no mundo que desperte tanta curiosidade como esse e bem que gostaríamos de ver essa reportagem.

Mas ninguém sabe o caminho para lá. Com a concentração de padralhada que há em Roma e até a razão por que levou Cristo a enviar para ali o seu apóstolo Pedro, a entrada deve ser ali por perto, mas seja onde for tem de certeza um sinal de trânsito na entrada que nós bem conhecemos. Sentido proibido, área reservada ao pessoal da casa. Para lá entrar só dando um tiro nos miolos, mas depois não poderia regressar ao mundo dos vivos para nos contar como é aquilo por lá.

 A esta hora, já devem estar a enfiar o caixão no buraco que foi para isso, previamente, preparado, mas não posso garantir, pois nem liguei a televisão para não ter mais uma razão de crítica. De qualquer modo, é como um jogo de paciência, eu sei que mal ligue a televisão eles me mostrarão tudo timtim por timtim e até muito mais do que eu gostaria de ver. Como vejo muitas vezes a CNN e vi por lá, na Praça de S. Pedro, a Rita Rodrigues, vai ser ela a contar-me tudo.

O presidente da Ucrânia já fez saber aos seus amigos europeus (e que amigos que eles são) que não tem munições para reconquistar a Crimeia aos russos que a ocupam desde 2014, mas nenhum deles deu um passo em frente e prometeu ajudar. Devem estar a pensar naquilo que disse o falecido Papa: não gastem o vosso dinheiro em armas, dai antes de comer aos desgraçados que há por esse mundo fora.

O Putin deve ter ouvido o recado como eu ouvi e, por dentro, deve estar feliz da vida, pois ele também sofre da penúria de homens e munições para se meter naquela guerra. O nosso conhecido amigo Trump diz que vai falar com Putin, mas limita-se a falar com Zelensky para lhe dizer que tem que fazer concessões se quer ver o fim da guerra. Eu gostava era de ver os franceses, ingleses e alemães darem uma de forte e obrigaram o urso da Sibéria a voltar ao seu covil.

Mas isto é como o Big Brother da TVI (só um pouco mais a sério, pois envolve mortos e estropiados), todos fazem o seu jogo, todos os dias há risos e lágrimas, mas no fim só um pode ganhar!

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Pensamento vadio!

 Estava aqui a olhar para a foto de capa deste blog e veio-me à lembrança o livro que tornou famoso o Adolfo Rocha, mais conhecido pelo pseudónimo de Miguel Torga, os Contos da Montanha. Contos simples de gente simples, como ainda hoje vive naquele recanto transmontano.

Nunca tinha ido a Galafura, onde há um miradouro, como não há outro no mundo. E sabem porquê? Porque de lá de cima se mira mesmo o Douro, esse rio que é nosso e não corre em mais nenhum canto da Terra. Marcaram para esse local um almoço de confraternização para todos os estudantes que passaram por Cernache, o colégio dos Jesuítas onde vivi como aluno interno, durante 4 anos.

Foi nesse miradouro que o Torga se sentou muitas vezes deixando os olhos vaguear sobre as montanhas e o rio que vem serpenteando de Espanha a caminho da Foz, onde se junta ao oceano Atlântico. E dessa visão, para além da convivência com os seus conterrâneos, nasceu a inspiração que o fez escrever esse livro que mal viu a luz do dia foi apreendido pela PIDE que o trazia debaixo de olho.

Pareceu-me bem lembrar este episódio, na data em que se comemora (também) o fim dessa polícia política de tão más memórias. Teimoso como era o nosso escritor, voltou a publicá-lo no Brasil e fez com que circulasse clandestinamente, durante o "reinado" de Salazar. E logo que o Marcelo Caetano tomou conta da cadeira do poder, em 1968, voltou a publicá-lo, em Portugal. 

É feriado, não há aulas!

 Para os mais jovens tem pouco significado este dia. Não se trabalha, não há aulas, se vier um solzinho até dá para ir até à praia! Bora, gozar a vida que ela é curta e cheia de dissabores!

Liberdade ou a rebaldaria em que vivemos hoje é muito mais fácil de aceitar do que a vida antiga do tempo em que eu nasci. Na escola onde frequentei a Primeira Classe, na freguesia vizinha daquela onde nasci, havia uma fotografia do Salazar e outra do Marechal Carmona. Eu tinha apenas 6 anos e meio de idade, mas tinha que me levantar cedo para ter tempo de percorrer os cerca de 3 Kms, através de um pinheiral que separava as duas freguesias.

No ano seguinte, mudei para a escola da minha aldeia e reparei que por cima do quadro preto, ao lado do Salazar, aparecia uma foto diferente, a do General Craveiro Lopes. Tinha havido eleições e ele fora o escolhido para ocupar o lugar de Carmona, mas isso a mim não me aquecia nem arrefecia. E as ditas eleições foram cozinhadas em Lisboa, entre um grupo de amigos. Sim, porque nesse longínquo ano de 1951 já era o Salazar a dar as cartas e só entrava no jogo quem ele queria.

Agora é tudo diferente, ainda ontem estive a assistir ao debate televisivo, entre Montenegro e Ventura e aquilo foi um circo com dois palhaços de muito baixo nível. Um dizem que é corrupto, o outro que quer acabar com a corrupção. A mim parecem-me dois rapazes muito mal educados que pensam ter a liberdade de dizer o que lhes vem à cabeça sem respeito por nada nem por ninguém.

A Liberdade conquistada no 25 de Abril não é bem aquilo a que assisti, ontem, na SIC, mas aceito-a, pois mais vale este exagero do que a mordaça que éramos obrigados a usar nos tempos dessa outra senhora que infernizou a vida a muita gente. Eu até nem me posso queixar muito, tinha 26 anos de idade, quando o Salazar morreu, tinha cumprido o meu dever militar e levava uma vida de emigrante na Alemanha. A PIDE não me dizia grande coisa.

Como não me meto em políticas, pouca diferença noto nas 3 etapas da vida que vivi. A primeira como estudante nem fazia ideia o que era a política, vivia total e completamente arredado dessa realidade. A segunda, até ao 25 de Abril, aguentei como pude, fiz a tropa e fui para a guerra durante 5 anos e mais uns pozinhos, saí, casei-me, arranjei um emprego e comecei a adaptar-me a uma nova vida, como civil e pai de família.

A terceira etapa e que ainda vai durando começou no 25 de Abril e tem-me mostrado o que é fazer, ou tentar fazer política. Muitos maus políticos e outros tantos arrivistas tem-me provado que não é fácil ser um bom político e em Portugal, onde falta tudo e a corrupção teima em alastrar mais difícil se torna ainda. Tenho visto e testemunhado muito disso, nos últimos anos.

E se me perguntarem se estamos melhor que antes da Revolução dos Cravos, eu terei que responder que depende. Em alguns aspectos estamos melhor, noutros estamos pior! Há liberdade a mais e isso gera uma bandalheira que não é aceitável.

50 e mais 1 comemoramos neste ano de 2025

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Para cantar à meia noite!

 Alentejana linda morena
goza a tua mocidade
o povo quer-te à perna
e isso não é novidade!

Goza a tua mocidade
o povo quer-te à perna
e isso não é novidade
alentejana linda morena!

Em cada canto um amigo
em cada rosto felicidade
alentejana linda morena
aproveita a mocidade!

Nada disso é novidade
o povo quer-te à perna
em ti vejo felicidade
alentejana linda morena!

Debaixo de uma parreira
esquecerei a tua idade
amar-te-ei a vida inteira
será a minha felicidade!

Alentejana, a tua vontade
será sempre a minha lei
não importa a tua idade
para sempre te amarei!

Composição do Carlos Tintinaine
Música do nosso Zeca Afonso

Para cantar, logo à noite, e recordar os 51 anos que já se passaram e nós sem termos chegado onde queríamos. Aliás, não é de admirar, o homem é um animal eternamente insatisfeito. Se tivéssemos virado mais à direita queixar-se-iam os indefectíveis de Marx, Lenine e Trotzky, ao contrário, se virássemos mais à esquerda teríamos a vida infernizada pelos fantasmas de Salazar e Spínola.

Somos livres de cantar a música que vos proponho ou o Hino da Mocidade Portuguesa, a escolha é vossa e a liberdade para o fazer garanto-vos eu. Com um cravo vermelho enfiado no cano, eu empunharei a G3 e irei até onde for necessário para vos garantir o hoje e o amanhã na mais completa e absoluta liberdade.

Sigam em frente sem medo que connosco ninguém se mete. O Viriato e o Sertório deixaram-nos a sua coragem em herança e nós nunca os deixaremos ficar mal!

Se não for com uma G3 será com uma FN
a actual arma dos fuzileiros

quarta-feira, 23 de abril de 2025

The Trump World!

 Não chegarão a zero, mas as tarifas chineses vão descer significativamente!

Isto afirmou o homem que dirige os destinos do mais poderoso país do mundo. Não sei se o considere um bom estratega que segue por caminhos sinuosos mas atinge sempre o seu destino, ou um louco narcisista que todos os dias de manhã olha para o espelho e diz: -You are the man!

Estou a acompanhar a pré-abertura da Bolsa de Nova Iorque e não há coisa que não suba! Desde os índices até às acções mais conhecidas, passando pelas matérias primas até aos títulos da dívida está tudo "muito verde". Até os índices de crescimento apontam para uma subida crescente, ao contrário da União Europeia que está congelada e com tendência para piorar.

Na verdade só depois do Trump começar a Atrumpalhar as coisas é que eu vi os meus ganhos aumentarem. Eu contava com um ganho médio de 500€/mês, até fim de Março, e só em Abril já ganhei 1.500€. Isto no mercado accionista, pois nos Fundos de Investimento, onde são outros a tomar as decisões, a pancada foi forte e pode demorar mais de um ano a corrigir.

Quanto à Rússia e Ucrânia ele parece desejar um pacto de não agressão com a Rússia, de modo a não prejudicar os seus negócios. O Putin terá os seus lucros, ele outro tanto e a Nato e a UE que se lixem que não é problema dele. A mim parece-me que nos próximos anos o foco das coisas passará para o Oceano Pacífico com a China de um lado e os Estados Unidos em frente, fazendo de tudo para manter ou, se possível, aumentar a sua influência.

Até o Alasca ganhará importância, pois é o estado americano mais próximo de Moscovo, faz fronteira com a Rússia e pode ser palco de muita coisa interessante, no futuro!

terça-feira, 22 de abril de 2025

Serviço de TV rasca!

 Desde ontem, às 07.45 horas que não dá mais nada senão o Papa em todos os canais televisivos. Nem só nos portugueses, também nos outros por esse mundo fora. Safam-se os canais de desporto, em que ninguém tem a coragem de mexer, mas ainda assim vamos levar com um minuto de silêncio no início de todos os jogos, durante toda a semana. E o mais provável é que isto continue por mais alguns dias com as imagens do funeral.

Quem morre vira santo, já estou habituado a isso, mas de pouco adianta dar graxa ao morto, já que ele não terá mais qualquer influência nas grandes decisões que o mundo precisa e tem que tomar. Acabar com as guerras foi um pedido feito por este Papa a todos os líderes mundiais, mas o negócio das armas é uma fonte de receita para muitos países e nenhum quer prescindir dessa massaroca.

É engraçado ter sido o vice-presidente dos Estados Unidos o último a ser recebido pelo Papa e tenho a certeza que ele lhe reiterou o pedido. Veremos o que ele vai transmitir ao seu chefe, o polémico Trump, e o que fará esse com a mensagem (última) do Papa. Varrê-la para debaixo do tapete será o mais provável, pois ele não é dos que faz marcha-atrás nos planos que encasquetou na sua loira cabeça.

Vi os chefes de outras igrejas dirigirem-se ao Papa com respeito, ortodoxos, muçulmanos, budistas e hindús, para além do próprio Putin que se julga igual a Deus e não liga pevide ao que dizem e fazem diferente dele. Em última análise despeja-lhe uma bomba atómica em cima da casa se não gostar das suas atitudes. Aquilo é «Deus no céu e Putin na terra»!

Mas escusavam de dedicar 24 horas por dia a bombardear-nos com essas histórias, pois tivemos 12 anos completos, e uns dias mais, para conhecer o carácter do falecido Papa Francisco!

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Non habemmus papam!



Fez, ontem, um último esforço para estar junto dos fiéis e ... apagou-se! Quando nasci era o PioXII que governava o Vaticano, de lá para cá muitos passaram por aquela cátedra, uns melhores ou piores que os outros, mas quase todos velhos, caquéticos, a cair aos pedaços. Porque será que não impõem um limite de idade para o desempenho do cargo? A mim isso não incomoda nada e 70 anos parece-me uma boa marca limite para concorrer ao lugar.

Há muitas viagens a fazer, há católicos nos 4 cantos do mundo e todos reclamam a presença do Papa para os motivar a seguir uma religião que classifica como pecado tudo aquilo que é bom e, por conseguinte, os obriga a uma vida de privações. Sexo não que é pecado, comer e beber ficam na lista das proibições com o carimbo de gula. Aguentar todo o tipo de sacrifícios e privações e, no fim, dizer «seja pelas alminhas do purgatório».

Passar uma vida de sacrifícios e sempre a bater com a mão no peito e dizer «mea culpa, mea culpa», passar a vida a correr para a igreja, confessar, comungar, à espera de uma vida eterna cheia de mordomias que o dogma católico promete. Não há muita gente que compreenda isso, preferem encolher os ombros e deitar a culpa nos pais que os baptisaram e introduziram nesse caminho sem regresso.

Com 5 mil milhões de chineses e indianos que são, maioritariamente, budistas ou hindús, e mais uns milhões de muçulmanos espalhados desde o Próximo ao Extremo Oriente, quem sobra para aclamar um novo Papa? Italianos, espanhóis, portugueses e brasileiros são pouco mais de 300 milhões e no continente americano ainda há muita gente que prefere o totem sagrado à cruz de Cristo. Os ortodoxos escolheram ter outro Papa, os franceses ainda não esqueceram o Papa de Avinhão, assim como os ingleses seguem ainda as regras estabelecidas por Henrique VIII.

Acresce ainda que metade dos católicos se dizem não praticantes (como eu) para ficarem isentos dos deveres estabelecidos pelos 10 Mandamentos e pelos 5 Preceitos da Santa Madre Igreja. Ou seja, são cada vez menos as ovelhas do rebanho do sucessor de S. Pedro, mas, como todos poderão verificar nos próximos dias, os olhos do mundo e todas as cadeias televisivas não vão mostrar nem falar de outra coisa, para lá do Conclave dos cardeais e da eleição de um deles para ocupara a cadeira que ficou vaga.

Em breve saberemos quem será ele e que nome escolherá para ficar na História da Igreja Católica Apostólica Romana, depois do Francisco, do Bento e do João Paulo II.

sábado, 19 de abril de 2025

A "PDI"!

 



A PDI é a doença dos velhotes. Quando um órgão começa a falhar, ou vários já falham, há algum tempo, não é doença que valha a pena considerar. Não vale a pena ocupar os médicos e as urgências dos hospitais por causa disso. Uma causa menor, diria eu, pois tal como um motor velho fica cheio de folgas e não alcança a pressão necessária para fazer o automóvel andar, também no corpo humano acontece a mesma coisa.

Cai o cabelo e também os dentes, faltam as forças e dobra a coluna, rangem as articulações com falta de colagénio - descai a bunda e as mamocas, acrescentaria um brasileiro - nada mais funciona como era hábito na juventude. Nada de estranho, é assim mesmo, é a PDI.

Quando eu era um rapaz novo, lembro-me de ver pessoas a morrer entre os 60 e os 70 e ninguém achava estranho. Era assim mesmo que se entendia o mundo, trabalhar até aos 65, gozar a reforma durante 5 anos e depois partir para dar lugar aos mais jovens e não ficar por cá, eternamente, a sobrecarregar as contas da Segurança Social que já não aguenta com tantos velhotes que teimam em chegar aos 90 e, se possível, almejar ser centenários.

Mas, não há quem se canse deste mundo? Ser jovem e saudável é uma alegria, ser velho e doente é a maior tristeza que se possa imaginar!

Ontem, ia começar a descer os 10 degraus que me levam da casa ao quintal, de repente deu-me uma espécie de cãibra num joelho e por pouco não caí pelas escadas abaixo. Hoje, aconteceu o mesmo, quando ia a entrar na casa de banho e se não me agarro tão depressa à ombreira da porta ia aterrar de cabeça contra a sanita.

Maldita PDI !!!

quinta-feira, 17 de abril de 2025

A cidade das bicicletas!

 Só fui uma vez a Amsterdão! Há muitos anos atrás! No tempo em que a bicicleta (por lá assim como por cá) era mais usada que o automóvel!

No ano de 1971, depois de uma curta experiência na emigração, entrei num multinacional fábrica de confecções que empregava cerca de 300 pessoas, a maioria mulheres. E essas mulheres, pelo menos as que moravam a mais de 1 Km da fábrica, apareciam montadas numa bicicleta, tal e qual como as holandesas de Amsterdão que eu vi a pedalar pelas ruas que ladeiam s canais de Amsterdão, quando lá fui numa excursão turística organizada pelos vidreiros da Marinha Grande que se tinham juntado todos na cidade, onde eu morava e em que existia uma das maiores fábricas de vidro da República Federal da Alemanha.

Nessa empresa a que me juntei, havia apenas 4 automóveis. O primeiro e mais valioso era o do diretor geral, o segundo pertencia ao director comercial, o terceiro ao nosso contabilista e o quarto ao chefe dos mecânicos. Isto sem falar numa velha carrinha Morris que servia para o dia-a-dia do nosso armazém. Nos anos seguintes, a coisa começou a mexer e ao chegar ao 25 de Abril já entravam pelo portão adentro mais de uma dúzia de carros, incluindo o meu, um humilde Fiat 850 Sport que não durou mais de um ano nas minhas mãos.

As bicicletas foram rapidamente substituídas por motoretas e levavam e traziam as raparigas (costureiras) para o trabalho muito mais rápido que as bicicletas em que era preciso pedalar com vontade, senão não saíam do sítio. Muitas delas vinham de uma aldeia que ficava a cerca de 5 Kms, num ponto bastante elevado, de manhã era uma alegria, sempre a descer, mas à noite, quando voltavam a casa era sempre a subir e não havia pernas que aguentassem. Era comum vê-las subir aquela infindável rampa a pé e empurrando a bicicleta que, no dia seguinte, as voltaria a carregar para o trabalho quase sem necessidade de pedalar.

 Mas, voltando a Amsterdão que foi a razão que aqui me trouxe, a coisa que mais me espantou, a mim e tosos os outros operários a trabalhar na cidade alemã onde eu também morava, foi a catrefada de bicicletas encostadas às paredes de todas as ruas por onde andei. Umas já avariadas, sem pedais, rodas ou pneus, mas muitas delas funcionando de modo a servirem para o efeito que lhe dera origem. Cada um deitava a mão à que estivesse mais a jeito, pedalava até ao destino, encostava a "burra" à parede e ali a deixava, à espera que outro cliente lhe desse um novo destino.

Elas não pertenciam a ninguém, mas serviam a todos de igual modo. Era um tempo em que havia muitos hippies a viver em velhos batelões, nos canais da cidade, e se deslocavam sempre de bicicleta. Segundo me contaram, eles saíam numa e regressavam noutra, presumo que em melhor estado, e não era raro pegarem em duas avariadas e delas fazerem uma em bom estado para lhes servir de meio de transporte nas suas deslocações.

E porque raio me fui eu lembrar disto, perguntarão vocês? A resposta é meio complexa e tem a ver com o Trump, esse cromo que está a deixar meio mundo maluco. Já aqui tenho dito que tenho as minhas poupanças espalhadas por aí a ver se rendem um pouco mais que nos nossos bancos que ganham milhões, mas não me dão nada desses ganhos. Comecei na Bolsa de Lisboa, depois mudei-me para Amsterdão e Paris, apostei forte em Madrid e até dei um salto a Milão ver se as coisas me sorriam para lá dos Alpes.

Mais acomodado a Paris e Madrid, abandonei por completo o mercado dos Países Baixos (agora é proibido dizer Holanda). E aí aparece o Trump a pôr tudo em alvoroço. A Bolsa de Nova Iorque deu um trambolhão que só visto e as outras abanaram como se mergulhadas num grande vendaval. Eu, como muitos outros, vi a minha "carteira" encolher e nem quero pensar no mercado dos Fundos de Investimento que são geridos por terceiros e nem sempre da melhor maneira. Cerca de 50% das minas economias estão aí e o mais provável é que demorem mais de um ano (se correr bem) a recuperar das perdas.

Ontem despedi-me de Paris e cortei para metade os meus interesses em Madrid. E, como nesta coisa dos investimentos em Bolsa, não posso ficar parado, voltei para a terra das bicicletas e dos charros fumados em qualquer boteco, sem objecção da "bófia",  Amsterdão, onde espero recuperar alguns euros dos que perdi. Mas nem tudo são perdas, na semana passada, por causa dos altos e baixos provocados pelo Trump, amealhei cerca de dois mil euros de ganhos!


quarta-feira, 16 de abril de 2025

Lamento!

 


Se eu fosse rei por um dia teria tempo suficiente para elaborar uma lei que pusesse cobro a este problema do preço exorbitante das casas e, por consequência, dos arrendamentos. Qualquer coisa assim do género:

1) Banco que empreste dinheiro para comprar casa que obrigue o cliente a pagar mais de 20% do seu rendimento colectável (conferido pela declaração de rendimentos do ano anterior) ficará obrigado a entregar ao Estado uma quantia igual ao excedente.

2) Casa comprada como primeira habitação de pessoa ou casal que viva de um salário abaixo do médio nacional ficará isento de todo e qualquer imposto que decorra da compra e registo desse "bem de primeira necessidade".

3) Qualquer cidadão ou empresa estrangeira que compre casa em Portugal pagará à Tesouraria da Fazenda pública um valor correspondente à diferença de preço entre o valor matricial do prédio e o preço final da compra, incluindo todo e qualquer encargo relacionado com a aquisição.

4) A particulares ou empresas que adquiram prédios para arrendamento aplicar-se-á o estipulado no ponto 3.

5) Para que tudo isto funcione segundo o espírito da lei devem as Finanças estabelecer e fiscalizar com o maior rigor o valor matricial atribuído a cada prédio urbano e que nunca poderá ultrapassar os referidos 20% do rendimento, referido no ponto 1, como se o prédio tivesse sido comprado com recurso ao crédito bancário.

6) As correctoras imobiliárias devem ser sujeitas a uma vigilância apertada pelo lado das Finanças e sempre que seja provado terem agido de forma a inflacionar os preços dos bens transacionados, devem ficar sujeitas a um imposto correspondente ao lucro excessivo de cada negócio.

7) O Orçamento de Estado de cada ano civil aprovado no Parlamento deve, obrigatoriamente, qualquer medida correctiva que se ache necessária para travar o regresso à especulação. 

Escrito e promulgado por El-Rei D. Manuel III
A Bem da Nação Portuguesa
Data - 2025-04-16 

terça-feira, 15 de abril de 2025

Putin, Trump e os outros!

 Putin faz o que quer e sobra-lhe tempo! Trump faz muita asneira, mas como nada em dinheiro tem sempre desculpa! Os outros continuam como sempre a ser uns bananas! Onde fica a grande Alemanha, a invencível Inglaterra ou a popular França? Está tudo encolhido a esconder-se atrás da Sr.ª Von der Leyen a ver se escapam sem ter que "ir ao quadro". Ser chamado ao quadro e mostrar o que cada um é capaz deixa a descoberto a miséria de muita gente. O presidente da Hungria é a ovelha negra da família, mas ninguém tem coragem de o expulsar do grupo.

Ninguém parece perceber que os 4 grandes da Europa - Reino Unido, Alemanha, França e Itália - têm um poder económico muito maior que a Rússia, assim como uma população duas vezes maior. E se excluirmos as ogivas nucleares que os mais cépticos acreditam que nunca serão usadas, até o poder bélico é muito superior. Vejam a dificuldade que os russos têm sentido para lidar com os ucranianos e imaginem o banho que levariam se tivessem que enfrentar ingleses, alemães, franceses e italianos todos unidos.

E o Trump podia ficar nos States a lidar com invasão latina (?) e amanhar-se com a vizinhança canadiana, pois, para além das tais ogivas que assustam o Putin, não tem mais nada que faça falta à Europa. Nós podemos bem com a Rússia, falta-nos é um Churchill que una a força de todos numa só. Mas o Putin que se cuide, pois a Justiça Divina pode tardar, mas nunca falha. Um dia acorda com o Kremlin a arder e não terá bombeiros suficientes para dominar as chamas.

O Trump tem vindo a exagerar nas medidas que toma e até já os seus amigos se queixam de que vai por mau caminho. Com a mania de tornar a América Welthy again está a levar à ruína os bilionários americanos. E quando alguém sente que estão mexendo no seu bolso, a história muda de figura. Esperemos um pouco que algo está para acontecer (em breve).

O Zellensky da Ucrânia tem sido o único a recusar vergar a mola ao oligarca russo e até já há quem veja defeito nisso. Bastou o Trump recusar-lhe o apoio americano para todos o darem como derrotado, mas eu acredito que o bom senso imperará e os europeus acabarão por abrir os olhos e não deixar cair o homem que tem mostrado ser um verdadeiro herói. Quem sabe, a Sr.ª Von der Leyen resolve metê-lo da UE e nomeá-lo Chefe de Estado Maior das Forças Armadas Europeias e cortar as vazas ao Senhor do Kremlin! Ele seria, então, uma espécie de Churchhill do século XXI.

This is the portuguese Church Hill


segunda-feira, 14 de abril de 2025

O Folar da Páscoa!

 Estamos na Semana Santa e é preciso preparar o folar para dar aos afilhados!

Seja aquilo que for, pode até ser uma nota de 50, chama-se sempre folar àquilo que os padrinhos - aqui faço um parêntesis para dizer que o F. Louçã é um parvo por ter introduzido no nosso país o costume de dizer "as madrinhas e os padrinhos", em vez do termo aglutinador e correcto que é "padrinhos" - oferecem aos seus afilhados pela Páscoa.

Mas não é desse folar que vos quero falar hoje. Por razões que não são para aqui chamadas, fui a Valpaços muitas vezes nos últimos 10 anos. E descobri que o folar mais famoso é feito numa padaria que fica a meia dúzia de quilómetros de Valpaços, para quem vai de Vila Pouca para cima (sim porque sobe muito!).

 Não é mais que uma «Bôla de Carne» com que eu tinha travado conhecimento em Cernache - Coimbra, quando andava no Colégio. Tinha um colega transmontano, de Mirandela, que de vez em quando recebia uma "encomenda" enviada pelos seus pais. Preocupados que ele pudesse passar fome, ou não apreciar o tempero do nosso cozinheiro, eles enviavam-lhe as viandas da sua terra para que ele se retemperasse.

Com muita mais carne do que contêm os hodiernos folares de Valpaços, devo confessar, essa encomenda do meu colega e amigo Daniel era devorada com o maior prazer e ainda maior rapidez, quando ele mal se contornava estava o pacote vazio. Numa das vezes que lá passei e vi a publicidade feita ao folar, perguntei o preço e fiquei abismado pela enormidade. Por esse preço quase compro um porco inteiro!

Mas quero recuar mais uns anos na minha memória sobre Valpaços. Quando me comecei a dedicar à procura dos camaradas fuzileiros que constituíam a CF2, unidade militar que foi enviada para Moçambique, em 1962, antes ainda de começar a Guerra Colonial naquela Província Ultramarina, um dos amigos mais chegados, transmontano também, perguntou-me se eu não tinha notícias de um certo camarada que fez a recruta connosco e pertencia ao seu pelotão.

Não, disse-lhe eu, esse não pertencia à CF2 e eu só quero localizar os camaradas da nossa Companhia. Gostaria tanto de saber o que foi feito dele, voltou ele a insistir. Logo que comecei a andar por Valpaços, por volta de 2010, lembrei-me dessa história e sabendo que ele era de Valpaços, resolvi investigar. Sabia o nome dele completo, o ano em que nascera e que era de Valpaços, a algum lado haveria de chegar.

Depressa soube que ele tinha emigrado para França e em menos tempo que isso, que morrera recentemente. Aconselharam-me a ir ao cemitério falar com o coveiro que ele, com toda a certeza, me saberia contar tudo o que havia acerca desse assunto. E foi o que eu fiz. E lá me contaram a história toda e que o cadáver tinha viajado para França, pois a sua descendência ficara lá e lá o queriam também.

E para rematar, o coveiro disse-me que ele quando morreu (de enfarte) vivia com uma senhora de Argeriz (nada de maus pensamentos, pois o rapaz era viúvo) que morava pertinho da Padaria Moutinho, a mais que famosa produtora do Folar da Páscoa, conhecido em Portugal e no estrangeiro (por causa da emigração). Respondi-lhe que não valia a pena falar com ela, pois o que me interessava era saber do destino do referido camarada e uma vez ele morto cessava o meu interesse.

Ainda assim, nesse dia, na viagem de regresso em que passaria em frente a essa padaria, decidi parar, tomar um café e perguntar se conheciam a tal senhora. Disseram-me que sim e que fora uma tristeza o que se passara com ela, vivia tão feliz com o seu namorado e tão pouco tempo durara essa felicidade!


domingo, 13 de abril de 2025

Como veste o campeão!

 


Pode ter várias cores e até feitios, mas nada de riscas. Riscas são o logotipo dos grandes rivais (e isto é um grande elogia que lhes faço) o SCP de Lisboa e o FCP da capital do norte. Umas horizontais e as outras verticais, sem elas o equipamento perde toda a piada.

Estava aqui a pensar nisso e decidir sobre o que deveria publicar hoje, quando me lembrei da aversão que os benfiquistas têm às riscas do equipamento. Qualquer modelo que seja proposto a cada nova época que começa é logo rejeitado se apresenta qualquer risca. Há uma marca desportiva que usa 3 riscas paralelas como marca registada e o Benfica permite-as nas golas, nas mangas, nos ombros ou nas costuras laterais, mas nunca no corpo e isso apenas para não perder o patrocínio.

Alguns amigos que andam pelos blogs comigo, chamam a esses equipamentos riscados "pijamas" tentando inferiorizar os adversários, mas quando um Sporting, como o de Ruben Amorim, ou um Porto, como o de Sérgio Conceição, aparecem pela frente é um cabo dos trabalhos para lhe ganhar um jogo. Há treinadores que conseguem injectar nos seus atletas uma força anímica anormal que os faz correr ao dobro da velocidade.

E aí não há riscas nem porra nenhuma que nos acuda. Passei os melhores anos da minha vida a ver o Benfica perder com o Porto, desde o 25 de Abril, era eu ainda um rapaz novo, até hoje o Porto deve ter para aí o dobro dos títulos daqueles que o Benfica conquistou e isso não me alegra nem um bocadinho. E não me venham com a cantiga que era por causa do Salazar ter institucionalizado o Benfica como Selecção Nacional, era porque o Benfica sempre teve um plantel melhor que todos os outros.

O Sporting é outro tipo de adversário, representa as elites da capital, mas tem andado arredado dos títulos muito mais que o Benfica. Não há como negar que a Máfia montada pelo Pinto da Costa levou os sucessos desportivos para o norte, mas agora que ele se foi as coisas tendem a ser como eram nos velhos tempos com um Benfica campeão.

Ontem jogaram as duas equipas vestidas de pijama e ambas ganharam, hoje joga o Glorioso e para não me deixar ficar mal tem que ganhar também. Às 18H00 lá estarei plantado em frente do televisor para ver se este meu desejo se concretiza!!!

sábado, 12 de abril de 2025

No princípio era o verbo!

 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, diz o evangelho de S. João referindo a Deus incarnado no seu filho Jesus Cristo que veio ao mundo para remir os nossos pecados.

Hoje, escolhi para tema de conversa a Gramática Portuguesa e dentro dela os verbos que são uma dor de cabeça para todos aqueles que querem aprender a falar condignamente a Língua de Camões. Enquanto que os substantivos, adjectivos, preposições e locuções pouco mais variam que no género e número, os dois primeiros, pois os outros dois são invariáveis, os verbos têm uma infinidade de formas. Eles variam no Modo, no Tempo e na Pessoa e Número, e para complicar mais ainda, há os regulares e os irregulares, os transitivos, os intransitivos e os reflexos.

Isto assim por alto, pois mergulhando nos pormenores é um nunca mais acabar de regras e excepções. Nem falo dos fracos e dos fortes, pois isso é mais importante noutras Línguas que na nossa. Para principiantes (ou estrangeiros) basta saber que os verbos se dividem em 3 grupos. Os terminados em "ar", como amar ou lavar, formam o primeiro grupo, quem souber conjugar um sabe-os todos. Do mesmo modo, formam o segundo grupo os terminados em "er", como comer ou beber, aprender ou esquecer. E os terminados em "ir" formam o terceiro grupo, como sorrir ou dormir.

O que eu queria, de facto, era escrever um "RAP" só baseado em verbos na sua forma do Infinitivo, o que me parecia facílimo, mas depois de duas ou três tentativas abandonei a ideia. Não sou poeta nem tenho ouvido para a música, por conseguinte é-me impossível entrar nessa onda.

Eu queria escrever
mas não vou conseguir 
dá-me o sono
começo a dormir
volto a tentar
e volto a falhar
e para assim ser
mais vale esquecer

Rir, sorrir, acordar ou dormir, amar ou sofrer acabando a beber para esquecer. Eu sei que isto na mão de um rapper a sério daria uma bela peça, mas na minha mão torna-se numa anedota de um sábado cinzento! Não vale rir senão fico eu a chorar!!!

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Acorda Portugal!

 O que se passa em Portugal já aconteceu, há anos, em vários países da Europa, especialmente, lá para o norte, como, por exemplo, na Suécia. A população não para de diminuir ao mesmo tempo que a esperança de vida continua a aumentar. Em breve, talvez uma geração mais (25 anos), seremos um país de respeitáveis octogenários a depauperar os recursos da Segurança Social com os seus contínuos achaques e à espera que chegue a hora final e no meio de grande sofrimento.

A solução passa por, ou melhor dizendo, temos dois caminhos à nossa frente. O primeiro e mais agradável é desatar a fazer meninos (ou meninas) a torto e a direito e esperar que eles cresçam depressa e saudáveis para nos ajudar a salvar a Nação Lusitana. O outro caminho é menos prazeroso e típico de quem costuma enterrar a cabeça na areia e esperar que os problemas se resolvam por si mesmos. E consta em abrir as fronteiras à imigração, tal e qual como temos vindo a fazer na última meia dúzia de anos.

Num e noutro caso temos que aguentar com as consequências do nosso acto. Criar e educar filhos até à maioridade não é pera doce e por essa razão vemos a nossa juventude pôr isso de lado por troca com outros projectos que lhe dão mais prazer e menos trabalho. Os rapazes querem ser todos doutores, estudando até aos 30 anos e vivendo à custa dos pais. As raparigas querem construir uma carreira que lhes garanta o futuro e ter filhos seria o pior dos obstáculos.

Passados que são os primeiros cinco lustros deste século XXI, temos a mesma população que no fim do século passado, mas constituída por nove milhões de lusitanos e um milhão e meio de asiáticos, africanos e brasileiros. E o caminho da imigração continuará a aumentar, pois faz jeito a quem no seu país não tem as mínimas condições de vida e para os portugueses representa a salvação do sistema social.

Eu ia propor que se acabasse com os produtos anti-concepcionais e os preservatidos, mesmo correndo o risco de enfrentar uma pandemia de doenças venéreas, mas lembrei-me que poria em risco a garantia que tenho de receber a minha rica reforma, enquanto os meus olhos virem a luz do dia. Lembro.me bem de ter ouvido o António Costa dizer, no seu primeiro governo, que por este caminho teríamos que rever (em baixa) os valores pagos aos reformados.

Em alternativa seria prolongar a idade activa até aos 75 anos e depois até aos 80, de modo a não levar a Segurança Social à falência. Como nenhuma dessas soluções me agrada, nem tenho já idade para fazer meninos, tenho que aceitar a vinda dos imigrantes, mas arranjem-lhes uma casa para viver, pois como a coisa está hoje, faz lembrar os tempos da Mouraria que existia, quando D. Afonso Henriques chegou a Lisboa, no século XII.


quarta-feira, 9 de abril de 2025

Somos os primeiros!

 Tinha-me esquecido de publicar aqui a classificação actual do SLB. Depois do arranque miserável sob a batuta do alemão Herr Schmidt, demoramos 28 jornadas a recuperar a liderança da Liga Betclic, sob a batuta do Bruno Lage. Há muita gente que não vai à bola com ele, mas o facto é que ele pode ser campeão, tal e qual como aconteceu na outra vez em que recebeu a equipa em momento difícil. Se o conseguir desta vez, pode ser que a opinião das massas mude e lhe reconheçam o valor.

Faltam 6 jornadas para o final e só Deus sabe como acabará. O calendário do Benfica é o pior possível, falta-lhe ainda jogar contra o Sporting e o Braga, candidatos ao 2º e 3º lugar, mas a vitória no Estádio do Dragão foi uma injecção brutal de força anímica que pode levar tudo na frente. Se o Benfica ganhar ao Sporting e ao Braga será uma das melhores classificações de todos os tempos.

Hoje, à noite, joga-se a eliminatória da Taça de Portugal e o Benfica vai a Barcelos defrontar a equipa do Tirsense do Campeonato de Portugal que segue num humilde 8º lugar da classificação geral.

Não se esperam grandes dificuldades, mas o futebol é cheio de surpresas, o desastre espreita em qualquer esquina do percurso, portanto o melhor é nunca fiar e meter as trancas na porta que é como quem diz, jogar como se fosse contra o Real Madrid ou o Bayern de Munique.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Graças a Deus!

 


Até que enfim, conseguimos ir a casa do inimigo e bater-lhe até o deixar de rastos! Não sei há quantos anos eu esperava por isto! Mas foi preciso morrer aquela avantesma e meter o macaco na jaula para isso se tornar possível! Mais uma prova de que estava tudo comprado, tudo a tremer de medo daquilo que lhes podia acontecer se o seu clube não ganhasse. O presidente mais titulado do mundo, dizem os morcões dos seus seguidores. O maior ladrão, trafulha, aldrabão que nasceu em Portugal, digo eu e quem não concordar pode ir dar uma volta ao bilhar grande!

Ainda temos muitas lutas pela frente nesta época. Em primeiro derrotar o Tirsense para ir à final com o Sporting na disputa da Taça de Portugal. E em segundo lugar derrotar a Sporting, quando ele vier jogar à Luz, para podermos ir festejar para o Marquês. Em terceiro lugar e mais importante ainda, não perder nenhum jogo com os, ditos, mais pequenos, pois ninguém sabe de onde o perigo virá.

O campeonato é uma prova de fundo, onde só um ganhará, depois de ter ultrapassado todas as dificuldades. Os castigos, as lesões, as más contratações, as baixas de forma, a venda dos melhores para equilibrar as finanças, tudo isso são escolhos espalhados pelo caminho a travar o nosso avanço. Enquanto durou o reinado do Pinto da Costa ainda tínhamos que estar preparados para a sabotagem que era feita em cada jornada. A compra ou atemorização dos árbitros era a mais comum, o domínio das altas esferas do futebol, Federação, Liga, Conselho de Arbitragem, era outro e talvez mais importante ainda.

A morte de um e a substituição de outro ao leme do futebol nacional já deu que falar, mas, como diz o povo, a procissão ainda agora vai no adro, quando ela entrar pela igreja adentro é que se vai ver o tamanho do santo. Os herdeiros de um e os seguidores do outro já andam pelos tribunais e não se livram das bocas do mundo. Talvez um dia saibamos da fortuna que juntaram e que meios utilizaram para o conseguir.

Por agora, deixemos a bola rolar e que ganhe o melhor. Se for o Sporting e sem ajudas por fora, como já se desconfia que acontece, eu serei o primeiro a dar-lhes os parabéns. Tenho muitos amigos "lagartos" e não me importarei de ir com eles festejar a vitória. Mas primeiro teremos que tirar as teimas sobre qual a melhor avançada, se a luso-sueca que opera em Alvalade ou a greco-turca que dá cartas na Luz!