Como muita outra gente, através dessa Europa comunitária, os alemães estão à rasca. A sua economia encolhe em vez de crescer, há despedimentos gigantescos na calha e não se avista ainda o almejado fim da crise. Pelo contrário, há quem avente a hipótese de as coisas piorarem ainda mais.
Mas eu gosto deles, são práticos e pragmáticos e arranjam sempre maneira de sair por cima. É claro que posso estar redondamente enganado, pois os alemães que eu conhecia foram os que tinham acabado de sair de uma guerra perdida e estavam prontos para todos os sacrifícios de modo a voltar à superfície e respirar de novo a plenos pulmões. Talvez os adultos de hoje, filhos daqueles que conheci e com quem trabalhei, sejam mais moles e não tenham estofo para aguentar a crise.
Em modo marinheiro, eu diria que temos uma grande tempestade pela proa e ninguém consegue prever como a vamos enfrentar e quem dela sairá incólume. Os países que lideram a Economia e a Banca mundial perfilam-se para não deixar que o adversário os ultrapasse. A China - cuidado com ela - quer ocupar o primeiro lugar do pódio que é dos americanos, há muito tempo. A Índia olha para isso de lado e começou a mexer-se para não ficar abaixo do segundo lugar. A Rússia, pela mão de Putin, tem andado a asenhorar-se de terras que não lhe pertencem, para parecer maior do que é na realidade e não ficar para trás na corrida.
Os Estados Unidos são quem vai na frente da corrida, mas começam a denotar algum cansaço e o valor da sua "monumental" dívida - que se diz por aí que está na mão dos chineses - é como uma grande mochila carregada com areia que o maratonista leva às costas e não aguentará por muito mais tempo nessa situação. Mas dizem também que a dívida tem tantos zeros, à direita, que é impossível escrever esse número. Não há um computador que comporte todos os algarismos nem há, na prática tanto dinheiro no mundo. Ou seja, a dívida não é para pagar, como dizia o nosso craque Zé Pinóquio com nome de filósofo grego, mas os juros sim, pois os credores não perdoam.
Mas, nesta situação, há quem admita que uma guerra em grande escala ajudaria os americanos a sair do buraco, pois com meia dúzia de bombas nucleares, despejadas de um e outro lado do Pacífico, a situação ficaria à mercê de quem sair vivo do conflito. E os americanos andam envolvidos em guerras, desde que eu me lembro de ser gente. Nunca ganharam nenhuma, mas saem sempre a lucrar com o negócio. Não podemos esquecer que a verba mais importante que aparece no seu Orçamento de Estado é a da Indústria de defesa.
Eles ajudaram os franceses e ingleses a derrotar o Hitler, mas saíram da Coreia com o rabo entre as pernas, como também aconteceu no Vietnam e no Afeganistão. Mas as armas continuam a vomitar metralha de uma à outra ponta do Globo Terrestre e os dólares a engrossar as contas bancárias de quem as fabrica. Vejam como até o Kim da Coreia já se meteu nesse negócio!
Mas voltando aos alemães, pois foi sobre eles que decidi escrever hoje, tenho que reconhecer que são gente que eu admiro. Lembro-me de um caso que se passou comigo, quando lá trabalhei, e que vos vou contar para ilustrar o que digo. O meu chefe chamou por mim e disse-me para ir à procura do chaufeur da fábrica, a quem tinha dado instruções para ir carregar um monte de sucata que se encontrava numa propriedade da empresa a alguns kilómetros de distância.
Para garantir que seríamos capazes de cumprir a tarefa, mandou-me ir chamar um rapaz alemão que tinha entrado na nossa fábrica, há pouco tempo, e não tinha ainda um lugar definido, andava a tapar buracos, como se costuma dizer. Chegados lá começamos a transferir do chão para cima do camião algumas das peças mais pesadas, usando um guincho instalado no camião.
A páginas tantas o guincho avariou e por mais tentativas que o camionista fizesse não conseguiu pô-lo a funcionar. Kein problem, diz o rapaz alemão que tinha um físico impressionante, tu pegas desse lado e eu pego deste e metemos essa Scheisse (merd@) toda em cima do camião, em 3 tempos. Isto não vai só com força, é preciso usar o cérebro também. E lá o ensinei como se conseguia deslocar um grande peso sem ser apenas à custa de músculos.
Lembram-se de um cientista, matemático penso eu, que disse: dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu desloco o mundo? Pois foi assim que resolvemos o problema e entre os três conseguimos encher o camião e regressar à fábrica a tempo de engolir o almoço na companhia dos colegas de trabalho.
Hoje, estamos a meio da semana, já passaram 3 dias e temos outros 3 para passar. a este dia nós chamamos "quarta-feira" nome que não diz nada a ninguém desde que o César deixou de governar Roma, mas os alemães juntam mitte (meio) e woche (semana) e chamam a este dia Mitwoch (quarta-feira) que, para mim, faz todo o sentido!
Práticos, pragmáticos, directos, são assim os alemães e mesmo proibidos de fabricar ou possuir armas, eles têm mais e melhores armas que os outros países europeus. Até o Zelensky já sabe onde se dirigir, quando precisa de ajuda para travar os russos!