sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

As coisas que me fazem escrever!

 Ontem, foi um dia cheio de novidades. Para começar, o meu computador, um HP Pavillon, recusou-se a funcionar. Deve ser do frio, pensei eu, e deitei a mão ao meu segundo, um DELL que comprei recentemente já com o Windows 11 instalado. Depois fui para Barcelos, tal e qual como vos deixei saber, e de pouco me serviu, pois não gostei nada do bacalhau e muito menos do preço que estava 5 € acima do preço devido, ou seja, bacalhau de 20 a ser vendido a 25€.

Esta coisa dos comerciantes nos fazerem de parvos e obrigarem a pagar o preço que eles querem mexe-me com os nervos. Cada vez que me deparo com uma situação dessas reajo da pior maneira. Querem ganhar dinheiro à custa da tradição que seguimos, a de comer bacalhau no Natal, comigo não contem. Mudo logo a ementa e como carne, pois já comi muitos quilos de bacalhau ao longo dos 12 meses deste ano!

Ouvi nas notícias, ontem, que alguém lançou uma boca, acho que foi o Macron ou alguém por ordem dele, alertando para o facto (mais que provável) de Trump e/ou os EUA traírem a Ucrânia e a Europa. Eu já tinha dito isso, há tempos, e aconselhado o Zelensky a virar as costas ao traidor, pois se nota em todas as atitudes que ele tem o rabo preso com o Putin. Sejam negócios privados ou interesses públicos do seu país, o certo é que ele quer ficar nas boas graças com o cacique russo.

O que se tem passado, com as idas e vindas da troupe americana andando para cá e para lá e procurando fazer a vontade ao urso siberiano, deixando de lado os interesses da Ucrânia, é mais que uma prova da traição de Trump. Eles riem-se quando estão juntos com Putin, e passeiam alegremente por Moscovo, enquanto esperam pela hora da reunião. Só ficam com cara de preocupados quando se juntam com Zelensky e não têm para dar qualquer notícia que possa alegrar os ucranianos. Tudo para a Rússia e nada para a Ucrânia é o que se adivinha na atitude de Trump, o traidor, e de quem funciona às suas ordens.

E depois, ouvi também a história alucinante da mãe que foi ao hospital raptar a sua própria filha que lhe tinha sido retirada por falta de condições no acampamento onde vive. Só aí percebi que se trata de ciganos que são capazes de tudo para levar a vida que escolheram e não admitem que ninguém se meta na vida deles. Como ela conseguiu tirar a pulseira electrónica que protegia a criança está por explicar. O Bolsonaro tentou fazer o mesmo, mas foi logo apanhado, esta consegui-o sem que ninguém desse por isso.

Tirar uma filha aos ciganos para ser criada por outra família, daquelas que vivem de acordo com a lei, pagam os seus impostos e se levantam cedo, faça frio ou faça sol, para ir trabalhar e prover ao seu sustento, parece-me errado. Os ciganos regem-se por outras regras e só querem ter algo a ver connosco quando é para ter direito a algum benefício. Assim deveriam deixar a mãe e os seus filhos amanhar-se como pudesse, incluindo recorrer ao chefe da tribo para que fosse ajudada.


Na minha viagem para Barcelos passei pela Cooperativa Agrícola e comprei algumas rações para alimentar as minhas galinhas poedeiras. Se não lhes der de comer elas não põem ovos e o prejudicado sou eu. Outra coisa que lá compro sempre, é vinho tinto da Adega de Almeirim, é "vinho de engenheiro" tão bem feito e melhor controlado que nunca nos falha. E, olhando para uma prateleira que estava junto às boxes do vinho, vi umas garrafas de azeite a um preço que me agradou e comprei 4. Não faço a menor ideia do que é azeite "verde", mas espero que seja bom para molhar o bacalhau do Natal.

Verde só conheço o vinho que se cultiva na região onde nasci, mas opto por beber do maduro, pois dizem que é melhor para a saúde. Tenho que acreditar naquilo que me dizem e para bem da minha saúde aceito fazer alguns sacrifícios. Não bebas branco que faz subir os níveis do ácido úrico! Bebe maduro tinto que faz bem ao coração! Deus vos ajude e grato vos fico por se preocuparem com a minha saúde!

Para acabar o dia em beleza, tive direito a um jogo de futebol de primeira linha transmitido pela Sport Tv. Um Porto vs Vitória para a Taça da Liga que determina o, assim chamado, campeão de inverno. Mas o melhor de tudo estaria para acontecer no fim, o invicto clube da invicta cidade perdeu por 3 a 1 com o Vitória que veio de Guimarães mostrar que têm que contar com ele. Acabou-se a invencibilidade do treinador italiano (que teima em falar inglês num país latino, sendo ele próprio um latino) e do clube do Vilas Boas que estava a inchar demais com o sucesso até agora conseguido no campeonato.

E está tudo dito !!!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Feira em Barcelos!

Cada vez que se aproxima uma festa grande a feira de Barcelos fervilha de gente e eu resolvi juntar-me à confusão. Vou lá ver se descubro a razão por que tanta gente para lá corre, apesar do frio e da chuva que ameaça estragar o dia. Quando chove muito a água que S. Pedro nos manda deposita-se em cima dos toldos dos feirantes. E quando o peso da água ameaça romper a lona do toldo, o feirante saca de uma vara que conserva guardada para o efeito, e levanta o toldo de um lado fazendo descarregar a água acumulada pelo outro.

Nunca me calhou a mim, mas tenho visto gente furiosa a olhar para o "criminoso" com vontade de o esganar. Vou lembrar-me disso quando lá estiver e desviar-me o mais possível das bordas desses toldos para evitar um banho. Aliás, eu vou lá mais para arejar as ventas do que outra coisa, mas vou aproveitar a ocasião para passar em frente da banca do vendedor do bacalhau. Nunca vi ninguém vender tanto bacalhau como ele e não sei se é pela qualidade do produto, pelo preço, ou apenas porque os outros também compram.

Uma coisa é certa, ele tem lá toneladas de bacalhau e vende-o ao gosto do consumidor. Se queres rabos levas rabos e se queres lombos também lá os encontras. Ele parte o bacalhau aos montes e manda as pessoas escolherem o que mais lhes agradar. Acredito que, no fim da festa, faz uma promoção para se livrar das sobras que ninguém quis levar. E o preço não deve ser mais alto do que aquilo que se vê por aí, senão o negócio dele parava.

Antes de desligar a máquina e pôr-me a caminho de Barcelos, deixem-me dizer que, ontem, estive a ouvir o Marques Mendes e o Seguro, no debate televisivo da RTP, e deu-me o sono. Aquilo não tem ponta por onde se lhe pegue. Se dependesse de mim, nenhum dos dois passaria à segunda volta!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Putin, como ele é!

 Vi-o todo sorridente a receber os enviados de Trump, como se o encontro se limitasse a uma conversa amigável seguida de um almoço bem servido e bem regado.

A verdade é que também o enviado de Trump sorria da mesma maneira, de repente lembrei-me que eles são parceiros de negócios e uns e outros querem é ver um lucro razoável a cair na sua conta bancária, no fim de toda esta paranoia que já custou a vida a centenas de milhar de russos e ucranianos. O americano ainda aceito que se ria, mas o Putin devia ter a consciência pesada, cada vez que aborda o assunto da guerra, ou a procura de um caminho para a paz, pela morte de tantos conterrâneos que já provocou.

E depois, acrescenta ele, se a Europa quiser guerra, coisa que eu não quero, estamos prontos para ela. Os olhos dele até pareciam dizer, dêem o primeiro tiro que depois verão o resultado. Vejo essa sua atitude como uma provocação a que não podemos responder, pois poríamos em risco todos os países europeus que fazem fronteira com a Rússia. Acredito que ele ainda não conseguiu engolir o sapo de ver a Finlândia entrar para a NATO.

Numa certa altura destas negociações, o Trump já dava o acordo de cessar fogo como aceite pelas duas partes, mas quando o presidente Zelensky lhe manda o recado que sobre os territórios que "legalmente" pertencem ao seu país não abdica de nem um centímetro, aí ele começa a gaguejar. As coisas estão difíceis, diz ele como se estivesse muito triste com isso, as negociações não chegaram a lado nenhum.

Nem chegarão, enquanto as tropas russas se mantiverem em solo ucraniano. Falar de auto-determinação das províncias do Donbass e da Crimeia, talvez a Ucrânia aceite, mas entregá-las de mão beijada aos russos, nem pensar, seria uma traição à pátria e um desrespeito à memória de todos aqueles que tombaram na sua defesa. Se Putin fosse um homem (político) razoável aceitaria que fosse feito um referendo nessas 3 províncias e auscultar assim a vontade do povo.

Mas, é claro, feito em liberdade, sem tropas no terreno a pressionarem as pessoas que ali vivem. Infelizmente, sabendo que se trata de um assunto de interesses financeiros, comuns à Rússia, ou melhor dizendo, a Putin e ao seu amigo americano que, há pouco se encontraram no Alaska para combinarem como repartir o bolo, vaticino que isso não acontecerá. Custou quase 4 anos aos russos para chegar aonde estão, hoje, e voltar para casa sem nada ter conseguido não está nas suas mentes.

Pode o Witkoff andar para cá e para lá, a espalhar sorrisos pelo Kremlin, e talvez ouvir palavras menos bonitas do seu amigo Trump, por não conseguir chegar a lado nenhum, que isso não fará recuar os bravos ucranianos. Para manter as suas posições eles precisariam apenas de uma pequena ajuda dos países europeus, os quais não disputam com a Rússia as terras raras ou qualquer outro bem que exista na Ucrânia. O negócio do gás e petróleo daria à Rússia maiores benefícios, se houvesse paz, do que a exploração das terras raras que não passa de uma moeda de troca com os EUA.

 Considerando que esta guerra só beneficiará muito mais Trump e Putin e muito menos os países de cada um, custa-me a entender que a opinião pública russa não se oponha a este comportamento do seu líder. Eu sei que ali impera um regime fechado que castiga com a morte a quem se rebelar contra o poder supremo, mas num mundo moderno em que a informação viaja à velocidade da luz, ou quase, esperava que começasse a ouvir-se um rumor de fundo exigindo o fim da guerra.

Isto porque não acredito que mães gostem ver os seus filhos partirem para a frente de combate, num país estrangeiro, e lá serem desfeitos em papa pelos explosivos de quem defende as suas terras. O mesmo para as irmãs ou noivas desses jovens que vêem a sua vida interrompida para ir morrer na frente de combate, sem saberem porquê. Acham que os superiores lhes podem transmitir a mensagem de que vão lutar em defesa da sua pátria? Eu não!

A NATO está, mais ou menos, de mãos amarradas, pois nenhum membro da organização foi atacado. E depois há aquela coisa do "his master voice" que é como quem diz, aquilo foi criado pelos EUA e só eles ali mandam. O Trump bem se farta de repetir que não tem nada a ver com isso, vende armas aos europeus da NATO e eles que façam com elas o que quiserem. Se as quiserem mandar para a Ucrânia, para ele está tudo bem, o Biden alinhava com isso, ele não. Claro, não pode ir contra o seu parceiro de negócios que está do outro lado da barricada.

Nos tempos do presidente Kennedy, russo e americano eram inimigos figadais, mas parece que isso já foi há muito tempo e a História foi branqueada, agora defendem pontos comuns em defesa de interesses inconfessáveis!

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Que tristeza!

 Tive, outra vez, que mudar para um canal estrangeiro para não ter que ver e ouvir, pela enésima vez, o relato da operação à ««hérnia encarcerada» do presidente Marcelo!

O nosso mundo, o português, é tão pequenino e tão vazio de ideias que uma simples intervenção cirúrgica sem grande responsabilidade dá para horas e horas de emissão, como se não houvesse mais nada para nos ser contado, mostrado ou explicado. Sinto pena dos "crânios" que gerem as empresas de comunicação, pois coisa mais pobrezinha nunca vi!

Preferia que eles se interessassem mais pelo Maduro da Venezuela, ou por outros Maduros que andam por esse mundo fora a enganar os seus governados, como o João Lourenço de Angola que há quem acuse de ser ainda mais corrupto que o seu antecessor e fazer os seus governados andarem pelas lixeiras a ver se encontram que lhes possa servir para matar a fome.

Se é verdade que Trump lhe deu um prazo para abandonar o país, eu gostaria de ver essa notícia mais espiolhada. E até se diz que lhe deu via livre para ele ir para onde quiser. No entanto os EUA estabeleceram um prémio de 50 milhões (pareceu-me ouvir dizer que até foi aumentado, recentemente) para quem lho entregar de mãos atadas e uma corda ao pescoço.

Não é que ele não mereça, para mim qualquer cromo que acha boa a política comunista, mereceria ir desterrado para a Sibéria para saber o que é bom. Um país que poderia oferecer aos seus cidadãos uma vida razoável, apenas baseado nas reservas de petróleo que tem ao seu dispor, mas consome tudo numa força militar que seja capaz de sustentar o status quo inventado pelo Chavez, há uma porrada de anos.

Isto traz-me à memória o Kaddafi, da Líbia que durante 42 anos subjugou o povo do seu país para lhe ficar com o petróleo. Mas pelo menos não o obrigava a pagar impostos e supria-lhe mesmo alguns serviços sem terem que pagar por isso. Ele era mau como as cobras e por isso acabou como acabou, mas fez mais pelo seu povo que estes cromos comunistas, como o de Angola, da Venezuela e o de Moçambique (em breve), logo que o petróleo da Baía do Rovuma comece a jorrar dólares com fartura.

O Maecelo foi ao funeral do Mota - recordo aqui que foi a Mota & C.ia a primeira empresa que me deu prejuízo na Bolsa, naquela época em que o Cavaco abriu a bocarra e fez a Bolsa de Lisboa cair com estrondo - e no regresso sentiu-se mal e, ao passar pelo Porto, decidiu passar nas urgências do Hospital de S. João. O médico viu logo que aquilo era coisa para uma cirurgia de emergência e antes da meia noite de ontem, já estava a coisa consumada.

Nada de mais, uma coisa que pode acontecer a qualquer um, de um momento para o outro, e acontece mesmo com alguma frequência por esse país fora. Mas nunca vi ninguém interessar-se por isso de modo a passar horas seguidas, em meia dúzia de canais, a falar nisso. E uma hérnia que sempre ouvi referir como "estrangulada" passou, hoje, a ser "encarcerada" pela simples razão de ser a do Marcelo e ter que ser diferente das outras.

E se em vez da hérnia acontecesse um desarranjo intestinal, com uma diarreia descontrolada, como abordariam as televisões essa notícia? Será que nos massacrariam com horas e horas de conversa sobre merda e outras coisas mal cheirosas?

Bem, vou parar por aqui, pois começo a perder o controlo das minhas emoções. Vou desligar o computador, de imediato, e a televisão também e vou dar de comer às minhas galinhas que não "cantam" nada que me enerve!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

O 1º de Dezembro!

 

Cada vez que chega este dia, vem-me à ideia o Miguel de Vasconcelos a ser atirado pela janela fora para ser linchado pela populaça em fúria. E tudo por causa do aumento de impostos que ele, em nome do rei Filipe III, impunha ao Povo Português.

Esse dia ficou na História de Portugal, mas a grande maioria dos portugueses nem sabe qual é a razão de feriado que hoje lhes dá o direito de ficar na cama até mais tarde e rifar-se para o trabalho. A imposição do salário mensal, em que o patrão tem que pagar o mesmo salário, quer haja muitos, poucos ou nenhum feriado ao longo do mês, trouxe-nos essa benesse.

Os Primeiros Ministros de Portugal, depois da revolução dos cravos, têm seguido todos o mesmo caminho, quando precisam de dinheiro (para armar em amigos do povo!) aumentam-nos os impostos. Um dia salta-nos a tampa e repetimos o acto acontecido em 1 de Dezembro de 1640, atiramos o gajo pela janela fora. O "gajo" neste caso é o Montenegro e muita gente adoraria aquecer-lhe as costas, não tenho a menor dúvida.

Mas isso é pura ficção, eles podem fazer o que quiserem, a democracia assim o permite. Na vida real, hoje, comemoro o 57º aniversário do meu casamento. Foram 57 anos de muita luta para manter a união prometida "até que a morte nos separe". A bem da família e dos meus filhos, arranjei sempre uma desculpa para continuar a viagem. Aqui chegado, já perto da meta estabelecida, não me arrependo, voltaria a decidir do mesmo modo se me visse na mesma situação.

Neta coisa das responsabilidades assumidas é sempre mais fácil virar as costas, à primeira adversidade que nos atinge, mas não é possível prever o que aconteceria se tivéssemos optado por outro caminho. Só nos resta fazer o exame de consciência e aceitar que a decisão tomada foi, de facto, a melhor.

Estas minhas considerações sobre o casamento, trazem-me à memória a história do meu amigo Valter, um alentejanito de Sines que fez de tudo para me convencer a ficar com ele, em Moçambique, depois da nossa segunda comissão de serviço. Resisti a todos os assaltos e deixei-o lá ficar regressando à Metrópole com um amigo a menos (na verdade ficaram lá 3 dos meus melhores amigos). Sete meses depois, já eu estava casado.

E ele também, com a miúda que lhe deu volta à cabeça e o fez voltar a Moçambique, depois de terminarmos o curso para receber as divisas de marinheiro. Nem a miúda gostava assim tanto dele, além do pai não gostar mesmo nada do genro que ela lhe arranjou. Como resultado desse cocktail de sentimentos, o casamento acabou antes de completar uma ano. A este casamento seguiu-se outro e depois outro e outro. Deixou filhos espalhados por esses casamentos que nunca viveram com ele. Viveu sempre só e só morreu, embora a sua última mulher vivesse na mesma casa e fornicasse com outro que era mais novo e menos complicado de ideias.

 E é assim a nossa vida, há sempre um 1º de Dezembro em que temos que atirar algo pela janela para continuar a viver a vida que escolhemos viver. Quem não seguir este raciocínio só arranja lenha para se queimar, digo eu, como termo de encerramento desta minha crónica em dia feriado!

domingo, 30 de novembro de 2025

Celina, a ruiva!

 Já que as minhas últimas matérias não vos têm levado a escrever qualquer tipo de comentário, vou voltar ao assunto "namoradas" que tem andado esquecido.


A Celina não foi, propriamente, uma namorada, foi antes uma paixoneta de adolescente. Aos 16 anos, com as hormonas todas aos saltos, qualquer figura de mulher mais atraente nos obrigaria a dizer aquilo que eu disse, na altura: - que espectáculo de mulher, é assim que eu quero uma namorada!

Terminei os exames do 5º Ano do Curso dos Liceus, em Julho de 1960, na cidade onde hoje resido, e rumei à minha terra natal para gozar as férias grandes. Depois de um ano escolar muito exigente e num meio a que não estava habituado, eu precisava mesmo de umas férias para descansar o cérebro e preparar-me para um futuro ainda desconhecido, pois o meu pai já me avisara que não tinha condições financeiras para eu continuar a estudar.

A minha mãe era costureira e dirigia um atelier de costura em que havia uma meia dúzia de empregadas, entre ajudantes e aprendizas. Ela fazia a feira de Barcelos, a cada quinta-feira, e quando não tinha roupa para fazer por encomenda trabalhava para a feira, ou seja, fazia uma meia-dúzia de vários artigos que costumava vender com facilidade. Aventais, algibeiras e sacas com uma fita de correr para as fechar e uns berloques pendurados nos cantos eram artigos que tinham sempre saída.

As ajudantes eram antigas aprendizas que ainda não tinham conseguido reunir uma freguesia que lhe pagasse as sopas e vinham ajudar a minha mãe, meio por favor e meio para receber um magro ordenado que a minha mãe podia pagar. Algumas até apareciam às quartas feiras, sem serem convidadas, para dar alguma ajuda de última hora na preparação dos artigos para a feira do dia seguinte, ou para afiar a língua, simplesmente.

Nesse longínquo mês de Julho de 1960, quando entrei na sala de costura da minha mãe, caíram-me os olhos numa ruiva de grande cabeleira cacheada que, de perna traçada, como costumam trabalhar as costureiras, se ocupava de chulear umas quantas peças que tinham vindo das máquinas de costura. A minha mãe, habitualmente, só cortava e nas máquinas trabalhavam as ajudantes ou aprendizas mais adiantadas. Para as outras ficavam as operações de chulear, rematar e pregar botões, molas ou colchetes.

Fiquei de olho na ruiva e uns dias depois acompanhei-a num recado que a minha mãe a mandou fazer a casa de uma cliente que não morava longe. É sabido que os homens, quando vêem uma mulher, fixam os olhos no pormenor (ou pormaior) que mais ressalte à vista. No caso da Celina, depois da cabeleira que parecia a juba de um leão (as leoas não tem juba!), era a exuberante peitaça que espreitava através da pequena abertura da sua blusa, ou se podia adivinhar dentro dela.

Ela deveria ser 2 anos mais velha que eu e nunca tive a mais leve esperança de me agarrar a ela e testar a firmeza das suas "maminhas", mas acompanhei-a sempre que pude, naquele inesquecível verão que foi o último da minha vida em liberdade plena. E sonhava com ela todos os dias e com a possibilidade de arranjar um emprego (nessa altura sonhava ser bancário ou empregado das Finanças) que me permitisse pedi-la em namoro e depois em casamento.

Foi um sonho que durou pouco, ao fim de 3 meses a minha mãe dispensou toda a gente, encerrou o atelier para seguir o meu pai que tinha, finalmente, arranjado um emprego fixo, com salário mensal e abono de família para os filhos, na cidade grande. Adeus vida de aldeia minhota e convivência (sã e simples) com gente que vivia da lavoura. Semear e colher milho e tratar de videiras para uma boa colheita de vinho que eram as duas bases da vida daquela gente.

Com o fecho do atelier deixei de ver a Celina e depois a viagem até Vila do Conde apagou-lhe o rasto que ainda pudesse persistir na minha cabeça. Uma vez ou outra ainda pensei em viajar até à freguesia onde ela morava e fazer-me encontrado com ela, mas os meios de transporte à minha disposição eram poucos e acabou por nunca acontecer.

Nunca mais via a Celina! Dois anos depois já tinha jurado bandeira, na Marinha, e estava a ponto de seguir para a África para defender as cores da nossa bandeira e as terras a que chamávamos nossas. Angola é nossa, Angola é nossa, cantava-se nessa altura e os terroristas negros tinham feito misérias, em Angola, no ano anterior. Por sorte, calhou-me ser destacado para Moçambique, onde a guerra começaria, apenas, no último trimestre de 1964.

Nessa data, já a minha «Companhia de Fuzileiros» estava pronta para regressar a Lisboa, mas o estourar da guerra, no norte da província, fez adiar o meu regresso. Só em fins de Março do ano seguinte recebemos ordem para regressar, mas isso é outra história e a Celina, a ruiva de formas provocantes, não fez parte dela! 

sábado, 29 de novembro de 2025

Amigos da onça!

Posição antes de Fevereiro 2022

O nosso mui famoso socialista e actual «Presidente do Conselho Europeu», António Costa, viu-se entalado pelo seu amigo e chefe de gabinete, o que motivou a sua demissão de Primeiro Ministro. Em boa verdade, eu sempre acreditei que aquilo foi uma montagem para ele ir a tempo de se candidatar ao cargo, em Bruxelas, e dar um salto de gigante na sua carreira e nos benefícios que começou a auferir, a partir dessa data e que estenderão até ao dia em que entregar a alma ao Criador. Uma boa vida na política portuguesa e uma boa reforma paga pelas instituições europeias. Uma cartada de mestre, diria eu! 

Agora, aconteceu o mesmo ao Zelensky, presidente da Ucrânia. O seu amigo de longa data e parceiro de alguns negócios menores, na actualidade seu chefe de gabinete, deixou-se tentar por uns milhões de dólares (é o que se suspeita, mas falta provar), foi apanhado e teve que pedir a demissão do cargo. Ao Zelensky talvez apetecesse fazer como fez o Costa, isto é, bater com a porta e arranjar um emprego melhor, mais bem pago e livre de riscos. Mas, infelizmente, não pode, pois tem ainda uma guerra para terminar e ele não aceita fazer figura de cobarde virando as costas à responsabilidade que assumiu, quando foi eleito.

Com a corrupção a rondar-lhe a porta, ele vê-se rodeado de personagens em que tem que confiar de olhos fechados, sendo eles sérios ou não. Com o país em «Lei Marcial» ele não pode convocar eleições e resignar ao seu cargo, para o qual foi eleito, democraticamente, não está na sua maneira de ser. A sua eleição irritou sobremaneira o cacique russo que continua a gritar, para quem o quer ouvir, que não o reconhece como presidente de coisa nenhuma.

Que pode ele fazer, além de se armar em forte e continuar a sua luta até vencer, ou morrer a tentá-lo? A posição última dos Estados Unidos veio ainda piorar tudo. Enviar os seus esbirros a Moscovo dizendo que vai reconhecer, oficialmente, como territórios russos as, assim chamadas por Putin, Repúblicas Populares da Crimeia, de Donetsk e de Gdansk que passarão a pertencer à Federação Russa, logo que os países e a ONU as reconheçam como tal.

Uma coisa destas, ao arrepio da vontade do Povo Americano (penso eu) só poderia sair de uma cabeça como a de Trump, um lunático que põe os seus interesses pessoais acima de tudo, inclusivé o bom nome do país a que preside. E o dito povo não se rebela, não toma uma atitude que o obrigue a fazer marcha-atrás e pôr o presidente russo na sua posição real, a de invasor e criminoso de guerra? Isso não me cabe na cabeça, o povo que se diz o mais democrático do mundo branqueia a atitude do ditador soviético.

Espero, sinceramente, que o presidente ucraniano consiga reunir forças, além dos apoios dos países amigos e vizinhos, para continuar a guerra contra o invasor. E os governantes dos maiores e bem armados países europeus deviam corar de vergonha por deixar que uma coisa dessas aconteça. Uma vez que os EUA apoiam o maior inimigo (em potência) da nossa União Europeia, todos deveriam cortar relações com eles. Fechar as embaixadas e expulsar os diplomatas como "personna non grata".

Deveriam, mas não acredito que o façam, pois os negócios e a Economia sairiam prejudicados e isso, infelizmente, ninguém aceitaria. Ou seja, estamos com o rabo preso !!!

Presidente e o seu chefe de gabinete 

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Finalmente, chegou! A Black Friday!

 A sexta-feira da semana com maiores oportunidades para quem quer (ou precisa) de comprar alguma coisa. Eu, por exemplo, aproveitei a oportunidade para cortar relações com a NOS, com quem já vivo há cerca de 35 anos, e mudei para a Vodafone que foi o meu primeiro fornecedor de comunicações. A partir da próxima semana serei todo Vodafone, nos telefones, na internet e na televisão.

Não há dúvida alguma que os brasileiros levam a palma como navegadores da net

Nos últimos tempos, tenho escrito sobre assuntos que não devem ser muito populares, digo isto pela falta de comentários, mas que me desculpem os leitores, pois nem todos podemos ser famosos como o Saramago, ou a nova estrela da literatura portuguesa, o José Rodrigues dos Santos.

S. Etiéne, a sudoeste de Lyon

Pois, peço desculpa, mas vou continuar com um assunto que me ocupa o cérebro todos os dias da minha vida e a vocês pouco interessa, a Bolsa. Meti lá os meus carcanhóis e vejo-me obrigado a passar as manhãs de computador sobre os joelhos a ver se eles esticam ou encolhem. O meu objectivo é somente ganhar 500€ por mês para pagar as minhas extravagâncias, mas este ano tenho dado muitos tiros de pólvora seca, o ano está quase no fim e ainda vou numa média de 400€ por mês.

Há dias, contei-vos a minha "epopeia" duma ida à Suíça para recuperar o filho de 17 anos que queria abrir as asas e ganhar mundo, mas se enganou na rota. Passei por baixo dos Alpes, pelo túnel do Monte Branco e entrei em França por um Chamonix (que também podem ver no mapa acima), rumando daí ao pequeno e mais neutral país da Europa. De guerras eles não querem saber, apenas pretendem tomar conta do dinheiro de quem lucra com elas.

O Sainte Etiéne é um clube de futebol francês de muitos e bons pergaminhos que é patrocinado pela empresa Casino Guichard, uma espécie de Continente ou Pingo Doce, no país dos huguenotes. Em dia de Black Friday surgiu-me essa empresa (cotada na Bolsa de Paris) como a melhor e mais escancarada porta para o mundo da felicidade. Como assim, perguntarão vocês?

Pois, essa empresa está em falência técnica, as suas acções valem apenas 25 cents, mas ninguém acredita que vá fechar. Nos 9 primeiros 9 meses deste ano, conseguiram inverter a tendência e apresentar um resultado positivo. É algo animador, mas não apaga o resultado negativo dos últimos anos nem é suficiente para pagar a enorme dívida que foram obrigados a contrair. Acreditam os seus gestores que, a manter-se este clima de negócios, atingirão o ponto zero, em 2030 e aí poderão respirar de alívio.

O meu dia da sorte, nesta Black Friday, seria comprar umas 10 ou 20 mil acções do Casino e depois vê-las a subir todos os dias, daqui até 2030. Ou isso ou a empresa ser vendida à concorrência por 1 euro e receber uns trocos pelas minhas acções. Já me aconteceu isso por duas vezes. Na primeira fiquei a perder cerca de 7.500€ e na segunda sair sem ganhar nem perder, os pequenos ganhos chegaram para cobrir as despesas da Bolsa.

A CGD (Caixa Geral de Depósitos) é o maior banco português e aquele que mais dinheiro chupa aos seus clientes para entregar de mão beijada ao Ministro das Finanças, mas nas operações de Bolsa é um zero à esquerda, não vale a ponta de um corno. Por mais que eu reclame com eles não há maneira de substituirem o softwear que é utilizado. E o mais engraçado é que já tiveram isso em funcionamento durante anos, sob a designação de Caixa-Banco de Investimentos, o qual foi desactivado pelo actual Director, mal tomou conta do cargo. Um erro, no meu entender!

Refiro isto, porque fui a correr ao site da Caixa para comprar as tais 20 mil acções do CASINO e elas não aparecem na lista de valores disponíveis para negociar. Ou tenho que ir a correr a um balcão da Caixa e transmitir a ordem a um daqueles nabos que lá trabalham (se não fossem nabos já teriam explicado ao seu chefe que a CBI era uma boa solução e voltavam a pô-la no ar) para que a transmitam a Lisboa e seja passada a um broker para a mandar para Paris.

Como não me apetece fazer isso, duas coisas poderão acontecer. A primeira ficar triste por não ver os meus ganhos se a acção duplicar o preço, a segunda ficar muito contente se a cotação do CASINO continuar a descer e se transformar numa "penny Stock", uma acção de valor residual que não interessa a ninguém e é transacionada apenas por especuladores.

Vou tentar lembrar-me disto e relatar-vos o que acontecer, dentro de alguns meses (ou anos)!

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Conhecem aquele ditado?

 Apanha-se mais rapidamente um mentiroso que um coxo!

O circo montado por Trump e Putin teve a sua estreia no Alaska, em 15 de Agosto deste ano. Eles são como irmãos gémeos ou siameses, entendem-se bem, têm objectivos comuns, nada acontece sem eles estarem de acordo.

O Trump fez a sua campanha para receber o Nobel da Paz e o Putin concordou em dar-lhe uma mãozinha. Entre outras coisas maiores, esse foi o "leitmotiv" para agendarem aquela reunião. Claro que, depois de terem discutido as matérias que lhes interessavam mais e antes do aperto de mão da despedida, Trump deve ter perguntado: - então, Vladimir, o que é preciso para acabares com a guerra contra a Ucrânia?

E foi aí que o Putin apresentou a lista das suas exigências que desaguou, na semana passada, no acordo de paz com 28 pontos, todos eles em favor da Rússia e nenhum a beneficiar a Ucrânia que foi apresentado como uma novidade. Claro que aquilo era, pura e simplesmente, inaceitável e até o Trump reconheceu isso e aceitou negociar a coisa ponto por ponto.

Quando o presidente ucraniano disse que tinha chegado a altura de "perder a dignidade ou perder um aliado", Trump deve ter percebido que estava prestes a perder a hipótese de um bom negócio. E, como bom homem de negócios que toda a gente reconhece que ele é, enviou os seus embaixadores à Europa para estudar um meio de remendar aquilo e manter-se em jogo.

Marco Rubio e Steve Witkoff são os dois braços de Trump, um para a política e o outro para as Finanças, os quais foram enviados para a frente de batalha para conseguirem o que é melhor para os EUA e para Donald Trump. Rubio terá que fazer com que a Europa continue nesta saga, mas sem prejudicar o andamento da coisa, enquanto que o Witkoff terá que convencer Putin que ao pedir demais pode perder tudo.

Do lado russo existe também uma dupla de respeito para enfrentar a dupla americana, Peskov como o papagaio de Putin e Ushakov para estudar o melhor caminho para branquear as atitudes do seu chefe. Como ouvi, esta manhã, nas notícias, houve alguém que conseguiu ouvir e gravar a voz de Witkoff a ensinar os russos sobre o que deviam dizer e fazer para ficarem bem na fotografia.

“Montamos um plano Trump de 20 pontos, que eram 20 pontos pela paz, e estou pensando que talvez façamos a mesma coisa com vocês”, disse Witkoff a Ushakov, de acordo com uma gravação da conversa revisada e transcrita pela Bloomberg.

E assim, o plano de 28 pontos parece que já só tem 19, depois de apagados ou alterados alguns dos pontos que cheiravam a russo à distância. Por vezes é preciso recuar um passo para depois avançar dois e deve ter sido isso que Putin reconheceu, autorizando o Trump a mexer na sua lista de exigências, tal como lhe foi entregue em Anchorage, no Alaska, em Agosto passado.

Por seu lado, a Europa de Von Leyen e António Costa pouco mais podem fazer do que encolher os ombros e perceber que a UE não é mais que um grupo de interesseiros que se juntaram para ganhar algumas vantagens para os seus negócios, os mais ricos queriam um mercado alargado para fazerem as suas transações e gerar um maior lucro, os mais pobres, vendendo a sua independência em troca de alguns favores e alguma ajuda financeira.

O Reino Unido, a Alemanha, a França e a Itália, se quisessem juntar-se e enfrentar a Rússia, não teriam grande dificuldade em encostar Putin às cordas e fazê-lo sair da Ucrânia de rabinho entre as pernas. Mas teriam que aceitar o risco de poderem levar com uma bomba nuclear em cima da cabeça, que é como quem diz, em cima das suas capitais, além de terem que envolver-se, directamente, no conflito.

Eu diria que só a Força Aérea desses 4 países chegaria para pôr as forças russas em sentido, mas é apenas um feeling, pois não conheço as coisas em pormenor. Mas os líderes desses países preferiram manter-se na retranca e deixar a Srª Von der Leyen, o Costa e a Kaya Callas de mãos atadas e sem saberem muito bem o que fazer.

"Russia's war against Ukraine is an existential threat to Europe. We all want this war to end. But how it ends is important. Russia has no legal right to any concessions from the country it has seized. Ultimately, Ukraine will decide what the terms of any agreement will be," Kallas said.

Palavras, apenas palavras, pois a UE não pode falar em nome de nenhum dos seus membros. Terão que ser eles a dar um passo em frente e dizer a Zelensky que pode contar com a sua ajuda em todos os aspectos, incluindo o militar. Se for preciso enviar os nossos homens e as suas máquinas de guerra, nós estamos prontos para isso.

O presidente de França parece ser o único com vontade de o dizer, mas precisa de ouvir da boca de Merz e Starmer, pelo menos, que estão com ele para o que der e vier. A Suécia parece-me também ser alguém com capacidade de jogar as suas cartas (como diz o Trump, só vai a jogo quem tiver cartas) e a Finlândia, por ser o vizinho da Rússia que corre mais riscos, também devia avançar e dizer: - para o bem e para o mal podem contar connosco.

Infelizmente, ninguém abre a boca e o presidente Zelensky já começa a aceitar que a Ucrânia vai encolher cerca de 20%. Que há-de ele fazer com uma chuva de morteirada a cair em Kiev e outras cidades grandes, noite após noite. A ele cabe zelar pela segurança dos seus cidadãos e se for obrigado a capitular para lhes salvar a vida, talvez dê esse passo.

Para mal dos nossos pecados, pois ficaremos nas mãos de Putin como uns fracos que nem defender-se sabem !!! 

Fala aí, oh mentiroso!

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Ele há cada um!

 Ontem, no hospital, tive que recorrer à minha pequena reserva de calma para não soltar os cães ao médico que me atendeu. Não sei se era português ou não, tinha um sotaque esquisito, embora o nome me soe a português, talvez brasileiro, Frederico Sábio.

Marcou a consulta para as duas e quando chegou já tinham dado as 3 no sino da minha igreja. Só isso já me deixou mal disposto, os médicos dispõem do nosso tempo como se fosse deles e nem satisfação nos dão. A desculpa é que há sempre uma urgência a que têm que acudir, como se estivesse sempre em risco a vida de qualquer pessoa. Podia ter dito, peço desculpa pela espera, mas não disse.

Depois, entrando no assunto da consulta, perguntou quando tinha tomado o último comprimido de Varfarina (anti-coagulante). Ao pequeno almoço, disse-lhe eu. E quem o mandou tomar a essa hora? Ninguém, foi uma decisão minha. isso parece tê-lo levado aos arames, pois daí em diante foi sempre a espingardar!

A respeito desse comprimido, informei-o que a partir de Janeiro pensava em mudar para outro medicamento que não me obriga a tirar sangue todos os meses para fazer o controlo. Não pode mudar nada, quando tratarmos deste assunto que aqui o trouxe falaremos disso, foi a resposta que recebi. E que assunto é esse, quis eu saber?

Vai ter que parar com a toma da Varfina (assim de modo abreviado) durante 15 dias e substituir por injecções na barriga, durante esse período, disse o Dr. Bispo. Então que vim cá fazer hoje! Foi só para me dar esse recado? Bem podiam ter mencionado isso na nota que me enviaram pelo correio, pois se trata da "preparação" que se faz antes de alguns exames.

Eu moro a 30 Kms daqui, pago o combustível do carro e o parque de estacionamento que não é nada barato e por um período que seria escusado se a consulta, ou o tratamento, fosse feito nas horas combinadas. E mais ainda não vou andar a correr para cá e para lá, conforme vos dá no goto. Sabe que mais doutor, não quero tomar injecções na barriga coisa nenhuma e não volto a pôr aqui os pés!

Ok, disse ele, vou dar-lhe uma carta para entregar ... a quem quiser (!!!) e ponto final. Dito isto foi preenchendo um formulário que já deve ter guardado no computador, precisando apenas de substituir o nome do doente e a data. Quando acabou, imprimiu-o e fechou-o num envelope sem qualquer remetente e entregou-mo.

Doutor, eu quero saber o que diz aí, importa-se de imprimir mais uma cópia para mim? Sem problema, disse ele, e dois minutos depois já eu vinha pela porta foram com o envelope na mão e mais a cópia que me estendeu sem dizer água vai. Em frente da primeira janela, parei e li o que ele escrevera. mas era uma enxurrada de abreviaturas e termos técnicos que fiquei a saber o mesmo.

Fiquei a pensar se devia fazer uma reclamação à direcção do hospital, mas optei por esquecer, pois iria apenas arranjar sarna para me coçar! 

As injeções na barriga


são geralmente administradas na região subcutânea, que é o tecido gordo por baixo da pele, para medicamentos como insulina, anticoagulantes (como a enoxaparina, usada por grávidas) e medicamentos para emagrecimento (como Ozempic, Wegovy, Saxenda e Mounjaro). Para a administração, a pele é dobrada e a agulha é inserida num ângulo de 45 ou 90 graus.
É fundamental que este procedimento seja sempre feito com orientação médica para garantir a técnica correta, a escolha do medicamento adequado e a segurança.

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Krank sein!

 


Ich bin krank! (Eu estou doente)

Krankenhaus und krankenschwestern! (Hospital e enfermeiras)! 

Lembro-me, vagamente, da primeira consulta que tive na Alemanha com o meu médico de família, o bom do Dr. Munz. Eu vivi em casa de uns cunhados e sendo ele o médico de família deles, aceitou-me como membro da família.

O meu cunhado ensinou-me a dizer as palavras com que começo esta publicação, para eu debitar como se fosse um papagaio bem treinado. O que se seguiu da conversa foi um misto de mímica e umas envergonhadas palavras que eu já aprendera em alemão. Felizmente o médico já devia estar habituado a atender imigrantes (portugueses, espanhóis, gregos, italianos e jugoslavos), alguns dos quais eu conhecia e encontrei na sala de espera. Em 3 tempos viu que eu estava com febre ligeira por causa das amígdalas infectadas. Uma receita rápida para comprar umas cápsulas que serviam para debelar qualquer infecção e ... aufwiedersehen!

Aprender alemão foi um bocado mais difícil do que o Francês e Inglês que tinha estudado nos 5 anos de Liceu, mas os meus conhecimentos de Latim (fiz o 4º ano de Latim com uma média superior a 15) foram determinantes para entender as declinações, assim como as variações de forma dos substantivos e adjectivos em alemão. Não existe em mais Língua alguma, além do velho (morto e enterrado) Latim e do Alemão. Os casos, Nominativo, Genitivo, Dativo, Acusativo, Vocativo e Ablativo não dizem nada a quem não estudou estas duas Línguas.

Mas eu sou barra nisso! A Gramática Portuguesa divide-se em 3 partes - Fonética, Morfologia e Sintaxe - e esta última, a Sintaxe, é o segredo para quem estuda alemão. Trata-se de saber a função de cada palavra na oração, sujeito, predicado ou complemento. Quem não dominar esta 3ª Ciência da nossa Gramática não conseguirá aprender a falar alemão. Sempre fui um bom aluno em Português e isso salvou-me a vida, quando cheguei à Alemanha.

Fui incluído numa equipa de trabalhadores maiores de 60 anos que tinham combatido na guerra de Hitler, a maioria deles pouco menos que analfabetos. Ao fim de 3 meses de Alemanha eu dava-lhes lições na sua própria Língua. Quando lhes perguntava porque usavam uma variação de certa palavra e eles não sabiam explicar, explicava-lhes eu a eles usando os poucos vocábulos que já tinha aprendido.

Durante algum tempo, fui deslocado para ajudante de maquinista de um alemão que andava pelos 35 anos. Ele tinha feito a escola básica até ao 9º Ano de escolaridade e depois foi trabalhar. O sonho dele era aprender a falar inglês. Prometi-lhe que o ensinava se ele, em troca, me ensinasse alemão. Foi uma espécie de «Curso Intensivo», pois cada palavra que ele aprendia em inglês, apendi-a eu também em alemão. E há palavras muito parecidas nas duas Línguas, apenas a pronúncia é diferente (Ex: Paper e Papier ou Man e Mann) com as vogais a serem pronunciadas à portuguesa.

Bem, vou terminar por aqui a lição de Alemão, pois acredito que ninguém estará muito interessado no assunto. Daqui a pouco tenho que me pôr a caminho do hospital para uma nova consulta e foi isso que me despertou estas memórias da minha curta vida de emigrante. A palavra krank significa doente e juntando-lhe a palavra Haus que significa casa, obtemos uma nova palavra, Krankenhaus (casa dos doentes) que quer dizer Hospital, como podem ver nas primeiras linhas desta minha publicação de segunda-feira, a última de Novembro.

Inicialmente, eu tinha pensado falar do encontro dos "mandões" europeus, em Genebra, mas como as notícias são poucas a esse respeito, decidi-me por deixar a minha imaginação voar até à Renânia.Vestefália que é o nome da província a que pertence a cidadezinha de Euskirchen, onde fui aterrar como emigrante e vivi, durante 13 meses!

domingo, 23 de novembro de 2025

A minha viagem à Suíça!

 


Com as primeiras neves a pintar os telhados de branco, o aspecto da cidade de Genéve deve ser mais ou menos como mostra esta imagem. Por debaixo dos telhados há corações quentes e mentes exaltadas, em especial hoje, pois ali se vai tentar decidir o futuro de um povo e de um país que não quer viver debaixo de um jugo comunista. Os cabeças-grandes da Europa vão estar reunidos com o presidente da Ucrânia, a quem o Trump e o Putin deram 100 dias para abandonar o cargo que vem desempenhando, e bem, nos últimos 3 ou 4 anos. Veremos o que eles estarão dispostos a fazer para contrariar um destino que parece já traçado e inevitável. 

Este encontro dos políticos envolvidos na governação do mundo fez-me recordar uma viagem que fiz, nos fins de 1978, para tirar o meu filho (então com 17 anos) dum imbróglio em que se metera sem eu perceber como. Ele tinha-me pedido 40 contos para ir para a Suíça procurar um trabalho. Dizia que um amigo lhe arranjaria trabalho e que um outro amigo lhe organizaria tudo, compraria o bilhete de avião e o de comboio, até chegar à cidade em que vivia o amigo que o hospedaria até normalizar a sua vida.

Lá lhe dei os 40 contos, não sem antes ter visitado o outro amigo, armado em passador, que vivia aqui na Póvoa. Nada me pareceu suspeito e lá o deixei partir, todo contente à aventura. Depois de aterrar na Suíça deveria ser uma irmã do passador a tomar conta do meu filho, comprar-lhe o bilhete de comboio e dar-lhe todas as instruções necessárias para chegar à pequena cidade em que morava a família que o ia acolher.

Isto ainda foi antes da era dos telemóveis e os contactos não eram tão fáceis como agora, mas o seu amigo, antigo colega das carteiras da escola, tinha-lhe dado um número de telefone para onde ligar, no caso de se ver à rasca. E ele lá conseguiu ligar e receber instruções para chegar à estação de comboios e comprar um bilhete até ao destino previamente combinado, onde o seu amigo, acompanhado pai, o foi buscar umas horas depois.

Resolvido este primeiro contratempo e esquecidos os 40 contos gastos numa vagem de avião, fiquei a perceber que não seria assim tão simples encontrar um emprego e ganhar uns francos para pagar a sua hospedagem. Calhou de nessa altura eu ter viajado para Milão para visitar alguns fornecedores que viviam naquela zona dos Alpes, entre a França e a Suíça. A caminho da cidade, onde tinha planeado dormir naquela noite de sábado, passei por um sinal de trânsito que indicava o túnel do Monte Branco a uns poucos quilómetros de distância.

Achei que era o destino a empurrar-me para o lado do meu filho e tirá-lo da encrenca em que se metera. Guinei o volante para a direita e lá fui eu a caminho do túnel mais famoso da Europa. Pagar a portagem e alinhar na bicha de carros e camiões que seguiam para França foi simples, o pior viria ao sair do túnel, onde eu teria que virar à direita para entrar na Suíça e todos os caminhos estavam fechados por motivo da queda de neve. Fui obrigado a seguir sempre em frente, até chegar a Genéve, a tal cidade onde os crânios europeus estão, hoje, reunidos para encontrar um modo de ajudar o presidente ucraniano.

Era já noite alta, quando ali cheguei e depois fui obrigado a bordejar todo o Lago Leman até entrar na Suíça. Conforme ia vendo os quilómetros que me separavam do destino a diminuir e os ponteiros do relógio a avançar a minha preocupação aumentava. A que horas chegaria ao destino? Onde arranjaria dormida àquela hora? Dormir no carro era impossível com a temperatura alguns graus abaixo de zero!

Às tantas dei com um letreiro do que parecia uma pensão e fui tocar à porta. Atendeu-me uma velhota resmungona e cheia de sono, embrulhada em abafos de lã, que me disse: - isto são horas de chegar, nós fechamos à meia noite! Mas lá me deu uma chave e indicou um corredor, onde encontrar o quarto que que fora destinado. De manhã, o pequeno almoço foi servido por uma moçoila portuguesa que ficou contente por trocar umas palavras com alguém na sua Língua materna.

Depois de reconfortado o estômago, lá retomei o caminho em direcção à pequena cidade em que o Sr. Nunes, pai do amigo do meu filho, trabalhava numa fábrica de automóveis, e onde exercia já funções de chefia. Almocei em casa dele e discutimos a situação do meu filho, para decidirmos o que fazer com ele. Estes rapazes novos não pensam, para eles é tudo fácil, disse ele. Referia-se aos seus dois filhos, amigos de brincadeira e da mesma idade do meu rapaz. Não acredito muito que ele consiga arranjar aqui um trabalho que valha a pena!

E assim ficou combinado que ele o meteria num voo para o Porto na primeira oportunidade e depois faríamos contas. E, antes que se fizesse noite, nesse longínquo domingo de 1978, guiou-me até uma rotunda, à saída da cidade, onde começava a sinalização para o outro túnel, o de S. Gotardo que liga a Suíça à Itália. Estava um lindo dia de sol e as vistas até à entrada do túnel - que em grande parte do traçado nem túnel é - eram fantásticas com uns poucos farrapos de neve a enfeitar os penhascos ao lado do caminho.

Em menos tempo do que me leva a contá-lo, já estava em estradas italianas e com os sinais de trânsito numa Língua mais conhecida. Sempre guiado pelos mapas, imensos, que levava sempre comigo, lá fui à procura do hotel em que tinha dormida reservada para essa noite. Enganei-me uma vez no caminho, encontrei também uma rua fechada por causa da neve, mas por fim lá cheguei ao meu destino, arrumei o carro no parque e fui à procura de qualquer coisa para aconchegar o estômago que já roncava de vazio que estava.

Não sei quem estará presente, em Genéve, em representação da Europa. Talvez o Costa e a Srª Von der Leyen, ou a Kaja Callas. E, claro, alguém em nome da Alemanha, da França e do Reino Unido. Do lado da Nato não deve estar ninguém, pois só complicariam a conversa que se quer de paz e o negócio será encontrar um caminho para lá chegar. Espero que o consigam, tal como eu consegui trazer o meu filho de volta a casa. O Sr. Nunes pagou-lhe a viagem de regresso e quando o encontrei, uns meses depois, no tempo de férias, e quis fazer contas com ele,  a resposta que recebi foi: esquece lá isso! 


Caminhos de ida e volta!  

sábado, 22 de novembro de 2025

O acordo de (paz) Trump!

 Estive a ler com muita atenção o tal acordo de 28 pontos que o Trump e o Putin devem ter cozinhado de comum acordo e querem impor a Zelensky que está entre a espada e a parede. O mais avisado seria mandar Trump bugiar e continuar com a guerra, pois já provou que consegue fazer muito com pouco. A valentia dos militares ucranianos e alguma ajuda dos países europeus mais bem preparados deveria ser suficiente para fazer recuar os russos para as fronteiras de 2014. Mas seria necessário que esses países dessem um passo em frente e apoiassem o presidente ucraniano nesta hora difícil.

Muitos dos pontos desse acordo são de menor interesse. Copiei para aqui aqueles que julgo de algum interesse e chamo a vossa atenção para aqueles que estão divididos em várias alíneas, cada uma pior que a outra, do ponto de vista de Zelensky, sem esquecer o meu que também conta. E sublinhei a vermelho as partes mais gravosas para a Ucrânia e que beneficiam a Rússia.

Os pontos 14 e 21 são a mais clara roubalheira que se possa imaginar. É como se a Rússia e os EUA tivessem ganho a guerra e estejam a dividir os despojos entre eles, esquecendo por completo a Ucrânia que é dona de tudo e nada fez para merecer tal castigo. Uma coisa destas só poderia mesmo sair de uma cabeça como a de Trump que se aproveita da situação para lucrar alguma coisa e deixa aberta uma porta "muito larga" para futuras negociatas com Putin.

Momento em que Trump disse a Zelensky:
Tu não podes jogar, não tens cartas para isso!

1. A soberania da Ucrânia será confirmada;

2. Será concluído um pacto global de não-agressão entre a Rússia, a Ucrânia e a Europa. Todas as ambiguidades por resolver nos últimos 30 anos serão consideradas resolvidas;

3. Espera-se que a Rússia não invada os países vizinhos e que a NATO não proceda a mais alargamentos;

12. Um pacote global robusto de medidas para a reconstrução da Ucrânia, incluindo, entre outras:

a) A criação de um Fundo de Desenvolvimento da Ucrânia para investir em setores em elevado crescimento, incluindo a tecnologia, os centros de dados e a Inteligência Artificial;
b) Os Estados Unidos cooperarão com a Ucrânia para reconstruir, desenvolver, modernizar e explorar conjuntamente as infraestruturas de gás da Ucrânia, incluindo gasodutos e instalações de armazenamento;
c) Esforços conjuntos para reabilitar as áreas afetadas pela guerra, com vista ao restauro, reconstrução e modernização de cidades e bairros residenciais;
d) Desenvolvimento de infraestruturas;
e) Extração de minerais e recursos naturais;
f) O Banco Mundial elaborará um plano de financiamento especial para acelerar estes esforços.

14. Os fundos congelados serão utilizados da seguinte forma:

Cem mil milhões de dólares em ativos russos congelados serão investidos em projetos liderados pelos EUA para reconstruir e investir na Ucrânia. Os Estados Unidos receberão 50% dos lucros desta iniciativa.
A Europa contribuirá com 100 mil milhões de dólares para aumentar o montante dos investimentos disponíveis para a reconstrução da Ucrânia. Os fundos europeus congelados serão desbloqueados.
Os restantes fundos russos congelados serão investidos num veículo de investimento EUA-Rússia separado, que executará projetos conjuntos em áreas específicas. Este fundo terá como objetivo fortalecer as relações e aumentar os interesses comuns, de forma a criar um forte incentivo para não regressar ao conflito.

21. Territórios:

a) A Crimeia, Donetsk e Lugansk serão reconhecidas como territórios russos 'de facto', incluindo pelos Estados Unidos;
b) Os limites de Kherson e Zaporijia serão os atualmente existentes ao longo da linha de contacto, o que significará reconhecimento 'de facto' ao longo dessa linha;
c) A Rússia renunciará aos outros territórios que controla fora destas cinco regiões;
d) As forças ucranianas retirarão da parte da região de Donetsk que atualmente controlam, e essa parte será em seguida utilizada para criar uma zona tampão neutra desmilitarizada, internacionalmente reconhecida como território pertencente à Federação da Rússia. As forças russas não entrarão nesta zona desmilitarizada.

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

O gajo tem cara de puta!

 Isto ouvi eu da boca de um amigo. E logo lhe perguntei porquê. Porque fala das coisas sérias com um ar de riso, foi a resposta que recebi!

O "gajo" em questão era o nosso PM e de facto ele exibe um sorrisinho nos lábios mesmo quando nos traz notícias menos boas. Dá a impressão que ele, lá por dentro, se sente feliz por nos lixar a vida, ou pelo menos de ser ele a dar-nos a notícia de tal coisa.

Olhei para a televisão e a conversa era sobre a greve do próximo dia 11 e da posição da UGT em relação a esse dossier, o da Lei Laboral que ele quer mudar ao seu jeito ou de quem o motiva para estas coisas da política. A UGT tem que fazer concessões, dizia ele, e o seu sorriso acrescentava, toma lá que já almoçaste!

Eu fui delegado sindical na minha empresa, no tempo conturbado do PREC, e sei bem o que isso quer dizer. Nesse tempo, com o Álvaro Cunhal em grande forma, os sindicatos achavam-se no direito de exigir tudo e mais alguma coisa. A questão da aleitação, na empresa em que eu trabalhava e que empregava muitas centenas de mulheres, era uma novidade, mas recolhia o apoio de muita gente.

A defesa da mulher, sempre e em primeiro lugar, defendia a Fernandinha que era a presidente do sindicato, nessa altura, assessorada por um advogado famoso que a má-língua metia na cama dela. Meia hora de manhã e meia hora à tarde era a proposta de cima. O problema era que meia hora não chegava para ir a casa e dar a mama ao bebé. O conselho dos patrões era que alguém da família trouxesse o bebé à fábrica e as mães teriam a meia hora inteirinha para estar com o bebé, dar-lhe a mama e mudar-lhe a fralda.

Que nem toda a gente tinha alguém disponível para andar com o bebé em bolandas duas vezes por dia e assim a discussão e falta de consenso davam corda às reivindicações da mulherada. O pessoal masculino, como eu, queixavam-se de ser consumido todo o tempo reservado (autorizado) para a reunião com a questão da mama e não se conseguia avançar na discussão do resto dos problemas. Como para a empresa tanto valiam duas meias horas como uma, foi aprovada a proposta de uma hora no fim do período de trabalho, o que fazia com que todas as mulheres com bebés até um ano de idade saíssem uma hora mais cedo e criassem à empresa um problema e tanto.

Numa fábrica de confecções, como também acontece nos automóveis e outras, os operários são dispostos em linha que vão passando o artigo fabricado de mão em mão, acrescentando-lhe mais uma operação, chegando ao fim da linha pronto. Tirar duas ou três mulheres de uma dessas linhas era o mesmo que deixá-la parada. Assim, as chefes de linha eram obrigadas a substituir as faltas com funcionárias da linha ao lado, acabando por ficar, no final, uma linha, ou parte dela, paralisada até ao dia seguinte.

E a grande crítica, do lado do patronato, era que essa coisa da mama era uma grande desculpa, pois nenhum bebé ficava sem comer desde as 7 da manhã até depois das 5 da tarde. A maior parte dos bebés eram desmamados aos 3 ou 6 meses de idade para permitir às mães ir trabalhar. Ou seja, a exigência dos sindicatos servia apenas para chatear os patrões ou servir de moeda de troca por outro benefício qualquer.

Era isso que fazia o nosso PM sorrir, quando arengava que a UGT teria que fazer concessões. Tempo para mamar, isso está fora de moda, as mulheres modernas nem dão mama aos seus filhos para não estragar a peitaça que tanto orgulho lhes dá. Isso e outras coisas que eu penso, mas não digo para não ferir susceptibilidades. E mais dias de férias também não é o que o país precisa se quer aumentar o PIB deste país e mostrar um superavit no fim do exercício!


quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Estou a ficar farto!

 Estou a chegar do hospital, já é a segunda vez esta semana e na próxima há mais! Hoje, foi apenas colheita de sangue para o médico estudar o que me há-de dizer na consulta da próxima semana. Eles continuam a fazer os despiste da doença auto-imune que deixou rastos nas minhas últimas análises. Espero que não encontrem nada, se fosse alguma coisa séria já teria dado sinal!

Hoje queria falar-vos do acordo de paz que o Trump e o Putin andam a cozinhar para a «Guerra da Ucrânia» sem que ninguém lho tenha encomendado. Aliás, preparar um acordo de paz sem um dos interessados, o maior deles os dois, estar presente parece algo utópico saído da cabeça de algum débil mental.

Eu seu que não podemos, ou devemos, acreditar em tudo o que a comunicação social despeja nos noticiários de cada dia. E a ida do presidente ucraniano à Turquia revela que algo não vai bem nesse assunto.

Plano dos EUA terá sido acordado entre o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e Kirill Dmitriev, conselheiro do Kremlin, bastante próximo de Putin. Kiev vê documento com pessimismo.

Perda do Donbass e da Crimeia (e talvez parte de Zaporizhzhia e Kerson), reducão das Forças Armadas e do seu armamento para metade e adopção da Língua Russa como língua oficial do país. Será possível alguém acreditar em tal proposta? Eu duvido e acredito que os ucranianos preferirão morrer a viver dessa maneira.

O palerma do Trump prefere alinhar com o seu amigo (de negócios) Putin em vez de ajudar o invadido a defender-se do invasor. A Lei do Retorno se encarregará de o castigar. A minha avozinha costumava dizer que «pragas com razão nem ao meu cão» e eu rogo-lhe daqui uma praga «que tudo dê para o torto na sua vida, de hoje em diante». E espero bem que a minha querida avozinha tenha razão.

Não faço a menor ideia do que poderá fazer o turco Erdogan para ajudar a Ucrânia, mas qualquer coisa será melhor que nada. A posição do americano Trump é totalmente inaceitável e gostaria de ver os europeus a tomarem uma posição séria no que respeita à defesa da Europa. A Polónia, a Finlândia e os 3 pequenos países bálticos correm um perigo sério de invasão e seja a NATO ou outra autoridade qualquer terá que começar a preocupar-se com isso.

Se a Rússia tocar em qualquer desses 5 países, todos eles membros da NATO, será a guerra para toda a Europa, Portugal incluído. Ora, nós não temos homens nem máquinas preparadas para tal, nem vejo como resolver esse problema. Treinar homens para esse tipo de guerra demora tempo e para comprar equipamento é preciso ter fundos, coisa que também não temos.

Grande parte (quase toda) da riqueza produzida neste país vai para os juros da dívida que contraímos para recuperar das 3 falências a que o Socialismo (Mário Soares e Sócrates) nos conduziu, no período pós-revolucionário. À custa de muitas privações, o António Costa ajudado pelo Mário Centeno conseguiram reduzir de 120% para 60% do PIB o peso da dívida, mas desde que o Conde de Monteverde tomou as rédeas do poder já vamos, de novo, a chegar aos 100%.

Tudo isto, repito, afirmo baseado na informação que nos é servida, diariamente, pela nossa comunicação social, se é verdade ou mentira só o diabo saberá, mas fico muito preocupado, pois já imagino os meus netos que estão entre os 20 e os 30 anos de idade, a serem chamados para aprender a manusear a nova arma que as nossas Forças Armadas escolheram para substituir a G3 que me acompanhou, durante 6 anos.

FN Scar Calibre 5.56

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Uma questão de estatura!

 


Não tenho ligado nada aos debates televisivos entre os candidatos, pois acho que é perda de tempo. Eles falam apenas do que não interessa e têm poucas ligações com a personagem, mais ou menos icónica, que ocupará o Palácio de Belém, a partir de Março (próximo futuro).

O orçamento para a presidência da república deve andar um pouco acima dos 22 milhões de euros, ou seja, quase 2 milhões por cada mês do ano. Talvez fosse um bom começo discutir este valor e ver se não está a ser esbanjado dinheiro que faz falta (e muita) para outras coisas.

As sucessivas viagens que o presidente faz, e o actual abusou desse privilégio, parecem-me desnecessárias ou pouco justificadas. O pessoal que anda atrelado ao presidente, entre assistentes, motoristas, seguranças, etc. talvez pudessem ser reduzidos a um mínimo aceitável e poupar uns cobres. Para conhecer os seus pares internacionais, talvez fique mais em conta mandá-los vir a Lisboa e pagar-lhes o jantar no Palácio de Belém.

Estes parecem-me ser os assuntos de interesse a discutir nos debates, pois o trabalho do dia-a-dia do presidente terá assessores especializados para lhe preparar a papinha toda. Estudar e rever leis que vêm do governo ou do parlamento para publicação terão especialistas em direito constitucional para sublinhar a vermelho a parte do texto que suscite dúvidas para posterior análise do presidente. E receber membros do governo ou os partidos para troca de impressões não é tarefa de todos os dias.

As reuniões do Conselho de Estado também não acontecem todos os dias e a sua serventia é bastante discutível, alguns dos conselheiros fazem lá tanta falta como uma viola num enterro. Talvez valesse a pena discutir esse assunto nos debates. Ex-presidentes ainda concordo que lá apareçam, representantes de partidos eu não os quereria lá, empresários de sucesso talvez e pouco mais, a quantidade raramente é sinónimo de qualidade.

Estão a perceber por onde eu encaminharia a conversa se estivesse no lugar do candidato? Mas não vejo isso na discussão nem os pivots do canal televisivo entram por aí. O que pensa disto, o que pensa daquilo, o que faria nesta situação ou naquela que envolve o risco de entrarmos em guerra numa guerra que não diz grande coisa aos portugueses. O que pensa dos outros candidatos á matéria proibida e terreno escorregadio a ser evitado.

E depois, há as sondagens que, segundo as más-línguas são encomendadas a preceito para darem o resultado que se pretende mostrar ao grande público que é, ao fim e ao cabo, quem garante as audiências e as receitas necessárias para continuar a fornecer o serviço. Aí labutam os estatais, muito dispendiosos, e os particulares, atascados em problemas económicos, que têm que fazer algo que justifique a sua existência e as sondagens parecem ser a solução.

Para mim não, cada vez se tem visto mais e maiores desvios do resultado final em relação às previsões feitas. O que me leva à conclusão desta minha publicação, duvidando que o Marques Mendes (mais conhecido pela alcunha de Ganda Nóia) alguma vez reúna 40% ou mais de votos numa primeira volta. E mais ainda que ultrapasse o candidato apoiado pelo PS, ou o almirante das vacinas que, pelo que se diz nas redes sociais é o candidato preferencial de uma grande parte da população desiludida com o desempenho dos partidos políticos.

Tenho dito !!!

P. S. - A questão da estatura tem a ver com a foto que acompanha a publicação, onde se nota a altura do marinheiro que concorre a presidente, ao lado dos minorcas da política tuga!

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Voltei ... com o Bitcoin!

Ontem, foi um dia para me ficar na memória, não liguei o meu computador nem liguei muito ao que se passou na Bolsa de Paris. Quem é que gosta de ver os seus investimentos a dar para o torto e ver as suas economias de uma vida a encolher que nem pano de chita em água a ferver?

Mas, no meio dessa desgraça, há uma coisa que gostei de ver e espero continuar a gostar cada vez mais. E apenas por vingança daqueles que previam que o Bitcoin haveria de continuar a subir atingindo as centenas de dólares na sua cotação máxima. No último mês já desceu dos 110 até 91 mil dólares, acompanhado também pelo preço do ouro e do petróleo (este menos do que devia, mas já é um sinal).

A criptomoeda que foi criada para ser uma espécie de dólar virtual, com valor equiparado, para fazer pagamentos na net e fugir ao controlo dos bancos, assim como dos governos que só se deixam ultrapassar quando querem. Quando vi o Bitcoin subir até às centenas e depois aos milhares de dólares, fiquei convencido que isto é um negócio que interessa a alguém e para esse alguém lucrar alguém ficará a perder. Ter um bem que valia 110.000 dólares, há uns meses atrás, e chegou, ontem, aos 90.000, é de meter medo!

Vivemos num mundo de interesseiros, em grande parte sediados nos Estados Unidos. Li, há dias, uma previsão feita por um desses gurus que sabem tudo que vai acontecer no futuro (?), em que ele afirmava que essa moeda virtual chegaria, em breve, aos 600, ou mesmo 700 mil dólares, e com hipótese de atingir um máximo de 1.5 milhões, até ao ano de 2030!

Nestas teorias só acredita quem quiser, a única coisa que essa gente consegue inflacionar é a esperança de ser rico que existe dentro de cada um de nós. Pegar numa moeda de dólar e dizer que ela passará a valer 1.5 milhão de vezes mais, só mudando-lhe o nome, não me entra na cabeça. Por isso a minha alegria em ver o Bitcoin descer até aos 90 mil e espero que continue a descer até aos 90 dólares e, depois disso, continue até atingir uma cotação de 1.10 USD que é o seu valor comercial para operações em que se não paga IVA.

Há dias, ouvi dizer que alguém comprou um T2, em segunda mão, por uma moeda de Bitcoin. Até pode ser verdade, mas pergunto-me como foi capaz de ir às Finanças fazer o registo da transação e pagar os respectivos impostos. A menos que o título de propriedade seja também virtual e ele tome posse do dito apartamento sem prestar contas a ninguém.

Não é fácil ligar o mundo virtual ao mundo real e esta moeda entende-se como um meio de pagamento para pequenas operações, como comprar créditos para um jogo online, ou pagamentos de compras no mercado negro, drogas, etc.. E aí, acho eu, os governos deviam intervir e criar legislação que pudesse regular essas operações, assim como os detentores de fortunas nesse tipo de bens.

Ah, mas isso não interessa aos tubarões que vivem e lucram desse negócio. Se fosse do conhecimento das autoridades que regulam os mercados teria que ser taxado à taxa em vigor e perderia o interesse. E aí um dólar ou um bitcoin teriam o mesmo valor, tal como era a intenção de quem o criou, um qualquer viciado em "gamming" que pensou lucrar alguns dólares (e não milhões) a vender créditos de jogos criados por si e postos na net para entreter miúdos!


domingo, 16 de novembro de 2025

Há coisas e loisas e há o futebol!


 Podia falar de mil outras coisas, do Brasil ou do Japão, de Marcelo ou Ventura - já pensaram a sério na hipótese de vermos este a substituir aquele, no Palácio de Belém? - dos bilionários ou dos deserdados da sorte, mas não, a minha escolha recai no desporto rei, o futebol que atrai milhões e irrita outros tantos que não o suportam.

Esta madrugada, adormeci a pensar em futebol, melhor dizendo, adormeci no sofá da sala, antes que o jogo entre o Santos e o Palmeiras acabasse e fiquei sem saber o resultado. Podia ter agarrado no Tablet que tenho sempre à mão e perguntado ao Chatgpt, ou outro semelhante, que logo saberia a resposta. Fui pela hipótese de me deitar na cama e dormir, pois de manhã saberia tudo a esse respeito, alguém se encarregaria de me dar a notícia.

 Enganei-me, já há mais de duas horas que estou acordado e ouvir todo o tipo de notícias, a maior parte repetidas de ontem à noite, e nada de falarem em futebol. Lá tive que recorrer aos meios alternativos e fiquei a saber que o Palmeiras aguentou o 0 a 0, durante os 90 minutos, mas nos descontos houve um habilidoso da equipa do Santos que furou as redes do Palmeiras.

E quem era ele? Fácil de adivinhar, um craque do Benfica que animou a pré-época de 2024/2025 e depois pouco foi utilizado pelos dois treinadores que estiveram à frente da equipa. Como resultado foi dispensado no fim da época e rumou ao Brasil. Benjamin Rollheiser, de seu nome, jogou, ontem, como suplente utilizado e calhou ser ele a decidir o jogo e dar um desgosto ao treinador português que precisava de ganhar para chegar ao primeiro lugar.

 Os olheiros, os treinadores e os dirigentes do Benfica decidem contratar um jovem argentino que era uma promessa e em menos de um ano enviam-no de regresso à América Latina, porque ele não provou ser aquele jogador que pensaram ser. Se calhar, nem lhe deram oportunidade de jogar e mostrar o que valia, deixaram-no no banco, algumas vezes, e na bancada, a maior parte delas. E depois ele vai jogar numa equipa das melhores do Brasil e vira o herói do dia, como aconteceu, ontem, no mítico estádio Vila Belmiro.


A segunda figura de que vos vou falar - e já não é a primeira vez que o faço - é a Mariana (Mona Lisa) Fernandes. Quando decide usar óculos, ela perde um pouco as parecenças com a figura famosa pintada pelo Leonardo da Vinci, mas esta manhã apareceu sem os ditos e voltou a refrescar-me a memória, no que respeita ao nome que, em tempos, lhe tinha dado.

 Ela, a par da Sofia de Oliveira, são as duas mais jovens especialistas de futebol que labutam na televisão para ganhar o pão-nosso-de-cada-dia, formadas pelas escolas superiores que têm cursos para todos e qualquer um, desde a medicina à engenharia, das línguas e ciências até ao desporto, com o futebol em primeiro lugar.

Elas já estiveram juntas no mesmo canal, mas, tal como não há lugar para dois galos na mesma capoeira, também não cabem duas especialistas deste gabarito no mesmo programa. A Sofia já tinha vindo corrida do canal da Federação, por um galo mais forte e experiente que ela, mas na TVI ganhou à Mariana e foi esta que teve que fazer a mala e mudar-se para a SIC.

Hoje, mal liguei o televisor, apareceu-me ela a falar do jogo que, logo à tarde, se vai realizar no Dragão e Portugal precisa de ganhar para se qualificar. O assunto era a previsão do jogo, em que o capitão de equipa não poderá participar por estar castigado. Imagino que, a esta hora, ele já estará em Riad, onde amanhã terá que se apresentar ao Jesus para continuar o seu treino e o mais provável é não ter ouvido os comentários feitos pela Mariana.

Hoje, a conversa foi a respeito do Gonçalo Ramos que vai ocupar o lugar de Cristiano Ronaldo e, esperamos todos nós, marcar o golo que dará a vitória a Portugal. Se não for ele que seja outro qualquer, o João Félix também serve, ou o Trincão, ou até o espalha-brasas, filho do zaragateiro Conceição, o que é preciso é ganhar. Agora que Portugal tem sido referido como tendo a melhor selecção do mundo (?) será caso para usar aquele lugar comum atribuído aos alemães, no jogo são 11 contra 11 e no fim ganha Portugal.

E para despedida quero recordar uma frase da Mariana dita, há tempos, sobre o capitão da nossa selecção. Disse ela que o Ronaldo pode falhar os penalties que falhar, que será ele sempre o chamado a marcar o próximo, enquanto estiver em campo! A nossa crença nele é tanta que, se calhar, ... ela tem razão !!!