Desde que abandonei a vida profissional que tive que aprender outro modo de ocupar as 24 horas de cada dia. Antes disso, dormia mal, acordava cedo e chegava ao escritório ainda antes das mulheres da limpeza terem feito o seu serviço. Toda a Europa abria os seus escritórios antes de os meus colegas acordarem e irem para a casa de banho fazer a barba.
O porteiro, para quem ficava ligada a rede telefónica, na ausência da telefonista, chegou a ligar-me para casa, antes das 8 horas dizendo que um estrangeiro qualquer já tinha ligado 3 vezes. Ele limitava-se a dizer, em bom português, para ligar mais tarde, depois das 9, e desligava o telefone.
Eu imagino a fúria de alguns ao ter que esperar até às 10 horas (do seu horário) para resolver algum problema que seria da maior urgência. Por essa razão, principalmente, em tempos mais conturbados, eu preferia ir para o escritório, em vez de ficar em casa a matutar nos mil e um problemas que me esperavam a cada novo dia de trabalho.
Hoje, passados que são mais de 20 anos desse período complicado da minha vida, ainda acordo, por vezes, em sobressalto a pensar na carga que tem que seguir para a Roménia ou Marrocos e eu ainda à espera que cheguem as últimas peças para meter no camião e despachá-lo para a alfândega. Nesses dois países e também na Bulgária, contratámos várias fábricas de confecções para fazer aquilo que nós já não tínhamos capacidade para fazer. O patrão delirava com o aumento da facturação, mas os problemas para tornar isso possível sobravam para mim que era o responsável pelo Planeamento.
Felizmente, isso acontece cada vez com menos frequência e a minha maior preocupação, hoje em dia, é arranjar assunto para a minha crónica matinal, de modo a não defraudar as vossas expectativas, pois qualquer assunto serve. Isso faz-me recordar de uma peripécia engraçada, em que fui eu a escrever uma crónica para o jornal Record, em vez do meu genro, a quem tinha sido dado esse encargo. Ele era jornalista e trabalhava para o Record "á linha".
O chefe da redacção dava-lhe o tópico e ele tinha que desenvolver o tema de modo a ocupar, por exemplo, meia página. Nesse dia, o tema era "regiões vinícolas de Portugal" e ele que estava de visita a minha casa disse-me: como é possível pedir uma coisa destas a um jornalista especializado em desporto? E eu, sempre cheio de vontade de soltar o verbo, ofereci-me para lhe escrever a crónica. Ele aceitou a proposta e na revisão do texto que ficou a seu cargo, teve que cortar mais de 20%, pois já não cabia no espaço reservado para o efeito.
Tudo isto me passou pela cabeça, enquanto o meu cérebro fazia a ginástica habitual para escolher um tema que não fosse muito recorrente nem despido de qualquer interesse para quem faz o favor de me ler. Embora eu não escreva para ser pago "á linha", tenho que reunir o suficiente para preencher, pelo menos, dois écrans no meu computador, quando em modo de pré-visualização.
A análise política, mais que a desportiva, é um chão em que gosto de me mexer. Escolher falar de Macron, Merz, Starmer, Putin, Netanyahu ou Trump é a decisão que só a mim diz respeito. Os comunistas como Jimping, Maduro ou o rapazola norte-coreano não me entusiasmam muito, mas também não devem ser esquecidos. As guerras que grassam um pouco por todo o lado, embora nós só estejamos focados na Ucrânia ou Gaza, são uma boa fonte para qualquer cronista. E a Economia? Essa não domino muito bem, nem a minha carteira de títulos consigo gerir a precito, mas de vez em quando também lhe pego.
Cá, no burgo lusitano, os assuntos do momento são a roubalheira sem vergonha que acontece no futebol, prejudicando o meu Benfica, e as eleições presidenciais que vão em pré-campanha acelerada. Os candidatos, uns mais que outros, ocupam-se na má-língua, quais mulheres do soalheiro, dizendo mal quanto podem do candidato que lhes fica à esquerda ou à direita. Isso não abona muito em seu favor, mas se conseguirem o objectivo proposto tudo estará bem.
Já puseram o almirante das vacinas no pódium e já o meteram no buraco mais fundo, em menos tempo do que levo eu a escrevê-lo. A mim já me perdeu como eleitor, quando disse que se revia no perfil de Mário Soares, esse que eu não suporto ver nem que ponha uns óculos escuros. Se houve um político, em Portugal, que me tenha decepcionado, esse foi o Bochechas. Desde a descolonização (desastrada) à actuação como PM e depois PR, tudo me desiludiu. Era um bom parlamentar, mas paravam aí as suas competências.
Talvez vote nele na segunda volta, dependendo de quem lá chegar a par com ele. Digo isto, porque acredito que ele passará à segunda volta e em primeiro lugar. Dos outros, apoiados por partidos, um lá chegará também para fazer par com ele. Será o Ventura, o Mendes, o Seguro ou o Cotrim? Ninguém aposta em qualquer deles com a confiança necessária. Eu talvez vote no Cotrim da IL, na primeira volta, mas não acredito que ele seja um dos finalistas. Por isso reservo-me para desempatar tudo na segunda volta!

Quem pos o almirante no podium foi exactamente a CS que descobriu nele qualidades para manter o sistema. Os eleitores uteis apareceram depois facilmente manipulados pela mesma CS... Bastava fazer um cruzamento de dados entre o que disse e escreveu para chegar a conclusao que o homem nao tem capacidade de leadership. Esta historia porem revelou uma outra ainda mais obscura: a facilidade que a CS tem em manipular o povo português... e simplesmemente aterrador!
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