A crónica do dia 15!

O dia 15 de Agosto é o dia da chamada «Festa da Póvoa», evento conhecido e reconhecido, em todo o Minho. Neste dia, a população desta cidade duplica e transforma a vida dos residentes num pequeno inferno. Os únicos que gostam disso são os comerciantes que, ao fim do dia, contam com algumas moedas a mais no bolso, ou na caixa registadora.

Eu, agora, velho e caquético limito-me a ficar fechado em casa e esperar que chegue o amanhã. Mas, nos velhos tempos, dava ordens à maralha para se preparar para um dia longe de casa. Algumas vezes com o farnel na bagageira do carro, outras com umas notas extra na carteira para pagar o almoço num qualquer restaurante que agradasse. A maior parte das vezes não agradava a todos, mas o chefe manda e a maralha obedece. A disciplina ensina-se e aprende-se desde a infância, eu fiz o meu papel.

Ainda desafiei um dos meus netos a fazermos esse programa, hoje, mas ele torceu o nariz, pois gosta de dormir até horas em que já já estou a dormir a sesta. A minha cara metade também não está pelos ajustes, diz que um dia me pode dar a "filoxera" longe de casa e ela não sabe como regressar a casa, nem pode com o carro às costas. Já assim tem acontecido na maior parte dos últimos 10 anos, por cnseguinte não estranharei a coisa.

A alvorada (da festa) foi anunciada com 3 morteiradas que fizeram o meu cão começar a ladrar, como se lhe tivessem rebentado com os tímpanos. Festa na rua, carroceis e barracas de doces e farturas é o costume. E logo. à tarde, a procissão que é o ponto alto da festa. Ao passar em frente ao porto de pesca, para a procissão, viram o andor da Senhora para o mar e desatam num foguetório que dura mais de um quarto de hora. Coisa para deixar o meu cão passado dos carretos. Ele não pode com os foguetes, corre de um lado para o outro e ladra que se farta. Dizem que o ouvido do cão é 200 vezes mais apurado que o nosso, por isso entendo a aflição dele.

Vai ser assim o dia da festa, como foi em tantos anos que fugi da Póvoa a sete pés para evitar a confusão gerada pelo excesso de gente nas ruas. Para o ano logo se verá, pode ser que convença alguém a levantar-se cedo da cama e ir comigo dar a volta ao Minho!