Queres ver o teu corpo, abre o teu porco, diz o adágio popular. Se os chineses forem como os portugueses, o porquinho marcha todo. Desde a ponta do rabo até ao focinho, passando pelas orelhas e pelas unhas, não há bocado que não caiba no prato dum português que se preze de respeitar as tradições.
Os chineses entram hoje no novo ano, o ano do porco. Ontem. entraram os moçambicanos no novo ano escolar. Todos os dias há alguém a comemorar algo novo. Eu também, é a primeira vez que vejo o sol nascer na primeira terça-feira de Fevereiro do ano de 2019.
Mas, voltando ao porco que é hoje o herói do dia, quero recordar aqui uma data especial que, de certo modo, também está relacionada com o dito herói que anima a mesa dos portugueses. Fevereiro de 1968, Lourenço Marques, Moçambique, maca ferrada e saco de marujo atestado com os meus pertences, eu estava pronto e ansioso por embarcar de regresso a Lisboa, depois de mais uma comissão de 28 meses. O Vera Cruz estava já atracado no cais de Lourenço Marques e as horas corriam devagar.
Todavia e para lá da grande ansiedade, as coisas aconteceram como estava planeado. A viagem rumo a uma vida nova começou ali e nunca mais parou até hoje. No dia do meu aniversário (24º) estava em Luanda. Fomos até ao Baleizão festejar. Uns dias depois estava na Escola de Fuzileiros e no dia 20 de Maio, na «Estação de Santa Apolónia», dentro de um comboio a caminho de casa.
E o porco, estarão vocês a pensar, quando é que o porco aparece na história?
Pois, o porco foi criado, ao longo de 6 ou 7 meses, pelo meu pai e destinado a ser transformado num belo sarrabulho quando eu chegasse a casa. Foi a maneira que o meu progenitor encontrou para demonstrar a sua alegria por eu ter passado pela Guerra do Ultramar sem ter deixado lá o cabedal. O meu pai ficou muito feliz, eu também, como aliás o resto da família e amigos, só o pobre do porco é que acabou os seus dias com uma faca espetada no coração para nos fornecer o sangue para o sarrabulho.
Do porco come-se tudo, como referi acima, nem o sangue escapa!
É verdade, do porco até as unhas se comem numa bela feijoada! Para mim a matança do porco na aldeia era sempre um dia de festa! O que comi já não me lembro, mas lembro-me das pessoas que tinha à minha espera no cais!
ResponderEliminarAssisti a várias matanças. Do suíno nada é desperdiçado.
ResponderEliminarAgora pergunto eu...Se só precisavam do sangue para o sarrabulho porque é que mataram o porco? Espetava-se a faca no porco mas não directamente no coração do animal. Prolongando o sofrimento do animal até sangrar. Só depois é que a faca espetava no coração do animal provocando-me a morte.
ResponderEliminarContinuação de boa semana, com ou sem sarrabulho!