Agora só se fala nos espoliados do BES e do BANIF, sem esquecer os do BPN que foram os primeiros a sofrer as consequências do descalabro político/financeiro/bancário acontecido neste desgraçado país. Mas todos já se esqueceram dos espoliados do Ultramar Português, aqueles que a seguir à revolução dos cravos tiveram que abandonar as ex-colónias deixando lá tudo o que ao longo de gerações tinham conseguido amealhar. Esses não perderam milhões, perderam tudo o que tinham.
A morte de Almeida Santos torna este assunto actual de novo. Ele também foi um retornado de Moçambique. Uma parte dos retornados ficaram conhecidos pela alcunha de «tinhosos» por dizerem que no Ultramar tinham isto e mais aquilo, o que em muitos casos não passava de gabarolice. Por aquilo que ouvi contar, pois escrito não o vi em lado nenhum, o agora falecido Presidente Honorário do PS era um verdadeiro tinhoso. Nos 22 anos que viveu em Lourenço Marques juntou fortuna e não me consta que tenha vindo embora abandonando tudo o que tinha.
Ele era tu cá tu lá com os frelimistas e o tempo que medeia entre o 25 de Abril de 74 e o seu regresso à Metrópole foi de intenso contacto com Samora Machel e Joaquim Chissano. Se não fosse a posição de subserviência da Frelimo a Moscovo e a consequente pressão para correr com todos os portugueses, talvez Almeida Santos acabasse por ser convidado a fazer parte do 1º Governo de Moçambique e possibilitasse uma descolonização pacífica mantendo a economia do país a funcionar.
Com o Samora a forçar a barra, pressionado pelos comunas, e um Mário Soares empurrado pelos esquerdistas do Movimento das Forças Armadas, tudo ajudava a que as coisas em Moçambique acabassem mal. Um mau Acordo de Lusaka e uma execução ainda pior.
Almeida Santos podia ter lutado contra Mário Soares, juntando-se a Machel e Chissano, para evitar o desastre que acabou por acontecer. Há momentos na vida que um homem tem que optar por aquilo que lhe parece mais certo, ou que mais lhe convém. Nessa altura ele optou por juntar-se ao Marocas e ficar na História de Portugal como um dos responsáveis pela desastrosa descolonização que aconteceu em todas as ex-colónias portuguesas. Ele sabia-o e nunca o negou.
Pequeno excerto da entrevista dada pelo Alferes Costa Monteiro ao «Diabo».
«Os verdadeiros traidores»
Fica claro das suas palavras que os militares portugueses estacionados em Omar e que o senhor comandava não foram traidores.
Nós, os militares portugueses em momento nenhum fomos traidores. Traição houve por parte do poder político português da altura, no quadro da trágica descolonização das ex-províncias ultramarinas.
Quer referir os nomes?
Mário Soares, Almeida Santos, Melo Antunes e Otelo Saraiva de Carvalho, entre outros. Estes é que são os grandes e verdadeiros traidores da Pátria portuguesa.
O que é que acha que Almeida Santos procura com o livro que escreveu?
A meu ver procura encontrar bodes expiatórios, procura sacudir a água do capote, eximir-se às muitas responsabilidades que teve.
Ainda por cima recorrendo a mentiras...
Esqueci-me de acrescentar que a referida entrevista ao Diabo aconteceu por causa da publicação do livro de Almeida Santos, «Quase Memórias».
ResponderEliminarHá histórias que não podem ser contadas em livros, não se pode dar cacetada em quem já está morto! se houvesse Tarrafal e PIDE, tu ias lá direitinho, mas a ser verdade os jornalistas, ou escritores, tinham obrigação de denunciar quem foi, ou é traidor, corrupto e outras coisas como estes 30 deputados que estão a comer à nossa custa em nossa casa,(AR), 100 deles estão a mais e o Sr. Costa se tivesse coragem expulsava imediatamente estes 30, os traidores ou incompetentes do BPN, BES e BANIF, deviam ter devolvido o nosso dinheiro e estarem presos, mas há muita falta de tomates neste país, tu já tens demonstrado várias vezes que devias estar ao leme e nomeares mais 50 como tu e o nosso navio começaria a navegar, tenho pena se os ministros, ou deputados não lêem o teu Blogue, o país está assim por falta de coragem, como ontem teve a Marisa Matias.
ResponderEliminarPois, eu não sei quais terão sido os maiores traidores. Se foram os que nos empurraram para uma guerra sem fim à visto, ou se foram aqueles que puseram fim a essa guerra. Embora não tenham evitado a deslocação de milhares de pessoas das ex-colónias para a Metrópole. Todavia, puseram fim ao envio de mais jovens para a morte. Disso penso que ninguém deve ter dúvidas? A descolonização foi mal feito, também sei disso. Mas penso que por culpa do ditador Salazar, porque, se ele tive tido inteligência de dialogar com os lideres nacionalistas dos movimentos de libertação de cada uma das ex-colónias, nunca tinha acontecido o que aconteceu!
ResponderEliminar