sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Mueda - Mais testemunhos!


Os contornos do massacre de Mueda permanecem incertos, tal como o número de vítimas atingidas pelo fogo das tropas portuguesa, de 14 a 600, segundo versões oficiais dos dois lados, após conversações entre emissários moçambicanos provenientes da Tanzânia e a administração portuguesa, sobre a exploração praticada nos salários e comercialização de produtos agrícolas e das liberdades que eram negadas à população local.
A expetativa sobre as negociações de dois destes emissários, Mathias Shibiliti e Faustino Vanomba, levou milhares de pessoas do planalto de Macondes àquele largo de Mueda, com a expetativa de que a independência de Moçambique, ou pelo menos daquela região, começaria naquela tarde. Mas o que viram foi o governador de Porto Amélia (atual Pemba), Garcia Soares, dar ordem de prisão aos dois nacionalistas.
A prisão de Shibiliti e Vanomba causou uma revolta dos populares e em todos os cantos ouvia-se uma pergunta a que ninguém poderia responder:
- Afinal viemos para ouvir o que Shibiliti veio dizer ao governador, ou para assistir a pessoas a serem algemadas?
Seguiu-se um coro de gritos, junto do carro, já de motor ligado para levar os dois presos:
- Daqui eles não vão sair!
Havia um cidadão moçambicano, que era catequista, e tinha escondido uma faca numa mochila de pele de gazela e queria esfaquear o governador que vinha de Porto Amélia. A primeira pessoa a levar o tiro foi ele, relata William André, guia do Museu, que mantém a versão de que as tropas abriram fogo por instrução do próprio governador.

4 comentários:

  1. Não duvido de que a população se tenha revoltado contra os seus exploradores. Os quais não olhavam a meios para atingirem os fins. O que para eles tanto se lhe dava matar um como matar 600. Não sou contra a quem luta pela defesa daquilo que por direito lhe pertence. Como foi a luta daquele povo, contra a ocupação e exploração colonialista portuguesa. Digo isto com conhecimento, porque vive durante um ano, com mais de 300 pretos, onde só havia como eu outro branco. Posso dizer que foi um dos melhores anos da minha vida! Tive a oportunidade de conhecer aquele povo e a sua maneira de viver, que antes não conhecia. Só tenho a dizer bem daquela gente que vivia na miséria, devido à exploração, como era possível ser tão humilde!

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  2. Continuando no mesmo tema. Eu acredito que se Portugal tivesse agido de modo diferente, não teria havido metade do sofrimento, nem se teriam perdido tantas vidas, tanto de um como de outro lado. E a independência ter-se-ia dado muito mais cedo.
    Um abraço e bom fim de semana

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  3. Também pertenço ao número dos que foram favoráveis à independência das ex-Províncias Ultramarinas ou ex-Colónias Portuguesas, como lhe queiram chamar . Não tenho dúvidas acerca da exploração a que os seus naturais estiveram sujeitos . Agora, é preciso ver que decorreram cerca de 40 anos após as suas independência, dito isto, pergunto : acabou a exploração sobre os desfavorecidos ? - Diminuiu a miséria para a grande maioria ? - A assistência médica e educacional melhorou a nível aceitável ? - Mais, a segurança de pessoas e bens está salvaguardada, devidamente ? - Depois, a Guerra e Paz, outro flagelo que não terminou e, como é sabido, os anos de luta entre portugueses e africanos foi muitíssimo menor e como menos consequências do que a que se veio a verificar, entre as suas gentes, até a um passado recente ; com a agravante, de nela terem entrado/participado forças estrangeiras - alheias às suas realidades - e com intuitos meramente políticos/económicos, antidemocráticos ! - Então, pode-se chamar a isto o quê ? - Bem sei que todos os povos têm direito à sua independência/autonomia total com liberdade para traçar o seu caminho e viver em conformidade ; todavia, verifica-se que, os senhores - responsáveis pela guerra de libertação e seus progenitores, incluindo descendentes e outros da mesma laia - mais não fizeram do que continuar a guerrear-se/extermínio entre si com o fim de obter o poder absoluto a qualquer preço e, assim, conseguiram fortunas sem justificação alguma, indiferentes a tudo e a todos, bem como à pobreza dos seus concidadãos ! Efectivamente, esta realidade, é bem demonstrativa de que, apesar de algumas/várias arbitrariedades imputados a portugueses e que não pretendo desculpabilizar, nem de modo a que devessem perpetuar-se ; porém, o que é facto, é que os povos em causa, com raras excepções, têm razões de sobra para se queixar daqueles que pouco ou nada lhes têm proporcionado de bom, a não ser guerra, insegurança, sofrimento e fome . Poder-se-á dizer : seja como for, o mais importante é a verdadeira libertação, ainda que sujeitos a inúmeras vicissitudes . Perante o mencionado e para que fique claro, não sou apologista de regresso a passado ou sequer pôr em causa direito adquirido, somente lembrar que, em minha opinião, não é justo considerar todos os portugueses que fizeram as suas vidas no Ultramar, como " os maus da fita ", uma vez que a sua grande parte viviam em paz e harmonia com os de origem africana e sem qualquer espécie de racismo . Para finalizar, convém lembrar que, vários continentais, venderam bens em Portugal para investir em África e, por isso, não se pode generalizar a ideia de que fazer vida naquelas paragens era significado de exploração ... . Um abraço .





















































































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  4. Nunca fui a moeda, sei que era uma zona temida por qualquer soldado derivado às picadas e aos campos minados, histórias tristes, que nunca deviam ter acontecido.

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