quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A punheta!

Durante todo o ano de 1967 que passei em Metangula transformei-me num verdadeiro adepto da punheta. Isso, ouviram bem, da punheta. mas não de qualquer punheta rasca feita de improviso, nas sim uma daquelas bem trabalhadas e envolvendo o fiel amigo vindo dos mares frios do Atlântico Norte. Lá em baixo, naquela faixa de terreno que fica entre as bombas de água e o cais de acostagem das lanchas, tínhamos uma machamba onde cultivávamos de tudo um pouco, mas principalmente tomates, pimentos e alfaces. Juntando a isso um par de cebolas cortadas às rodelas e uma boa posta de bacalhau, sem esquecer um azeite português de reconhecida fama e um espirro de vinagre de vinho, aí estava punheta pronta a ir para a mesa. Para os de paladar mais apurado, uns pozinhos de pimenta do reino para finalizar.


Com a minha mulher dispensada de todo o serviço, tenho que pôr a cabeça a funcionar para recordar as experiências vividas na Marinha e garantir que assim não passarei fome. Hoje, ao almoço, apareceu a filha com dois frangos de churrasco, mas não fiquei muito satisfeito com tal petisco e não me apetece repetir a experiência.
Grande cozinheiro não sou, limito-me a fazer uma sopinha, tal como fazia o saudoso António Assunção naquele papel de frade que ia de terra em terra cozinhando a sua sopa de pedra. Eu faço como ele, dispenso a pedra e meto tudo o resto que me vem à ideia (e existe no frigorífico) para dentro da panela. Depois sento-me pacientemente, à espera que coza e sem esquecer o sal tenho a minha sopa pronta para enganar a fome.
Um bacalhauzinho com todos ou um bife número dois (depois dou-vos a receita se pedirem com muito empenho) é quase tudo o que me arrisco a fazer para além da sopa. A punheta, não sei explicar porquê, parece-me uma coisa mais de homens e não é coisa que a minha mulher aprecie, por isso ainda não pus as mãos a trabalhar nisso. Mas acontecerá no dia em que ela me pedir uma posta de pescada cozida, petisco que dispenso. Deixo a mulher a contas com a pescada e para mim ... punheta, pois claro!

6 comentários:

  1. É da maneira que eu gosto mais do bacalhau, mas como é um prato frio prefiro-o no Verão.De Inverno é mais à Braz, à Gomes de Sá, ou assado no forno com batatinha a murro.
    Um abraço e as melhoras da esposa.

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  2. Não custa nada, fazer uma punheta de bacalhau. É muito simples, desfia-se o bacalhau para uma travessa, tempera-se com azeite, umas rodelas cebola, e já está a punheta pronta a ser servir! Bom apetite. Eu aconselho-te a comprar uma perna de borrego, não carneiro, bem temperada, só com vinho branco, nada de água, alho, gindungo, uma pitada de colorau, 2 folhas de louro, um raminho de salsa, colocas num pirex, com umas batatinhas e colocas no forno do fogão. Não te esqueças de ligar o gás, no casa de não ser eléctrico?

    As melhoras de Dª Mila.

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  3. Esqueci-me da massa de pimentão, dos tomates e sal-a teu gosto!

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  4. bom dia
    começar o dia assim com estes petiscos é de mais para mim !
    as melhoras para a senhora sua esposa.
    JAFR

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  5. Hehehe! Esta história da punheta em Metangula eu não estava à espera! Mas olha lá, se calhar descobri agora quem ia aos meus tomates pela calada da noite:-) É que eu sim tinha lá uma machamba e de vez em quando ia lá um rato, levava os maduros e eu tinha de comer os verdes! Eu fazia isso, mas era com a negrinha a ajudar, para acertar melhor com os temperos, ganda malandro um dia ainda temos que ajustar essas contas e com juros! Mas se o rato era outro, peço desculpa!
    As melhoras da D.Mila e vê lá, não carregues com o sal.

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  6. Por mim, só quero dar os parabéns pelo teste semestral.
    Quanto ao resto, todos os marujos sabem cozinhar uns pratitos nem que seja para desenrascar.
    Já existem muitos comentários e a sua leitura retira tempo para as lides de casa. Assim, não digo mais nada, apenas:
    Abraço Fuzo.

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