quinta-feira, 24 de março de 2016

Fui até Moçambique!

À falta de melhor divertimento, fui dar uma volta a Moçambique, ler as notícias da actualidade, ver umas fotografias de vários pontos do país, isto é, fazer turismo virtual. Cansa menos que o outro, não é preciso dinheiro nem cartão de crédito e nem sequer respeitar horários estabelecidos por outrem.
Lourenço Marques mudou muito desde que saí de lá, até no nome, e quase não reconheci os lugares por onde andei. Procurei o bairro de Benfica que ficava por trás do parque de campismo da praia de Miramar, mas do nome nem rastos. Antigamente era um lugar retirado da cidade com meia dúzia de palhotas, hoje é um sítio densamente povoado, como aliás acontece com todos os terrenos num raio de 10 quilómetros à volta da capital.
A estrada que vai do Jardim Zoológico até à vila da Machava, passando pelo Vale do Infulene, era um deserto de habitações, nos velhos tempos, e só se viam campos de amendoim por todo o lado. Hoje, não há um metro quadrado livre, onde se possa meter mais uma palhota. O antigo quartel dos fuzileiros, a prisão da Pide e o Estádio Salazar estão cercados por milhares de habitações de todo o tamanho e feitio. Numa palavra, está tudo irreconhecível!
Fui até ao Niassa, espreitei Metangula, Meponda e o Cobué, lugares onde poucas são as mudanças. Fui até Porto Amélia, li uma comprida história relacionada com os acontecimentos da I Guerra Mundial e a nossa luta contra as forças de Hitler. Já sabia, mas voltei a ler que foi a mais vergonhosa derrota  da nossa história militar e que sofremos mais baixas que na Campanha da Flandres. Vi a ponte que liga Moçambique à Tanzânia, sobre o Rio Rovuma e recordei que era por aquela via que os "Turras" da Frelimo vinham dos campos de treino de Bagamoyo para infernizar a vida dos nossos rapazes, em todo o distrito de Cabo Delgado.


E viajando de novo para o sul, em direcção à capital, passei por Nacala (onde já fui muito feliz), pela Beira e cruzei o Rio Save pela ponte que vêem na imagem aqui acima, lugar que hoje marca a fronteira entre as terras fiéis à capital e aquelas que são reclamadas pela Renamo. Eu não acredito que Moçambique se venha a partir em dois, mas por lá, nas imediações deste rio e desta ponte, continua a falar-se nisso todos os dias. E ouvem-se rajadas da AK47 a cada passo!

2 comentários:

  1. Foste a moçambique, também eu fui, mas não te vi lá! Como não és mentiroso e porque li o que escreveste, acredito no que dizes, dessa tua ida virtual a Moçambique, porque já antes lá foste fisicamente. Muito terá mudado, em algumas localidades noutras talvez não? Já lá vão 40 anos de independência. Continuará a haver luxo para uns e miséria para outros. Como acontece em todo o mundo. Onde há riqueza, ao lado mora a pobreza, pilar que sustenta a riqueza. Sempre assim terá sido, é e continuará a ser! Fizeste boa viagem, isso é o que mais interessa, o resto guarda-se não se deita fora, porque amanhã pode ser útil!

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  2. Gostei da descrição desta tua viagem a Moçambique, eu de vez em quando faço isso, sem autorização de ninguém, nem mexer na conta bancária, já mandei uma mensagem ao nosso camarada açoriano Natalino, porque infelizmente não vai ser desta que lhe vou dar um abraço, tive uma crise de problemas crónicos respiratórios que me deixou KO e a minha Pneumologista não me aconselhou fazer esta viagem, mas o meu genro esteve com ele a semana passada e deu-lhe um abraço por mim, hoje comi umas queijadas Açorianas muito boas, se a minha recuperação correr como espero marcarei para o ano para ir a várias ilhas! Uma feliz Páscoa a todos.

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