quinta-feira, 7 de março de 2019

Fanatismo religioso!

Hoje é a primeira quinta-feira de Março. Missa e comunhão obrigatória para todos os católicos, tal como também na primeira sexta-feira e primeiro sábado de cada mês. Três dias de trabalho, nas zonas rurais, o que obrigava a um horário especial na igreja e sacristia.
Os párocos das aldeias minhotas, antigamente, massacravam os seus paroquianos com ritos que mais pareciam castigos para merecer o céu, o tal lugar para onde vão os bons no fim da vida. Como a vida no campo começava com o nascer do sol, era preciso tratar dos ritos da igreja antes disso, senão não havia que fosse à igreja. É que ao trabalhinho não se podia dizer que não, disso dependia o pão nosso de cada dia.
Por essa razão fui ensinado, desde os meus 6 anos de idade, a saltar da cama às 6 da matina e apresentar-me na igreja para assistir à missa, ir à comunhão, etc. e tal, tudo aquilo que o Senhor Abade se lembrasse de nos obrigar a fazer. Depois disso era correr até casa, engolir o pequeno almoço (garanto que era mesmo pequeno, nunca vi nada tão pequeno assim) e correr de novo até ao adro da igreja, onde ficava também a escola, e tentar que sobrassem alguns minutos para a brincadeira, antes de começarem as aulas.
Mas aquilo que me trouxe isso à lembrança, hoje, foi a chuva e o frio que fazia logo de manhã. Sair da cama e ir para a rua, debaixo de chuva e frio, às seis da manhã era de doidos, ou melhor dizendo, de fanáticos da religião. Da casa onde nasci até à estrada que levava à igreja eram aí uns bons 500 metros de caminho esburacado pelas rodas dos carros de bois que se enchiam com a água da chuva, logo que esta começava a cair. A essa hora não se via um palmo à frente do nariz, especialmente em dias de chuva, pelo que nos servíamos de uma "lumieira de palha" para iluminar o caminho e evitar as poças de água.


Já estão a ver a cena, não é verdade? A família toda em fila indiana e um dos adultos, normalmente era a mãe, de lumieira na mão a tentar guiar a gente pelos sítios mais enxutos, coisa pouco menos que impossível em alguns trechos desse caminho. Cem anos que eu viva nunca hei-de esquecer!
Como resultado dessas experiências, eu nunca ensinei nem obriguei os meus filhos a irem à igreja. Expliquei-lhes que havia muitas religiões, entre elas a católica, e que deviam tentar aprender o máximo possível sobre todas elas. E quando chegassem à idade adulta, então poderiam escolher aquela que lhes parecesse a mais acertada.
Cada um sabe de si e quem não deve não teme! 

2 comentários:

  1. Devia ser um frete e tal.Felizmente nós vivíamos na Seca e as igrejas mais próxima era em Palhais e no Barreiro Velho. Conhece o caminho sabe a distância. E na altura não havia autocarros pelo que nunca fomos à igreja enquanto crianças.
    Abraço

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  2. Eu fui habituado a levantar-me às seis ou antes das seis horas. Não para ir à missa, mas para ir trabalhar. Onde nasci naquele tempo não havia igreja. E onde cresci também não havia igreja nem padre. Será que não faziam lá falta?

    Boa Sexta-feira. Um abraço.

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