segunda-feira, 10 de julho de 2017

Os Castros, os Mouros e os Afonsinos!

D. Henrique de Borgonha, recebendo das mãos de seu sogro,
D. Afonso VI de Leão, em 1096, o título de Conde de Portugal.

Li em qualquer lado que somos todos descendentes de Afonso Henriques. Não concordo nem um bocadinho e vou explicar-vos porquê. Devemos ser orgulhosos dos nossos pergaminhos, mas para isso temos que ser capazes de descobrir os nossos ancestrais. Ora vamos lá fazer um pouco de exercício de memória.
Quem vivia no Condado Portucalense antes de o irrequieto D. Afonso decidir guerrear a sua mãe e ficar-lhe com a "quinta"?
Os Castros, pois está claro, vamos chamar-lhe assim, pois nessa altura não se usavam apelidos, eram tudo Manueis e Marias, alguns Joões e pouco mais. E como viviam em povoações castrejas, nada mais indicado que ficarem com esse nome que ainda hoje subsiste e ninguém sabe explicar a sua origem, Daí poderemos concluir que a gente oriunda da faixa litoral, entre o rio Minho e o rio Douro, são maioritariamente descendentes deste povo humilde e trabalhador e que paga qualquer preço para que não o metam em confusões.
No Nordeste transmontano e grande parte da Beira Alta moravam gentes fiéis ao reino de Leão e Castela, de onde era também natural D. Afonso Henriques e a sua mãe, D. Teresa (que não o pai que esse veio de França) e por essa razão podemos apelidá-las de Afonsinas. Sim, porque eram da mesma raça, tinham afinidades ou pagavam vassalagem a esse povo.
Todo o resto do território que actualmente compõe o nosso país, incluindo Olivença, era ocupado pelos mouros que o tinham conquistado ao povo de Viriato e Sertório. E que eu saiba, quando o nosso primeiro rei, e depois o seu filho D. Sancho, partiu por aí abaixo a dar espadeiradas a torto e a direito em quem se pusesse à sua frente, os Mouros, os que ficaram vivos claro, submeteram-se à sua vontade, mas não foram embora para Marrocos, ficaram todos por cá. Aconteceu-lhes o mesmo que a uma grande parte dos retornados de Angola e Moçambique, já os seus pais e avós tinham nascido aqui e, por conseguinte, não tinham para onde voltar. Os retornados portugueses do Século XX, fosse por que razão fosse, preferiram virar as costas ao país que os tinha acolhido e vieram para cá com uma mão à frente e outra atrás. Pelo contrário, os Mouros do Século XII decidiram ficar por cá e quase metade da população portuguesa descende deles e não da casta de D. Teresa ou dos Duques de Borgonha.
Para terminar esta minha intrusão pela antropologia do nosso torrão lusitano quero lembrar que por alguma razão existe a família Mourinho, na região da Península de Setúbal. Os Mourinhos são os mais recentes descendentes dos mouros que andam pela Península Ibérica desde que terminou a ocupação romana.
E por aqui me fico. Se tiver esquecido alguma coisa, isso será tratado na próxima aula de História para os alunos que comparecerem, visto que a frequência não é obrigatória.

5 comentários:

  1. Se tivesses seguido a profissão de professor de história, que aliás vejo que tens jeito para a coisa, hoje eras um aposentado/vindo do desemprego, falaste nos retornados de África, é verdade uns vieram com uma mão à frente e outra atrás, mas outros e conheço alguns, trouxeram o que era deles e o que não era, outros ainda que continuaram com negociatas de diamantes e automóveis, vivendo cá como lordes à sombra da bananeira, por isso não foi mau para todos aquela tresloucada descolonização, mas gostei de ler a tua/nossa história.

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  2. Gostei não digo ao contrário, dessa lição de história. Pensei que para chamar mouros aos do Sul, só havia o Pintinho? Mas afinal há mais. Não discordo não de que possa ser descendente dos mouros. Porque nunca descartei essa hipótese! Já quanto aos retornados, eu também sou um retornado e não me sinto diminuído porque o ser! Pois, eu não me queixe. Fui para Angola apenas levei uma mala e a boa vontade que também me acompanhou. Quando no dia 14 de Setembro de 1975 retornei de onde tinha abalado, no dia 12 de Maio de 1968, não trouxe só uma mão à frente e outra atrás. Vim mais rico do que fui. Trouxe a minha mulher, duas filhas, duas cunhadas e uma sogra!

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  3. Boas
    É sempre bom saber a historia de Portugal e dos nossos avós mas que não somos todos da mesma fornada não deve haver muitas duvidas !!!

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  4. Grande parte dos portugueses descendem dos Árabes. Até porque, segundo consta, cada vez que eles se instalavam numa terra recém conquistada, faziam um reconhecimento pela população e todos as jovens jovens solteiras eram casadas com os seus mancebos, e todas as suas filhas eram dadas aos homens solteiros da terra. Isto para criar um laço familiar que fizesse com que eles não só não se rebelassem contra eles, como os apoiassem se outros povos os atacassem.
    Um abraço e uma boa semana

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  5. Nada de desilusões ... . Agora, e perante tanta dúvida, pouco importa a respectiva origem, pelo que tanto faz descender de uns como de outros . Assim, e sem pretender retirar crédito aos historiadores que, como se sabe, nem sempre narraram a história convenientemente e, muitas vezes, deturpando-a ao sabor de sentimentos patrióticos ! Ao fim e ao cabo, poder-se-á pensar/dizer que esta Pátria nasceu com a mãe à porrada com o filho ; portanto, não são de admirar muitos dos resultados obtidos através dos tempos e que merecem ser esquecidos . Confesso, não sou grande admirador da maioria dos reinantes que fizeram parte da nossa história e que, alguns destes, infelizmente, deixaram descendentes sem conta e que nem sequer deviam existir ; contudo, reconheço que a história de um povo se faz de bons e maus, cujos protagonistas e acontecimentos têm de ter o seu devido lugar . O que parece certo, é que a diversidade e miscelânea que andor por cá, muita dela, pouco ou nada fez para desenvolver/engrandecer a terra onde nasceu ou se implantou e reinou . Um abraço .

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