sexta-feira, 7 de julho de 2017

Desarmar um navio!

O NRP Cacine foi construído no Arsenal do Alfeite e aumentado ao efetivo dos Navios da Armada em 6 de maio de 1969. A cerimónia de entrega à Marinha, teve lugar no estaleiro de construção e foi presidida pelo CALM Francisco Ferrer Caeiro, Comandante Naval do Continente, em representação do Ministro da Marinha. Foi o primeiro dos dez navios, e, por este motivo é o navio que dá o nome à classe.


Vem, hoje, publicada a notícia que foi desarmado e, se a moda pega, pode vir a ser afundado no canal que dá entrada no Mar Mediterrâneo, umas quantas milhas a sul de Portimão, para gáudio dos turistas mergulhadores. O costado começará a cobrir-se de moluscos, alguns polvos e outros bicharocos esquisitos esconder-se-ão nos seus porões para pregar alguns sustos a quem for lá meter o bedelho.


O nome "Cacine" não me dizia absolutamente nada até ao dia em que estabeleci contacto com o Imediato da CF8 e ele me contou que foi comandante deste navio, em Angola, depois de ter sido promovido a Capitão-Tenente e deixado para trás as comissões em Unidades de Fuzileiros. Agora sei que é um rio do sul da Guiné e foi, por essa razão, escolhido para nome do navio que podem ver acima.
Quem não faltou a nenhuma aula de Marinharia sabe o que é uma retenida - cabo de sisal fino e leve que serve para rebocar os cabos mais pesados para proceder à amarração no cais. E sabe também que para atirar a retenida para o cais faz falta uma bola de chumbo recoberta por cordel de sisal, a que se dá o nome de pinha da retenida e que o marinheiro manobra gira sobre a cabeça - como se vê na imagem acima - para ganhar balanço e atingir o cais.
Chamou-me a atenção esta fotografia, tirada a bordo do NRP Cacine, durante a cerimónia de desarmamento, por ver a retenida a desdobrar-de no ar, quase a ultrapassar a pinha. Manobra mal feita, diria o contramestre, pois a retenida deve ficar no chão e ir desenrolando ao passo que a pinha voa para o cais.
Já não há marujos (manobras) como antigamente!

3 comentários:

  1. Bom dia.
    Fiquei muito mais elucidada acerca destas manobras.
    Um abraço

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  2. Obrigado camarada por me fazer recordar as aulas de marinharia, assim tiraste-me o trabalho de pesquisar, falaste do imediato Garoupa, já falecido certo?
    Vai à Figueira ver os pêssegos.

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  3. Diz, manobra mal feita, porque entende,
    como quem da tenda entende o tendeiro
    são essas as palavras escritas por Fuzileiro,
    já não há marujos (manobras) como antigamente!

    Já vi algumas vezes fazer essa manobra, mas não sabia o nome, nem da bola nem da corda fina de sisar. Vivendo e aprendendo com quem tem pachorra para nos ensinar!

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