terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Todo nu, com uma faca na algibeira!

Já a tarde vai perto do fim e ainda não fiz o meu dever habitual de vos brindar com qualquer escrito que vos ajude a passar o tempo. Estava aqui a pensar nisso e sem um pingo de inspiração, vazio como um balão sem ar ou um corpo despido sem um único farrapo em cima. Depois lembrei-me dessa velha frase que serve de título a esta publicação. E de pensamento em pensamento, acabei a pensar que a maior parte dos portugueses nem sequer sabe o que é uma algibeira. E que talvez tivesse aqui o assunto que me faltava.
Bem, comecemos pelo princípio. A minha mãe era costureira. Numa certa altura da sua vida começou a fazer a feira de Barcelos, às quintas-feiras, vendendo roupas, farrapos de toda a espécie e quaisquer outras coisas ligadas ao negócio, como linhas, botões, elásticos e coisas assim. E como é lógico que acontecesse acabou por começar a fazer roupa de propósito para vender na feira. A partir daí, a rotina lá de casa passou a ser dividida em dois períodos distintos. Quinta-feira, todo o dia fora de casa. Sexta e sábado acabar as roupas encomendadas pelas clientes lá da freguesia que queriam estreá-las na missa do domingo. Segunda, terça e quarta trabalhar a toda a força para fazer roupa para vender na feira. E no último dia era um autêntico corre-corre para ter tudo pronto antes de ir para a cama.
Nessas alturas todos tinham que ajudar e cada um fazia aquilo de que era capaz. Chulear, casear, rematar e pregar botões foram operações que a minha mãe me obrigou a aprender e não lhe quero mal por isso, pois bom jeito me tem feito. Aventais e algibeiras tornou-se o meu prato forte. Rematar e cortar pontas para "a obra" ter um aspecto apresentável eram o meu prato forte.
A algibeira não é mais que uma pequena sacola que as mulheres usavam por baixo do avental, presa à cinta por duas fitas do próprio tecido ou de nastro. Servia para guardar tudo, desde as chaves de casa (ou do cofre) ao lenço da mão e sem esquecer umas moedinhas (ou notas) para pagar aquilo que lhes aprouvesse comprar. Nos tempos modernos o avental caiu em desuso e a algibeira que se escondia debaixo dele seguiu o mesmo destino.
Agora já podem imaginar um homem todo nu, sem qualquer peça de roupa digna desse nome, mas com uma algibeira amarrada à volta da cinta e uma faca lá dentro. Assim já a frase não parece tão parva, não é verdade?

5 comentários:

  1. Eu lembro-me da minha avó usar essa algibeira. Mais tarde elas desapareceram mas em contrapartida os bolsos de calças e casacos passaram a ter a mesma denominação. Daí em que alguns dicionários venha mesmo algibeira, o mesmo que bolsos.
    Um abraço

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  2. Ao ler o título, surgiu-me na caixa dos pirolitos. A ovelha toda branca com ponta do rabo preto. Se é toda branca não pode ter a ponta do rabo preto, porque o rabo também faz parte da ovelha. Ou será que não faz? E aquela jovem, toda nua que foi a um restaurante e pediu uma cerveja. O empregado que a atendeu ficou especado a olhar para ela. A qual disse para onde é que está olhando, ainda não viu uma mulher nua. Não! Não é o que você está a pensar! Eu estou é a olhar para ver se descubro onde é que você guarda o dinheiro para me pagar a cerveja!
    Um homem todo nu com uma faca na algibeira. Pois. tá bem, já compreendi. Agora pergunto eu, para que é que ele queria a faca? Em Espanha um português, por causa dum carrinho de compras numa superfície comercial, que um espanholito lhe atravessou na frente, perdeu as estribeiras o carro buscar um serrote e serrou o gasganete do espanholito!
    Porra que o mundo está roto, chove como na rua!!!

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  3. Bom dia
    lembro me perfeitamente dessa dita algibeira pois a minha mãe também a usava tal e qual acima descrito e na realidade ainda há quem a use aqui na feira de Espinho, embora sejam já muito poucas as senhoras que delas fazem proveito.
    JAFR

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  4. A minha mãe foi peixeira e lembro-me perfeitamente da algibeira que usava com o dinheiro para trocos, sei que era à frente, com as tais fitas a segurar na cintura, mas por baixo do avental, sempre que recebia dinheiro lá estava ela a levantar o avental, como que a dizer,(este já cá canta), bons tempos porque nunca foi assaltada.

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