terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

É verdade!

Se vos disser que cheguei agora aqui, agorinha mesmo, nem vão acreditar.
Mas é a mais pura verdade!


Ontem telefonou-me o meu gestor de conta e disse-me que me queria lá, hoje sem falta, pois tinha coisas importantes para falar comigo. Com os juros perto do zero e sem perspectivas de melhorar, eu já sabia que não me ia comunicar que a minha conta bancária tinha subido astronomicamente e tinha que pensar num meio de gastar o dinheiro. Para me dar alguma coisa também não acreditava que fosse, por isso não via grande interesse nessa deslocação. Mas, em consideração por ele que sempre me tem tratado bem, meti os pés ao caminho mal tinha acabado de tomar o pequeno almoço.
Claro que levei uma grande seca e perdi mais de uma hora do meu tempo a ouvir coisas que não me interessam e a fazer coisas que são 100% contra a minha maneira de ser. A meia dúzia de milhares de euros que tenho na conta à ordem não merecem tal sacrifício. Desde que saí da Escola Primária nunca mais fiz uma cópia. Pois hoje fui obrigado a fazer três e assinar por baixo, imitando a assinatura que tenho no cartão de cidadão, coisa que faço com alguma dificuldade. Exigências do Banco de Portugal, disse ele.
E o consumo de papel? Há muito que não via tal desperdício! Eu que sou contra a burocracia e a favor de um meio ambiente mais sustentável, ver serem impressas mais de 30 folhas de papel, tamanho A4, das quais trouxe para casa perto de metade, outras tantas foram para o arquivo do banco e algumas mais rasgadas aos pedacinhos e colocadas no cesto do papel que tinha debaixo da secretária, é como quem me mata. Lá se foi mais um eucalipto da nossa floresta para o galheiro. Porca madonna!
Para comprar um miserável produto financeiro que me ofereceu para não deixar o dinheiro à ordem, obrigou-me a copiar uma declaração em que se dizia que eu não percebia nada do que estava a fazer, tinha sido avisado do perigo de tal operação, mas insistia em fazê-lo mesmo assim. E mais uma vez, assinar por baixo com a tal assinatura que me recuso a usar. Aí resolvi vingar-me e pus lá apenas a minha rubrica. Quando foi fazer as necessárias cópias para o seu arquivo deu pelo truque e lá veio obrigar-me, como se faz às criancinhas travessas, a rectificar o meu erro.
Saí de lá a deitar fumo pelas orelhas e prometendo que ia fazer uma exposição aos seus superiores exigindo responsabilidades a quem ordena estes procedimentos que, neste décimo sétimo ano do Século XXI, são completamente inaceitáveis. Há 50 anos atrás, teria feito a mesma operação em 5 minutos, preenchendo um mero formulário, num bloco de cinco cópias e usando quatro folhas de papel químico, onde apenas era importante o número da conta, o valor investido, a identificação do produto financeiro, a data e a minha assinatura no final. Para quê os computadores, então?
Bem, o resto do tempo gastei-o a banquetear-me com o almoço especial que a namorada preparou, a emborcar uma bela garrafa de tinto de Penalva do Castelo (última da remessa que trouxe de lá no verão passado) e depois esticar-me ao comprido para não perturbar a digestão.
E, dentro de duas horinhas lá vou eu a caminho do sítio do costume para ver o meu Benfica a mostrar o que vale. Uma vez que o jogo é transmitido pela RTP, o mais provável é não aparecer nenhum dos membros da tertúlia e ter que fazer a festa sozinho. É claro que, por vingança, vou dizer, mais vale sozinho que mal acompanhado!

2 comentários:

  1. Estás p'raí a reclamar por causa do papel. Pois então pensa lá! Os eucaliptos na terra são plantados, cresce, depois de adultos são cortados e transformados em pasta. Sem pasta não há papel. Se o papel não se gastar, não se asseguram os postos de trabalho. Sem trabalho não há pilim. É como um jardim sem flores. Estamos sujeitos a ficar sem as pensões. Não te amofines com os gastos do papel. Prepara mas é uma boa merenda, regada com pinga da boa. A seguir tranquilamente, senta-te no teu confortável cadeirão e vê o clube do teu coração vencer os alemães!

    ResponderEliminar
  2. Que vença o melhor, porque o melhor é o Benfica.
    Um abraço e feliz dia de S. Benfica, perdão Valentim.

    ResponderEliminar