O Tiago tem, agora, 31 anos de idade e há muito que sei que o autismo nunca foi doença que o tivesse afligido. Mas houve um tempo, entre os 2 e 6 anos de idade, que me convenci que ele sofria dessa doença. Como foi criado em minha casa até entrar na Escola Primária, era eu que tinha que estar atento a essas matérias e dar os passos necessários para resolver o problema. Passei algumas noites sem dormir, a magicar na forma de tirar o miúdo da fossa em que ele vivia mergulhado. Dizia-se, então, que o amor dispensado a uma criança autista era o melhor caminho para a cura. Como do lado dos médicos que o viram não veio nada de concreto, tomei o assunto a meu cargo e dediquei-me ao puto a tempo inteiro. A tal ponto que ele não queria mais ninguém ao pé dele a não ser eu. Lentamente foi mudando o seu comportamento e aos 10 anos de idade era quase uma criança normal. Digo quase, porque os médicos eram da opinião de que ele com 10 anos tinha a mentalidade de um catraio de 6. Depois disso veio o ram-ram normal da escola, até ao 12º Ano, com notas muito más, mas sem nunca reprovar. Com 25 anos terminou um curso superior em Gestão e Contabilidade.
Tenho um amigo e antigo camarada da Marinha que tem uma neta autista profunda. Já virou o mundo do avesso, fez tudo o que é humanamente possível, mas sem o menor resultado. Os médicos são de opinião que só por um grande milagre a miúda poderá sair daquele mundo em que vive aprisionada.
Hoje encontrei nas notícias do dia esta nota que podem ver abaixo e fiquei satisfeito por saber que se continua a estudar a doença e investigar possíveis maneiras de a atacar e dominar. É pouco, mas melhor que nada.
Um estudo hoje publicado na revista 'Nature' revela que é possível reverter alguns comportamentos ligados ao autismo na fase adulta.
Desenvolvida por uma equipa de cientistas norte-americanos e pela portuguesa Patrícia Monteiro, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), a investigação incidiu sobre o 'Shank3', um dos genes implicados no autismo, afirma a UC, numa nota hoje divulgada.
O autismo é uma patologia sem cura que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo, estimando-se que a prevalência em Portugal seja de um caso em cada milhar de crianças em idade escolar.
A origem do autismo é "bastante variável", mas o 'Shank3' está "associado a uma forma monogénica da patologia" e, quando surge uma mutação, "a proteína resultante deste gene -- que funciona como um 'andaime' que dá acesso à comunicação entre neurónios -- deixa de suportar a estrutura, causando danos no circuito neuronal", explica a UC.
Normalmente as crianças que frequentam os infantários, têm as educadoras preparadas para detectar esse género de problemas, embora seja difícil por vezes as mães aceitarem esse diagnóstico precoce, que quando tratado de início se conseguem quase milagres!
ResponderEliminarE tu deves-te sentir orgulhoso por ter ajudado essa criança que nunca te irá esquecer! Eram precisos muitos mais Carlos Manuel Silva, para aliviar o sofrimento de tantas crianças.
Não viraste as costas, ajudaste o garoto. É assim mesmo, quem precisa deve ser ajudado por quem pode e tem capacidade e disponibilidade para o fazer. Por isso mesmo, disso te deves sentir orgulhoso pelo bom serviço prestado!
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