quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

As especiarias da Índia!


 O que os portugueses sofreram para ir buscá-las àquele longínquo canto do mundo! Quantos morreram pelo caminho, quantos foram cortados às postas pelas espadas, sabres e alfanges dos mouros e malaios, para satisfazer a cobiça dos mercadores portugueses que queriam lucrar o máximo, vendendo-as ao mercadores da Flandres.

Basta estudar um pouco a História de Portugal, no reinado de D. Manuel I para se perceber a importância da coisa. Ele esfalfava-se a organizar viagens para a Índia e tinha vigias, em Belém, à espera de vê-las despontar no horizonte, a caminho da barra do Tejo. E até ia ao cais ver descarregar aqueles tesouros.

Este D. Manuel que vos fala - deve ser o III, pois o I e II já deram o que tinham a dar - tem a vida muito facilitada, não tem que esperar pelas caravelas, nem colocar um vigia em Belém para o avisar da chegada do caril que encomendou a um empregado da fábrica de malhas do meu filho que foi à terra natal passar um mês de férias. Cada vez que lá vai, já sabe qual é o meu pedido, caril para o frango. Chegou ontem e quando lhe perguntei quanto lhe devia pela caixinha de 100 gramas (podia ter trazido, pelo menos, meio kilo) repondeu, não é nada chefe. Olhei para o preço na embalagem, 55 Takas, mais ou menos 50 cêntimos do euro, não ficou pobre com a compra.

A industrialização dos aviários começou a tirar-me a vontade de comer frango. O cheiro a penas que fica na carne enoja-me. Ora, o caril foi inventado pelos indianos para ocultar o cheiros das carnes quando já estavam para lá do prazo de validade. Como é sabido, o calor acelera e muito a putrefação dos alimentos e frigoríficos não existiam ainda, nem tão pouco electricidade para os fazer funcionar, portanto era preciso consumir as carnes rapidamente, ou enchê-las de caril para se poderem comer sem enjoos.

Se calhar, nos tempos do Vasco da Gama, ainda não havia caril, mas havia alguma coisa parecida que os locais retiravam das plantas que cultivavam, há milhares de anos. Já se passaram 500 anos, após o reinado de D. Manuel I, agora e aqui, reina o D. Manuel III que vos deseja ...

... um bom dia!!!

3 comentários:

  1. Gostei da lição de história que narras super bem. Gosto muito de caril mas existe uma variedade que por vezes me trama:) Faço algumas vezes e acompanho com arroz ou funge conforme o desejo:)
    Beijos e um bom dia

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  2. Segundo sei, por cá, no tempo em que não havia arcas congeladoras nem nenhum outro processo de conservação das carnes, nomeadamente a de porco que, quando se matava um, dava de comer à família durante todo o ano, usavam-se as 'salgadeiras'. Isto para conservar a carne fresca, ou fumeiro no caso da perna ou pá, bem como os chouriços.

    Gosto da comida, sobretudo assados ou estufados, com um pouco de picante. O caril só um pouquinho para dar cor no arroz de marisco ou paella valenciana... : ) Uma amiga casou com um espanhol, vivia no Rosal de la Frontera e tinham lá um restaurante. Foi lá que comi, e aprendi a fazer, a paella. Até lá comprei um tacho, tipo frigideira para a fazer, enooooorme!!
    Sonhe com os anjinhos!

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  3. Indian food muito bom ser consumido fora da India. Santos da casa não fazem milagres e só criam kaganeiras que duram semanas.

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