quarta-feira, 15 de março de 2023

Nós e a bola!

 

Se pedíssemos uma análise profunda do nosso país a um sociólogo, não do ponto de vista político, financeiro, cultural, mas sim do ponto de vista do futebol, dos milhões que movimenta e das tricas entre dirigentes e comentadores, o que poria ele no papel?

Ontem, viveu-se mais uma jornada da Liga dos Campeões e assistimos a comportamentos que podem servir como base para essa análise. O Porto, o seu presidente Pinto da Costa, o seu treinador Sérgio Conceição, o mergulhador Taremi e outros cromos do grupo desempenharam os seus papéis tal como era esperado, mas não conseguiram levar a água ao seu moinho. Os árbitros internacionais não vão em cantigas e quando arbitram passam um atestado de burrice aos artistas do costume.

Mas não era bem disso que eu queria falar. Em Portugal damos uma importância ao futebol por ser o modo de cultura que temos ao alcance da mão. Para os outros é preciso mais dinheiro, ter uma vida mais desafogada, tempo e felicidade q.b.. Barriga com fome ou cabeça atulhada de problemas relacionados com o orçamento familiar não tem tempo nem disposição para outras culturas. O futebol está bom, serve para conviver com os amigos, para entornar uns copos e esquecer o lado mau da vida. Trabalhar das 9 às 6, 5 dias por semana e não ganhar o suficiente para sustentar a família é mau que chegue e temos metade do país a viver nessa situação. O futebol é um bom anestésico para manter essa doença sob controlo.

Olhando para a imagem acima, podemos ver que não há muitas regiões do país a viver desta realidade. A maior parte dos clubes da Primeira Liga estão no Litoral Norte. O Algarve que é uma região onde mais dinheiro é movimentado não tem um clube de futebol que salte à vista. Olhando o mapa de Portugal de norte a sul, especialmente a mais de 30 Kms da costa atlântica, não há um único clube que se veja. Há por lá um Arouca e um Tondela que ora aparecem, ora desaparecem. Cidades grandes, como Coimbra, Leiria ou Setúbal deveriam investir num clube que os representasse e os pusesse no mapa do futebol europeu, entrando, de vez em quando, nas competições europeias.

No Norte, até nas aldeias, como Moreira de Cónegos, ou cidades pequenas, como é Famalicão, Vizela, vila do Conde ou Barcelos, há clubes que dão que falar. E porque será que isso acontece e não se passa o mesmo em Castelo Branco, Évora ou Beja? Isso é que eu gostaria de saber, era para isso que precisava de um sociólogo experimentado para me dizer porque é que o Porto, Braga e Guimarães têm as suas equipas entre os cinco primeiros. Dizer que são doentes da bola não é suficiente, preciso de saber mais. Porque é que há cada vez mais mulheres nos estádios? Isso e muito mais gostaria eu que me explicassem!

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