sexta-feira, 28 de maio de 2021

Cada vez percebo menos!

 Desde que me implantaram o pacemaker, passei a tomar um medicamento anti-coagulante para prevenir a ocorrência de AVC. O primeiro chamava-se xarelto e era caro com'ó caraças.

Tomei isso durante algum tempo, mas depois decidi parar, pois achava um exagero o preço que tinha que pagar para evitar um hipotético AVC que poderia até nunca ocorrer. Quando disse à cardiologista que me faz a revisão do pacemaker que não estava a tomar o remédio, ela respondeu:
- Acho que faz mal, mas você é que sabe!
Algum tempo depois, a minha mulher (que vive com medo de morrer do coração, doença que afectou a vida da sua mãe e acabou por matá-la) foi ao cardiologista, queixou-se de um monte de coisas, fez uma série de exames e foi-lhe diagnosticada arritmia. Como resultado veio para casa com uma receita de um anticoagulante de nome Lixiana, para tomar até que a morte a separe de mim.


Vendo que o medicamento era mais barato, tinha as mesmas características do Xarelto e servia para o mesmo fim, eu perguntei à minha médica de família se podia tomá-lo também, em substituição do Xarelto. Ela disse que sim e eu, embora contrariado, pois não gosto de "medicamentos para tomar até morrer", lá me decidi a comprá-lo e passar tomá-lo regularmente. A recomendação é para "nunca esquecer um, pois um AVC acontece sem aviso, a qualquer momento". Continuo a achar que isso é uma estratégia das Farmacêuticas para nos impingir o seu produto, mas como quem tem cu tem medo, embarquei nessa viagem.
O remédio custava 20€ por 28 comprimidos, nem para um mês chegava e era uma para cada um de nós, logo 40€ garantidos para a farmácia, a cada 28 dias. Fervia-me o sangue, mas fui pagando, pois não queria ser acusado de pôr a vida da minha cara-metade em risco, ou ficar eu incapacitado e às costas dela. A ideia de morrer nunca me afligiu assim muito, mas ficar transformado num farrapo humano e a dar trabalho a terceiros, incomoda-me demais.
Na última consulta, a minha mulher regressou a casa com uma receita de Lixiana que vinha com a indicação - este remédio custar-lhe-á, no máximo, 10.02E - o que me fez dar um salto de contente, pois reduziria para metade essa despesa. Fui à farmácia com a minha receita, onde o aviso referia 20€ em vez de 10€, e avisei à empregada que agora pagaria menos pelo remédio, o que era uma boa notícia. Mas ela avisou-me logo que com aquela receita pagaria sempre 20€, o que me fez rasgá-la e correr à médica a pedir outra, acreditando que viria com o novo preço. Como estava convencido que tinha sido o preço que foi revisto em baixa, nem olhei para a receita, dobrei-a em quatro, meti-a no bolso e toca para a farmácia.
Saquei do papel e mostrei-o à menina que me atendeu, ela desdobrou-o, olhou para ele e depois para mim e disse - esta receita é igual à outra, vai pagar 20€. Fiquei de olhos arregalados a olhar para ela e perguntei:
- Como é que a receita da minha mulher diz que o preço máximo a pagar é 10€ e a minha diz 20€?
- Porque a sua mulher é reformada com a reforma mínima (duzentos e tal euros) e a sua é muito maior.
Fiquei abismado com a informação. Será que o SNS passou a estabelecer a comparticipação no preço dos medicamentos, conforme o rendimento de cada um? E então o agregado familiar já não conta para nada? Vou ter que tirar isso a limpo, pois custa-me acreditar que seja verdade!


5 comentários:

  1. Bom dia
    Quando me deram alta do hospital do covid também me receitaram esses comprimidos e tomei durante dois meses. Felizmente parece que já não preciso pois são realmente um pouco caros. Dia 8 vou a nova consulta, espero não voltar a precisar.

    JR

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  2. Tu cada vez percebes menos. Eu cada vez estou mais descontente. Aqueles que menos cresceram são mais pequenos, São anãos, mas também são gente.
    Essa de quem recebe pouquinho de reforma ter mais desconto nos medicamentos nunca tinha ouvido dizer. Mas, isso for verdade, não discordo.
    Bom fim de semana e cuida de ti. Porque só se vive uma vez. Não acredito na ressurreição!

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  3. Bom dia filho da Escola: essa peripecia da farmacia e a prova da republica Bananeira em que vivemos. Camada de Ladroes e Filhos de Puta que nos governao. Quando penso que em França pagava 600 € de IRS e aqui pago 4500 , fico com pena de todas as muniçoes que gastei nos 6 anos e tal de Africa . Os clandestinos tem medicamentos a borla e os portugueses morrem por falta de assistencia . Tenho vergonha de ser portugues !

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  4. Pior ainda, camarada Desesperado... Há anos que tento registrar familia no consulado sem sucesso. Os clandestinos tem neste momento mais direitos que os portugueses emigrados... Pela parte que me toca deitar uma bomba no Largo do Rato ainda era pouco. Porcos socialistas!

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  5. Até o Cu de Judas, já está no mapa!!!

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