quinta-feira, 13 de maio de 2021

A grande bazucada!

 


A ideia da nova ponte sobre o Douro nasceu numa reunião entre os presidentes de Câmara de Porto e Gaia, há cerca de três anos. Foi pensada como uma pontezita barata, cujo custo não ultrapassaria meia dúzia de milhões a cada município, despesa essa que foi considerada como facilmente diluída nos orçamentos camarários. Mas os anos vão passando, a ponte não arranca e o preço começa a ir por aí acima. Não seria forçoso que assim acontecesse, pois não tem havido grandes aumentos de preços, nem dos materiais nem da mão de obra, especialmente esta. Mas há uma coisa que entretanto aconteceu e que marca a diferença, a BAZUCA europeia.

Se vêm aí tantos milhões, porque não tentar dar-lhe uma dentada e arrancar um pedaço que ajude a melhorar a obra. Em vez de uma pontezinha poderá ser uma pontezona para garantir uma medalha, quiçá uma comenda, aos dois autarcas que tiveram a ideia. Alarga-se um pouquinho a ponte, prolonga-se um pouco mais além os acessos em cada margem, expropriam-se mais uns terrenos para uma grande rotunda, onde poderá figurar a estátua de um deles, ou do projectista da obra e aí vai o preço pela ladeira acima. A preços actuais já passa de 36 milhões, três vezes o preço inicial, mas garanto que não ficará por aqui. As sucessivas derrapagens no projecto e no preço da obra são o meio mais usado para camuflar a corrupção e desvios dos dinheiros públicos. Nós já sabemos como isso funciona.

O preço e a previsível chulice que se antevê é um problema sério, mas há ainda outro aspecto que não me agrada, o da localização da ponte. Se a ideia é substituir a «Ponte Luís I» que passará a pedonal e resolver o problema do trânsito infernal entre a baixa das duas cidades, porquê deslocá-la para montante cerca de um quilómetro? Para mim, o lógico seria construí-la a juzante e o mais perto possível daquela que será desactivada. Fico a pensar nos interesses imobiliários que podem estar na origem dessa decisão, sempre em prejuízo do Zé Povinho. A ponte ficaria bem entre a Ribeira, do lado do Porto, e o Candal, do lado de Gaia. Esse é o lugar de partida e destino do trânsito da cidade, quem procura outros destinos tem as autoestradas já existentes como solução.

Como se vê na imagem acima, o sítio onde a nova ponte vai amarrar é um deserto, do lado de Gaia, e um troço velho e quase abandonado, do lado do Porto. Não me parece que haja ali, tanto de um lado como do outro, quem precise da ponte para ir ao outro lado. Traçando uma linha recta entre as câmaras das duas cidades, obtém-se uma trajectória que vai da Praça do Infante às Caves do Vinho do Porto. Essa seria a localização que o Povo (que a vai pagar) escolheria para implantação da nova travessia sobre o Rio Douro, qualquer outra cheira a negócio paralelo!

2 comentários:

  1. E como a conclusão da obra se prevê para 2025, é contar com um aumentozito de 20% extra!

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  2. Já são muitas as pontes, num pais, tão, pequenino, todos querem ser grandes. Paga e não bufa Zé Povinho. Porque, todos muito querem ter.
    Mas, trabalhar menos todos querem. Viver com muito luxo sem nada fazer.

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