sábado, 24 de abril de 2021

As aventuras nas férias!

 Agora nem tanto, mas antigamente não havia férias sem passar pelo Alentejo, o Alto que o Baixo fica-me muito longe. Daqui até Portalegre, o meu carro já sabia o caminho de cor, pois havia lá uma grande fábrica têxtil que era obrigado a visitar 3 ou 4 vezes por ano. As pequenas vilas que lhe ficam ao redor foram também muitas vezes ponto de destino, ora para procurar almoço, ora para matar o tempo. O triângulo formado pelas estradas que ligam Alpalhão - Castelo de Vide - Portalegre - Alpalhão romperam muita borracha dos meus pneus.


Nisa fica um pouco mais para norte, na estrada que segue para Castelo Branco, a velha EN-18 que está meia abandonada, depois da construção do IP2 que foi desviado mais para Oeste para passar por cima da Barragem do Fratel. Um belo dia, parei para almoçar nesta soalheira vila alentejana e quando retomei a estrada, caíram-me os olhos numa placa, apontando para nordeste, que dizia Montalvão. Lembrei-me logo de um camarada fuzileiro, filho da minha escola, que era filho desta terra. Deu-me a curiosidade e meti-me ao caminho para conhecer a terra que o vira nascer.


Não tinha muito que ver. Aquilo fica no cu de Judas, ou onde ele perdeu as botas, como também se costuma dizer e com o fecho da fronteira ( aquilo é privado, pertence (agora) à Iberdrola) para Cedillo, na vizinha Espanha, não anda por ali ninguém. Juraria que fiz a viagem de Nisa até lá sem me cruzar com um único carro.


De vez em quando, abrem a fronteira, talvez aos fins de semana, quando há pouca gente na hidroeléctrica que fica por baixo da estrada. Não sei se foi sempre assim, se calhar era ainda pior no tempo do Tio António de Santa Comba.



A nossa fronteira com Espanha, ao longo de todo o Alentejo é fruto de muitas lutas travadas por lusos e castelhanos, durante séculos. Não fosse a barreira natural criada pelo rio Sever, afluente do Tejo pela margem esquerda, Portugal teria ficado com mais uma fatia, incluindo a zona onde fica Cedillo, vila raiana espanhola, como se adivinha pelo mapa acima.



Em frente a Cedillo, na outra margem do Tejo Internacional, fica a vila de Malpica do Tejo, onde mora outro fuzileiro que foi meu camarada na CF2, mas aí nunca fui, pois não há uma ponte para atravessar de Montalvão para lá e, a partir de Castelo Branco, é longe que se farta e as estradas todas más. A barragem fica na confluência dos rios Tejo e Sever e do modo que foi construída permite aos espanhóis fazer o que lhes dá na real gana com a água do Tejo, pois permite-lhes o transvase, a partir do rio Sever. Portugal pode andar e desandar que nunca conseguirá travar as malandrices de "nuestros hermanos".

1 comentário:

  1. Boa tarde
    Passei mais vezes ao Alentejo em trabalho que em férias mas as recordações são as melhores.

    JR

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