Português, a Língua difícil!

 

Vivo numa terra em que se diz "botar" em vez de votar, mas as pessoas vão às urnas botar o voto!

Botar significa pôr, deitar ou, em última análise meter. Mete, bota, deita ou põe ali o teu voto, qualquer dos termos é correcto. O problema surge quando as pessoas começam a abusar do sentido das palavras. Aqui, é costume ouvir dizer "mete isso fora" em vez de "deita isso fora". E pior, usando o trocadilho de vota e bota, trocar o bota por mete e dizer "mete no Costa". Meter e deitar têm sentido de movimentos opostos. Por exemplo: mete isso para dentro e fecha a braguilha, ou então, abre a braguilha e deita isso para fora.

É um fartote de rir ouvir as pessoas a assassinar a Língua de Camões!

A minha avozinha que Deus tem costumava dizer - e com muita razão - quem desconfia não é sério! Vem isto a propósito do «voto electrónico» que os nossos políticos não aceitam. Seria a maneira mais prática, mais barata, cómoda e eficiente de realizar as eleições, mas qualquer habilidoso na área da Informática poderia viciar os resultados (dizem eles). Esquecem-se que confiamos nos computadores para gerir o nosso dinheiro - seja ele muito ou pouco, quero lembrar que para uns 500€ é uma fortuna, enquanto que para outros não vale um traque - e não ouço ninguém queixar-se de que a coisa corre mal. Se não te roubam o dinheiro iam borrar as mãos com o teu voto?

Os computadores fazem tudo aquilo para que são programados e qualquer programador de meia tijela seria capaz de elaborar um programa que nos desse garantias. Mas, há sempre um mas a emperrar as coisas, falta-nos a confiança necessária para acreditar nisso. Na nossa mente não há ninguém que seja sério, confiável e, portanto, nunca teremos o voto electrónico para facilitar a vida aos pernetas, como eu, que têm dificuldade em se deslocar até ao sítio escolhido para o efeito.

Votar na caminha ou no sofá é que é bom! Vamos pensar nisso a sério para daqui a 4 anos?