sábado, 20 de outubro de 2018

Memórias de ontem!

Hoje acordei a pensar em vacas. Nas vacas, nos trabalhos que elas faziam, nas ferramentas e alfaias que se usavam na agricultura daquele tempo em que não havia tractores nem qualquer outra grande máquina para ajudar nos trabalhos pesados. Passaram-me pela cabeça nomes de coisas, como chavelha, partizela, cabeçalha, cheda, arco, jugo, soga e cofinho (engraçado como até o corrector ortográfico desconhece estas palavras e sublinha a vermelho cada uma que escrevo). Não me passa pela cabeça perder tempo a explicar a que se refere cada uma das palavras, pois sei que os meus leitores habituais são pouco dados a coisas de vacas e de agricultura à moda antiga. Vou concentrar as minhas atenções numa delas, o COFINHO, e tentar explicar o que pretendo com a metáfora.


Primeira constatação - As vacas têm uma língua muito comprida!
Segunda constatação - As vacas não resistem a umas folhas verdes que lhe passem pela frente do focinho (assim a modos que as notas de 100€).
Cada vez que era preciso andar com uma vaca, ou uma junta delas, a fazer trabalhos em campos cultivados, tornava-se necessário enfiar um cofinho no focinho de cada uma para evitar que deitassem a língua de fora e comessem tudo por onde passavam. Viam uma couve, ou um pé de milho, quiçá um rebento de videira, esticavam a língua e zap, já era. Tal como faz o camaleão para apanhar aquilo que come. O cofinho era feito de rede de arame e prendia-se aos cornos da vaca com dois cordéis de sisal que o seguravam na posição desejada.
Estava deitado na cama, de papo para o ar, era cedo demais para me pôr a pé, ligar a geringonça e ler as publicações dos meus colegas bloggers. Deixei-me, por isso, ficar mais um pouco, de olhos fitos no tecto que não via, pois tinha a luz apagada. E o fio dos meus pensamentos foi desenrolando o novelo e das vacas, pobres animais que trabalhavam que se fartavam para merecer o que comiam, saltei para os políticos, esses desgraçados que vivem à nossa custa e tudo o que fazem é ver como hão-de aumentar os seus proveitos, sem pensar, por um minuto que seja, nos interesses de quem os elegeu e lhes deu acesso à manjedoura.
E é nesta altura que o bendito cofinho que eu, algumas vezes ajudei a enfiar no focinho das vacas, antes de as atrelar ao sachador, invade de novo os meus pensamentos. O cofinho poderia ser uma boa solução para evitar que os políticos "abocanhassem" as verdinhas (notas de 100€) quando as vêem passar à frente dos seus olhos. Essas notas costumam ser arrumadas em pacotinhos de 100, o que significa que cada pacotinho tem 10 mil euros, uma tentação para qualquer um.
Pois é, a solução já encontrei! Só não sei como obrigar os políticos a andar com o cofinho enfiado nos "cornos". A solução do cordel de sisal não serve, de certeza absoluta!

5 comentários:

  1. Que engraçado, lembro-me perfeitamente desses nomes e a imagem do Boliqueime não podia ser melhor escolhida, a esse só um cofinho cheio de merda enfiado no focinho.

    BOM FIM DE SEMANA

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  2. Bom dia
    Também me lembro desses apetrechos todos , pois nasci e cresci nos campos de milho , e trabalhei muito na agricultura , mas esses ditos cofinhos eram bem uteis agora para muita gentinha que só tem olhos e barriga !!
    JAFR

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  3. Conheço bem chavelha,
    e também a cabeçalha
    era com a gorpelha,
    que transportava a palha.

    Para a mangedoura, com ração misturada, para os bois e as vacas se alimentarem antes de se seguir para a labuta de madrugada. Também sei o que é a canga e as piarças. Uma fita de couro que do canzil se prendia aos cornos do bois ou das vacas. No campo trabalhei, fui pastor e guardei gado. Os porcos e as porcas. De raça o porco preto. Engordados com as bolotas do montado. Havia no Alentejo rebanhos-varas, por aqueles campos fora. Para não destruírem as searas fossando a terra, eram-lhe colocadas no focinho argolas de aço. Isso me faz lembrar sempre que vejo homens ou mulheres com piercings nas suas beiças! Em democracia, cada um leva onde quer e ninguém tem nada com isso. Mas os político só o cofinho não os impede de roubar é preciso amarrarem-se-lhe as duas mãos, se eles manetas não forem?

    Bom fim de semana amigo "Tintinaine", um abraço.

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  4. Um texto muito interessante. Pois não sabia nada sobre cofinhos.
    Abraço e bom domingo

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    1. Ainda fiz umas pesquisas no Google, mas não encontrei nenhuma imagem para mostrar aqui.

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