quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Quanto menos ... menos!

 Dos meus joelhos para baixo é como se não me pertencesse, não fizesse parte do meu corpo humano que é, ou deveria ser, comandado pelo meu cérebro. É como se estivesse dentro de uma panela, quase a atingir o ponto de ebulição. Dor crónica, sabem o que isso é?

Quanto mais me dói, menos ando e quanto menos ando, menos as minhas pernas se querem mexer e fico sentado, ou deitado, as 24 horas que dura cada um dos dias do calendário. E depois chega aquela altura em que tem que ser, mesmo contra vontade tens que te levantar, despir o pijama e vestir uma roupinha apresentável para sair à rua.

Fiz isso, na passada segunda feira, para ir ao médico e terei que fazê-lo de novo, em breve, para ir à Junta de Freguesia fazer a prova de vida exigida pela Companhia de Seguros que me paga um complemento de reforma, igual a um salário mensal, uma vez por ano. Até ao fim de Novembro tenho que apresentar o atestado e pus-me logo a pensar, até quando me darei a esse trabalho.

Pelo dinheiro que recebo, qualquer pessoa, familiar ou não, se disporia a pôr-me numa cadeira de rodas e empurrar-me até à Junta, mostrar-lhes que ainda estou vivo, e trazer o dito papel para remeter aos Seguros. Mas não me vejo a desempenhar esse papel, quando não puder mais abdico do dito complemento que, sempre têm o cuidado de me avisar, deixará de ser pago se não receberem o tal papel a tempo e horas.

Neste fim de semana, também me chegou a notícia que um primo não está de boa saúde. Pelo que me contaram, ele tem os pulmões em mau estado, mal consegue respirar e anda com uma garrafa de oxigénio atrás dele para onde quer que vá. O recado veio com um conselho, se o quiseres ver vivo é melhor apressares-te a fazer-lhe uma visita, pois o próximo recado pode ser um aviso para ires ao seu funeral.

Ele já não é novo, mas sempre tem aí uns dez anos a menos que eu e, hoje em dia não se morre com essa idade. Mas uma coisa é certa, o pai dele e todos os tios, sem excepção, morreram antes dos sessenta anos levados por uma doença que, segundo tenho ouvido referir, cada vez tem aumentado mais, em Portugal, a Diabetes. Não é uma doença que mate, mas acelera muito o avanço de outras doenças que possamos ter. Imagino que deve ser esse o seu caso, pois de todos os meus primos foi o pai dele quem mais sofreu para morrer.

Quero com isto dizer que, mesmo sem a mínima vontade, lá terei que calçar os sapatos e rumar à aldeia onde ele vive e cumprir este dever de família que quero manter e ensinar aos meus filhos a fazer o mesmo, quando chegar a vez deles. Visitar os doentes é a 5ª Obra de Misericórdia e mesmo sendo eu um católico não praticante, obrigo-me a fazê-lo.

Possivelmente, amanhã, a mulher obrigar-me-á a sair de casa com a desculpa que é dia de limpezas e eu só atrapalho. Também é o dia em que aproveito para fazer umas comprinhas mais necessárias que não delego em ninguém e passar pela ATM e trazer algumas notas para as pequenas despesas do dia a dia. Por vezes, um irmão meu que não se aguenta em casa dia nenhum, talvez com medo que o telhado lhe caia em cima, aparece por aqui e desafia-me a sair e ir almoçar com ele. E eu compreendo-os, a ele e também à minha mulher, pois temem que eu um dia não consiga mais levantar-me do sofá e os obrigue a carregar-me de um lado para o outro.

Bem, chega de lamúrias, tristezas não pagam dívidas e eu não esqueço que o cirurgião que, em Dezembro passado, me fez a substituição do gerador do pacemaker me disse, em tom de despedida, "adeus e boa sorte, voltaremos a ver-nos daqui a dez anos", no momento em que deu alta!

3 comentários:

  1. A minha avó materna sofria do mesmo ,mas mal sentia esfregava com álcool eu até dizia que tomava banho com álcool As tuas melhoras!
    Beijos e um bom dia!

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