Ontem, no hospital, tive que recorrer à minha pequena reserva de calma para não soltar os cães ao médico que me atendeu. Não sei se era português ou não, tinha um sotaque esquisito, embora o nome me soe a português, talvez brasileiro, Frederico Bispo.
Marcou a consulta para as duas e quando chegou já tinham dado as 3 no sino da minha igreja. Só isso já me deixou mal disposto, os médicos dispõem do nosso tempo como se fosse deles e nem satisfação nos dão. A desculpa é que há sempre uma urgência a que têm que acudir, como se estivesse sempre em risco a vida de qualquer pessoa. Podia ter dito, peço desculpa pela espera, mas não disse.
Depois, entrando no assunto da consulta, perguntou quando tinha tomado o último comprimido de Varfarina (anti-coagulante). Ao pequeno almoço, disse-lhe eu. E quem o mandou tomar a essa hora? Ninguém, foi uma decisão minha. isso parece tê-lo levado aos arames, pois daí em diante foi sempre a espingardar!
A respeito desse comprimido, informei-o que a partir de Janeiro pensava em mudar para outro medicamento que não me obriga a tirar sangue todos os meses para fazer o controlo. Não pode mudar nada, quando tratarmos deste assunto que aqui o trouxe falaremos disso, foi a resposta que recebi. E que assunto é esse, quis eu saber?
Vai ter que parar com a toma da Varfina (assim de modo abreviado) durante 15 dias e substituir por injecções na barriga, durante esse período, disse o Dr. Bispo. Então que vim cá fazer hoje! Foi só para me dar esse recado? Bem podiam ter mencionado isso na nota que me enviaram pelo correio, pois se trata da "preparação" que se faz antes de alguns exames.
Eu moro a 30 Kms daqui, pago o combustível do carro e o parque de estacionamento que não é nada barato e por um período que seria escusado se a consulta, ou o tratamento, fosse feito nas horas combinadas. E mais ainda não vou andar a correr para cá e para lá, conforme vos dá no goto. Sabe que mais doutor, não quero tomar injecções na barriga coisa nenhuma e não volto a pôr aqui os pés!
Ok, disse ele, vou dar-lhe uma carta para entregar ... a quem quiser (!!!) e ponto final. Dito isto foi preenchendo um formulário que já deve ter guardado no computador, precisando apenas de substituir o nome do doente e a data. Quando acabou, imprimiu-o e fechou-o num envelope sem qualquer remetente e entregou-mo.
Doutor, eu quero saber o que diz aí, importa-se de imprimir mais uma cópia para mim? Sem problema, disse ele, e dois minutos depois já eu vinha pela porta foram com o envelope na mão e mais a cópia que me estendeu sem dizer água vai. Em frente da primeira janela, parei e li o que ele escrevera. mas era uma enxurrada de abreviaturas e termos técnicos que fiquei a saber o mesmo.
Fiquei a pensar se devia fazer uma reclamação à direcção do hospital, mas optei por esquecer, pois iria apenas arranjar sarna para me coçar!
As injeções na barriga

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