Apanha-se mais rapidamente um mentiroso que um coxo!
O circo montado por Trump e Putin teve a sua estreia no Alaska, em 15 de Agosto deste ano. Eles são como irmãos gémeos ou siameses, entendem-se bem, têm objectivos comuns, nada acontece sem eles estarem de acordo.
O Trump fez a sua campanha para receber o Nobel da Paz e o Putin concordou em dar-lhe uma mãozinha. Entre outras coisas maiores, esse foi o "leitmotiv" para agendarem aquela reunião. Claro que, depois de terem discutido as matérias que lhes interessavam mais e antes do aperto de mão da despedida, Trump deve ter perguntado: - então, Vladimir, o que é preciso para acabares com a guerra contra a Ucrânia?
E foi aí que o Putin apresentou a lista das suas exigências que desaguou, na semana passada, no acordo de paz com 28 pontos, todos eles em favor da Rússia e nenhum a beneficiar a Ucrânia que foi apresentado como uma novidade. Claro que aquilo era, pura e simplesmente, inaceitável e até o Trump reconheceu isso e aceitou negociar a coisa ponto por ponto.
Quando o presidente ucraniano disse que tinha chegado a altura de "perder a dignidade ou perder um aliado", Trump deve ter percebido que estava prestes a perder a hipótese de um bom negócio. E, como bom homem de negócios que toda a gente reconhece que ele é, enviou os seus embaixadores à Europa para estudar um meio de remendar aquilo e manter-se em jogo.
Marco Rubio e Steve Witkoff são os dois braços de Trump, um para a política e o outro para as Finanças, os quais foram enviados para a frente de batalha para conseguirem o que é melhor para os EUA e para Donald Trump. Rubio terá que fazer com que a Europa continue nesta saga, mas sem prejudicar o andamento da coisa, enquanto que o Witkoff terá que convencer Putin que ao pedir demais pode perder tudo.
Do lado russo existe também uma dupla de respeito para enfrentar a dupla americana, Peskov como o papagaio de Putin e Ushakov para estudar o melhor caminho para branquear as atitudes do seu chefe. Como ouvi, esta manhã, nas notícias, houve alguém que conseguiu ouvir e gravar a voz de Witkoff a ensinar os russos sobre o que deviam dizer e fazer para ficarem bem na fotografia.
“Montamos um plano Trump de 20 pontos, que eram 20 pontos pela paz, e estou pensando que talvez façamos a mesma coisa com vocês”, disse Witkoff a Ushakov, de acordo com uma gravação da conversa revisada e transcrita pela Bloomberg.
E assim, o plano de 28 pontos parece que já só tem 19, depois de apagados ou alterados alguns dos pontos que cheiravam a russo à distância. Por vezes é preciso recuar um passo para depois avançar dois e deve ter sido isso que Putin reconheceu, autorizando o Trump a mexer na sua lista de exigências, tal como lhe foi entregue em Anchorage, no Alaska, em Agosto passado.
Por seu lado, a Europa de Von Leyen e António Costa pouco mais podem fazer do que encolher os ombros e perceber que a UE não é mais que um grupo de interesseiros que se juntaram para ganhar algumas vantagens para os seus negócios, os mais ricos queriam um mercado alargado para fazerem as suas transações e gerar um maior lucro, os mais pobres, vendendo a sua independência em troca de alguns favores e alguma ajuda financeira.
O Reino Unido, a Alemanha, a França e a Itália, se quisessem juntar-se e enfrentar a Rússia, não teriam grande dificuldade em encostar Putin às cordas e fazê-lo sair da Ucrânia de rabinho entre as pernas. Mas teriam que aceitar o risco de poderem levar com uma bomba nuclear em cima da cabeça, que é como quem diz, em cima das suas capitais, além de terem que envolver-se, directamente, no conflito.
Eu diria que só a Força Aérea desses 4 países chegaria para pôr as forças russas em sentido, mas é apenas um feeling, pois não conheço as coisas em pormenor. Mas os líderes desses países preferiram manter-se na retranca e deixar a Srª Von der Leyen, o Costa e a Kaya Callas de mãos atadas e sem saberem muito bem o que fazer.
"Russia's war against Ukraine is an existential threat to Europe. We all want this war to end. But how it ends is important. Russia has no legal right to any concessions from the country it has seized. Ultimately, Ukraine will decide what the terms of any agreement will be," Kallas said.
Palavras, apenas palavras, pois a UE não pode falar em nome de nenhum dos seus membros. Terão que ser eles a dar um passo em frente e dizer a Zelensky que pode contar com a sua ajuda em todos os aspectos, incluindo o militar. Se for preciso enviar os nossos homens e as suas máquinas de guerra, nós estamos prontos para isso.
O presidente de França parece ser o único com vontade de o dizer, mas precisa de ouvir da boca de Merz e Starmer, pelo menos, que estão com ele para o que der e vier. A Suécia parece-me também ser alguém com capacidade de jogar as suas cartas (como diz o Trump, só vai a jogo quem tiver cartas) e a Finlândia, por ser o vizinho da Rússia que corre mais riscos, também devia avançar e dizer: - para o bem e para o mal podem contar connosco.
Infelizmente, ninguém abre a boca e o presidente Zelensky já começa a aceitar que a Ucrânia vai encolher cerca de 20%. Que há-de ele fazer com uma chuva de morteirada a cair em Kiev e outras cidades grandes, noite após noite. A ele cabe zelar pela segurança dos seus cidadãos e se for obrigado a capitular para lhes salvar a vida, talvez dê esse passo.
Para mal dos nossos pecados, pois ficaremos nas mãos de Putin como uns fracos que nem defender-se sabem !!!



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