segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Krank sein!

 


Ich bin krank! (Eu estou doente)

Krankenhaus und krankenschwestern! (Hospital e enfermeiras)! 

Lembro-me, vagamente, da primeira consulta que tive na Alemanha com o meu médico de família, o bom do Dr. Munz. Eu vivi em casa de uns cunhados e sendo ele o médico de família deles, aceitou-me como membro da família.

O meu cunhado ensinou-me a dizer as palavras com que começo esta publicação, para eu debitar como se fosse um papagaio bem treinado. O que se seguiu da conversa foi um misto de mímica e umas envergonhadas palavras que eu já aprendera em alemão. Felizmente o médico já devia estar habituado a atender imigrantes (portugueses, espanhóis, gregos, italianos e jugoslavos), alguns dos quais eu conhecia e encontrei na sala de espera. Em 3 tempos viu que eu estava com febre ligeira por causa das amígdalas infectadas. Uma receita rápida para comprar umas cápsulas que serviam para debelar qualquer infecção e ... aufwiedersehen!

Aprender alemão foi um bocado mais difícil do que o Francês e Inglês que tinha estudado nos 5 anos de Liceu, mas os meus conhecimentos de Latim (fiz o 4º ano de Latim com uma média superior a 15) foram determinantes para entender as declinações, assim como as variações de forma dos substantivos e adjectivos em alemão. Não existe em mais Língua alguma, além do velho (morto e enterrado) Latim e do Alemão. Os casos, Nominativo, Genitivo, Dativo, Acusativo, Vocativo e Ablativo não dizem nada a quem não estudou estas duas Línguas.

Mas eu sou barra nisso! A Gramática Portuguesa divide-se em 3 partes - Fonética, Morfologia e Sintaxe - e esta última, a Sintaxe, é o segredo para quem estuda alemão. Trata-se de saber a função de cada palavra na oração, sujeito, predicado ou complemento. Quem não dominar esta 3ª Ciência da nossa Gramática não conseguirá aprender a falar alemão. Sempre fui um bom aluno em Português e isso salvou-me a vida, quando cheguei à Alemanha.

Fui incluído numa equipa de trabalhadores maiores de 60 anos que tinham combatido na guerra de Hitler, a maioria deles pouco menos que analfabetos. Ao fim de 3 meses de Alemanha eu dava-lhes lições na sua própria Língua. Quando lhes perguntava porque usavam uma variação de certa palavra e eles não sabiam explicar, explicava-lhes eu a eles usando os poucos vocábulos que já tinha aprendido.

Durante algum tempo, fui deslocado para ajudante de maquinista de um alemão que andava pelos 35 anos. Ele tinha feito a escola básica até ao 9º Ano de escolaridade e depois foi trabalhar. O sonho dele era aprender a falar inglês. Prometi-lhe que o ensinava se ele, em troca, me ensinasse alemão. Foi uma espécie de «Curso Intensivo», pois cada palavra que ele aprendia em inglês, apendi-a eu também em alemão. E há palavras muito parecidas nas duas Línguas, apenas a pronúncia é diferente (Ex: Paper e Papier ou Man e Mann) com as vogais a serem pronunciadas à portuguesa.

Bem, vou terminar por aqui a lição de Alemão, pois acredito que ninguém estará muito interessado no assunto. Daqui a pouco tenho que me pôr a caminho do hospital para uma nova consulta e foi isso que me despertou estas memórias da minha curta vida de emigrante. A palavra krank significa doente e juntando-lhe a palavra Haus que significa casa, obtemos uma nova palavra, Krankenhaus (casa dos doentes) que quer dizer Hospital, como podem ver nas primeiras linhas desta minha publicação de segunda-feira, a última de Novembro.

Inicialmente, eu tinha pensado falar do encontro dos "mandões" europeus, em Genebra, mas como as notícias são poucas a esse respeito, decidi-me por deixar a minha imaginação voar até à Renânia.Vestefália que é o nome da província a que pertence a cidadezinha de Euskirchen, onde fui aterrar como emigrante e vivi, durante 13 meses!

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