sábado, 16 de abril de 2016

O Galo do Neves!

Quando me lembro do filho da puta do galo e do trabalho que me deu, ainda se me eriçam os pelos todos. Roubá-lo, cortar-lhe o pescoço, cozinhá-lo e comê-lo foi a parte mais fácil, o pior veio depois.
Segundo informações recentes o Neves ainda é vivo e mora em Vila Cabral (Lichinga), portanto espero que não leia isto senão ainda me aparece aqui à porta a pedir contas.
Era um galo enorme e como a dona dele (a Maria do Neves) não aceitou que lho pagasse, mas antes exigiu um igual para substituir o morto, tive que usar de todas as minhas influências e pôr os amigos a trabalhar para mandar vir de fora o bicho que não era possível encontrar em Metangula.
Já não me recordo a quem recorri, mas lembro-me que ao tempo estava o Sargento Marques à frente do Entreposto da Marinha, em Vila Cabral, e foi através dele que o negócio se fez. Perto da cidade havia uma povoação chamada Nova Madeira composta por colonos madeirenses que se dedicavam à agricultura. Foi daí que veio o galo que numa certa quarta-feira aterrou em Metangula, a bordo do Dakota que nos ia levar os víveres, a cada quinze dias.


Foi um teatro para a Maria aceitar o galo que era, pois claro, completamente diferente do outro a quem ela chamava filhinho. Dizia ela que o tinha criado desde pintaínho até ao dia em que caiu nas minhas mãos e perdeu a cabeça. Mas lá acabou por ficar com ele e a história morreu ali. É que ela tinha ameaçado de ir fazer queixa ao comandante e com a sede que ele me tinha, eu não podia esperar qualquer tipo de clemência. Antes de regressarmos a Portugal ainda arranjou maneira de me lixar a promoção a Cabo, enfiando-me 12 dias na pildra (prisão disciplinar agravada).
São estas as histórias que ficam para compor a «História da Minha Vida».

4 comentários:

  1. Boas recordações não é verdade? Também tenho umas histórias engraçadas de lá que qualquer dia ponho cá fora.

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  2. Pouco a pouco vais contando o que fizeste lá por Metangula. Nem o galo da Maria do Neves, te escapou! Comeste o galo e se calhar galaste a galinha? Estive lá desde Junho de 1965, a Fevereiro de 1966, não me lembro desse Neves lá em Metangula! O Comandante da Base Naval era o Zilhão. Pois é amigo Carlos, com aquela gente não se podia brincar. Eles tinham a faca e o queijo nas mãos, para cortarem à vontade, em vez de ajudarem quem pretendia seguir a carreira militar. Quem não fosse de sua graça, castigavam!

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  3. Este título chamou-me a atenção, o Neves e a Maria do Neves, não me são estranhos, também não me estranha a tua ideia de fazer perder a cabeça ao galo, porque sei que eras capaz disso e muito mais, sendo assim como tu eras o que é que querias que o Comandante Garoupa te fizesse? Muita sorte tiveste não teres lá ficado dentro da Torre de Metangula! Fartei-me de rir com esta tua história e deves ter muitas mais para contar! Vá lá desembuxa queremos saber mais.

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  4. Eu parti foi o vidro da Padaria que havia ao lado.

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