sábado, 9 de abril de 2016

D. Paio Peres!

É preciso recuar até ao Século XIII para encontrarmos o homem que deu o nome à Aldeia de Paio Pires que até eu ingressar na Marinha nem tão pouco sabia que existia. E mesmo assim não passava de uma placa de sinalização que se encontrava à nossa direita, quando viajávamos, em gozo de licença, de Coina para o Laranjeiro, a caminho da Base Naval, onde se apanhava a vedeta da Marinha para Lisboa. Viagem tantas vezes repetida que me basta fechar os olhos para visualizar a tal placa branca com letras pretas a dizer Paio Pires.
A faixa de terreno, na margem esquerda do rio Coina, foi doada pela Coroa ao fidalgo D. Paio Peres Correa por este se ter destacado na luta contra os infiéis muçulmanos que, tal como hoje ainda acontece, incomodavam toda a gente. Até à instalação da Siderurgia Nacional, aquilo era um paraíso de hortas, pomares e vinhas que davam de comer e beber a muita gente. Depois transformou-se numa terra feia, enferrujada, empoeirada, barulhenta e cheia de fumo que pouco agradava a quem a via. Serviu para dar emprego a muita gente, mas a Revolução de Abril deu cabo daquilo tudo e hoje só restam as recordações.


Decorria a primavera de 1962, comigo a bater tacões na Parada da Escola de Fuzileiros, em Vale de Zebro, e era esta a visão que eu tinha da Aldeia de Paio Pires, uma coisa negra, suja e feia. Até podia acontecer que no lado poente da aldeia tudo fosse mais bonito, mas nunca fui lá para ver. Aliás, nem nessa altura, nem depois, nem nunca até hoje, nunca virei à direita naquela placa de que falo acima e acreditem que tenho lá passado vezes sem conta. São coisas da vida, acontecem porque sim e não se discutem.
E perguntarão vocês que raio de assunto é este para um sábado à tarde, quando devia era estar a preparar-me para ir apreciar o Glorioso a disputar mais uma das finais que o hão-de levar até ao título. Pois não se apressem que eu, com a calma de um alentejano sentado á sombra de um chaparro, lá chegarei. Acontece que cada vez que abro o meu blog é certo e sabido que dou de caras com um visitante de Paio Pires. Naquela terra mora um camarada da CF8, o António J. Mestre, e mais ao lado, na Arrentela, o Silveira, também ele camarada fuzileiro que me acompanhou, em Moçambique, durante 6 anos. Fico a pensar se será algum deles, ou apenas algum curioso que se agrada daquilo que vou escrevendo aqui. Desafio-o a deixar aqui um comentário, para me tirar desta incerteza!

4 comentários:

  1. "Nunca virei à direita naquela placa". Fizeste-me lembrar o que um retornado de Angola, me contou um dia depois de em 1975, ter ido ao Barreiro! Pretendia ir para um determinado lugar, sem saber onde ficava, perguntou a um transeunte, que lhe indicou por onde devia seguir. Se seguisse pela direita era mais perto. Mas o informante mandou-o seguir pela esquerda. Alegando, aqui no Barreiro quem manda é a esquerda, por isso o senhor visitante se faz favor não desobedeça às leis aqui vigentes!
    Mais, uma coisinha, fica sabendo que ainda está muito frio para o alentejano descansar à sombra do chaparro!

    ResponderEliminar
  2. O que sempre me despertou a atênção foi o Palácio abandonado em Coina... O Palácio do Rei do Lixo.

    ResponderEliminar
  3. Fui muitas vezes a Paio Pires quando era menina, muito antes da Siderurgia, mas nunca por estradas. Íamos de bote, era só atravessar o rio e estávamos do outro lado. Uma vizinha tinha lá os filhos e os netos. Era rara a semana que não ia na Sexta à tarde, e voltava Segunda de manhã. Porque tinha medo de atravessar o rio, pedia sempre aos meus pais para ir com ela. Dizia que entretida comigo, não se lembrava que estava no rio. Quando entrei para a escola, passou a ir com a minha irmã, e depois com o meu irmão.
    Um abraço e bom Domingo

    ResponderEliminar
  4. Para quem quer saber mais alguma coisa sobre Paio Pires digo:
    A Siderurgia ainda faz alguma coisa-pelo menos ARAME. Espera-se a curto prazo uma "revolução" urbanística na zona.
    É Freguesia do Concelho do Seixal,tem Igreja, C.Saude,Jardins,
    pavilhão (do clube da Siderurgia) e até uma praça de touros.Tem sido nesta zona onde a autoridade policial destrói o armamento apreendido ou incapaz.Tambem possui cinema alem de outras coisas e até um Bairro pobre.
    Sobre o Palácio de Coina,(curiosidade do Valdemar), foi em tempos comprado pelo grande construtor aqui da zona (margem sul)Xavier de Lima que já faleceu.Não sei a quem pertence hoje mas tem anexo uma restauração onde fazem casamentos e outros eventos.

    ResponderEliminar